A partir de hoje o Ouro de Tolo tem uma nova coluna: a “Prosit”.
A idéia é termos impressões de boas cervejas degustadas, mas não somente isso. Contar um pouco a história de cada cerveja, de sua fábrica, e arrematar com impressões de degustação.
Obviamente que não haverá o mesmo rigor de sites especializados, por dois motivos: primeiro porque não sou um Maurício Beltramelli, um Flávio Roese ou um Juliano Mendes; meu conhecimento não chega nem perto destes “papas” do assunto. Segundo porque este não é um blog sobre cervejas,então a idéia é aguçar a curiosidade do leitor.
Começamos com aquela que é considerada por muitos a melhor cerveja do mundo: a Westvleteren 12, belga trapista. Aliás, eu ando em uma fase de degustar estas cervejas belgo-holandesas, fabricadas em mosteiros.
Utilizei-me como guia o disponibilizado pelo site “Brejas”, uma das referências no assunto.
(Foto: Brejas)
História:
A Westvleteren 12 e suas irmãs “menores”, a Blond e a 8, são fabricadas na Abadia de Saint Sixtus, na Bélgica (acima). É um dos sete mosteiros trapistas a se dedicarem à fabricação da bebida, que recebe um selo especial atestando tal condição.
A Ordem dos Monges Trapistas faz votos de pobreza, castidade e obediência. As cervejas são fabricadas sem fins lucrativos e todo o lucro deve ser reinvestido na própria fabricação ou em obras de caridade e manutenção do próprio mosteiro.
No caso da Westvleteren 12 e demais produtos desta fábrica, ela se torna rara porque ao contrário das outras fabricadas em mosteiros ou sob a supervisão direta de monges ela não é feita de forma contínua. Somente quando a abadia precisa levantar fundos é que ela é fabricada.
Há outras particularidades: ela não pode ser revendida (oficialmente)e apenas no próprio mosteiro ou no bar ao lado é que se pode adquiri-la. Além disso, a fama obtida pela bebida incomoda os monges, que afirmam que “fazemos cerveja para podermos ser monges, e não o contrário”.
Como resultado, a bebida é raríssima, o que somada à sua qualidade traz uma aura de “Santo Graal” aos amantes da cultura cervejeira. Apesar de custar cerca de dois euros na abadia, sua raridade faz com que alcance valores estratosféricos em outros lugares do planeta. Até porque sua comercialização fora do mosteiro é proibida.
Em oferta da Puro Malte, obtive duas garrafas da Westvleteren 12 e uma da Blonde. Aqui apresento, para abrir a série, a mítica 12. O curioso é que as garrafas não possuem rótulo, sendo identificadas apenas pela chapinha.
Cerveja: Westvleteren 12
Apresentação: garrafa com 330 ml
Teor Alcoólico: 10,2%
Data da Degustação: 26/09/2011
Estilo: Belgian Dark Strong Ale
Aparência: creme não muito grande, excelente “Belgian Lace” (aquele ‘creme’ que fica residual nas paredes do copo), coloração escura embora não exagerada e poucas partículas suspensas.
Aroma: intenso de malte, com caramelo e frutas secas. Lúpulo leve e álcool perceptível, mas bem balanceado. Aromas de madeira e defumados, com finais em licor e frutas – ameixa?
Sabor: longa duração. É uma cerveja que permanece no paladar mesmo após o término de sua degustação. A cada gole, a cada minuto, ela cresce no conceito. Sabores doces e amargos moderados e contrabalançados. Boa drinkability.
Paladar: corpo intenso, textura licorosa e cremosa, carbonatação média. Final duradouro e seco, com retrogosto indescritível – mas sensacional.
Geral: olha, se não é a melhor cerveja do mundo, fica muito perto disso. É bebida para se apreciar com calma e se deliciar com cada sabor percebido. Também não deve ser bebida muito gelada. 
Quando se compara com bebidas posteriores – na mesma noite degustei uma Chimay (que adoro) e uma Erdinger Urweisse – chega a ser covardia.
Nota: 4,9 (em um total de 5,0). Não dei nota máxima para o aroma por achar a potência do álcool demasiada em determinado momento.
Veredito: leitor, se achar uma destas, compre – ao preço que for. Vale cada centavo. Após degustar uma Westvleteren 12 os referenciais de cerveja mudam totalmente. Sem dúvida merece a avaliação de especialistas de “melhor cerveja do mundo”, embora seja bebida que deve melhorar com o tempo.
Próxima: Chimay Blue
P.S. – O copo era de Chimay, outra trapista. Mas era o que eu tinha.

P.S.2 – A promoção de camisas do Salgueiro continua. Pode ser acessada aqui.

One Reply to “Prosit – Westvleteren 12”

  1. Olá Pedro,
    Quanto ao rótulo de “papa” prefiro que fique com o Sr.Konrad Seidl,esse sim o papa da cerveja.Sigo assim como tu aprendendo a bela arte da degustação de cervejas.
    Parabéns pelo post,bem preciso e com boas informações.Quanto ao estilo só a colocaria como Abt/Quadrupel,para diferenciá-la da Westvleteren 8.
    Grande abraço e boas degustações.

    Flavio.

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