O leitor mais antigo deste Ouro de Tolo sabe que estou me preparando para acompanhar alguns eventos esportivos nos Estados Unidos, no mês de novembro. Irei assistir a partidas do New York Knicks (NBA), New York Rangers (NHL) e New York Giants (NFL), respectivamente dias 05, 06 e 10 de novembro.

A ideia deste artigo é mostrar os procedimentos necessários à compra – auxiliando aos fãs interessados em acompanhar “in loco” um evento deste porte – e ao mesmo tempo comparar com o que se encontra no principal evento esportivo brasileiro: o futebol.

Recentemente acompanhei a partida entre Flamengo e Atlético Paranaense, pelo Campeonato Brasileiro. A venda de ingressos foi aberta apenas cinco dias antes do evento – para não sócios – e o procedimento era o seguinte: comprar o ingresso pela internet e, antes do dia do jogo, trocar em uma bilheteria do próprio estádio.

Ou seja: na prática a única vantagem é a de se poder pagar com cartão de crédito pela internet, porque se faz necessário ir ao estádio antes do dia do jogo de qualquer forma. Ou, então, comprar no dia do jogo – que, ainda assim, só se permitiu de três ou quatro rodadas para cá. Eu ainda trabalho perto do estádio, mas para quem não tem esta comodidade dificulta bastante o trâmite.20130919_192855Faço a ressalva de que na partida contra o Criciúma, no último domingo, se permitiu a troca de ingressos comprados pela internet no dia do jogo. Mas optei por comprar direto na bilheteria, com direito à bilheteira negar a venda do setor que desejava alegando que “não tinha”. O que era incorreto.

Ou seja: se um americano desejar assistir a uma partida do Flamengo pelo Campeonato Brasileiro, ele terá de comprar pacotes de viagem e hospedagem e somente em cima da hora da viagem – ou mesmo já quando estiver no Rio de Janeiro – adquirir seus ingressos. Além disso, mesmo na compra pela internet não há a opção de se visualizar de forma virtual onde ficará o seu lugar. Sem contar que não há lugar marcado, somente o setor.

O turista também não poderá comprar cerveja – considerada a única responsável por todos os problemas encontrados nos estádios – e terá de se contentar com opções limitadas de alimentação. Também não há opções de entretenimento pré jogo e sequer loja de produtos oficiais, pelo menos neste início de utilização do novo Maracanã. Ou seja, o turista que quiser levar uma camisa do Flamengo como recordação terá de procurar em lojas especializadas, fora do estádio.

A grande vantagem é o preço: a entrada mais cara para o Maracanã (hoje, R$160) não paga o lugar mais barato na NFL  (em New York) e para as partidas de basquete e hóquei somente se adquirem lugares dos mais baratos, bastante distantes da quadra.

Outra questão é que se for uma partida de entradas esgotadas o turista terá inevitavelmente de se sujeitar aos cambistas, pois não há um sistema de “resale” (falarei mais à frente) organizado.

No caso americano, a situação é bastante diferente.

Vale lembrar que utilizo como exemplo o procedimento para as partidas em New York, o que pode variar de equipe para equipe – por exemplo, de acordo com o colunista Walter Monteiro na American Airlines Arena, casa do Miami Heat, o próprio cartão de crédito utilizado na compra serve como ingresso.

Basicamente existem duas formas de se adquirir ingressos para eventos esportivos nos Estados Unidos: direto do clube ou no chamado “resale”. Nos três casos adquiri entradas direto das equipes.Visao_Virtual_KnicksNas compras feitas diretamente das agremiações se utiliza o site “Ticketmaster”. Normalmente são poucos ingressos disponíveis, pois a quase totalidade das entradas é destinada àqueles que compram os “season tickets”, ou seja, os pacotes válidos por toda a temporada.

Neste caso há uma pequena diferença entre o NY Giants, da NFL, e Knicks/Rangers: o primeiro faz apenas uma venda de ingressos individuais ao público em geral, enquanto que os outros dois (que possuem o mesmo dono e dividem o mesmo ginásio) fazem uma pré venda para clientes do Chase Manhattan (dentro dos EUA) e uma segunda pré venda para os fãs seguidores do Twitter (Rangers) ou que curtiram a página do Facebook (os dois), via um código especial.

Há algo a se reclamar quanto a isso: fiz a compra para a partida dos Knicks por este método, nos melhores lugares disponíveis – eu precisava de duas poltronas juntas. Quando abriu a venda ao público em geral, na última segunda feira, poderia ter pego um lugar duas fileiras à frente, ao mesmo preço (na verdade US$5 mais barato). Ou seja, não é exatamente uma vantagem esta pré venda no caso do time de basquete. Para o jogo de hóquei fez diferença.

Para residentes nos EUA é permitida a impressão imediata do ingresso em casa, assim que se completa a venda. Para estrangeiros, o único método disponível é o chamado “Will call”, ou seja, irei retirar minhas entradas em bilheteria específica no dia do evento. Acredito que isso se explique para impedir especulação com ingressos no “resale”.

Além disso na compra direta se permite adquirir um seguro que reembolsa o valor gasto caso você não possa estar presente ao jogo. Custa US$7 e optei por ele nas entradas para NFL e NBA, mais caras – e, além disso, eu chego aos Estados Unidos no dia do jogo do basquete.

Vale lembrar que se o leitor não torce pelas equipes novaiorquinas, em especial na NFL há opções mais baratas para se acompanhar uma partida em outras cidades. Mesmo em New York há diferenças significativas entre os preços de ingressos para jogos de Knicks/Nets e Rangers/Islanders, respectivamente.

Aliás, um parêntese: mesmo se tomando os preços dos jogos dos Knicks (um dos mais caros da NBA) como parâmetro, os ingressos para a partida de pré temporada a ser realizada aqui no Rio de Janeiro dia 12 de outubro estão demasiados elevados. Ficou caro demais – e não surpreende que ainda haja muitas entradas disponíveis.Visao_Virtual_RangersO “resale” funciona como um mercado secundário de ingressos.

Detentores de ingressos que não irão utilizar no decorrer da temporada os colocam a venda – em um espaço específico da própria Ticketmaster – a outros interessados, cobrando o preço que desejam. Normalmente são um pouco mais altos que se comprando direto na equipe, mas isso varia: fazendo uma pesquisa para o setor onde ficarei no MetLife Stadium o preço é praticamente idêntico, por exemplo, por ser uma partida menos procurada – e a péssima fase atual do time também influi.

O método de retirada dos ingressos varia neste método, sendo desde impressão pela internet como entrega na hora ou próximo à data do jogo. Os estrangeiros que compraram direto não podem revender seus ingressos pois não tem o código de barras necessário ao procedimento – apenas um recibo para troca no “Will Call”. Faz sentido: eu poderia por exemplo comprar 10, 15 ingressos e depois revendê-los sem utilizar nenhum deles e sem sequer ir aos Estados Unidos – até porque desconfio que haja gente que faça disso uma forma de renda.

A compra é totalmente segura, pois a Ticketmaster troca o código de barras dos ingressos e os reimprime em seu nome. Entretanto, como afirmei acima não me utilizei deste método em nenhuma das entradas que adquiri.

Ao contrário do Brasil, pode-se comprar os ingressos com grande antecedência: adquiri os meus com quatro meses de antecedência no caso da NFL e 45 dias para NBA e NHL – ainda assim, por ser início de temporada, porque entradas para partidas a serem realizadas em abril de 2014 estão disponíveis neste momento.

Os lugares são marcados e em algumas áreas dos estádios/ginásios a entrada dá direito a uma espécie de “clube” com mais opções de comidas e bebidas, climatizado (MetLife Stadium) e no Madison Square Garden com direito a serviço em sua poltrona e ao programa do jogo incluso no preço. Optei por este tipo de ingresso para as partidas de Giants e Knicks. Também há opções de entretenimento pré jogo e muitas opções de comida e bebida, além de lojas de produtos oficiais em todos os espaços.

O MetLife Stadium chega a disponibilizar online um “Guia do Torcedor”, com tudo que se faz necessário ao torcedor antes, durante e depois do jogo. Pode ser baixado aqui: 2012-Fan-Guide. Uma curiosidade: palavrões não são permitidos – espero que não conheçam o português…

Os três clubes possuem “arenas virtuais” de onde se pode visualizar o ângulo do setor onde se ficará (Madison Square Garden) ou da fila exata (MetLife). No caso dos times sediados no MSG são aplicativos oficiais das equipes e ajudam muito na hora de se escolher um lugar. Os “prints” deste post são justamente exemplos destes aplicativos.

Como o leitor pode ver, ainda há muito que se avançar em termos de “turismo esportivo” aqui no Brasil, ou ainda se pensando no próprio público local – aqui não há pacotes de ingressos para a temporada inteira, por exemplo. Por outro lado, os preços de entradas aqui estão muito abaixo do padrão americano.

Links Úteis:

– Central de Ingressos NFL: http://www.nfl.com/tickets

– Central de Ingressos NBA: http://www.nba.com/tickets/tix.html

– Central de Ingressos NHL: http://www.nhl.com/ice/tickets.htm?navid=nav-tks-main

– Futebol Card (ingressos de futebol brasileiros): https://www.futebolcard.com/prod/site/index.php

– Ticketmaster: http://www.ticketmaster.com/

3 Replies to “Ingressos esportivos no Brasil e nos EUA: uma comparação”

  1. Só um adendo sobre a parte do texto que cita que um turista não conseguiria adquirir produtos oficiais no Maracanã: nos jogos do Flamengo, pelo menos no setor norte, existem dois quiosques vendendo produtos oficiais do Flamengo, desde camisas de jogo até lembranças.

    O Fluminense também parece que já inaugurou uma loja no setor oeste premium.

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