Neste sábado, a coluna “A Médica e a Jornalista”, da multitarefa Anna Barros, toca em um assunto sobre o qual estava querendo escrever e que me incomodou muito: o sucesso esportivo alcançado por equipes que entregaram seus jogos para fugir de confrontos nos Jogos Olímpicos recém encerrados.
Pior é que quem respeitou o espírito olímpico acabou levando desvantagem ao final.
A ética no Esporte
O Pedro parece que adivinha ao me pedir para falar de Ética porque é um assunto que me agrada e onde estamos sendo testados todo o tempo.
Mas a ética de que falarei na coluna de hoje é a ética no esporte. Esporte que quer ganhar, mas muitas vezes joga para perder a fim de atingir um resultado conveniente. Não falarei do que o Pedro a princípio me pediu [N.do.E.: a sugestão original era um texto sobre jornalismo político], mas não fugirei do foco ao observar que é um assunto amplamente discutido ao nosso redor e que volta e meia vem à tona.
Isso aconteceu no Campeonato Mundial de Vôlei em 2010, onde o Brasil de Giba jogou para perder contra a Bulgária com o intuito de pegar um adversário mais fraco na próxima fase da competição. Ali parece ter começado a maldição da seleção de Bernardinho que nunca mais foi a mesma, mas sempre foi vitoriosa em 12 anos.
Tivemos outros casos na Olimpíada de Londres. A Noruega, campeã mundial de handebol, perdeu para ficar em quarto e pegar o Brasil em primeiro – em campanha maravilhosa – comandada por seu técnico dinamarquês Morten.. As norueguesas ganharam do Brasil e no final ainda acabaram campeãs olímpicas.
No basquete, a Espanha perdeu para o Brasil para fugir dos Estados Unidos e seu dream tream nas semifinais.
O time de Pau Gasol visivelmente demonstrou isso naquela partida, sem tirar o mérito da seleção de Nenê, Tiago Splitter, Varejão e Leandrinho. Deu tristeza porque o esporte foi feito para vencer e não para perder para se beneficiar.
E isso faz parte da Ética Esportiva, coisa rara hoje em dia.
Por causa da ética, os Estados Unidos venceram as turcas no voleibol feminino. Isso permitiu que a seleção brasileira de José Roberto Guimarães avançasse na competição em quarto lugar, chegasse à final depois de uma vitória épica sobre a Rússia e enfrentasse as americanas – conseguindo conquistar uma vitória de virada.
Aonde foi o espírito olímpico? Depois disso houve uma comemoração que as americanas julgaram desrespeitosa no pódio. Confesso que não vi nada demais, mas as meninas de ouro, bicampeãs olímpicas, poderiam ser mais comedidas.
O mundo avança na tecnologia, mas parece que valores simples e básicos estão sendo deixados de lado.
Uma geração no futebol que perde o ouro porque o outro time é superior sendo execrada injustamente e que alguns dias depois se recusa a continuar vestido com a camisa réplica de 58, de algodão – por ela ser ‘pesada’ – também é um pouco demais. Isso afasta cada vez mais os torcedores desacreditados da amarelinha, que tanta história fez.
A questão é que respeito e ética moral nunca fizeram mal a ninguém e parece que o esporte parece reflexo do que acontece no dia a dia, na política, no trânsito, na vida cotidiana. Costumo dizer que ética não é sinônimo de dinheiro, mas é preferível deitar a cabeça no travesseiro e estar pobre a não conseguir ficar em paz com a sua consciência.
O Esporte imita a vida. E a vida tem que ser vivida de forma correta e firme, doa a quem doer. Pena que nem sempre as pessoas pensem dessa maneira.
Enquanto as pessoas cobram mais empenho dos atletas brasileiros nas redes sociais ao invés de olharem para o seu próprio umbigo, seria interessante tentar mudar seus hábitos e viver de forma digna.
E cultivar sempre a gentileza com todos. Gentileza gera gentileza já dizia o famoso profeta. Com um pouquinho dela, além de fazermos a nossa parte podemos transformar o mundo em que vivemos.
Grande abraço!
Até a próxima!
Anna Barros

One Reply to “A Médica e a Jornalista – "A ética no Esporte"”

  1. Assino embaixo da coluna.

    Quanto aos jogos olímpicos, para mim a solução perece ser simples: todos os esportes coletivos deveriam adotar a sistemática do hockey na grama. Ao invés de classificar o absurdo n° de 4 seleções por grupo, passam apenas 2 e vamos direto para as semi-finais. Isso diminuirá bastante a margem dos times para entregar jogos.

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