O Carnaval de 2006 era polêmico desde o berço. Como já adiantamos na semana passada, com o acesso da Gaviões da Fiel e a manutenção da Mancha Verde, pela primeira vez na história duas escolas oriundas de torcidas organizadas, de dois times diferentes ainda por cima, estariam competindo no Grupo Especial. O regulamento proibia, desde 2001, que isso acontecesse. Por conta de uma ação do Promotor Fernando Capez, além de ter que desfilar em dias diferentes, as escolas que guardassem ligações com times de futebol, caso fossem mais de uma, teriam que competir em um grupo à parte, o das chamadas desportivas.

Essa decisão podia ser bonita na teoria, mas não fazia nenhum sentido na prática. As duas escolas seriam julgadas pelos mesmos jurados, desfilariam nos mesmos dias das demais e seriam analisadas pelo mesmo critério. Estariam no CD oficial, participariam de todas as festas, enfim, seriam escolas do Grupo Especial, mas que competiriam separadas e sem chances de serem rebaixadas. A apuração seria logo após a do Especial e ninguém sabia dizer se a campeã iria para o Desfile das Campeãs.

A Mancha Verde era contra o grupo das desportivas, mas não parecia oferecer muita resistência ao que foi proposto pela Liga. O Presidente da escola, Paulo Serdan, afirmava que só queria participar da festa. Com a Gaviões, o buraco era um pouco mais fundo. A escola foi à Justiça tentar voltar ao Grupo Especial. O argumento era o de que o regulamento também guardava à escola o direito de desfilar na elite. Em outubro de 2005, três meses depois de definido o grupo das desportivas, a escola enfim conseguiu uma liminar que a devolvia para o grupo normal.

No entanto, já em 2006, a Liga/SP conseguiu reverter a situação e a Gaviões voltou a fazer parte do grupo das desportivas. No início de fevereiro, porém, a três semanas dos desfiles, a Gaviões conseguiu mais uma liminar, esta definitiva, que lhe dava o direito de competir com as demais. Essa decisão, no entanto, dava à Mancha Verde o título das desportivas, já que ela passaria a competir sozinha. E assim foi. A escola da Barra Funda, que trouxe para a Avenida um enredo sobre os homens injustiçados ao longo da história, ficou sozinha no grupo das desportivas.

Seria também um Carnaval com mudanças no regulamento. Visando reduzir para 14 o número de escolas do Grupo Especial, a Liga/SP decidiu que as quatro últimas colocadas seriam rebaixadas, recorde absoluto na história do Carnaval Paulistano. Haveria também uma mudança no sistema de concessão de notas. As escolas continuariam sendo avaliadas por três jurados em 10 quesitos, mas as notas não seriam mais fracionadas em meio ponto. A partir de 2006, os jurados poderiam conceder notas fracionadas em 0,25. Ou seja: se antes as notas entre 9 e 10 eram 9, 9,5 e 10, agora seriam 9, 9,25, 9,5, 9,75 e 10. O mesmo vale para as notas entre 6 e 10.

Campeã de 2005, a Império de Casa Verde, já consolidada como potência, escolheu a história da pecuária no Brasil como enredo. Vice-campeã no Carnaval anterior, a X-9 Paulistana adotou a letra X como tema, ao passo que a Mocidade Alegre abordaria a história do Rio São Francisco através dos índios. Em constante evolução, a Vila Maria optou por homenagear os transportadores e a Vai-Vai por contar a história da cidade de São Vicente, no litoral paulista.

Por voos mais altos, a Tucuruvi falaria sobre a agricultura, enquanto a Leandro de Itaquera, com dificuldades financeiras, abordaria as festas populares nas cidades banhadas pelo Rio Tietê. Após resultados ruins em 2005, Rosas de Ouro e Nenê de Vila Matilde abordariam o negro: a Roseira sob as injustiças por ele sofrida ao longo da história e a Águia da Zona Leste falando sobre a Bahia e lembrando uma famosa ópera.

Águia de Ouro e Tatuapé apostaram em temas diferentes, um alerta contra a violência infantil das mais diversas formas e o cooperativismo, respectivamente. O Camisa Verde e Branco tentava se recuperar do desfile ruim de 2005 falando sobre o vinho e a Tom Maior pretendia surpreender com um enredo sobre o Piauí e o cantor de forró Frank Aguiar. Voltando ao Grupo Especial, Gaviões e Peruche abordariam a aviação: a Fiel Torcida falando do desejo do homem de voar e a Filial do Samba narrando a trajetória de Santos Dumont.

gavioes2006Para abrir a maratona de desfiles, a Gaviões da Fiel fez uma conturbada apresentação em sua volta ao Grupo Especial. O desfile “Asas da Fascinação” começou a ter problemas antes mesmo dos portões se abrirem. Minutos antes do cronômetro ser disparado, um gerador de luz caiu sobre o abre-alas e danificou ligeiramente a alegoria, que teve que ser reparada às pressas.

O carnavalesco Jorge Freitas apostou em carros grandiosos e em fantasias luxuosas para surpreender o público. Público que, por sinal, respondeu bem ao bom samba da escola, que foi interpretado de maneira brilhante por Ernesto Teixeira. Apesar da coreografia simples, a comissão de frente chamou a atenção pela fantasia luxuosa e pelo elemento alegórico grandioso.

O enredo foi muito bem setorizado, embora em alguns momentos tenha fugido da proposta de retratar o sonho do homem em voar. Apesar de ser um dos trabalhos menos inspirados de Jorge Freitas, a escola trouxe belíssimas alegorias, que apresentaram muita clareza. Particularmente, senti falta de mais luz, os carros estavam muito apagados, mas foram belas alegorias. As fantasias estavam bastante coloridas e, leves, permitiam uma boa evolução para os animados componentes.

Mas problemas não faltaram para a Gaviões. O experiente primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Michel e Idely deixou a bandeira enrolar no mastro, o que certamente seria punido pelos jurados. O grande problema, porém, foi a soma dos carros gigantescos com o excesso de componentes. Eram mais de cinco mil desfilantes e, aí, faltou tempo. A Gaviões apertou o passo, correu, mas estourou em um minuto o tempo, o que acarretaria uma perda de dois pontos.

Só que, minutos depois, chegou a informação de que, por um descuido, uma marca de gerador apareceu em uma alegoria, configurando merchandising e a perda de mais dois pontos. Como desgraça pouca é bobagem, a escola ainda trouxe o símbolo do Corinthians no abre-alas, o que também era proibido pelo regulamento – ainda que constasse no símbolo da escola – com punição de dois pontos prevista. Assim, a Fiel Torcida deveria, na tradicional reunião realizada na segunda-feira, ser penalizada em seis pontos, o que tirava qualquer chance de voltar ao desfile das campeãs e, em um Carnaval onde quatro escolas cairiam, estava novamente ameaçada de descenso a despeito do belo desfile.

Na sequência, entrou na Avenida a Rosas de Ouro com o enredo “A Diáspora Africana. Um Crime Contra a Raça Humana”. A escola pretendia emocionar o público ao abordar a injustiça contra os negros, mas surpreendeu pela estética adotada pelo carnavalesco Fábio Borges. Ele dizia que não queria trazer aquela África tribal cheia de palhas e representações rústicas. Ele queria era mostrar a África que se espalhou pelo Mundo trazendo, inclusive, elementos da arte cubista. Sem dúvida alguma, uma opção interessantíssima.

O destaque do desfile, mais uma vez, foi a comissão de frente, que executou uma coreografia dificílima com uma fantasia pesadíssima e conquistou o público. O abre-alas, com as tais representações cubistas, tinha uma concepção diferente, mas foi muito bem executado. Fábio apostou em uma divisão cromática diversificada, em um enredo de simples leitura e em um visual diferenciado. As alegorias foram ousadas, com belas esculturas, e garantiram um ótimo efeito.

A Rosas de Ouro não chegou a empolgar o público, apesar do bom samba, mas fez um excelente desfile. Pouco errou e apresentou um ótimo visual. Claro que, com 14 escolas ainda a desfilar, era difícil falar em favoritismo, mas, sem dúvida, a Rosas de Ouro estava no páreo.

A terceira escola da noite foi a Nenê de Vila Matilde, que tentava se recuperar do resultado ruim de 2005 com o enredo “Mamma Bahia – Ópera Negra Lídia de Oxum”. O enredo era inspirado na ópera Negra Lídia de Oxum, que narrava o casamento entre uma negra e um aristocrata. Mas até que se chegasse a esta ópera, que viria no último carro, a Nenê faria um passeio pela Bahia dos negros e da luta pela liberdade.

O carnavalesco André Machado novamente concebeu alegorias de alto nível, mas elas passaram pela Avenida visivelmente inacabadas. Os carros foram feitos com material de mais baixo custo, o que prejudicou o efeito, e tinham um padrão de luxo mais reduzido. O ponto positivo foi a clareza das fantasias, que eram de fácil leitura e, a despeito dos materiais mais pobres, conseguiram bom efeito. Gostei da divisão cromática e a escola veio bem setorizada. No conjunto alegórico, destaque para o último carro, que tinha uma bela escultura da Negra Lídia cercada por harpas.

Só que não faltaram problemas para a Nenê. Três dos cinco carros alegóricos apresentaram problemas. O mesmo problema, por sinal. Por conta de um eixo quebrado, o carro abre-alas, o carro 3 e o carro 4 se dirigiram, em momentos diferentes, à grade que separa pista do público. Para evitar um desastre à lá Gaviões 2004, os empurradores tiveram muito trabalho e, com muito sacrifício, colocaram os carros de novo nos eixos. O problema é que o incidente danificou um pouco as alegorias e complicou toda a evolução, com direito a três enormes buracos após as três quebras. A Nenê fechou no tempo, mas teve que correr. Os problemas, somados ao desfile de nível técnico baixo, faziam da Águia da Zona Leste uma enorme candidata ao descenso.

Sai uma escola da Zona Leste, entra outra. A Acadêmicos do Tatuapé abriu o quarto desfile da noite para apresentar o complicado enredo “Cooperativismo, União para o bem comum. Uma grande nação se faz com cooperação”. Com um samba bastante fraco, a escola apresentou um conjunto visual pobre e, como era de se esperar, um enredo que não conseguiu ocupar um desfile. Os carnavalescos da comissão de carnaval tiveram dificuldade para preencher as alas e o resultado foram fantasias de difícil leitura em um enredo bastante confuso.

A Tatuapé não empolgou o público, que não captou bem a ideia do desfile. A escola veio muito mais pobre que nos anos anteriores e os carros e fantasias apresentaram claros problemas de acabamento. Embora não tenha errado, ou seja, tenha evoluído bem e fechado o desfile no tempo correto sem grandes problemas, a Tatuapé era candidatíssima ao rebaixamento pois havia preparado, com folgas, o pior desfile do ano. Uma pena para quem vinha em uma evolução interessante. De bom mesmo só o desempenho do intérprete Celsinho, que ganharia o Prêmio de Revelação por parte da Sociedade dos Amantes do Samba Paulistano, a SASP.

imperiocasaverde2006BCampeã de 2005, a Império de Casa Verde foi a quinta escola a cruzar os portões do Anhembi para apresentar o enredo “Do Boi Místico ao Boi Real – De Garcia D’Ávila na Bahia ao Nelore – O Boi que come capim – A saga da pecuária no Brasil”. A escola apostava em uma receita parecida com a do primeiro campeonato: um enredo bem desenvolvido gerou um bom samba (apesar do erro de concordância no verso “a pecuária e a ciência evoluiu”), com destaque para o refrão principal, que dizia “é lindo ver o meu Império / um show de cores ao luar / cantando para o mundo inteiro / a saga desse gado brasileiro”.

O forte da azul-e-branca, porém, estava mesmo nas alegorias. A escola mais uma vez pretendia impressionar o Anhembi com alegorias grandiosas e de muito luxo e, de fato, isso ocorreu. No entanto, ainda que a bateria tenha tido, mais uma vez, um desempenho irrepreensível, a Império não conseguiu fazer uma apresentação no nível das de 2004 e 2005. A comissão de Carnaval não foi feliz na concepção das alegorias que, embora estivessem realmente muito luxuosas e impecavelmente acabadas, não conseguiram um bom efeito.

O abre-alas, por exemplo, representando o boi na mitologia, destacou-se apenas pelos dois tigres enormes, mas poderia ter sido melhor pensado. O segundo carro, um dos grandes trunfos da escola, que apresentava o boi sagrado da índia, chamou a atenção por ser muito colorido, mas também não era dos mais bonitos. Ao meu ver, o mais bonito foi o carro que trazia Garcia d’Ávila e o início da pecuária no Brasil. As fantasias, por outro lado, foram um verdadeiro espetáculo. Com uma divisão cromática perfeita, as fantasias, além de luxuosas, eram de excelente gosto e deram ótimo efeito. Além do mais, eram de fácil leitura e foram dispostas de maneira que, visto do alto, o Tigre Guerreiro conseguisse ótimo efeito. Destaque também para a fantasia do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, toda em um tom de azul mais escuro, que foi das mais belas do ano.
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Gostei muito também do desenvolvimento do enredo, que foi muito bem setorizado e seguiu uma linha cronológica coerente. Não foi nada genial, com grandes sacadas, como em 2004 e 2005, mas foi um enredo muito coerente. Dessa forma, com alegorias muito luxuosas, fantasias belíssimas e um chão muito competente, a azul-e-branco estava, mais uma vez, no páreo e prometia vir forte na briga pelo bi. Por outro lado, não foi, nem de longe, uma exibição incontestável e insuperável. A própria Rosas de Ouro já aparentava ser uma concorrente forte para os imperianos.

Depois do belo desfile da Império, uma apresentação trágica do Camisa Verde e Branco na defesa do enredo “Das Vinhas aos Vinhos – Do Profano ao Sagrado, uma Viagem ao Mundo do prazer com o Néctar dos deuses”. O carnavalesco Alexandre Colla acertou em cheio no desenvolvimento do enredo, que foi bem humorado, apresentou um excelente conteúdo histórico e apresentou com sutileza impressionante a ideia central de misturar o sagrado e o profano através do vinho.

Os elogios, porém, param aí. Se em 2005 o conjunto alegórico do Camisa já havia sido de baixo nível, em 2006 ele foi simplesmente uma tragédia. Carros pobres, visivelmente inacabados e discretos passaram pela Avenida de maneira que nem de longe remetiam a uma escola com a tradição do Camisa Verde e Branco. Com um samba-enredo bastante fraco, o Trevo da Barra Funda passou como se fosse uma estreante, uma escola que ali caiu de paraquedas. A escola parecia abatida, não conseguiu empolgar e nem a bateria salvou. As fantasias também estavam em um nível muito aquém do esperado e o Camisa dificilmente escaparia do descenso.

Muito diferente do desfile da Vai-Vai. A Saracura balançou o Anhembi na apresentação do enredo “São Vicente. Aqui começou o Brasil”. Amparada por um bom samba e por uma grande apresentação de Agnaldo Amaral, que estaria fazendo sua despedida da escola, a Escola do Povo veio mordida pelo quinto lugar de 2005 e fez uma apresentação ainda superior a do ano anterior. Raúl Diniz mais uma vez acertou a mão no desenvolvimento do enredo e concebeu ótimas alegorias e fantasias.

Com o show da bateria de Mestre Tadeu, a escola cantou forte e passou bastante com uma alegria enorme. Os componentes evoluíram com facilidade e conquistaram o público. A Vai-Vai, porém, não fez uma apresentação perfeita. Os carros, apesar de estarem muito bonitos, não apresentavam muito luxo. Raúl Diniz apostou em alegorias de ótima concepção e de muita clareza, mas que tinham tamanho reduzido. Ainda assim, o conjunto alegórico da Saracura era, com folgas, o melhor a desfilar desde a Rosas de Ouro.

Foi um desfile marcado muito mais pelo chão que pelo visual. Nesse ponto, o destaque ficou para a divisão cromática, que mais uma vez privilegiou o preto e o branco, garantindo ótimo efeito para as fantasias. O enredo abordou bem a história da cidade do litoral paulista, enfocando bastante o fato de ter sido o primeiro vilarejo do país. Claro que isso deu aquela sensação de mais do mesmo, com a chegada dos colonizadores, o encontro dos índios e etc, mas, ainda assim, foi um tema muito bem desenvolvido.

Não foi, insisto, uma apresentação soberana, que desse à escola um enorme favoritismo. No conjunto, a Vai-Vai parecia ter sido um pouco superior à Império de Casa Verde e parecia ter igualado no chão a deficiência visual em relação à Rosas de Ouro. Em todo caso, pela primeira vez desde 2001 a Saracura havia feito um desfile para brigar de fato pelo título.

mocidadealegre2006Quem também estava doida para faturar um título era a Mocidade Alegre, que encerrou a primeira noite de desfiles com o enredo “Das Lágrimas de Iaty Surge o Rio, do Imaginário Indígena a Saga de Opara. Para os Olhos do Mundo um Símbolo de Integração Nacional: Rio São Francisco”. O enredo, inspirado em um poema de Carlos Drummond de Andrade, abordaria o Rio São Francisco pela ótica indígena. Suas lendas, sua relação com os índios, com a economia local, enfim, fazer um passeio pelo rio através dos indígenas.

A Morada do Samba mais uma vez fez um grande desfile. Em manhã inspirada, o intérprete Daniel Collête levou de maneira brilhante o ótimo samba da escola e ajudou o público a seguir firme no Anhembi. A bateria de Mestre Sombra mais uma vez imprimiu ótimo andamento ao samba, ao passo que o carnavalesco Zilkson Reis desenvolveu o enredo de maneira muito coerente, com uma setorização bastante clara.

Para o meu gosto, ele errou um pouco a mão na concepção das alegorias. Ao retratar o índio e sua relação com as matas e rios, desenvolveu carros com pouca criatividade e com alguns problemas de acabamento. Os destaques ficaram por conta do abre-alas, que representou uma lenda indígena para o surgimento do Rio – que também vinha em uma espetacular comissão de frente – e do quarto carro, o da “Força Sertaneja”, com belas esculturas e ótimos adereços. Fiquei com a sensação de que desfilar à luz do dia prejudicou um pouco a escola, pois muitos carros pareciam melhores se desfilassem durante a madrugada.

Por outro lado, as fantasias foram deslumbrantes. Com uma divisão cromática que beirou a perfeição, Zilkson desenvolveu fantasias leves e usou as cores de maneira muito pertinente a cada um dos setores. O ápice do desfile foi na fantasia da bateria, que representava o rio. Os ritmistas que ocupavam as extremidades da ala simbolizavam palmeiras (com direito a uma fantasia bastante pesada) e os do meio as águas, formando assim um rio. Um pouco antes do recuo, a surpresa: desfilantes saíam do meio da bateria com fantasias que representavam monstros, os monstros que saíam do São Francisco.

A entrada no recuo também reservou um susto a todos os presentes no Anhembi. A rainha de bateria Nani Moreira mais uma vez prometia surpreender com uma coreografia de difícil realização e que, ainda por cima, apresentava um efeito pirotécnico em sua fantasia. No meio da coreografia, porém, sua fantasia pegou fogo e as chamas atingiram o seu cabelo. O corpo de bombeiros entrou imediatamente na pista e ela foi atendida ali mesmo na ambulância que estava posicionada no recuo.

Mas ali Nani Moreira se mostrava uma Rainha diferente e escreveu seu nome na história da Mocidade Alegre. Mesmo com graves queimaduras no corpo, ela, após receber o atendimento, seguiu até o fim do desfile sambando como se nada tivesse acontecido. Quando cruzou a linha final do Anhembi, porém, não conteve as lágrimas de dor e teve que ser imediatamente levada ao Hospital do Mandaqui, onde foi medicada e internada até que se recuperasse.

Voltando ao desfile em si, a Mocidade Alegre evoluiu bem, apresentou um conjunto alegórico de bom nível e empolgou o público. Dentre erros e acertos, a Morada se colocou ao lado de Rosas, Vai-Vai e Império dentre as melhores da primeira noite. As quatro escolas acabaram se igualando em diferentes erros e haviam feito desfiles muito parecidos em termos de qualidade. Para o meu gosto, a Roseira havia sido um pouco superior, mas há de se lembrar que ainda faltavam oito escolas para desfilar. Embora, dessas oito, apenas X-9 e Vila Maria tivessem um histórico recente de bons desfiles, muita coisa ainda rolaria naquele Grupo Especial.

Abrindo a segunda noite de desfiles, a Unidos do Peruche enfim conseguiu fazer uma boa apresentação na defesa do enredo “Santos Dumont – Brasil e França navegando pelos ares”. Apesar do enredo um pouco desconexo, que escondeu um pouco o Pai da Aviação e focou mais nos ares parisienses e brasileiros no início do Século XX, a Filial do Samba voltou a desfilar bem, com boas alegorias, e parecia com vontade de mostrar que estava viva.

Os componentes cantaram com garra, empolgados e o público, ainda pequeno, respondeu bem. A escola não tentou fazer grandes ousadias ou apostar em inovações. Quis fazer o simples e fez bem feito. A comissão de frente, por exemplo, não tinha nenhuma coreografia muito elaborada, mas foi muito bem executada. Componentes com roupas típicas do Século XX dançavam e abordavam pontos diferentes do enredo, inclusive os 50 anos da escola.

O sempre competente carnavalesco Paulo Führo caprichou no visual e nas cores. Criou fantasias coloridas, mesclou o azul, vermelho e branco da França com o verde e amarelo do Brasil e conseguiu ótimo efeito. As alegorias, embora mais modestas, estavam bastante bonitas e muito acima do que vinha sendo apresentado pela Peruche. A ala que mais chamou a atenção foi a do Carnaval do início do século XX, com componentes trajados em diferentes roupas da época e sem nenhuma regra. Dançavam e sambavam como dava vontade, de maneira solta, alegre, descontraída e deram um tom diferente para o desfile. Outros dois destaques foram a Torre Eiffel cercada por tucanos e araras no quarto carro e a última alegoria, com o bonequinho símbolo da escola acompanhado de Santos Dumont. Em suma, um belíssimo desfile da Peruche, que praticamente assegurava sua permanência entre as grandes.

A segunda escola a entrar na pista foi a Tom Maior, que apresentou o enredo “Em grandes sertões veredas o elo perdido se achou… Piauí a terra do sol me encantou, com Frank Aguiar o Rei do Forró eu vou”. A vermelho-e-amarelo tinha um dos maiores orçamentos do ano e surpreendeu com um conjunto visual de relativo luxo. O enredo tinha um desenvolvimento que lembrava em partes o desfile da Mancha no ano anterior, sobre o Mato Grosso, partindo lá da pré-história. Mais uma vez, penso que isso prejudicou um pouco o enredo, mas, em contrapartida, garantiu fantasias de muito bom gosto, com muita clareza, e com bom visual.

A divisão cromática começou com tons mais opacos e terminou com cores mais quentes, o que garantiu uma sequência muito boa. Era como se as cores evoluíssem junto com o desenvolvimento. Ao contrário da Peruche, a vermelho-e-amarelo resolveu ousar. O segundo carro trazia a representação do esqueleto de um dinossauro e, até pela concepção dificílima, não era dos mais bonitos, mas impressionou. A bateria também apresentou bossas e paradinhas surpreendentes, que animaram o público, assim como o próprio Frank Aguiar, que veio no último carro, que também não era dos mais bonitos. A Tom Maior ainda enfrentou problemas com a evolução já no início do desfile, visto que o abre-alas foi acoplado já na pista. Foi um bom desfile, bastante animado e surpreendente, mas, pelos erros cometidos, as chances de ir ao desfile das campeãs eram muito pequenas.

Quem tentava continuar evoluindo era a Acadêmicos do Tucuruvi, que cantou o enredo “A Fé do Homem do Campo em Cultivar, Ensinar e Aprender”. A escola da Cantareira fez uma bela homenagem aos trabalhadores rurais em um enredo simples, mas muito bem executado. No entanto, tal como em 2005, tropeçou em um visual bastante inferior ao das duas escolas que haviam desfilado anteriormente. Para piorar, alguns contratempos prejudicaram a apresentação da escola.

Primeiramente, é necessário dizer que novamente o excesso de verde prejudicou a Tucuruvi. Algumas alas pareciam se repetir e as fantasias feitas com materiais mais baratos acabaram destoando um pouco de outras mais bem trabalhadas. O Carnavalesco Eduardo Caetano foi mais feliz na concepção das alegorias que na das fantasias, algumas muito pesadas, mas, no todo, fez um bom trabalho. O destaque ficou para o belíssimo carro da Preservação do Meio Ambiente. O bom samba foi bem cantado, teve um bom acompanhamento da bateria, mas não conseguiu animar muito o público.

O que era para ser um desfile de meio de tabela ganhou contornos mais dramáticos por conta de dois problemas: um ponto alto do desfile foi a comissão de frente dos “Espantalhos Agrônomos”, que trazia uma excelente coreografia em triciclos. O problema é que um desses triciclos perdeu uma das rodas ainda antes da metade do desfile e teve que se virar como pôde para ir até o final. O segundo carro também teve algumas esculturas danificadas ao longo da Avenida e, assim, o risco de rebaixamento existia.

Quem conseguiu chamar a atenção do público foi a Águia de Ouro, que apresentou o enredo “Não tem desculpa”. A escola não era das mais aguardadas por causa do enredo um pouco sisudo, sobre as violências sofridas pelas crianças, e pelo samba, um trash daqueles que ainda foi excessivamente acelerado pela bateria. No visual, porém, a escola conseguiu se destacar e, se não se colocou entre as favoritas, ao menos fez uma apresentação simpática.

As alegorias tinham sim alguns problemas de acabamento e concepção, mas a criatividade prevaleceu. Ao alertar para os perigos enfrentados pelas nossas crianças, o carnavalesco Victor Santos trouxe o público de volta ao universo dos contos infantis – com direito a casal de mestre-sala e porta-bandeira vestido de Chapeuzinho Vermelho e Lobo Mau – e criou metáforas muito bem sacadas. Ao falar dos perigos da internet no terceiro carro, por exemplo, ele comparou a rede mundial de computadores com uma teia de aranha. O carro, que trazia fotos de crianças que sofreram algum tipo de violência, teve grande impacto, assim como a bateria, que se ajoelhou para agradecer ao público.

O samba, apesar de não ser dos melhores, foi interpretado brilhantemente por Serginho do Porto e muito bem cantado pelos componentes. O encerramento do desfile, apesar da alegoria que me pareceu inacabada, foi muito interessante, mostrando a necessidade de se punir os criminosos que atacam crianças. O carro, homônimo do enredo, tinha leões presos em jaulas, e se destacou por conta de sua parte traseira, que apresentava uma deusa resgatando uma criança, em referência ao caso de uma mãe que havia jogado o filho em um rio dois meses antes. No todo, foi uma apresentação ali para ficar pelo meio da tabela, mas que foi das mais interessantes do ano e surpreendeu em uma noite em que não se esperava um desfile assim.

Depois do excelente resultado de 2005, a Unidos de Vila Maria entrou na Avenida para apresentar o enredo “Em Minhas Costas o Brasil Carreguei, nas Minhas Rodas o País Levantei… com o Futuro Eu Sonhei”. Não é novidade para ninguém que eu sou fã do carnavalesco Wagner Santos, mas, ao meu ver, ele não foi feliz no desenvolvimento desse desfile sobre carregadores, mercadorias, transportes e estradas. Para o meu julgamento, ele falhou justamente onde costuma ser mais brilhante: na concepção das alegorias.

Pegando carona no enredo, não coloquemos a carroça na frente dos bois e vamos por partes. O enredo era, apesar de uma ou outra falha, bastante criativo. A comissão de frente, por exemplo, trazia uma dança entre índios e colonizadores. Até aí, nenhuma novidade. O interessante é que isso simbolizava, na visão da escola, o primeiro transporte do Brasil: o transporte do pau-brasil que os europeus levaram de graça. O carro abre-alas era ousado, representava uma caravela, mas foi muito mal executado. Era muito grande, razoavelmente bem adereçado, mas muito verticalizado, perdendo assim seu efeito.

Esse foi, aliás, um problema crônico do desfile. As alegorias eram todas muito verticais, sobretudo as duas primeiras, o que me incomoda bastante. O padrão de luxo apresentado foi mais ou menos o mesmo de 2005, com boas fantasias e uma excelente divisão cromática. Dentre as alegorias, destaque para o terceiro carro, “Viajando pelo Brasil”, e o quinto, “A Rodovia do Futuro”. Pessoalmente, acho que a Vila Maria decepcionou um pouco e as chances de voltar ao desfile das campeãs eram reduzidas.

Na sequência, quem entrou na Avenida foi a Leandro de Itaquera. A escola não prometia muito luxo para a apresentação do enredo “A Nova Passarágua do Samba orgulhosamente apresenta festas e tradições paulistas sobre as águas de um Novo Tietê”, muito por conta do orçamento bastante apertado. Na Avenida, as coisas não saíram de maneira desastrosa, mas o Leão Guerreiro de Itaquera fez um desfile de baixo nível técnico.

O desfile da Leandro era aguardado com alguma expectativa por dois motivos: um era o muito anunciado beijaço gay em um dos carros, o que acabaria não ocorrendo. O outro era a propaganda política explícita – e gratuita – ao PSDB, cujo quadro de filiados conta com Seu Leandro – em forma de homenagem aos Governadores do partido, Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, pelos serviços prestados à despoluição do rio e pela promoção das festas retratadas no enredo. Carro esse, aliás, que chamou a atenção pelos dois insólitos bonecos de Alckmin e Serra. Era a última alegoria e foi um encerramento bastante complicado. Não por conta da política, muito embora o PT tenha ido à Justiça para tentar proibir o carro de desfilar por propaganda eleitoral, mas sim por conta do péssimo acabamento. Além de parecerem a mesma pessoa, os dois bonecos não retratavam de maneira mais brilhante os políticos tucanos.

Enfim, polêmicas sexuais e políticas à parte, a Leandro fez um desfile tenso. O abre-alas, que estava muito bonito – o único belo carro do desfile, a propósito – teve um problema na entrada, já que uma das patas de um dos gigantes leões com boias salva-vida enroscou no cronômetro e foi retirado com dificuldade. O carnavalesco Anderson Paulino desenvolveu o enredo com correção e trouxe inovações interessantes, como um helicóptero que espalhou rosas pela Passarela. As fantasias e demais alegorias, porém, estavam muito pobres e prejudicaram muito o conjunto visual da escola, que vinha amparada por um bom samba. Bom samba, mas que não tirava a Leandro do bolo das possíveis rebaixadas.

O Grupo Especial de São Paulo teve, por assim dizer, uma pausa para a Mancha Verde desfilar o enredo “Bem Aventurados Sejam Os Perseguidos, Por Causa da Justiça dos Homens… Porque Deles É O Reino Dos Céus”. É que, sempre bom lembrar, a escola não fazia parte do Grupo Especial e sim do grupo das desportivas. Foi um Carnaval muito complicado para a Mancha. Além de toda essa questão de participar ou não do primeiro grupo, a escola teve problemas em seu barracão, que chegou a sofrer um incêndio, e perdeu, no terceiro dia daquele ano, uma de suas fundadoras: Dona Norma, a mãe do Presidente Paulo Serdan, e uma das figuras mais queridas do samba paulistano. Tão querida que sua morte chegou a interromper um ensaio da Gaviões da Fiel, que prestou um minuto de silêncio em homenagem à ela.

Quem pensa que esses problemas provocaram um abatimento na escola, se enganou. Foi exatamente o contrário. A Mancha desfilou com uma garra impressionante e, no amanhecer, fez um dos mais arrepiantes desfiles que o Anhembi já viu. Foi um soco no estômago atrás do outro. Embora eu não morra de amores pela obra, tida por muitos como uma das melhores do ano, o samba rendeu fantasticamente bem naquela que deve ter sido uma das melhores atuações do intérprete Vaguinho em sua carreira. A Bateria Puro Balanço também deu um show e deu ótimo andamento ao samba.

Na Avenida, as alegorias apresentaram alguns problemas de concepção e acabamento, mas chamaram a atenção por, assim como todo o desfile, serem de altíssimo impacto. A comissão de frente, por exemplo, foi uma das mais fortes de que eu já tive notícia. Atores simbolizavam, tal como no filme dirigido por Mel Gibson, “Paixão de Cristo”, as chibatadas recebidas por Jesus Cristo e sua crucificação. A belíssima e forte coreografia chegou a afastar um componente do desfile a 15 dias do Carnaval. É que as imagens da coreografia eram tão fortes que tomavam os seus sonhos e o ator considerou que não conseguiria interpretá-la na Avenida.

O enredo sobre injustiças e perseguidos relembrou grandes personagens da história como os ícones da luta pela igualdade racial, como Martin Luther King, Malcom X e Nelson Mandela, da luta pela paz, como Dalai Lama, e até os italianos, perseguidos pelo Governo de Getúlio Vargas durante a II Guerra Mundial. Esse era o gancho necessário para falar do Palmeiras, que só virou Palmeiras por causa dessa perseguição (seu antigo nome era Palestra Itália) e da Mancha Verde, da perseguida Mancha Verde, que tanto havia sofrido em meses anteriores. Os carros, a despeito do acabamento deficiente, estavam bonitos, principalmente o abre-alas com dois enormes dragões que simbolizavam o mal. Se competisse com as demais, a Mancha poderia esperar uma ótima colocação.

Para encerrar, a X-9 Paulistana pisou na Avenida para apresentar o enredo “X da Questão”. Era uma verdadeira salada de fatos históricos e eventos do dia-a-dia que envolviam a letra X. Do x que é a incógnita matemática ao iluminismo. Do x-salada à própria X-9 Paulistana. Apesar de criativo, o complicado enredo não se sustentou e recebeu alas de difícil entendimento, além de não ter começo, meio e fim bem definidos.

Gostei da ideia de lembrar o “x” como o “meio” de qualquer confronto. Por exemplo, “O Bem x O Mal”, como vinha lembrando o abre-alas. Acho, porém, que o conjunto alegórico sofreu uma considerável queda de nível se comparado com o dos anos anteriores. A escola também foi prejudicada pelo intenso e incomum sol que brilhava sobre o Anhembi e projetava uma sombra que tapava a visão de alegorias e fantasias quando vistas de frente. Muitas cores ficaram escondidas por conta do sol, em uma apresentação que já estava carregada de muitas tonalidades escuras para o meu gosto.

Além das alas dos sanduíches, chamaram a atenção as alas que lembraram o “X” da hora de tirar uma foto e suas variações matemáticas. A bateria também se destacou pelas bossas e paradinhas ousadas, enquanto o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira teve um dos melhores desempenhos do ano, com direito até a fumaça verde e vermelha espalhada pela Avenida. Não foi um desfile ruim, mas parecia insuficiente para brigar pelo título.

Ao final das apresentações, nenhuma escola despontava como favorita, com quatro – todas estas desfilando na sexta – prometendo brigar por cada 0,25 da apuração: Rosas de Ouro, Vai-Vai, Império de Casa Verde e Mocidade Alegre, com as duas primeiras ligeiramente à frente. A briga prometia ser intensa para fugir do rebaixamento porque, apesar do alto número de rebaixadas, muitas escolas fizeram apresentações que poderiam resultar em um descenso.

Nesse sentido, no entanto, a apuração foi um completo absurdo. Apesar de ter a perda de dois pontos por uso do símbolo do Corinthians revogada ainda no sábado de Carnaval, a Gaviões, ainda que com uma liminar permitindo o uso do escudo, foi penalizada com esses dois pontos e, no total, saiu com seis pontos a menos. O julgamento da escola foi um escárnio. As notas não representaram nem de longe o que foi visto na Avenida e a Fiel Torcida foi muito, muito prejudicada.

Bom, mas vamos começar com a briga pelo título. Ao final do primeiro quesito, fantasia, Águia de Ouro, Império de Casa Verde, Mocidade Alegre, Vila Maria e X-9 receberam três notas 10, enquanto Vai-Vai e Rosas de Ouro perderam 0,25 cada uma. No segundo, enredo, foi a vez da Império perder 0,25, deixando as quatro outras agremiações empatadas com 60 pontos, enquanto Vai-Vai e Rosas perderam mais meio ponto e ficaram 0,75 atrás das líderes.

O sonho do título da Águia de Ouro começou a acabar no terceiro quesito, com um 9,25 em alegoria, que a deixou atrás até da Império de Casa Verde, que perdeu mais 0,25. O quesito deixou a Mocidade isolada na liderança com 90 pontos, já que Vila Maria e X-9 perderam 0,25 e um ponto, respectivamente. Nos três quesitos seguintes, Mocidade e Vila Maria somaram todos os pontos possíveis, ficando a Morada na liderança com 180 pontos contra 179,75 da Vila Maria. A Império de Casa Verde parecia distante da briga, com 178,5 contra 179 da Vai-Vai e da Roseira.

No quesito melodia, porém, tudo mudou. Enquanto Império e Vai-Vai gabaritaram o quesito e a Rosas de Ouro perdeu apenas 0,25, a Mocidade tirou dois 9,75, caindo assim para 209,5 e ficando apenas 0,5 à frente da Escola do Povo, enquanto a Rosas aparecia 0,75 atrás da líder, 0,25 à frente da Império. A Vila Maria perdeu qualquer chance de levantar a taça ao levar um 10, um 9,75 e um 8,75. Em evolução, quem comemorou foi a Rosas, que tirou três 10 e ultrapassou a Vai-Vai, que tirou um 9,5 e um 9,75. Com 238,25, a Saracura ficou 0,25 atrás da Roseira e ultrapassada no critério de desempate pela Império, que tirou um 9,75. A Mocidade Alegre manteve a liderança, mas tirou dois 9,75, e tinha, assim, 239, 0,25 a mais que a Rosas.

O quesito harmonia provocou uma nova reviravolta. A Rosas de Ouro, mesmo tirando um 9,75, assumiu a liderança com 268,5 já que a Mocidade tirou três 9,75 e ficou com 268,25, a mesma pontuação de Império e Vai-Vai, que gabaritaram o quesito e passaram à frente no critério de desempate, com a azul-e-branco em vantagem sobre a Escola do Povo. O último quesito era bateria. No primeiro jurado, a Mocidade levou um 9,75 e a Rosas de Ouro um 9,5, deixando assim Império em primeiro e Vai-Vai em segundo com 278,25, 0,25 a mais que a Roseira e com meio ponto de frente para a Morada. As chances da Rosas foram para o espaço de vez no segundo jurado, quando todas as outras três tiraram 10 e ela um 9.

Como emoção pouca é bobagem, uma confusão deixou todo mundo na dúvida. A Império de Casa Verde precisava apenas de um 10 e foi a quinta a desfilar. Portanto, as notas seriam lidas na seguinte ordem: Gaviões, Rosas, Nenê, Tatuapé e Império. E assim vinha sendo. 9,75 para a Gaviões, 10 para a Rosas, 9,75 para a Nenê e… 10 para a Império. Quando todos esperavam a nota da Tatuapé, veio o 10 que dava o bicampeonato para a azul-e-branco e ninguém entendeu nada. Para piorar, em seguida foi lido o 9,75 para a Tatuapé que, somado ao 10 da Vai-Vai, criou uma confusão maior. Na verdade, o locutor oficial, Zulu, apenas trocou acidentalmente a ordem de leitura das notas, mas, ali, na hora, era de se cogitar que ele tivesse invertido os nomes das escolas: o 10 seria da Tatuapé e o 9,75 da Império.

No fim das contas, apesar da hesitação, foi confirmado o 10 e o bicampeonato da Império com os mesmos 298,25 da Vai-Vai. A Mocidade terminou em terceiro com 298 e a bateria deu à Vila Maria o quarto lugar, à frente da Rosas de Ouro. A X-9 ficou de fora do desfile das campeãs, seguida por Águia de Ouro, Tucuruvi, Tom Maior, Peruche e Nenê. Caíram Camisa, Leandro, Tatuapé e Gaviões. A Mancha Verde somou 296,5 e foi, claro, a campeã das desportivas. Se tivesse participado da disputa, com essa pontuação, teria sido a sétima colocada.

Inconformado com o resultado e por ter recebido apenas quatro notas 10, o Presidente da Gaviões, que parou a apuração em diversas oportunidades (não foi o único, o Presidente Betinho, da Nenê, chegou a arremessar cadeiras em direção a mesa de apuração), afirmou que a escola deixaria o Carnaval e organizaria uma festa própria, o que levou à SPTuris a afirmar que poderia, sim, destinar verba para esse Carnaval à parte. Embora fosse choro de perdedor, de fato, o julgamento da escola foi um dos maiores absurdos da história do Carnaval paulistano. Mesmo com os problemas, ter recebido apenas quatro notas 10 e ter sido rebaixada em último foi um escárnio, já que, no mínimo, Camisa, Leandro, Tatuapé, Tucuruvi, Nenê e até a Vila Maria fizeram desfiles inferiores.

No acesso, vitória da Imperador do Ipiranga no último trabalho da Carnavalesca Vaniria Nejanschi no Anhembi, que subiu ao lado da Pérola Negra. Um ano depois de deixar a Avenida sonhando com o acesso, a Camisa 12, outra escola oriunda de uma torcida do Corinthians, foi rebaixada em último lugar. A escola foi penalizada em 69 pontos por desfilar com componentes a menos e por merchandising. Com esses pontos, teria terminado em quarto lugar.

Curiosidades

– Nada de mudanças no Carnaval da Globo: Chico Pinheiro e Renata Ceribelli na narração, Mauricio Kubrusly e Leci Brandão nos comentários.

– Na transmissão da apuração, Mauricio Kubrusly falou por cima da última nota da Império e não ouviu que o 10 era da azul-e-branco. Quando parou para ouvir, ouviu a nota da Tatuapé e não entendeu, tal como o parceiro Chico Pinheiro, porque a comemoração. Ele chegou a suspeitar que alguém já sabia anteriormente da nota, pois o 10 da Império apareceu na tabela da transmissão sem que fosse lido – pelo menos ele achava. O vídeo foi retirado do ar pela Globo, mas era divertidíssimo.

– Último Carnaval de Solón Tadeu na Presidência da Vai-Vai. Com ele, a escola conquistou seis títulos, dentre eles um tetracampeonato. Figura emblemática do samba paulistano, Solón chegou a comemorar o título de 2006 antes de descobrir que, pelo critério de desempate, a Império de Casa Verde havia vencido. Ele passou a presidência para o lendário intérprete da escola, Thobias da Vai-Vai.

– O cantor Frank Aguiar participou da faixa da Tom Maior no CD oficial ao lado de Royce do Cavaco, que cantou pela primeira e única vez na escola, e René Sobral.
– Fim da primeira passagem do intérprete Vaguinho pela Mancha Verde. Ele foi substituído por Celsinho Mody em 2007, quando cantou pela Vai-Vai, mas voltou para a Mancha já no Carnaval de 2008.

– Nesse ano, por sinal, Vaguinho usou pela primeira vez o seu atual grito de guerra: “O couro vai comer (o bicho vai pegar), o couro comeu (o bicho pegou)” foi adicionado ao “vai começar a festa: Mancha Verde…”. O intérprete, cujo primeiro grito foi “sacode, explode povão” afirmou em entrevista recente que achava esse primeiro grito fraco demais para uma escola de fanáticos como a Mancha. Ele disse ainda que achava a ideia do “o couro vai comer, o bicho vai pegar” muito violenta, mas decidiu ir em frente ao ouvir o “fogo neles” do Carlos Júnior.

– Já Agnaldo Amaral, cantou pela última vez na Vai-Vai. Na sequência, ele cantaria por Barroca Zona Sul, Vila Maria, Camisa Verde e Branco, Mangueira e Nenê, onde está atualmente. Em 2010, foi contratado novamente pela Vai-Vai, gravou o DVD oficial da Superliga (mais tarde o leitor saberá o que foi isso) e foi dispensado antes do fim do ano, cedendo lugar para Wander Pires no desfile de 2011.

– Estreia do intérprete Fernandinho SP como cantor principal da Vila Maria. Com passagens por Morro da Casa Verde e Imperador do Ipiranga, onde está atualmente, ele foi presença constante no carro de som da escola e chegou a ser intérprete oficial em outras oportunidades.

– Despedida do grande intérprete Juscelino do Grupo Especial. Um dos principais nomes da história do Camisa Verde e Branco, ele cantou ao lado de André Pantera o samba sobre o vinho.

– Segundo rebaixamento do vinho no Grupo Especial de São Paulo. Antes da queda do Camisa em 2006, a Primeira de Aclimação havia sido rebaixada com o mesmo tema em 1994. Em 2013, a Vai-Vai conseguiu um pouco comemorado sétimo lugar com o mesmo enredo.

– A Império de Casa Verde contratou uma equipe profissional de segurança para cuidar de suas alegorias no Anhembi. A escola temia possíveis sabotagens das concorrentes.

– As homenagens ao patrono Chico Ronda, assassinado no fim de 2003, prosseguiram no Carnaval de 2006 da Império da Casa Verde. Ao cantar o refrão no fim da primeira passada no CD oficial, o intérprete Carlos Júnior disse, por cima do samba: “Eterno Patrono Chico Ronda: o nosso Império conseguiu! E você estará para sempre em nossos corações”. O Presidente da escola, Alexandre Ronda, fez um agradecimento à comunidade no início da faixa pelo título de 2005.

– Carlos Júnior adaptou o seu grito de guerra como já havia feito na Imperatriz Paulista, escola de samba virtual da qual faço parte, quando a mesma defendia um título. Ao invés de “Alô Tigre! O mundo te espera! E aqui tem, hein! Fogo neles!”, ele dizia: “Alô Tigre! O mundo pede bis! E aqui tem, hein! Fogo neles!”. Ele criaria outro para 2007, quando a escola partiu em busca do tri.

– Última vez até o momento em que a Mocidade Alegre desfilou na sexta-feira de Carnaval.

– Tal qual o Camisa Verde em 2005, este foi o último ano em que a Peruche conseguiu se manter no Grupo Especial. A Filial do Samba seria rebaixada em 2007 e só disputaria o primeiro grupo em outras duas oportunidades: 2009 e 2011. Nas duas, foi rebaixada.

– A Águia de Ouro, cujo Presidente também presidia a Liga/SP, pediu para que o cronômetro do seu desfile voltasse a zero assim que o mesmo foi disparado porque o locutor oficial do Sambódromo havia anunciado a entrada da Unidos de Vila Maria. Na sequência, ele emendou que quem estava desfilando era a “Águias de Ouro”. Sidnei Carrioulo, Presidente da Águia e da Liga, em entrevista à TV Globo, deu uma declaração que entrou para a história das declarações: “Águias é o caralho, aqui é o Águia de Ouro”.

– O samba da Mancha Verde é o único da história do Carnaval de São Paulo a ter sido reeditado. Foi em 2014, pela própria Mancha, no Grupo de Acesso.

– Foi o último desfile assinado pelo carnavalesco Lucas Pinto na X-9 Paulistana. De 1999 a 2006, ele conseguiu um título, em 2000, e voltou ao desfile das campeãs em outras cinco oportunidades, o que não aconteceu em 2006. Foi o primeiro Carnaval de uma sequência de nove – todos os seguintes, pelo menos por ora – em que a agremiação da Parada Inglesa não ficou entre as cinco primeiras colocadas.

– Douglinhas Aguiar cantou ao lado de Edson Dino o samba da X-9. Em 2007, a dupla seria substituída por Karlinhos Madureira. O ano de 2006, porém, marca a volta de Douglinhas à Pérola Negra, com quem se sagrou vice-campeão do Acesso e voltou ao Grupo Especial. O intérprete, que já havia cantado pela agremiação da Vila Madalena entre 1986 e 1990 ficaria por lá até o desfile de 2013, o último antes de se aposentar.

– Em meio a uma acirrada disputa interna pela candidatura para a Presidência da República naquele 2006, o Prefeito José Serra e o Governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, estiveram presentes no Sambódromo. Os dois se cumprimentaram, mas evitaram muitos contatos, em uma relação muito diferente àquela que aparecia no último carro da Leandro. Serra, aliás, chegou a pedir para que a homenagem não fosse levada para a Avenida por conta da polêmica com o PT.

Vídeos

O pior desfile do ano na visão dos jurados
https://www.youtube.com/watch?v=gt8mfTriW50

A grande apresentação da Rosas de Ouro
https://www.youtube.com/watch?v=f0PW3xZXM3U

A bicampeã Império de Casa Verde
https://www.youtube.com/watch?v=lHszJ-Om8g8

A largada do desfile da Vai-Vai
https://www.youtube.com/watch?v=_8TowMeB9hg

Mocidade Alegre e o Rio São Francisco
https://www.youtube.com/watch?v=UwXzrqWMYsk

A surpreendente Águia de Ouro
https://www.youtube.com/watch?v=6uWr4Bb-Wbg

A empolgante largada da Mancha Verde
https://www.youtube.com/watch?v=bH3XXyPjzhM

E a impactante comissão de frente
https://www.youtube.com/watch?v=-92mI7YVs1o

17 Replies to “Bodas de Prata – 2006: com show de cores ao luar, Império é bi; Mancha compete sozinha e Gaviões cai”

  1. Interessante a ordem desequilibrada de desfile em São Paulo, que na sexta-feira teve: Gaviões da Fiel/Rosas de Ouro/Nenê/Tatuapé/Império/Camisa/Vai-Vai/Mocidade (uffa) E sábado as não tão tradicionais/competitivas Peruche/Tom Maior/Tucuruvi/Águia/Vila Maria/Leandro/Mancha/X-9.

    Isso foi refletido nas arquibancadas, que no sábado estava praticamente vazio.

    Curioso, eu torcedor da Vila Maria não posso deixar de constatar as notas no quesito MELODIA, que praticamente tiraram o campeonato da escola (8,75 / 9,75 / 10). A Vila ficou 0,50 pontos atrás da campeã Império de Casa Verde. Supondo que esse 8,75 fosse um 9,25 a escola se tornaria campeã pelo desempate. Nota justa também, já que o samba não era lá essas coisas. Coisas do carnaval.

    Gostava muito do método de notas fracionadas em 0,25 pontos. Fato que duraria até 2011.

    1. Embora vc esteja falando de melodia, não posso deixar passar que o samba da Vila Maria era muito fraco no todo, pq o verso “atropelando as adversidades” é uma das piores coisas que já ouvi na vida! E olha que eu curto muito samba longo, mas bem desenvolvido! rs

  2. Ano tumultuado demais, como vc já explicou. A Gaviões foi, sim, mal julgada, mas não tem do que reclamar, devido ao que aconteceu em 2005… Gosto da escola, apesar de sãopaulino, mas o justo é justo! rs
    A Rosas deu um show, belo samba! Mas consta que os componentes da Bateria atravessaram de propósito pq não aceitavam o Romildo como mestre… Se é verdade, não sei, mas foi este quesito que derrubou a Escola do 1º para o 5º lugar…
    Nenê com outro sambaço, mas desfile terrível… O enredo da Tatuapé era interessante, falar do movimento de cooperativismo que começou numa cidade inglesa chamada Rochdale, mas não foi nada bem executado…
    A Império deu um show, mereceu o título! Mas teve problemas no som do sambódromo, que não é culpa dela (me lembro de um discussão entre um diretor da escola e um responsável pelo som do Anhembi)
    Camisa lamentável, mas, ao contrário de vc acho esse samba excelente!
    Tb não concordo que a Vai-Vai estava bem visualmente, achei esse seu ponto fraco, aquele Ponte Pênsil é ridícula, ainda mais em se tratando de Vai-Vai, mas fora isso foi um sacode da escola!
    A Mocidade Alegre estava belíssima, mas tenho fotos que provam como ela pecou na evolução, e isso deve explicar as notas de Harmonia, talvez…
    Peruche foi bem, Tom Maior tb
    Achei a Tucuruvi correta, com o único samba que não perdeu pts, tanto em melodia, como em letra. de fato a se lamentar o problema na CF… Mas discordo que não empolgou o público. Ele ia ao delírio na hora do “Parabéns pra você, que no Brasil fez nascer…”
    A Águia de Ouro deu um verdadeiro show, que poucas vezes vi na vida! Apesar de fraco, o samba passou muito bem, pq sua aceleração era indispensável, e foi a trilha perfeita para o desfile mais criativo do ano, o carro do Lobo mal é brilhante na sua concepção! Lembro-me atá hoje do comentário do Maurício Kubrusly ao final do desfile: “A Águia de Ouro vai deixar saudades nesse carnaval” e deixou msm! Antes do carnaval perguntaram ao Victor Santos como ele ia tratar de um enredo pesado e triste como a pedofilia numa festa leve e alegre como o Carnaval, e ele respondeu “assistam ao desfile e depois me digam”… Victor ARRASOU!
    A Mancha emocionou demais, impressionante o verso “Das cinzas se renasce pra vitória”, sendo que 4 dias antes duas alegorias pegaram fogo, mas no desfile estavam lá, praticamente inteiras! Até Leci Brandão se emocionou!
    Nem falo nada da Leandro, pisou na bola e mereceu cair, aquela propagando do PSDB foi um absurdo de mal gosto… (a ideia do helicóptero jogando rosas não era novidade, a Rosas de Ouro havia feito isso no ano anterior)
    E a X-9 começava ali sua nova fase de não disputar títulos, o enredo de fato era um salada, e o sol atrapalhou msm… Mas o visual estava fraquíssimo…

  3. Ah, e tinha uma comunidade no Orkut com o nome “Águias é o caralho”, com a foto de perfil do Sidney boladão hahahahaha

  4. Um fato que passou batido da Mancha Verde é que já na concentração, dias antes do desfile, o abre-alas com os dragões e outro carro foram destruídos por um incêndio.

    Pra mim, apesar do brilhante desfile, as alegorias da Vai-Vai estavam péssima. Quem lembra do carro da ponte pensil?

    Outra curiosidade foi a quantidade de caravelas nas alegorias de diversas escolas. Gaviões teve caravela, Rosas, Vai-Vai, Águia, Vila Maria, Leandro. Rosas, Vai-Vai, Vila Maria e Leandro no abre-alas!

    1. Pagaram por 2005, quando não era pra ter subido! rs
      E aprenderam a não entrar na justiça contra a Liga que organiza pq pode ser prejudicada…

      1. Naquele ano até eu, que acompanho pouco o carnaval paulista, sabia antes mesmo do desfile que iam foder a Gaviões…

  5. Bom dia!

    Com algum atraso (Para variar…), deixo aqui o meu humilde parecer sobre o carnaval deste ano.
    Após a experiência de atravessar a ponte aérea e ver dois dias de Anhembi, infelizmente, entrei num jejum paulistano que vigoraria até 2011. Questões puramente financeiras.
    Restava-me a transmissão da Globo…
    Sobre as escolas (Não todas):

    – Gaviões: o problema foi o andamento da escola extremamente lento! A comissão de frente chegou ao meio da pista com mais de 20 minutos de desfile, o que geralmente ocorre entre 10 min e 15 min! Este fato, somado ao inchaço da escola, gerou uma correria daquelas, e com os pontos perdidos, os jurados fizeram questão de esquecer o que julgavam, penalizando a Fiel em momentos que ela merecia nota máxima.

    – Rosas: emocionante! Mais uma vez a roseira balançou lágrimas no público! Samba competente, e interpretação segura de Darlan, unidos ao visual bonito, renderam um bom desfile.

    – Império: devastador! Não tinha para ninguém! O problema do samba foi desnecessário. Se o verso fosse “A pecuária DA ciência evoluiu”, não alteraria o sentido da letra, e ainda passaria com correção. Havia um vídeo da arquibancada mostrando um problema no som durante o desfile. Não consegui encontrá-lo para colocar o link aqui.

    – Camisa: mais uma vez discordo de você (E mais gente também…)! Chamar este samba de fraco é quase um sacrilégio! A letra passa por um longo período histórico bem rapidamente, o que é difícil, e sua melodia dolente, em tons mais baixos, diferenciam esta obra das demais feitas por aí. Vale destacar a continuidade entre primeira e segunda partes, o que garantiu (Também) mais ritmo à música.

    – Vai-Vai: segundo ponto de discordância. Neste 2006 eu cheguei a pensar que o Vai-Vai poderia desfilar só de sunga e cantando “Atirei o pau no gato”, que todo mundo iria vir abaixo no sambódromo. A abertura do desfile foi péssima, muito aquém do que se espera da Bella Vista, e o carro da Ponte Pensil (Já mencionado em outros comentários também) me dá pesadelos até hoje…

    – Mocidade: o samba valente já chamava muito a atenção na fase pré-carnavalesca. Na Avenida, com a interpretação irrepreensível de Daniel Collête, foi lindo! O desfile foi ótimo! Uma aguaceiro para lavar a alma!

    – Águia: talvez ao vivo tenha ficado mais bonito. Pela tela da TV ficava a sensação de que a mão estava errada em algum lugar. O samba, em ritmo de power-up-techno-frevo-drum’nbass, também cansava… Felizmente em 2007 a escola faria o oposto na bateria, e provaria que não é preciso ser rápido para ser empolgante.

    – Vila Maria: ficou o gosto de “quero mais”.

    – Mancha: o típico caso em que a idéia fala mais alto que o visual. Enredo louvável. Samba lindo. Desfile visualmente aquém do que poderia ser mostrado. O acabamento de algumas alegorias eram dignos de acesso e com recursos típicos do Cebola (Que ele adora, mas são péssimos!).

    Curiosidades
    Não foi mencionado nem no texto, nem nos comentários, mas vale lembrar: primeiro ano em que “cada escola gravaria o seu samba”, fazendo com que o CD fosse uma verdadeira salada para os ouvidos. Parecia uma coletânea de diferentes anos de cada escola.
    Nesta “brincadeira” a X-9 mais parecia um bloco desafinado, enquanto Mocidade uma agremiação de elite. Camisa despontava isolada como a melhor gravação, valorizando sua bateria, e deixando evidente que seu samba era sim uma obra a ser lembrada.

    Que venha 2007!

    1. Meu Deus cara, a abertura da Vai-Vai foi perfeita com o que o horário pedia, e outra se arquibancada veio abaixo, é porque o jeito que ela entrou, o chão que ela teve ” entrou mordida quanto ao resultado anterior “, a interpretação muito boa do Agnaldo Amaral, não tinha como não levantar a arquibancada, 6:40 da manhã, eu concordo que o desfile(esteticamente) não foi lá essas coisas, como o carro “ponte pênsil”, mas dizer que qualquer coisa que a Vai-Vai cantasse iria levanta arquibancada, é um baita exagero!!

  6. Correção:
    Quem presidia a Liga-SP na época em 2006 era Alexandre Marcelino, ele ficou no cargo até 2007.

  7. Correção:
    A primeira escola a reeditar um samba enredo foi a Colorado do Brás em 2008 quando reeditou “Catopês do Milho Verde, de Escravo a Rei da Festa” apresentado pela escola em 1988!!

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