Quando Vanderlei Luxemburgo foi contratado pelo Flamengo para o lugar de Ney Franco, o cenário era desolador para o Rubro-Negro: uma vitória (conseguida ainda quando o treinador era Jayme de Almeida) e uma vaga que parecia cativa na zona de rebaixamento do Brasileirão.

Colegas rubro-negros entraram em pânico e questionaram com veemência a contratação de Vanderlei. Afinal, segundo eles, Luxa era um treinador ultrapassado, estava mais preocupado em ganhar dinheiro e vinha de uma péssima passagem pelo Fluminense que culminou com o rebaixamento tricolor no campo – como sabemos, depois o caso Lusa salvou o clube da Segundona.

Eu rebati com educação e lembrei que ninguém nos últimos dez anos havia tido uma passagem tão consistente pelo Flamengo. Senão vejamos: em 2010, Luxa assumiu o Flamengo, salvou o time da degola e em 2011 foi campeão carioca, só caiu na Copa do Brasil em jogo que teve atuação decisiva da arbitragem e no Brasileiro obteve uma vaga no G4. Só saiu do Fla em 2012 devido a uma briga com Ronaldinho Gaúcho na qual não foi o culpado.

luxemburgo2014bPois bem, Luxa assumiu o Flamengo com o discurso de que seu objetivo era “tirar o time da confusão”, leia-se afastar o Rubro-Negro da temida zona de rebaixamento. Conseguiu muito antes do que se imaginava, com uma sequência de vitórias antes inimaginável.

É claro que houve oscilações normais, mas, sob a batuta de Vanderlei, o Flamengo derrotou times que estão no topo da tabela como Cruzeiro, Internacional, Corinthians e Atlético-MG e por pouco também não passou pelo São Paulo mesmo jogando fora de casa.

O Fla conquistou dez das suas 11 vitórias sob a batuta do “pofexô” e o aproveitamento é semelhante ao do Corinthians durante todo o campeonato. Ou seja, uma campanha de G4, exatamente como havia acontecido na última passagem pelo Rubro-Negro, já citada no texto.

Mas, afinal, Luxa é milagreiro? Não, mas talvez o período de ostracismo, até reconhecido por ele, serviu para reacender uma chama que andava apagada. A competência de Luxemburgo nunca esteve em questão, mas algo estava fora do prumo. Não está mais.

luxemburgo2014Luxemburgo tirou o paletó e a gravata, arregaçou as mangas da camisa vermelha que vem ostentando e está com um sangue nos olhos como há muito não se via. É claro que por ser assumidamente rubro-negro Vanderlei teria uma motivação extra para entrar nesse desafio de evitar o rebaixamento.

Mas não me lembro da última vez em que vi na beira do campo um Luxemburgo muito ativo, reclamando da arbitragem e comemorando cada gol como se não houvesse amanhã. E, fundamentalmente, Luxa conseguiu incutir na cabeça dos jogadores que era preciso uma doação maior para superar as admitidas limitações do elenco.

E um apático Flamengo voltou a dividir as bolas como é a tradição rubro-negra mesmo quando a técnica não é das melhores. E, a reboque, a torcida, que andava murcha, chateada, voltou a comparecer em peso ao Maracanã, levando o time a vitórias nem que fossem conquistadas na marra.

Ajudou ainda no processo a Copa do Brasil. Inicialmente desprezada pelo próprio Vanderlei, a competição foi o “plus a mais” nessa ressureição do Flamengo e do próprio técnico. Uma improvável vaga contra o Coritiba (com  falha da arbitragem, é preciso admitir) e um adversário à feição (o América-RN, um clube de Série B) levaram o time às semifinais. E o Fla sempre cresce numa briga de cachorro grande.

Luxa completa neste fim de semana um turno de Brasileiro como técnico do Flamengo. Mesmo que “apenas” livre o time da degola e não vença a Copa do Brasil, Vanderlei Luxemburgo está tendo sua passagem mais marcante pelo Flamengo. Afinal, ele mostrou aos críticos que não desaprendeu e que ainda pode contribuir ao futebol brasileiro.

O TÉCNICO de futebol Vanderlei Luxemburgo, focado no trabalho de dirigir um time, ainda é dos melhores.

3 Replies to “A ressurreição de Luxemburgo”

  1. Na mediocridade dos técnicos brasileiros de hoje em dia sem dúvidas o Luxemburgo sobressai, se ele quiser ser apenas técnico é o melhor do Brasil

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