No último GP de Mônaco, Lewis Hamilton e Nico Rosberg protagonizaram a maior polêmica da Fórmula 1 nos últimos anos. Tudo porque o alemão, detentor da pole provisória, errou na sua última volta rápida, o que causou uma bandeira amarela, e, consequentemente, impediu o inglês de tentar melhorar sua marca e superar o companheiro de equipe.

Companheiro? Bem, diria eu que essa palavra virou uma mera força de expressão. Afinal, Hamilton acusou Rosberg de sair da pista deliberadamente para provocar a bandeira amarela. Isso porque, como dizem por aí, largar na frente em Mônaco é meio caminho andado para uma vitória.

Na verdade na verdade, a polêmica entre os pilotos começou antes, ainda no GP da Espanha. Explico: Hamilton e Rosberg foram instruídos a poupar o motor nas voltas finais da prova para evitar uma quebra (ou para prevenir um choque, caso prefiram essa versão), mas o inglês não o fez e segurou o adversário mesmo com pneus menos aderentes.

hamiltonrosberg2Voltando a Mônaco, os comissários analisaram com muita calma a escapada de Rosberg e concluíram com base na telemetria e nas imagens do incidente que o filho de Keke não saiu da pista propositalmente. Com isso, Nico manteve a pole position e invariavelmente acabou vencendo a corrida.

Fiz questão de olhar, olhar de novo, e olhar mais uma vez as imagens e não me pareceu que Rosberg tenha provocado a saída de pista. Até porque ele não fez como Schumacher em 2006 na curva Rascasse (o heptacampeão estacionou o carro no local). Para evitar uma batida, Nico avançou até a área de escape, numa zona fora de perigo. Mas assim mesmo deram a bandeira amarela.

Mas, ainda que Nico tivesse realmente provocado essa bandeira amarela de propósito, Hamilton teve uma reação absolutamente desproporcional ao episódio, o que mostra uma imaturidade surpreendente e até inaceitável para um piloto com 29 anos de idade e oito temporadas na Fórmula 1.

Hamilton já jogou dois campeonatos no lixo, em 2007 e 2010, por cometer erros absolutamente primários e infantis quando estava sob pressão. E lamentavelmente parece que Lewis ainda não aprendeu a lição e continua com uma falta de equilíbrio emocional que esperava-se ter ficado no passado.

Em que pese estar (pouco) atrás na tabela, Hamilton é muito mais piloto do que Rosberg e vem sendo muito mais piloto do que Rosberg nesta temporada. Só não lidera o campeonato por causa de uma quebra no GP da Austrália. Em quatro das seis provas, Lewis foi superior. E, salvo uma grande surpresa, continuaria sendo superior.

Digo continuaria porque não sei mais a essa altura como ficará a cabeça de Hamilton no restante da temporada. Caso tivesse mantido a cabeça fria (isso levando em consideração que Rosberg tenha armado aquela escapada), ninguém estaria falando sobre o assunto e nas próximas provas Lewis provavelmente retomaria sua superioridade rumo ao bicampeonato.

Mas agora que criou um clima beligerante dentro da Mercedes, não se sabe nem se a equipe continuará ao seu lado ou passará para o lado de Rosberg. Também é bem possível que o próprio Rosberg, que não é nada burro, possa usar essa cizânia em seu próprio benefício, como Alain Prost fez na McLaren contra Ayrton Senna.

De qualquer forma, para nós que víamos um campeonato chato caminhar a passos largos para uma gélida procissão dos carros prateados até o fim do ano, agora temos uma boa disputa à vista. Resta saber se Hamilton vai reapertar os parafusos de seu cérebro ou desperdiçará mais um campeonato que estava destinado a ele.

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