Bom, já de volta ao Rio, começo uma série de posts sobre esta viagem de férias que empreendi. Há alguns assuntos bastante interessantes a serem abordados, os quais trarei aos poucos aqui – sem prejuízo dos demais temas.
Iniciarei a série de posts, meio em ordem cronológica, com a visita à Vinícola Miolo, ocorrida no sábado 21 de janeiro. Era uma das programações previstas no pacote que adquiri, envolvendo a visita a vinícola, ao “show room” da Tramontina – onde acompanhei uma “stand up comedy” involuntária que será post na sexta – e o passeio na Maria Fumaça.
A Miolo, talvez o maior grupo produtor de vinhos no Brasil, tem sua sede no município de Bento Gonçalves, no chamado “Vale dos Vinhedos” gaúcho. Algo que eu não sabia é que somente recebe a marca “Miolo” os vinhos produzidos com as uvas daquela região. As parreiras de outras regiões operadas pela Miolo geram vinhos que recebem outras denominações, como Almadén ou Rar, entre outras.
Já ao chegar percebe-se a divisão das parreiras de acordo com as uvas e suas especificidades. Apesar do enólogo que nos acompanhou ter dito que as uvas eram extremamente azedas, tive a curiosidade de provar duas ou três e não achei tão ácidas.
A visita começa pelos fermentadores das uvas. Ao contrário da cerveja, o processo de produção do vinho é mais simples: basicamente se resume a esmagar as uvas e deixá-las fermentar. Depois, de acordo com cada uva, maturar um tempo e em seguida engarrafar.
Alguns vinhos ainda são fermentados em barris de madeira (acima), mas devido às dificuldades de manter o ambiente higienizado passa-se a se cada vez mais utilizar barris de inox (abaixo).
A idéia da vinícola, segundo explicado na visite, é “aposentar” estes barris de madeira e deixá-los em uma espécie de museu.
Após a passagem pelos fermentadores, entramos na cave de maturação (foto que abre o post). São usados barris de carvalho franceses ou americanos, utilizando-se a seguinte regra: vinhos mais nobres utilizam o primeiro ano dos barris, vinhos médios o segundo e terceiro ano e mais populares o quarto ano.
Cada barril só pode ser usado por quatro anos, sendo vendido depois para outras indústrias – como a da própria cerveja. Quando novo ele transfere com mais vigor a influência da madeira ao vinho, efeito que vai diminuindo com o tempo.
O champanhe passa por um processo especial: ele é girado 45 graus por um funcionário, duas vezes por dia, cada garrafa, de forma a completar a segunda fermentação.
Exemplares mais nobres como o “Lote 43” ainda ficam maturando na garrafa após passarem pelos barris. Em média, um vinho de qualidade passa três a quatro anos maturando antes de ser disponibilizado ao público. Outros são engrarrafados quase imediatamente após passar por curto período nos barris de carvalho.
Após as explicações fomos encaminhados a uma sala onde fizemos a degustação de três vinhos e um espumante. Foram selecionados os vinhos “Quinta do Seival Cabernet Sauvignon”, “Merlot Reserva”, “Reserva Chardonnay” e o espumante “Cuvée Tradition”, seco. Este último revelou-se uma boa surpresa, pois detesto champanhes, proseccos, espumantes e assemelhados e este se revelou bastante satisfatório.
Também este espumante se destaca pela cor rósea.
Os vinhos foram degustados em ordem de qualidade, da inferior para a superior, o que deixou clara a diferença de qualidade entre eles. O enólogo deu algumas dicas que utilizarei até nas degustações de cervejas que costumo realizar aqui no Rio de Janeiro, em termos de quantidade, apreciações de aromas e sabores e harmonizações. Para mim, que sou quase um analfabeto em vinho – o leitor sabe que sou apreciador de cerveja – foi um curso compacto bastante proveitoso.
A se lamentar apenas a quantidade colocada em cada taça: poderia ser um pouco mais. Mas para quem paga R$10 pela visitação é isso aí.
Ao final somos encaminhados à loja de fábrica, que vale por preços mais em conta e por conter exemplares não encontrados facilmente no Rio de Janeiro – como o já citado “Lote 43” e o “Sesmarias”, vinho de R$ 270 da casa que é o “top de linha” e que já ganhou prêmios de excelência.
A vantagem oferecida pela loja é que eles entregam diretamente no Rio de Janeiro sem cobrar o frete, o que me permitiu adquirir doze garrafas – o que para mim significa um ano de consumo. Optei por exemplares mais raros com os já citados “Lote 43” e “Sesmarias” e outros também não facilmente encontrados aqui – entre eles o “Quinta do Seival” degustado.
Sem dúvida alguma é excelente opção para o leitor que estiver pela região e quiser conhecer um pouco da cultura do vinho nacional, além de ter a oportunidade de levar exemplares não facilmente encontráveis para a sua cidade.
Entretanto, em outro post mostrarei que a cultura da cerveja no Sul, embora não tão badalada, é tão forte quanto a do vinho – e com algumas experimentações bem interessantes.

One Reply to “Visita à Vinícola Miolo”

  1. Realmente a visita vale a pena. Fiz a visita na vinicula da Miolo aqui em Petrolina e foi muito interessante. Quanto a uva, eles informam que é azeda para evitar que todos os curiosos metam a mão. Mas eu levei um cacho ultra doce quando fui embora. Aqui tambem se paga 10 reais na visita mas alem do mini curso ainda vem de “brinde” uma taça personalizada. Abraços!

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