Nesta última coluna antes do carnaval – semana que vem teremos um “guia prático do desfilante” – a coluna traz um samba e desfile que eu estive presente como integrante, tal e qual ano passado.
Após algumas semanas tratando de escolas que estão em nosso Grupo Especial ou nela estiveram muito tempo, voltamos a enfatizar uma escola do grupo de acesso: a União de Jacarepaguá e sua homenagem ao grande Paulinho da Viola no carnaval de 2009.
A escola de Campinho vinha mantendo uma regularidade nesta primeira década do terceiro milênio. Após atravessar uma década de 90 nos grupos inferiores, a escola voltou à Marquês de Sapucaí em 2000 e esteve se alternando entre os Acesso A – entre 2001 e 2005 – e depois o Acesso B.
Com poucos recursos, após o rebaixamento de 2005 a escola vinha sofrendo para se manter no Grupo de Acesso B, tendo sido quase rebaixada em 2006 e ocupado colocações na metade inferior da tabela nos carnavais de 2007 e 2008.
Para 2009, a escola optou por escolher um enredo forte, de apelo, e que trazia uma história que pouca gente conhecia: antes de se eternizar na azul e branco de Madureira, Paulinho da Viola havia sido integrante da União de Jacarepaguá. 
O grande compositor foi escolhido como enredo pela verde e branca, a fim de resgatar a auto estima da agremiação, contar uma história e  angariar a simpatia do povo que assiste ao desfiles da terça feira “gorda”. A escola não dispunha de grandes recursos e apostava na emoção a fim de alcançar o seu objetivo naquele carnaval, que seria o de ficar longe do rebaixamento ao Grupo C e à passarela da Avenida Intendente Magalhães – onde, curiosamente, fica a sede da escola. A verde e branca, também conhecida como “arroz com couve”, por causa das cores, buscava tão somente manter-se no grupo em um ano onde a diferença entre as escolas de “patronos” e as que não o tinham era assustadora – pareciam dois grupos diferentes.

O carnavalesco Wagner Almeida optou por contar passagens da vida e obra do grande cantor e compositor, de forma simples a fim de adequar aos quatro carros alegóricos que formam, no máximo, o desfile do Grupo de Acesso B. Na verdade, apesar da sinopse dividir o enredo em quatro setores houve que se trabalhar com ainda mais simplificações haja visto que a agremiação trouxe apenas três carros alegóricos para seu desfile.

Nas palavras da sinopse:

A toda hora rola uma história, com samba e chorinho de Paulinho da Viola

Justificativa:

Bem próximo ao morro do Corcovado, sob os braços do Cristo Redentor, no bairro de Botafogo, nele registramos o primeiro palco, aquele que por mérito se tornaria um dos maiores artistas do nosso País, nosso homenageado Paulinho da Viola.

Este genial artista da Música Popular Brasileira reúne em sua trajetória, momentos de tamanha importância na história da arte. Possui a sensibilidade de perpetuar dois grandes gêneros musicais o Samba e o Choro.

Em suas obras, resgata nomes de renomados poetas, muitos desses já esquecidos no passado. Desenvolve inovações melódicas e harmônicas sem perder a tradição, mantendo seus princípios e valores estéticos, evitando que muitos gêneros fiquem congelados no tempo.

Este enredo vai nos proporcionar uma viagem a um passado distante; vamos passar pela formação da Pequena África, dançar o maxixe e o samba nas casas das Mães Baianas; então, aguçaremos nossos ouvidos, para os imaculados chorinhos e vamos até aos salões dos antológicos Saraus. Já em uma viagem mais próxima; vamos juntos cantar, torcer e nos emocionar com as canções dos inesquecíveis festivais de música; reviveremos os antigos carnavais das Escolas de Samba e, nos deixaremos envolver com uma sedutora história de amor.

Com esta proposta, o Grêmio Recreativo Escola de Samba União de Jacarepaguá, deseja não só prestar sua homenagem, mas também, deixar através deste enredo uma contribuição cultural, para todos aqueles que de forma direta ou indiretamente, admiram uma das maiores festas populares, o Carnaval.

Este é o caminho escolhido pela Agremiação, a ser desbravado, rumo ao carnaval 2009.

Sinopse:

1º Parte: “Das raízes do samba e do chorinho, nasce mais um filho da Pequena África”

Afinem os instrumentos, abram as cortinas e acendam as luzes, para juntos com o Grêmio Recreativo Escola de Samba União de Jacarepaguá, possamos participar de uma grande e merecida homenagem a um dos grandes nomes da nossa música Popular Brasileira.

Para entendermos melhor o refinado gosto musical do artista, nos transportaremos ao passado, em importantes momentos de dois resistentes gêneros da nossa cultura Musical o Samba e o Choro.

O Samba nos transporta ao ano de 1870, quando negros iorubanos começaram a migrar do Recôncavo Baiano com destino ao Rio de Janeiro, trazendo com eles manifestações culturais, como a dança e a música. Formando na região compreendida pela Cidade Nova, uma comunidade que mais tarde ficou conhecida como Pequena África. Contribuíram com a música carioca, nas reuniões festivas que aconteciam nas casas das chamadas tias baianas, entre elas a famosa Tia Ciata e com a criação dos ranchos carnavalescos por Hilário Jovino Ferreira.

Em 1888, chegam ao Rio de Janeiro os Bantos, oriundos das plantações de café do Vale do Paraíba, improvisando moradias em morros dando origem as famosas favelas. De acordo com a evolução, esses acabaram criando, um samba diferenciado dos maxixes que os habitantes da Pequena África chamavam de samba. Tratava-se de um samba mais lento, mais dolente, a ser cantado nas reuniões ao pé do barraco ou até mesmo nos desfiles dos blocos organizados por aquela comunidade pobre na época de carnaval.

No Choro, nos transportaremos que num dado momento de sua história foi considerado música de branco, mas que na verdade foi enriquecido por negros como o mulato Joaquim Callado e o gênio Pixinguinha, não deixando de citar dois expoentes, brancos na verdade, pertencentes à classe média baixa; Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga.

Podemos ratificar que os gêneros musicais destacados fazem parte, da vida deste genial artista que nasceu no bairro de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, filho de um dos maiores violonistas do nosso País integrante do grupo de choro “Época de Ouro”. Na infância usava a criatividade para confeccionar seus próprios brinquedos. Sempre que podia acompanhava o seu pai nas reuniões musicais, quando essas não aconteciam em sua própria casa, com essa influência, em pouco tempo já tentava os primeiros acordes no violão.

Na sua juventude, freqüentava a casa da sua tia Trindade, no bairro de Vila Valqueire, onde brincou diversos carnavais, chegando até, junto com alguns amigos fundar o bloco carnavalesco “Foliões da Rua Anália Franco”, para o qual compôs seu primeiro samba.

Os jovens foliões recebem da Escola de Samba União de Jacarepaguá o convite para integrar a agremiação, foi o primeiro contato do nosso homenageado com uma escola de samba, onde participou como ritmista e, compôs seu segundo samba, chamado “Pode ser Ilusão”, assim começou sua trajetória e história como Sambista.

2ª Parte: “Com arte nas mãos, do Zicartola para a canção”

Paulinho jamais imaginava em seu caminho a profissionalização através da música. Ainda na infância descobre sua habilidade na marcenaria e, junto com ela desenvolve sua capacidade de concentração, um exercício autodisciplinador, uma arte que em determinadas peças podem perpetuar histórias de muitas outras histórias.

Depois de completar o curso de contabilidade, almeja a carreira de economista.

Mas, aos 19 anos consegue seu primeiro emprego no Banco. Um dia no seu trabalho reencontra o poeta Hermínio Bello de Carvalho, dessa amizade, surgiram às primeiras parcerias do jovem compositor com o jovem poeta, precisamente duas composições.

Hermínio Bello de Carvalho convida Paulinho para conhecer o Zicartola, um restaurante localizado na Rua da Carioca que pertencia a Angenor de Oliveira, o Cartola e sua mulher Dona Zica. Muitos artistas cantavam no restaurante, como; Cartola, Zé Ketti, Elton Medeiros entre outros. Paulinho, na sua estréia cantou sambas de outros autores, causando forte impressão em muitos, inclusive em Cartola, Zé Ketti e Sérgio Cabral, mestre de cerimônia da casa, por quem foi rebatizado com o nome de Paulinho da Viola.

Por sugestão de Luís Bittencourt, diretor musical da gravadora Musidisc, Paulinho da Viola, Oscar Bigode, Zé Ketti, Anescar do Salgueiro, Nelson Sargento, Elton Medeiros e Jair do Cavaquinho, formam o grupo “A Voz do Morro”. O grupo alcança o sucesso e a partir daí, Paulinho da Viola inicia sua discografia que enriquece nossa cultura musical até o presente momento, compondo grandes obras em parcerias com consagrados nomes da nossa música.

3ª Parte: “Como a beleza do mar em sua calmaria, o poeta chega ao seu apogeu”

Paulinho da Viola consagra-se um dos maiores nomes da música popular de todos os tempos, por ser um excelente instrumentista, genial compositor e um sensível poeta. Demonstrando sua capacidade de inovar e modernizar as melodias e harmonias do samba e choro, evitando que os mesmos fiquem esquecidos no passado. Mesmo tendo convivido com artistas que seguiam outros gêneros musicais, nunca deixou de seguir seu coração, pois como ele mesmo diz; “Não vivo no passado, o passado vive em mim”.

Paulinho participou de diversos festivais de música, alcançando em alguns o prêmio máximo, com sucessos que são cantados até nos dias atuais. Em muitas de suas composições, percebemos que nosso poeta fala do dia a dia das pessoas de uma forma bastante especial, cantou a ecologia antes de o assunto virar moda. Canta divinas canções falando do mar, para ele, trata-se de uma entidade que oculta mistérios, podemos vê-lo tranqüilo, belo e em paz, mas, também, em seu momento de uma imponente revolta quando na sua fúria. Seria uma relação metafórica entre o mar e o homem?

Paulinho da Viola viajou por diversos países, recebendo o reconhecimento do público, crítica e até de órgãos Governamentais.

Ao longo de sua carreira, criou shows que foram verdadeiros espetáculos teatrais, consagrados sucessos pelo público e pela crítica, resgatando e revelando lendários artistas do nosso País. Alguns desses shows, rederam a Paulinho da Viola importantes premiações no Exterior e no Brasil, 1997 foi recordista do Premio Sharp de musica, sendo contemplado com nove troféus, recentemente arrebatou quatro Prêmios TIM de música 2008.

No ano em que o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, completa 100 anos de existência, cabe lembrar que no dia 1º de maio de 2004, ocupam o palco; Paulinho da Viola junto com Velha Guarda da Portela e a Orquestra Petrobrás Pró-Música, num show em homenagem ao dia do trabalhador.



4ª Parte: “No raiar do dia, desponta uma paixão em azul e branco”

Na manhã do carnaval de 1958, o coração de Paulinho da Viola foi definitivamente arrebatado pelo suave azul que tomava conta da Avenida Rio Branco, foi o Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela.

Mas só no ano de 1964, a convite do seu primo Oscar Bigode é que Paulinho conhece a sede da Escola que se alojou em seu coração. Foi numa tarde de domingo, quando foi apresentado a Ala de Compositores, na ocasião, ainda freqüentava a União de Jacarepaguá, neste dia o poeta cantarolou a primeira parte de um samba incompleto e, para seu espanto, viu a segunda parte surgir pelos versos de Casquinha, batizado com o titulo “Recado”.

Já incorporado a Ala dos Compositores da Portela, no ano de 1966 Paulinho da Viola apresenta na quadra o samba “Memórias de Um Sargento de Milícias”, a música foi escolhida como samba enredo daquele ano [N.doE.: o único samba de enredo escrito por Paulinho da Viola para a Portela] e a Portela sagrou-se Campeã do carnaval.

No ano de 1968, com o seu parceiro Hermínio Bello de Carvalho compõe a música “Sei Lá Mangueira”, inscrita pelo seu parceiro na terceira edição do festival de música da TV Record. O fato causou preocupação em Paulinho da Viola, pois temia a uma reação negativa da Família Azul e Branca, ficando uma dívida que só foi paga com a composição da música “Foi um Rio que Passou em minha vida”, Paulinho vê a composição como um pedido de perdão.
         
Em dezembro de 1975, junto com outros parceiros fundaram o Grêmio Recreativo de Arte Negra Escola de Samba Quilombo, com a proposta de preservar as raízes do samba e recuperar manifestações musicais menos conhecidas que o samba (capoeira, jongo, afoxé e o maculelê).
         
Como todo bom Brasileiro, Carioca e ainda Batizado em Roda de Samba, não poderia deixar de admirar um dos maiores esportes do nosso País, portanto, é torcedor do Vasco da Gama.
         
Paulinho da Viola, nosso homenageado, é reconhecido e consagrado como um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira, considerado um elo entre diversas manifestações populares.” 

(Fonte: Academia do Samba)

O roteiro do desfile original dava uma mostra do que seria o enredo e, também, das dificuldades de uma escola deste grupo. Se o leitor observar as fotos dos carros verá que o terceiro carro, na prática, acabou se referindo à Portela e ao Vasco da Gama, outra das paixões do grande compositor, com as premiações apenas tangencialmente representadas pela escadaria do Teatro Municipal:

“Roteiro

Comissão de Frente: Tem a função de representar o choro, e os primeiros acordes de Paulinho da Viola no violão de seu pai.

1ª Alegoria:  “Das raízes do samba e do chorinho, nasce mais um filho da Pequena África”: Representa o Choro, o Sarau, o Grupo Época de Ouro que teve grande influência na infância do nosso homenageado, O Deus Apolo (Deus da Música), a formação do Samba na Pequena África, os Gêneros musicais que deram origem ao samba e as Tias Baianas.

1° Setor: “Das raízes do samba e do chorinho, nasce mais um filho da Pequena África”

1 – Os criadores do samba: A partir da década de 1870 negros iorubanos começaram a migrar do Recôncavo para o Rio de Janeiro, mais tarde em 1888, chegam ao Rio de Janeiro os Bantos oriundos das plantações de café localizadas no Vale do Paraíba, os Bantos fluminenses acabaram criando de evolução em evolução um samba diferenciado dos maxixes que os habitantes da Pequena África chamavam de samba. Assim, os Bantos criaram nos morros um samba mais lento, mais dolente, a ser cantado nas reuniões ao pé do barraco.

2 – As tias baianas: As maiores contribuições a música carioca foram as reuniões festivas que aconteciam nas casas das chamadas tias baianas, entre elas a famosa Tia Ciata.

3 – Jogo de Botões: Brinquedo que a criançada na infância de Paulinho da Viola utilizava a criatividade na confecção deste, portanto, o jogo de botão era feito de coco.

4 – Bola de Meia: Outra brincadeira onde as crianças utilizavam sua criatividade era o futebol, para este lazer as crianças faziam suas bolas utilizando meias.    

5 – Influência Musical: Na juventude, Paulinho acompanhava o pai em diversas ocasiões, oportunidades em que presenciou importantes reuniões musicais, algumas realizadas na sua própria moradia.

6 – Antigos Carnavais: Além de manter contato com o mundo do choro, na sua juventude, Paulinho da Viola brincou diversos carnavais no bairro de Vila Valqueire, onde junto com seus amigos fundaram o Bloco Carnavalesco Foliões da Rua Anália Franco.

2ª Alegoria: “Com arte nas mãos, do Zicartola para a canção”

Representa o primeiro trabalho de Paulinho da Viola no Banco Nacional de Minas Gerais, o Restaurante Zicartola onde foi batizado por Sérgio Cabral, as personalidades que participaram da sua carreira artística, o instrumento tocado por Paulinho da Viola que encantou o público do Zicartola.

2° Setor: “Com arte nas mãos, do Zicartola para a canção”

7 – Marcenaria a arte com amor: ainda na sua infância, Paulinho da Viola desenvolveu uma habilidade manual, a marcenaria e nela descobre sua capacidade de concentração.

8 – Discografia: Paulinho da Viola, algumas vezes em parceria com outros iluminados poetas, enriquece nossa cultura musical, gravando discos memoráveis, com grandes sucessos ainda cantados por muitos brasileiros.

9 – Solar da Fossa: Paulinho da Viola chegou a dividir o aluguel de um quarto no Solar Santa Terezinha, em Botafogo, mais conhecido como Solar da Fossa, onde conviveu com estudantes, escritores, jornalistas, empregados do comércio, artistas plásticos, boêmios, poetas e muitos outros, todos em busca de um lugar ao sol.

10 – Ditadura: Paulinho da Viola teve várias músicas censuradas durante a ditadura militar.

1° Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Ecologia – Sua música fala do dia a dia das pessoas com uma poesia toda especial, gravou músicas falando de ecologia antes mesmo de o assunto virar moda

11 – Tributo a Heitor dos Prazeres (Bateria): No espetáculo Zumbido a figura central que inspirou Paulinho foi de Heitor dos Prazeres, cuja importância na cultura popular começa no samba e se estende às artes plásticas, com foco em sua apresentação no 1º Festival de Arte Negra no ano de 1960, em Dakar, quando o artista dançou fazendo referências com lenço. Este show lhe rendeu o prêmio da APCA de melhor show do ano de 1981.

12 – O mar em fúria (Ala de Passistas): Em muitas de suas composições, Paulinho da Viola fala em mar. Mas, não ainda o mar como metáfora predileta para pensar o homem em geral, o mar do poeta é uma entidade que oculta mistérios; tanto pode estar tranqüilo, belo em sua paz, como se revoltar imponente em sua fúria.

13 – O mar em calmaria: Esta fantasia representa a outra visão de Paulinho da Viola em relação ao mar que pode estar tranqüilo, belo em sua paz. Mas será sempre uma relação metafórica, o poeta gostando de olhar o mar, de admirá-lo, de pensar nele, mas nunca de navegá-lo.

14 – Timoneiro: Representa um dos maiores sucessos de Paulinho da Viola, com esta música o poeta ratifica sua admiração pelo mar.

3ª Alegoria:  “Consagração – Momentos de glórias e reconhecimento”

Representa a Discografia, os Festivais de música Popular Brasileira, a consagração de Paulinho da Viola e as premiações recebidas.

3° Setor: “Como a beleza do mar em sua calmaria, o poeta chega ao seu apogeu”

15 – Sinal Fechado: Representa a composição de Paulinho da Viola, canção que lhe rendeu o 1º lugar no último festival de Música Popular Brasileira da TV Record no ano de 1969.

16 – Premiações e reconhecimento: Paulinho da Viola viajou por diversos países como França, Alemanha, Itália, Noruega, Portugal, Espanha, Estados Unidos, Argentina e outros, divulgando a importância da nossa cultura musical. Em muitos deles recebendo premiações. No ano de 1997, Paulinho da Viola é contemplado com nove troféus do prêmio Sharp, o maior evento do gênero na música brasileira nos anos 90. Recentemente na sexta edição do Prêmio TIM de Música 2008, tem seu trabalho reconhecido com mais quatro prêmios.

17 – Theatro Municipal 100 anos de glória: Homenagem ao centenário do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde Paulinho da Viola no ano de 2004, realizou um show em comemoração ao dia do trabalhador.

18 – Golfinho de Ouro: Paulinho da Viola recebeu o prêmio Golfinho de Ouro no ano de 1968, de música popular conferido pelo Museu da imagem e do Som, considerado um dos mais importantes de sua carreira.

19 – Chocalhos do Salgueiro: Na manhã de carnaval do ano de 1958, duas imagens ficaram gravadas em sua lembrança, a primeira foi uma Ala de Chocalhos formada por mulheres que se apresentavam pela G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro.

20 – Sei lá Mangueira: Em 1968, Hermínio Bello de Carvalho resolveu fazer uma surpresa a Paulinho e inscreveu a música “Sei Lá Mangueira” na terceira edição do histórico festival de música da TV Record. A letra de Hermínio, musicada por Paulinho, exaltava a Mangueira.
2° Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Paixão em azul e branco – Representa a paixão de Paulinho da Viola pela Portela

21 – Estrela da manhã: Representa a PORTELA naquela manhã foi com a última estrela de uma constelação a se esconder, mas essa estrela fica a brilhar em todos os momentos de Paulinho da Viola.

4° Setor: “No raiar do dia, desponta uma paixão em azul e branco”

22 – Preservação Cultural – Jongo: Representa o Grêmio Recreativo de Arte Negra Escola de Samba Quilombo, fundada com a proposta de conservar e recuperar nossa cultura nas manifestações musicais menos conhecidas que o samba.

23 – Compositores (Ala dos Compositores) – Compositores

24 – Galeria de Velha Guarda”

(Fonte: Site Academia do Samba, com simplificações)

O samba escolhido foi a da parceria composta por Alexandre Valle, Humberto Carlos, Elizeu, Jarbas da Freguesia e Paulo Cabeça Branca. Valle é um dos autores do magnífico samba enredo de 2004 sobre o Rio de Janeiro, que deu à escola a melhor classificação na década à escola, quarto lugar no Acesso A. O samba escolhido, poético, era, ao lado da composição do Boi da Ilha do Governador, considerados os melhores inéditos da safra daquele grupo em 2009. Obviamente, o melhor samba daquele ano era o fenomenal “Afoxé”, da Acadêmicos do Cubango; mas este era reedição. O samba teria o privilégio de ser puxado pelo “Pavarotti” do samba, o cantor Rixxa.

O homenageado desfilou no último carro, ao lado de figuras poeminentes da Portela e com familiares desfilando como simples foliões em alas da escola.

A escola foi a terceira a desfilar na Marquês de Sapucaí na noite de terça feira de carnaval, 24 de fevereiro daquele ano. Fantasias e alegorias estavam simples, mas o belo samba foi muito bem puxado e possibilitou boas Evolução e Harmonia à escola.

Aliás, por falar em Harmonia: eu havia conseguido junto a meu (hoje ex) concunhado uma camisa de “Apoio”, que na prática é uma forma de um “bicão” desfilar sem ter de usar fantasia. Eu estava no Setor 1 esperando a ala onde estavam minha cunhada e o dito cujo em questão para acompanhá-los (que era a última) quando, umas três alas antes, uma diretora da escola vira pra mim e fala:

 – Ei você ! Tá vendo esta ala aí? Faz a Harmonia dela e não deixa embolar com a ala da frente !

Para quem não conhece, “Harmonia” é o setor da escola que prima pelo canto da escola e pela organização das alas.

Pois é. Eu nunca havia desfilado como Diretor de Harmonia antes, mas até que dei conta do recado cuidando da ala “Chocalhos do Salgueiro” – apesar do sujeito completamente sem noção que, não sei porquê, colocaram na ponta da fila. Entretanto, o gestual exagerado de que me utilizei para me fazer entender pelos componentes parecia que tinha saído diretamente do primeiro ano da faculdade de flanelinhas… Mas o desfile foi delicioso e repetiria a dose como Diretor de Harmonia no Boi da Ilha em 2010.

Com fantasias e carros simples, até pelas dificuldades financeiras e em um regulamento que privilegiava os quesitos plásticos (Evolução, Harmonia e Conjunto estavam naquele ano reunidos em um único quesito), a escola deixou a avenida com a sensação de que ficaria na metade inferior da tabela, mas provavelmente fora do rebaixamento.

Entretanto, em uma apuração esquisita, com um empate mais esquisito ainda entre Unidos de Padre Miguel e Cubango na primeira colocação – havia uma disputa com a organizadora do Acesso A para saber se subiriam uma ou duas escolas – e com duas outras escolas que haviam feito bons desfiles jogadas lá embaixo na classificação final, a escola obteve um excelente sétimo lugar, com 238,6 pontos. Era até aquele momento a melhor colocação da escola neste grupo – que seria suplantada pelo quinto lugar obtido em 2010, com outra equipe de carnaval e muito mais recursos financeiros.

Aliás, a verde e branco é uma escola onde gosto muito de desfilar, sempre acolhedora e onde sempre se pode brincar carnaval. Este ano de 2011 estarei indo para meu quarto desfile pela escola – e seriam cinco não fosse a camisa de 2010 ter chegado nas minhas mãos nas frisas da Sapucaí depois que a escola desfilou…

Vamos ao belo samba, que o leitor pode ouvir em sua versão de estúdio acima:

“Sublime inspiração
Emana do poeta e cantador
Que pelas cordas de uma viola
Entoa verdadeiras declarações de amor
“Toda hora rola uma história”
E o samba se renova sem perder sua raiz
Presente e passado abraçados
Lembrando aquele tempo tão feliz
Das tias baianas, do samba
E do choro bem brasileirinho
Fundo musical da infância
Do “arteiro” menino Paulinho
“Época de Ouro”, turbilhão de acordes musicais
Da “Anália Franco” à União, tantos carnavais!…

Nas mãos, a arte
O palco da vida emoldurou
No Zicartola impressionou os bambas
“A voz do morro” fez sucesso e deu um show!

Navegando pela vida
Esse amante do misterioso mar
Levou a cultura do povo
Ao templo erudito do teatro secular
Através de um prisma luminoso
O gênio vê sua luz refletir
Faz o seu choro sambar, o mundo lhe premiar
E todo o povo aplaudir

“Meu coração tem mania de amor”
Pela azul e branco se deixou levar
E esse rio de amor nasceu
Na União de Jacarepaguá

(Fotos: Fabrício Gomes)

3 Replies to “Samba de Terça – "A toda hora rola uma história, com samba e chorinho de Paulinho da Viola"”

  1. Pedro, hj, navegando pela Net, tive a oportunidade de ver seus comentários elogiosos ao desfile da minha, da sua, da nossa União de Jacarepaguá e me emocionei. Tanto com as referências ao desfile, como à nossa obra de 2004. Obrigado mesmo! Depois me add no MSN (xande_valle@hotmail.com)mesmo endereço do meu Facebook. Grande abraço!

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