Nesta quarta feira, a coluna “Bissexta”, do advogado Walter Monteiro, volta a falar das próximas eleições a acontecer no Flamengo, dia 03 de dezembro.
Em tempo: venho sendo instado a declarar meu candidato preferido no pleito. Embora não ache que meu apoio ou não tenha a menor importância – até porque sou apenas um simples torcedor – informo que ainda me encontro indeciso. Se até lá me decidir informarei aqui.
Passemos ao post.
Eleições no Flamengo – um novo tempo
Estive na Gávea no último sábado, inteiramente dominada pelo ambiente eleitoral. Eu venho falando e escrevendo sobre a eleição faz tempos e estive presente em vários eventos. Todavia, ainda me faltava estar presente no coração do processo, que é o corpo-a-corpo no clube.
Bom, a Gávea respira a eleição, mas não exatamente como se imagina que seja.
Primeiro, a cordialidade. Não há esse clima de guerra declarada que se vê nas redes sociais. O quartel general das campanhas se concentra no bar das piscinas e ali ficam todos misturados. É comum ver militantes de uma chapa conversando com os de outra, de forma muito amistosa. Candidatos também: conversam longamente uns com os outros, em clima de paz. Mesmo figuras, digamos, polêmicas, como Capitão Léo, passam despercebidas, trocando cumprimentos apenas.
Patricia circula com absoluta tranquilidade. Como o clube estava cheio de gente como eu, que foi lá para participar da cerimônia anual de diplomação das Embaixadas e que ocorre próximo ao aniversário do Flamengo, muitos representantes das Embaixadas estavam ali pela primeira vez,  um tanto deslumbrados em pisar no Templo Sagrado. Estes pediam autógrafos e tiravam fotos com a Presidenta. Pode parecer estranho a muitos encontrar gente que ainda se emociona com a Patricia, mas essa é uma realidade concreta: ela é querida por uma parcela da Nação.
Eu, que a processei na Justiça e não a via desde então, estava curioso para saber como seria a reação dela, mas Patricia agiu como sempre: foi gentil e me cumprimentou educadamente. Contudo, rapidamente saiu da mesa onde eu estava para seguir seu périplo em caça aos eleitores, sem me dar a chance de alongar a conversa.
Como eu suspeitava, a correlação de forças internamente não é exatamente igual ao que se imagina do lado de fora. A supremacia da Chapa Azul não é tão nítida. E uma chapa que pouco se presta atenção, a chapa do Jorge Rodrigues, tem uma presença marcante.
A maioria dos que vestiam a camisa rosa de Jorge era de pessoas mais velhas, sócios do clube de verdade: não cabos eleitorais contratados. O ex-presidente George Helal, que muita gente até se esquece dele – mas é um grande eleitor interno, sentou-se tranquilamente em uma mesa com a camisa do Jorge Rodrigues e logo muitos amigos vieram se juntar a ele. Ele ali, sentado, sozinho, tomando água mineral e conversando, tem mais votos que um batalhão de gente que se acha influente.
Há suspeitas que Jorge e Patricia possam se aliar, afinal faz pouco tempo estavam juntos. Se isso acontecer, o jogo passa a ser outro.
Outra hipótese possível é uma aliança das demais chapas oposicionistas, sem a participação da favorita Chapa Azul. Isso ocorrendo, a eleição chegaria muito embolada na reta final.
Mas eu não acredito em nada disso.
Acredito que teremos todas essas chapas na disputa e menos eleitores do que em 2009, quando a votação se deu em clima de euforia, no dia seguinte ao Hexa. Agora, com o Flamengo praticamente em férias e a Chapa Azul despontando como virtualmente eleita, a tendência é que menos gente se anime a ir até o clube votar em uma disputa que se diz decidida (ainda que eu não aposte que esteja).
O que eu mais gostei, entretanto, não foi nada disso que comentei até agora. Como é notório, a política rubro-negra é dominada por vetustos senhores, onde ser grisalho ou calvo parece ser a regra – e Patricia, mulher e muito mais nova, é a exceção.
Graças a essa característica, se acredita que há um abismo entre a Nação e os sócios do clube; bem como que a política interna é dominada por caciques e seus feudos, que se enfrentam a cada três anos em uma luta fratricida.
Pode ser verdade, pode ser que AINDA seja verdade, mas é algo em franca extinção. A política do Flamengo está claramente em mutação, talvez como tenha ocorrido aos tempos da FAF de Márcio Braga, que trouxe ao clube gente então mais jovem, que nunca havia passado por lá – e que depois se estabeleceram como as lideranças que até hoje ainda dão as cartas na Gávea.
A maior dessas transformações, por certo, está por vir quando da mudança estatutária. Mais cedo ou mais tarde o clube há de abrir as portas para um programa de sócio torcedor, com direito a voto. E nessa hora, fazer política nos círculos de discussão rubro-negros, nas redes sociais e saber se comunicar com uma nova geração de flamenguistas vai ser muito mais importante que ficar conversando à beira da piscina.
A eleição desse ano, que não foi exatamente assim, plantou as sementes para os futuros líderes desse processo. Gente que transita entre o público da Gávea e a Nação que está muito além do charmoso quarteirão do enclave entre a Lagoa , o Leblon e o bairro da Gávea.
Tiago Cordeiro, JEFF, Vivi Mariano, Tulio Rodrigues, Henrin, André Monnerat, Sandro Rilho, Rafael Strauch, Renato Croce e vários outros que estão por aí (e que eu não cito nominalmente porque só escolhi os amigos, deixando de fora, injustamente, os que não conheço e mais injustamente, os amigos que esqueci), se não desistirem, serão as pessoas que em 5 ou 10 anos ocuparão papel de destaque nos temas da Gávea. Estes amigos tem em comum o fato de não terem herdado o título de algum parente, não serem filhos de conselheiros, não terem nadado na piscina do clube e terem pouco tempo de atuação nas demandas políticas.
Em paralelo, o crescimento do projeto das Embaixadas, do qual eu tenho orgulho de participar, começa a estreitar os laços de rubro-negros distantes e constrói lideranças regionais igualmente preocupadas com a necessidade de modernizar a gestão do clube.
Tudo isso somado forma a vanguarda da Nação, que começa a dar as caras além de meramente torcer nas arquibancadas. É possível ter esperanças com um novo Flamengo que ameaça nascer, dessa vez não com gente que reuniu para praticar esportes, mas com gente que dialoga a partir do saudável – e nem sempre exercido – hábito de pensar.
(Foro: Uol)

7 Replies to “Bissexta – "Eleições no Flamengo – um novo tempo"”

  1. Auspiciosas e alvissareiras notícias. Que essa mudança comece com a Chapa Azul saindo vitoriosa desse pleito. Que assim queira São Judas Tadeu.

  2. Fico feliz em saber do favoritismo da chapa azul, como rubro-negro só desejo dias melhores e que 2012 acabe logo

  3. Pedro, não deixe que algumas pessoas que apoiam a chapa azul queimem a chapa com você. O que mais tem na internet são pessoas que usam das redes sociais para xingar a esmo, por pura falta do que fazer ou covardia. Com certeza não representam a chapa e o pensamento.

    Abraços

  4. Pedro Migão filho da puta, a Chapa Azul vai vencer e você vai ver o que é bom pra tosse.

    Pilantra, vendido, canalha!

  5. Esse Pedro Migão é filho da puta mesmo, vendido. Patrizete do caralho. A Chapa Azul vai vencer e este escroque vai ter de se explicar. Quem é este sujeito para manifestar ressalvas?

    Vendido, pilantra, escroque. Escória da raça humana.

Comments are closed.