Começou na última quarta-feira no Marrocos mais um Mundial de Clubes. É a 11ª edição organizada pela Fifa, a décima nos moldes atuais e a oitava desde a criação de uma vaga para um representante do país sede. Sendo assim, já dá para dizer que esta é uma competição tradicional no calendário do futebol mundial. Não dá para dizer, porém, que é um torneio com a importância que carrega no nome.

A grande verdade é que o Mundial da Fifa, tal como a Copa Intercontinental que sempre se chamou de Mundial, aquela do jogo único no Japão, não enche os olhos de ninguém. O torcedor do Atlético Mineiro, por exemplo, certamente aceitaria ganhar mais uma Libertadores se para isso precisasse passar por outro vexame no fim do ano. Na Europa, o Mundial tem ainda menos importância. Às vezes, é um bom teste. Às vezes, é um treino. Às vezes, é um fardo. Enfim, fato é que o Mundial é sim um título importante, especialmente do lado de cá do Oceano, mas ainda é algo muito simples, quase protocolar.

Existem algumas razões para tal cenário. Primeiramente, dos sete times que participam do torneio, em geral, cinco não tem condição nenhuma de competir de igual para igual com os outros dois. Em muitos casos, o representante sul-americano sequer traz rugas de preocupação ao europeu, que chega ao local da competição quase certo de que será campeão. Assim, torna-se, claro, pouco atrativo. Também é um torneio muito curto, com poucos jogos, no meio da temporada europeia, às vezes sediado em países sem muita tradição no futebol e com estrutura insatisfatória.

fifa_2492219_full-lndUm outro problema do Mundial de Clubes é sua frequência. Todo mundo sabe que em dezembro do ano que vem vai ter o Mundial e no outro ano também… Por isso, penso que uma medida fundamental para tornar o torneio mais atrativo seria realiza-lo de quatro em quatro anos. Como no quadriênio entre uma Copa do Mundo e outra o único ano sem um grande evento é o ano posterior ao Mundial de Seleções (no caso do próximo ciclo, 2015), este seria o ano propício para tal evento. Para isso, porém, seria necessário transferir a Copa América para o ano da Eurocopa. Nas linhas abaixo, amadureço a ideia.

  • Quando e Onde

Como disse anteriormente, o Mundial de Clubes seria realizado no ano seguinte ao da Copa do Mundo. Em todo esse texto, usaremos como exemplo já o ano de 2015 como o primeiro desse novo Mundial. Evidentemente, o torneio não seria mais realizado em dezembro e sim no fim da temporada europeia. O calendário europeu, aliás, é o grande empecilho para essa minha ideia.

A Copa do Mundo sufoca bastante a pré-temporada da Europa, forçando assim um atraso no início das principais competições europeias e, portanto, uma extensão maior das mesmas. Assim, este ano seguinte acaba “recuperando” os dias perdidos no ano da Copa e, assim, um outro torneio, este de 22 dias, deixaria o calendário bem apertado. Para fins de ilustração (na prática a competição teria que acontecer pela primeira vez em 2019 ou 2023 para que o calendário se adaptasse), tomamos como base que, com a UEFA Champions League 2014-15 acabando em 6 de junho de 2015, o sorteio das chaves seria realizado na semana seguinte, no dia 8 ou 9, e o campeonato começaria de fato no dia 20, terminando em 12 de julho. Restaria assim pouco mais de um mês de pré-temporada para os europeus, o que seria bastante complicado. Isso, insisto, seria algo a ser discutido. Os brasileiros também sofreriam com a sobrecarga de jogos, mas ao menos não teriam que sacrificar a já curta pré-temporada por conta do Mundial. A mudança também forçaria a CBF a bolar um calendário já ciente de uma pausa de cerca de um mês na temporada em todos os anos e não só na Copa do Mundo.

O Mundial não teria mais sede fixa. O maior número de times exigiria um maior número de sedes – no mínimo quatro, mas, a princípio, seis seria o número ideal – e também uma infraestrutura mais eficiente. Uma ideia a se pensar seria a de realizar a competição no mesmo país da Copa do Mundo do ano anterior, para aproveitar a infraestrutura do torneio, mas nada impede que seja escolhido um país para receber especificamente esse campeonato. A fim de ilustração, uso aqui o Japão, que batalha com a Índia para receber os torneios as edições de 2015 e 2016, como palco desta nova Copa do Mundo de Clubes de 2015.

  • Distribuição de Vagas e Critérios de Qualificação

O Mundial seria disputado por 16 times em quatro grupos de quatro com dois avançando para as quartas de final e eliminatórias simples até a decisão. A América do Sul e a Europa teriam quatro representantes cada, contra dois de África, Ásia e América do Norte, Central e Caribe, além de um da Oceania e um do país-sede. Em edições futuras, poderia ser estudada a inclusão do atual campeão. Nesse caso, o continente do atual campeão – ou do país-sede – perderia uma vaga.

Os representantes de América do Sul e Europa seriam definidos da maneira mais simples possível. Os representantes europeus seriam os campeões da Champions League nas temporadas 2011-12, 2012-13, 2013-14 e 2014-15. Na Libertadores, quase a mesma coisa. Como a edição de 2015 terminaria depois da realização deste campeonato, os escolhidos seriam os campeões de 2011, 2012, 2013 e 2014. Em ambos os continentes, no caso de um time vencer duas ou mais competições no período, o vice, ou o melhor colocado que ainda não tenha vaga, herda a dita cuja.

Na África e na Ásia, onde os torneios continentais também terminam depois de julho, os representantes também viriam de 2011, 2012, 2013 e 2014. Mas não todos estes, já que são apenas duas vagas. Uma ideia interessante seria pegar os quatro campeões e elaborar um ranking com suas participações nesses quatro anos. Por exemplo: 100 pontos para o campeão, 50 para o vice, 25 para o semifinalista, etc. Quem vencesse duas ou mais vezes o torneio, estaria automaticamente garantido. O mesmo vale para as competições da Concacaf, mas, como estas terminam antes do meio do ano, seriam levadas em conta as temporadas 2011-12, 2012-13, 2013-14 e 2014-15.

Fifa 2492497_full-lndNo caso da Oceania, onde também seriam consideradas as temporadas 2011-12, 2012-13, 2013-14 e 2014-15, seria adotado o mesmo critério, mas com apenas uma vaga. Se um time vencer duas vezes a OFC Champions League, só não ganha a vaga se outro time também vencer duas vezes – aí valeria o ranking. Idem para a J-League (mas tomando como base as edições de 2011, 2012, 2013 e 2014). Como lá o campeonato é em pontos corridos, seria mais interessante fazer uma somatória de pontos das temporadas.

Os participantes, nesse cenário, seriam:

UEFA (em ordem de classificação)

– Chelsea (Inglaterra): Campeão da UEFA Champions League 2011-2012;

– Bayern de Munique (Alemanha): Campeão da UEFA Champions League 2012-2013;

– Real Madrid (Espanha): Campeão da UEFA Champions League 2013-2014;

– Em aberto: Campeão ou melhor colocado que ainda não obteve vaga da UEFA Champions League 2014-15;

CONMEBOL (em ordem de classificação)

– Santos (Brasil): Campeão da Copa Libertadores 2011;

– Corinthians (Brasil): Campeão da Copa Libertadores 2012;

– Atlético Mineiro (Brasil): Campeão da Copa Libertadores 2013;

– San Lorenzo (Argentina): Campeão da Copa Libertadores 2014;

CAF (em ordem de classificação)

– Al Ahly (Egito): Campeão da CAF Champions League 2012 e 2013;

– Ésperance (Tunísia): Campeão da CAF Champions League 2011 (melhor desempenho que o Éstif, da Argélia, campeão de 2014);

AFC (em ordem de classificação)

– Al Sadd (Catar): Campeão da AFC Champions League 2011 (melhor desempenho que o Ulsan, da Coreia do Sul, e que o Western Sydney Wanderers, da Austrália);

– Guangzhou Evergrande (China): Campeão da AFC Champions League 2013 (melhor desempenho que o Ulsan, da Coreia do Sul, e que o Western Sydney Wanderers, da Austrália);

CONCACAF (em ordem de classificação)

– Monterrey (México): Campeão da CONCACAF Champions League 2011-2012 e 2012-2013;

– Melhor desempenho entre Cruz Azul (México), o campeão da CONCACAF Champions League 2013-2014 e o campeão da CONCACAF Champions League 2014-2015, ainda em aberto;

OFC

– Auckland City (Nova Zelândia): Campeão da OFC Champions League em 2011-2012, 2012-2013 e 2012-2014;

JFA

– Sanfrecce Hiroshima (Japão): Campeão da J-League 2012 e 2013;

  • Divisão dos Potes

Fifa 2492201_xbig-lndPor fim, a divisão dos potes. Em primeiro lugar, ficariam proibidos os cruzamentos entre equipes do mesmo continente na fase de grupos. Para evitar esses cruzamentos, ao invés de adotar o sistema de potes, seria mais inteligente sortear cada um dos quatro representantes europeus e cada um dos quatro sul-americanos em um grupo diferente. Para definir a ordem dos jogos, além de sortear o Grupo A, B, C ou D, seria sorteado também a posição dentro do grupo: 1 (cabeça de chave), 2, 3 ou 4.

O pote 3 teria os dois representantes da África e os dois da Ásia, enquanto o quarto teria o do país-sede mais os dois asiáticos e o da Oceania. Nesse caso não seria necessário, mas, na hipótese do representante do país-sede ser de um continente que estivesse em outro pote, este obrigatoriamente iria para um dos dois grupos que não contem com um representante deste continente. A eventual entrada do atual campeão em edições futuras, como ventilei lá no início, provocaria ajustes pontuais nessas regras, já que poderia tornar inevitável, por exemplo.

Sugestões, opiniões, críticas? Só comentar abaixo.

Imagens: Fifa.com

One Reply to “Uma proposta para o Mundial de Clubes”

  1. gostei, eu alteraria algumas coisas,,, exemplo,, a cada dois anos, exatamente no an que nao tem cpa nem olimpiada no mesmo periodo do ano,,, com 16 clubes tambem..
    tvz
    champioms
    libertadores
    supercopa euro america ( novo torneio a existente sulamericana x liga europa, teve primeira edicao em 2015 )
    os outros 4 continentes
    1 vaga preliminar ultimo campeao x campeao do pais sede.

    todas vagas de 2 anos seguidos,,,daria 16,, daria uma chance ao campeao da liga europa e da sulamericana o que for melhor.

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