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Hoje a coluna “Bissexta”, do advogado Walter Monteiro, traz um guia àqueles que, como eu, pretendem assistir ao vivo este ano uma partida da NFL, a liga de futebol americano. Mais para frente estarei escrevendo post com minha experiência de preparação da viagem, que pretendo realizar em novembro.

No meu caso a escolha do local foi óbvia: New York, por ser sede do time para o qual torço.

NFL for Dummies: de um leigo para outros mais leigos

Na primeira semana de setembro começa a temporada da NFL, o campeonato de futebol americano. Estou longe, muito longe, de ser um especialista na bola oval, mas como escrevi duas vezes sobre o tema aqui no OURO DE TOLO relatando minhas experiências ao vivo, o Editor pediu que eu desse umas mini dicas para quem quer se aventurar a ir pela primeira vez, como ele mesmo fará. 

A primeira coisa louca é que os jogos só começam em mais de quatro meses e a gente já está aqui falando deles. Bom, mas brasileiros comuns não decidem ir para os EUA com 1 ou 2 semanas de antecedência, é uma programação que demanda meses de preparação; portanto, pode ser que agora seja mesmo a hora de pensar no que fazer. 

Olhando para a tabela oficial, lembre-se que é exatamente o contrário do Brasil: quando aparece Patriots x Bills, isso significa que o time da casa é o que aparece em segundo lugar, ou seja, o Bills, portanto o jogo será na cidade de Buffalo. A segunda é que é necessária certa intimidade com os nomes dos times, para se lembrar de que Patriots é, na verdade, o time de New England, ou seja, de Boston. 

A compra de ingressos pode ser simples ou complexa, dependendo do apetite dos torcedores do time. Isso porque os times colocam à venda em primeiro lugar pacotes para toda a temporada, ou seja, os 7 ou 8 jogos em casa do campeonato em si e mais 2 jogos amistosos, de pré-temporada. E mesmo quem está disposto a arrematar a temporada inteira precisa contar com alguma dose de sorte, porque a prioridade de compra é para os atuais titulares dos lugares renovarem seus carnês. 

Isso não significa, óbvio, que a pessoa vá ficar de fora. Muitos times não lotam os estádios antecipadamente. E mesmo no caso dos que lotam, quem compra tickets para toda a temporada raramente vai a todos os jogos, o que faz com que alguns ingressos sejam revendidos. O preço a pagar por eles, contudo, é que são elas… 

Feita essa ressalva, a experiência de compra é algo simplesmente fantástico, ao menos para quem está acostumado a comprar ingressos no Brasil. 

O site da Ticketmaster permite aos brasileiros comprarem o ingresso on line, pagando com cartão de crédito internacional. Ali também se compra os tais ingressos revendidos pelos donos dos carnês da temporada. É possível escolher o lugar, a partir de um mapa muito bacana. Há estádios até com mapas em 3D. E você ainda confere no Facebook quem está sentado nas redondezas. 

A funcionalidade varia de time para time, mas no caso do Miami Dolphins, por exemplo, é possível cadastrar seu e-mail e aguardar um alerta de quando os tickets individuais começarão a ser vendidos. E depois de comprados, é uma moleza: basta ir a uma bilheteria especial no estádio no dia do jogo, chamada de Will Call, mostrar seu cartão de crédito e pegar os ingressos, que estarão em um envelope com seu nome. 

Turista, nos EUA, se movimenta de carro (à exceção de Nova Iorque). E o carro faz parte da cultura dos jogos de futebol. Nem sei se há outro meio de chegar ao estádio sem ser de carro, porque eles quase sempre ficam em lugares afastados. 

As pessoas chegam cedo e armam um churrasco ou piquenique no estacionamento, que eles chamam de tailgate party (literalmente, a festa da porta traseira, acima na foto). Ao contrário do Brasil, onde o grau de sociabilidade é alto e em pouco tempo o estacionamento inteiro estaria abraçado cantando músicas de incentivo ao time, os americanos são mais contidos e não costumam conversar com estranhos ao redor, mesmo que sejam torcedores do mesmo time. As festas são entre conhecidos.

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Em Nova Iorque turista vai de ônibus para o MetLife Stadium, mas é a coisa mais fácil do planeta. Basta ir até a estação rodoviária e entrar em um dos ônibus especiais, que te deixam na porta do estádio. É fácil descobrir quais são, basta olhar a fila de gente uniformizada com a camisa do time. E preparar a paciência para a hora de voltar. Essa é uma cena que nunca vou esquecer, uma fila quilométrica ao fim da partida, mas as pessoas absolutamente ordeiras, sem aglomeração ou reclamação. Não lembro ao certo, mas sou capaz de dizer que fiquei cerca de 1 hora em pé até chegar minha vez de embarcar. 

Há uma série de entretenimentos disponíveis aos frequentadores na área de estacionamento. É possível brincar em vários stands de patrocinadores, em troca de pequenos brindes. É possível fazer compras nas lojas oficiais. É possível assistir a shows gratuitos (um dos jogos que fui o show era do guitarrista do Aerosmith com a atriz Juliette Lewis nos vocais). É possível comer todo tipo de junkie food que sua imaginação comportar. E, sobretudo, é possível beber cerveja. 

Vou até reformular: é praticamente impossível não beber cerveja, a cerveja é um item quase que obrigatório do espectador. Mas quando começa o terceiro quarto da partida, eles param de vender. Segundo eles, é o tempo necessário para o swell passar e deixar o cidadão em condições de dirigir na volta para a casa. 

Alguns estádios são totalmente cobertos, mas outros não são. E aí a pessoa pode ficar exposta a todo tipo de agressão climática: sol de rachar, frio apavorante, neve, chuva, enfim, não há mordomia nesse item não. Esteja preparado. 

Algo que em futebol é simplesmente inimaginável acontece com naturalidade na NFL: torcedores adversários lado a lado. Raramente sai briga. E quando sai, a segurança logo aparta. Torcida organizada é remunerada, uns caras que são pagos para aparecerem na TV fazendo umas gracinhas. E eles têm um lugar reservado para eles: ali turista não entra. 

Outra coisa que é bom deixar claro é que o espetáculo é uma celebração do american way of life. Eles cantam o hino. Eles homenageiam os soldados que voltam das guerras. Eles abrem bandeiras enormes. É uma ode ao patriotismo e ao imperialismo. E aquilo emociona, dá vontade de ser de direita… 

É bacana ir vestido com o uniforme do time (ou do time adversário, se preferir). Quase todo mundo vai. A camisa oficial custa uma fortuna, eu me recuso a pagar uns R$ 250,00 para algo que não seja do Flamengo, mas há uns itens de réplica que cabem no orçamento. 

Eu contei aqui que comprei para a minha esposa uma camisa de um jogador que havia sido dispensado do Dolphins e estava em promoção. Vamos combinar que, sendo turista, não há mal algum em comprar uma camisa do Flamengo escrita com Ronaldinho ou Obina: ninguém vai reparar nisso quando o cara voltar para a terra dele – o mesmo acontece conosco com uma camisa da temporada retrasada do 49ers. 

O evento em si não é algo barato. No último jogo que assisti, Patriots x Dolphins em Miami, paguei certa de US$ 65.00, taxa de conveniência incluída, por cada lugar lá no alto, bem longe. Como quase ninguém vai sozinho, um casal já larga de uns R$ 250,00, para começar a brincadeira. Soma aí estacionamento (US$ 25.00), cerveja (US$ 7.00), cachorro quente (US$ 5.00), itens do time na loja oficial, eu vou dizer que é um programa de R$ 500,00, no mínimo. Mas em jogos bem disputados e caso se queira um lugar menos distante, esteja preparado para gastar o dobro ou, acredite, ainda mais. 

Por fim, a partida. É claro que aquelas linhas amarelas e azuis que a televisão mostra, marcando o local de início da jogada e a quantidade de jardas a serem percorridas para avançar, não existem ao vivo. Logo, nunca se sabe ao certo o que acabou de acontecer. E é um senta-levanta incessante, toda hora passa alguém na sua frente e atrapalha sua visão do campo. No Maracanã a gente mandaria um copo de mate vazio na careca do sujeito e ele se mancava, mas os americanos acham natural que alguém passe e até pare na sua frente bem na hora que o jogador avança para a end zone. 

Logo, a sua experiência em assistir a partida ao vivo, para quem realmente está interessado no esporte, nem se compara ao show de imagens da TV. Lógico, o estádio tem telão de alta definição e exibe alguns replays, mas nada que se aproxime da funcionalidade da TV. 

Aliás, uma coisa legal e muito mais barata é assistir a um jogo em um bar, em companhia de outros torcedores. Sempre há vários bares mostrando as partidas. Eu já vi duas decisões de Superbowl assim, não estava nas cidades onde o jogo acontecia, mas assisti as partidas em eventos especiais (buffet liberado, a um preço fixo) com gente que torcia para valer – sem contar que o Superbowl, definitivamente, é um jogo para ser visto na TV. 

A maioria dos brasileiros vai aos estádios onde o turismo é forte: Miami e demais estádios da Florida (Tampa e Jacksonville), Nova Iorque, New Orleans, Washington. Mas eu tenho para mim que as duas melhores experiências de jogo estão em dois lugares pouco visitados: 

a) Pittsburgh, terra dos Steelers, o time com mais títulos da NFL e com uma torcida incrivelmente barulhenta. Uma vez passei de carro por lá em um domingo, dia de jogo, as rádios locais ficavam reproduzindo cânticos da torcida no estádio, algo enlouquecedor; 

b) Dallas, terra dos Cowboys, o time de maior torcida dos Estados Unidos e que tem, dizem, o estádio mais bonito de todos, inaugurado em 2009, totalmente coberto graças à cobertura retrátil e que custou US$ 1,4 bilhão de dólares, dinheiro suficiente para construir três estádios da Copa de 2014. 

Uma última dica: se você não entende nada de futebol americano, procure se informar sobre o básico das regras antes de se aventurar. O jogo não é dinâmico, a toda hora tem interrupções e para quem não consegue captar o que se passa em campo aquelas 3 horas podem ser algo profundamente entediante – ainda mais se for debaixo de neve ou de um calor de fritar ovo no asfalto.

13 Replies to “Bissexta – “NFL for Dummies: de um leigo para outros mais leigos””

  1. Aqui em NY, voce pode quase duplicar os preços que o Walter citou acima na sua ida no jogo do Dolphins. Cerveja mais barata é US$9.00. Ingresso comprado de terceiros, você geralmente não acha por menos que US$95.00 (metade do preço pra amistosos de pré-temporada).

    Morando aqui a 10min do estádio do Giants/Jets, eu raramente vou ao evento. Além de caro, é muito melhor ver com a transmissão da tv. Aqui em NY pra você comprar um carnê da temporada toda, é um investimento financeiro alto. Você tem que comprar uma “licensa”, pra depois pagar pra entrar na lista de espera, pra depois pagar pelo carnê. Essa “brincadeira” pode chegar quase a US$10,000.00 fácilmente por ano, dependendo aonde você quer sentar. A tendência aqui tem sido o torcedor ao invés de gastar esse dinheiro todo, investe numa TV top de linha, compra o pacote da temporada com sua operadora de tv e reune os amigos todos os jogos em casa, até rachando o investimento.

    Para o turista Brasileiro, vale a pena ir num jogo se vc conhece/gosta do esporte. O tratamento que você recebe como consumidor do produto, te faz repensar muita coisa que você esteja “acosutmado” a lidar no Brasil ao ir num jogo de futebol. Como também recomendo jogo de beisebol (MLB) ou basquete (NBA). Mas pra quem mora aqui, o melhor investimento é melhorar sua experiência em assistir aos jogos em casa.

    1. Eu tenho pesquisado preços de ingressos e vi que realmente, é mais puxado que Miami – e mais caro que a NBA, a qual também pretendo assistir. Mas, hoje, no “Resale” os Giants são um dos únicos times que não tem ingressos disponíveis – o outro é o Cardinals. Mas já me alertaram que após a venda para os “single games” torna-se tranquilo adquirir uma entrada, até porque o jogo a que assistirei não deverá ter tanta demanda.

      De certa forma é o mesmo comportamento que há aqui: o torcedor do dia a dia acaba comprando o pacote da temporada pela tv e vai, se muito, a um/dois jogos por ano.

  2. Muito legal o texto! Só me deixou mais ansiosa pra outubro!
    Eu tô completamente apaixonada por football americano e não vejo a hora de ir pra Londres assistir o meu primeiro jogo ao vivo: Jaguars vs 49ers.
    Se quiser, até faço um relato pro blog.
    Paguei perto de 200 reais o ingresso, mas paguei sorrindo!! rs
    Ainda não assisti nos EUA pq não consegui o visto mas espero poder um dia ir ao estádio do Saints. Quem sabe um dia? :)

  3. Estou me programando para assistir os Bears no Soldier Field em Novembro. Alguém tem alguma dica ou informação importante nos jogos em Chicago?
    KKKKK… belos preços de ingressos em Miami. Vou pagar U$ 185,00 para assistir o jogo contra o Lions.

    1. Ewerton, comprei ingressos para um setor mediano no MetLife Stadium e paguei US$ 440 para assistir a Giants e Raiders. Está claro para mim que NY é o lugar de ingressos mais caros para se assistir a uma partida.

      Se você vai em novembro – como eu também – tente asistir a um jogo da NBA. abraços

      1. Ah sim… Esse ingresso que citei é na Upper Level
        Endzone. Ingresos nos setores medianos e centrais são bem mais caros. Sobre o valor dos ingressos, pelo que li na Forbes, os mais caros são dos Giants, Patriots, Jets e Bears – nessa ordem.

        Quero assistir a NBA também, mas será em NY, em um jogo dos Bulls contra os Knicks ou Nets.

        1. Ewerthon, eu marquei a viagem para novembro justamente para poder assistir a um jogo dos Knicks no MSG. abs

          1. Legal, Pedro!
            Deixe te perguntar algo. A maioria dos ingressos para jogos dos Bears não está a venda diretamente. Não sei se já foram ou não totalmente comercializados. Então, a única opção é pelo nflticketexchange@ticketmaster.com. Parece-me bastante confiável você já comprou nessa “categoria”? Além disso, os ingressos só estarão disponíveis 5 dias antes do jogo, enviado por e-mail.

          2. Ewerton, a Ticketmaster é o canal oficial de vendas, memso os “resale”. Pode comprar sem susto.

  4. cara, vou ta em ny 10 de novembro e queria ir pra esse jogo. estava olhando no ticketmaster e stubhub e vou esperar um pouco mais pra comprar. eu tinha visto um setor bom até, por 156 dolares mas quando fui comprar já nao tinha mais. pra quem pretende ir de Manhattan para o MetLife Stadium sai onibus expresso do Port Authority Bus Terminal custando 10 dolares ida e volta ( http://www.coachusa.com/info/coachusa/ss.351express.asp )

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