Ontem se realizou a quarta fase de venda de ingressos para a Copa do Mundo do Brasil, pelo site da Fifa. Cada pessoa poderia comprar até quatro ingressos, para um máximo de sete jogos. Nesta fase não estavam disponíveis entradas nem para a abertura nem para a final da Copa – que, desconfio, já devem estar esgotadas.

Foi a quarta fase. Na primeira os solicitantes participavam de um sorteio, depois uma segunda fase por compra direta, depois uma terceira fase com sorteio e ontem uma nova fase de compra direta. Na primeira fase solicitei ingressos para sete jogos e consegui para dois. Na segunda estava fora do Brasil, na terceira solicitei para quatro jogos mas não fui contemplado para nenhum e ontem consegui comprar para três dos quatro jogos que haviam disponíveis aqui no Rio de Janeiro – só não obtive para Bélgica e Rússia, e acho que se tivesse entrado no site um pouco antes talvez conseguisse.

Obviamente, a organização da Copa do Mundo enfrenta alguns problemas – sobre os quais falarei mais abaixo – mas acho que a venda de ingressos está funcionando bem. Lógico que com a demanda esperada nem todo mundo pode ser contemplado e o tempo de espera acaba sendo alto, mas acho que são transtornos absolutamente esperados levando-se em conta a magnitude da competição. É um sistema bem melhor que o utilizado pela Liesa, por exemplo.

20130620_142515Um pouco de paciência também ajudou. Entrei na fila virtual e quando chegou a minha vez a princípio só havia ingressos para uma partida. Esperei pacientemente as atualizações de status e de uma tacada só consegui adquirir ingressos para três partidas, sendo que para duas delas solicitei entradas para toda a família. Após a reserva o processo de pagamento é rápido e a confirmação, idem. Só lamento a bobeira que dei de não selecionar a “entrega a domicílio”, o que gerou uma situação inusitada: terei dois jogos com entrega das entradas em minha casa e outros três que terei de retirar. Ainda assim tentarei alterar a forma de entrega posteriormente.

Veremos, agora, se haverá nova venda de entradas para a partida final, alvo do meu maior interesse. A demanda verificada mostrou que a precificação, apesar de criticada, se mostrou até subavaliada: no momento em que escrevo (final da manhã de ontem) poucas partidas tinham ainda muitas entradas disponíveis. Inclusive com sedes como o Rio de Janeiro e São Paulo totalmente esgotadas para esta fase de venda.

Apenas Nigéria e Bósnia (Cuiabá) e Grécia e Costa do Marfim (Fortaleza) dispunham de entradas fartas para todos os lugares disponíveis. Todos os demais jogos que ainda haviam ingressos a disponibilidade era pequena, mesmo em sedes como Curitiba, que não receberá nenhuma seleção de primeiro escalão nas quatro partidas destinadas à cidade.

20130623_122155Como a esmagadora maioria de compradores é brasileira, fica claro que a população apoia a Copa do Mundo no país. O movimento “Não Vai Ter Copa”, visto em diversas manifestações dos últimos tempos, parece ser algo minoritário na população brasileira e reflexo de grupos dispostos a lucrar politicamente com um eventual fracasso da Copa do Mundo no país. Lembrem-se os leitores que é ano eleitoral e a atual presidenta Dilma Rousseff é ampla favorita à reeleição.

Até porque os gastos necessários à realização da Copa do Mundo no Brasil já foram realizados e um eventual cancelamento do certame devido a protestos ou mesmo a atos terroristas não terá o menor efeito em termos de orçamento e execução orçamentária. Além disso, como este blog publicou ano passado, o orçamento destinado às obras da Copa do Mundo elevou as disponibilidades orçamentárias para as áreas de saúde e educação, por ambas serem frações percentuais do total.

Um eventual cancelamento traria apenas prejuízos, não somente financeiros como de imagem ao país. Além disso, uma pergunta se impõe: onde estavam em 2007 – quando o Brasil foi escolhido sede da Copa do Mundo – estas pessoas que hoje determinam que “Não Vai Ter Copa”? Protestando é que não estavam – e ali era o momento adequado para tal. Ou seja, apesar dos problemas na preparação este movimento parece algo com intenções político-partidárias.

Temos de prestar atenção também ao fato de que haverá sim um legado derivado da realização da competição: além de modernas arenas, a ampliação da capacidade hoteleira em várias das sedes era necessária e foi estimulada pelo fato do país sediar a competição. Cidades como Porto Alegre, por exemplo, que possuíam déficit de quartos, estão ocm novas unidades estalando de novas e ampliando a oferta.

20130616_143806No caso aqui do Rio de Janeiro, que é bastante particular pelo fato de a cidade também sediar os Jogos Olímpicos de 2016, houve antecipação de investimentos viários a fim de atender à demanda proporcionada pela Copa do Mundo. São obras necessárias e que no mínimo seriam postergadas caso não houvesse esta oportunidade.

Claro que há problemas: a fiscalização de muitas das obras de novas arenas é deficiente e acabou se gastando muito mais que o esperado; além disso, as obras em aeroportos acabaram atrasando mais do que o recomendável. Vale lembrar que além das deficiências na administração pública a anacrônica Lei 8.666, que rege as licitações, atrapalhou muito especialmente o andamento das obras em aeroportos, a ponto do governo federal conceder a administração destes ao setor privado – sem alienação de propriedade.

Outro problema foram os acidentes de trabalho, provavelmente decorrência dos prazos apertados de conclusão dos novos estádios, com vítimas fatais.

Por outro lado, curiosamente as duas arenas mais atrasadas em sua construção são justamente as duas únicas que, a princípio, não dependeriam de dinheiro público: o Beira Rio em Porto Alegre e a Arena da Baixada em Curitiba. A primeira ao que parece conseguiu avançar nos últimos meses e se encontra praticamente pronta, mas o caso do Paraná é mais sério devido especialmente às indefinições no modelo de financiamento da reforma geral do estádio. No fim das contas será necessária uma injeção de recursos do BNDES – financiamentos a serem pagos pelo clube – e alguma complacência da Fifa com os prazos para que a cidade possa participar da festa.

Finalizando, apesar dos problemas acho que a Copa do Mundo no Brasil tem tudo para ser um grande evento. E a venda de ingressos, a meu ver, funcionou bem a contento. Irei assistir a partidas de Argentina, Espanha, França, talvez Inglaterra/Uruguai/Itália e talvez Alemanha. Nada mal.

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