Após 33 anos de militância, a senadora Marta Suplicy deixa o Partido dos Trabalhadores pela porta dos fundos. Marta, junto com o ex-marido Eduardo Suplicy, ajudou a fundar o partido em São Paulo. Marta e Eduardo faziam parte de um setor que o PT sempre viu com certo ‘olho torto’. Vindos da classe alta, Eduardo também é Matarazzo, família tradicional da capital paulista e Marta tem todos os estereótipos de uma socialite da alta sociedade paulistana.

Apesar de serem vistos com esses olhos, Eduardo e Marta sempre foram respeitados. Eduardo foi vereador, deputado estadual, federal, candidato a prefeito, por 24 anos senador e atual secretário municipal de Direitos Humanos. Foi Eduardo que foi às prévias do partido contra Lula para ver quem seria o candidato a presidência da BeFunky_Marta, Eduardo Suplicy, Sócrates, Adilson e Lula - 1985_-BlogRepública em 2002. Apesar de algumas vezes preterido internamente, Eduardo não deixou o partido e continua com sua militância, apesar do partido ter mudado muito de seu discurso. Sim, o partido mudou o seu discurso para atuação no governo. Seja por alianças ou porque “governo é governo e partido é partido”.

Agora é a vez de Marta deixar o partido. Divorciada de Eduardo desde 2001, Marta Teresa Smith de Vasconcelos surgiu para o grande público quando atuava como sexóloga e apresentava o programa TV Mulher na TV Globo na década de 80. Na vida política, Marta foi deputada federal, prefeita de São Paulo, ministra do Turismo, ministra da Cultura e atual senadora.

A ex-prefeita deixa o partido com críticas. Não somente críticas que poderiam fazer o partido colocar a mão na consciência e repensar um futuro melhor de volta às origens do partido. Na última entrevista à Revista Veja, ela volta com o discurso que é propagado pelo antipetismo. Marta nunca negou que quer voltar à prefeitura da cidade de São Paulo e que não se dá bem com a presidente Dilma Rousseff. Não foi a escolhida de Lula em 2010 e nem 2012, mas sempre defendeu, dentro do partido, o “Volta, Lula” para 2014.

Marta diz que o PT traiu os brasileiros e que agora só briga pelo poder; porém a mesma deixa o partido em busca de um projeto pessoal de voltar a ser prefeita da maior cidade do Brasil.

O Partido dos Trabalhadores já disse que irá na justiça buscar a cadeira de Marta no Senado baseado na lei de fidelidade partidária. Os dirigentes entendem que o mandato é do partido e não da senadora.

A busca pela cadeira dela no Senado pelo partido pode ser entendida de duas formas: da mesma forma que Marta foi votada pela militância petista, os votos foram para um cargo majoritário e não proporcional, onde cada voto para a legenda conta para todos. O partido tem todo o direito de pedir a cadeira já que Marta não deixa a legenda por perseguição ou para deixar a política. A senadora vai justamente lutar contra o partido que a elegeu não somente na eleição do ano que vem em São Paulo, mas será uma das vozes da oposição no Senado Federal.

get_imgÉ estranho Marta criticar o ‘protagonismo do partido em corrupção’, já que ela deixa o partido após VÁRIOS escândalos envolvendo o partido e os governos do PT, inclusive o seu em São Paulo. Ela não saiu do partido quando o escândalo do mensalão apareceu em 2005, ela deixa o PT dez anos depois desse primeiro grande escândalo. Espero sinceramente que, hoje, 15 anos após chegar ao poder, Marta tenha a dignidade de não criticar as alianças petistas porque ela mesmo foi protagonista de uma das alianças mais bizarras da história da política.

Marta, por outro lado, tem direito de estar nervosa com o PT. O marqueteiro queridinho testou com ela o jogo sujo na política contra Gilberto Kassab, em 2008. A peça publicitária “Você conhece Kassab?” fez Marta perder credibilidade com uma das bandeiras do PT e uma bandeira pessoal de Marta, o movimento LGBT.

Os mesmos que criticavam Marta e a chamavam de Martaxa hoje a tratam como a nova paladina da ética, moralidade e mudança. Se antes usavam de ataques baixos e até machistas, hoje veem nela um esperança para tirar Haddad do poder. Os mesmos que defendiam Marta e a classificavam como “a maior prefeita de São Paulo” hoje a criticam, usam de comentários baixos, machistas e dizem que ‘a dondoca nunca teve a cara do PT’.

Será estranho em 22vm2wtrjcfay7nup00977lcop016 ver Marta e PT em lados opostos e brigando. Muito do antipetismo na cidade de São Paulo vem do governo Marta, por outro lado, muitos votos do PT na periferia vem da gestão Marta. É fato que a campanha de Haddad, em 2012, subiu quando Marta foi às ruas pedir voto por ele. Este autor mesmo já foi testemunha da popularidade de Marta no meio da cidade que coloca milhares de pessoas na rua pedindo a saída do PT.

Será difícil separar a imagem. Como o PT vai atacar Marta administrativamente se até ontem ela era uma grande prefeita? Como Marta irá atacar o PT sendo que ela ficou no partido após alianças estapafúrdias e todos casos de corrupção? Não sei como os marqueteiros de PT e PSB farão isso ano que vem, mas terão que colocar na balança o peso político de Marta.

Foi ela que colocou colete a prova de balas porque brigava com a máfia dos transportes.

Foi ela que criou o Bilhete Único

Foi ela que criou os CEUs.

Foi ela, mas foi o PT também.