Não foi sem um sorriso de satisfação que avistei o Pedro elegantemente trajado de verde na concentração dos Correios em fevereiro último. Não o conhecia proximamente mas acompanhava este Ouro de Tolo. De leitor a colaborador foi um pulo, num convite que muito me envaidece e dá imenso prazer.

Afinal, posso compartilhar aqui uma das minhas grandes paixões, o Carnaval. Talvez devesse dizer o desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, a parte que mais me agrada, de fato, na folia momesca. A grandiosidade dos blocos de rua já não me cativa, mas isso é papo para outra coluna.

Se for.

carlosgilQue os amigos não se deixem enganar pelo título. Minha ideia não é falar de esporte. Já o faço durante o ano inteiro. Não apenas por força do trabalho, obviamente. Jornalista esportivo é aquele cara que adora reclamar da vida que leva (e quem não adora reclamar?) mas, no fundo, sabe que é privilegiado por assistir, de graça – na verdade, sendo pago – a eventos concorridos, muitas vezes caros e, de vez em quando, emocionantes. Com várias exceções à regra pelo caminho.

Pois bem. O desfile das escolas de samba também é concorrido, caro e emocionante. E, na minha vida foliã, eu raramente o assisti de graça. Vai ver é por isso que dou mais valor.

Se o intuito não é falar de futebol, não significa que não possa usar metáforas do nosso esporte mais popular. Elas estão no nosso dia a dia, no nosso vocabulário. E como a rivalidade dá o tempero à coisa toda, o elogio à opção do Pedro pelo verde não foi gratuita.

20150213_231513Nunca escondi meu amor pelo Império Serrano. Ele, sempre escancarou o coração azul-Portela.

Em tantos anos frequentando o Império não foram poucos os que conheci que davam expediente nas duas coirmãs. E algumas vezes me decepcionei ao saber que aquele que julgava imperiano devoto era, na verdade, portelense. O “decepcionei” é clara e manifesta provocação.

Ao contrário das priscas eras do nosso tetracampeonato que enfureceu Natal, hoje a relação é fraterna e até mesmo desigual. Enquanto a Águia está com seu vigésimo segundo caneco madurinho, o Menino de 47 pena horrores para voltar ao seu lugar. Embora muita gente nova nem o reconheça mais como proprietário desse pedaço de chão especial.

Em 2013 rolou até homenagem da Portela ao Império no enredo sobre o bairro de Madureira. Bairro, aliás, representado na geografia do samba pelo Reizinho.

20150213_213206Todo mundo sabe, e a agremiação alvianil faz questão de ressaltar, que o GRES Portela é de Oswaldo Cruz. E a Tradição, de Campinho. Portanto, encerro esta minha estreia já botando o pé na porta do anfitrião.

Migão, a parada é a seguinte: Madureira, pra valer, é Império. Seja bem vindo sempre que desejar. Você ficou muito bem de verde. Salve, Silas, nosso viga-mestre, lindo enredo de 2016.

E se alguém vier lembrar que a nossa quadra fica de frente para a Estrada do Portela e que a escola, na verdade, foi fundada em Vaz Lobo, vou dizer que é intriga da oposição.

No entanto, se um dia meu coração for consultado e me perguntarem o que sinto de verdade pela Portela, hoje eu não vou terminar.

À nossa irmã mais velha, à minha irmã mais nova, portelense como o Pedro, eu dedico estas linhas e presto minha continência. Pois Madureira é muito mais do um lugar, é a capital do samba que me faz sonhar.

[N.do.E.: o jornalista Carlos Gil assina a partir de hoje uma coluna neta revista eletrônica. PM]

Imagens: Uol e Ouro de Tolo

3 Replies to “O Verde e o Azul”

  1. Pedro Migão fiquei surpreendido pelos comentários feitos pelo Jornalista Carlos Gil durante o desfile das Campeãs que foi transmitido pelo G1 – O Portal de Notícias da Globo via internet. Foram comentários de quem conhece o carnaval carioca e uma grata surpresa para mim. Creio que no ano que vem ele deveria vir como comentarista ou narrador oficial na transmissão do Carnaval 2016! O cara conhece muito…

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