Mais uma resenha nesta terça feira.
Rescaldo do feriadão em Barra do Piraí, este “Dopaz”, da jornalista gaúcha Tahiane Stochero, é um retrato das dificuldades encontradas pelo Exército Brasileiro na missão de paz no Haiti.
O livro conta as dificuldades enfrentadas para pacificar “Cité Soleil”, a maior favela da capital haitiana Porto Príncipe, e as estratégias utilizadas a fim de empreeender a tarefa.
A missão era fundamental para o sucesso da Minustah, pois havia a necessidade de se reduzir a sensação de insegurança provocada pela ação destas quadrilhas que se encastelavam neste local e promoviam sequestros, roubos e assassinatos.
O Exército precisou de um plano de ação bastante elaborado, comandado pelo “DoPaz” – Destacamento de Operação de Paz – uma espécie de “BOPE” do Exército. Os soldados do batalhão de elite tomaram para si a função de liderar o processo de ataque e ocupação da favela em questão, prendendo os principais líderes criminosos.
A autora entra no cotidiano dos soldados e narra as ações empreendidas a fim de pacificar a área e promover ações sociais a fim de conquistar a confiança da população. Salta aos olhos a extrema violência necessária a fim de repelir os bandidos, e as situações de risco em que os soldados se envolvem – milagrosamente, sem nenhuma morte em combate para este batalhão.
Outra faceta é a dificuldade de relacionamento com o poder constituído haitiano, que possuía relações com estes grupos de foras da lei e muitas vezes os avisava das operações da força de paz. Por outro lado, também retrata os imprevistos de se ter uma força de paz multinacional – como os barbeiros motoristas de tanques jordanianos e os latino americanos que muitas vezes não conseguiam entender as determinações dos brasileiros.
Tal e qual na segurança pública brasileira do dia a dia, os militares da força de elite também precisam conviver com ordens estapafúrdias vindas “de cima” – como destruir um banheiro público, artigo raro naquela localidade.
Ao fim e ao cabo de muitos tiros, alguns homicídios e mais algumas prisões, finalmente a grande favela foi ocupada e os brasileiros puderam oferecer as suas ações sociais, obtendo a confiança dos moradores, muito pobres.
O último capítulo é dedicado ao terremoto haitiano de 2010 e aos problemas criados pelo desmoronamento da Penitenciária Nacional, que acabou por libertar todos os líderes criminosos cuja captura havia sido bastante penosa.
Fica clara a diferença entre este livro e o que resenhei recentemente, “Haiti, depois do inferno”. A repórter gaúcha (abaixo) neste “Dopaz” traça um retrato muito mais fiel e aprofundado da missão brasileira no país caribenho, embora fale do terremoto apenas no último capítulo.
Apesar de um prefácio absolutamente desnecessário com uma velha e embolorada pregação anticomunista, recomendo bastante. Na Travessa, custa R$ 31. Com ação contínua e descrição adequada dos fatos, é bem interessante.

6 Replies to “Resenha Literária – "Dopaz"”

  1. Se uma pregação anticomunista é “velha e embolorada”, um panfleto comunista é o quê? Um morto-vivo?

    Ah, não. Morto-vivo é o Fidel…

    Comunismo mor-reu! E nós vimos a morte deste entre 1989 e 1991! Só é bom pra quem lidera e puxa o saco de quem lidera… Quer um mundo melhor? Dê às pessoas a capacidade de fazê-lo (saúde, educação, segurança, empreendorismo, emprego). O que elas conseguirem é o mundo que merecem. Ajude as que não conseguirem ir muito longe (política de renda mínima) e dê chances de evolução aos melhores (meritocracia) dentro de sua especialidade, não importa sua origem social, partidária ou genética.

    Se o mundo não melhora, somos nós os culpados. Começamos devolvendo R$ 0,50 aos verdadeiros donos… E impedindo que nos roubem bilhões em mensalões, contas no exterior, estranhas compras de empresas criadas com o intuito de levar subornos ou pelo uso de balanço de empresas em que o governo têm participação acionária.

  2. Bom dia, Bruno.

    Se você ler o prefácio vai entender o meu comentário. Nada a ver com o momento histórico e menos ainda com o livro. Totalmente deslocado…

    Quanto ao restante de seu comentário, perfeito. Só que a doutrina defendida pelo PSDB/DEM é a do capitalismo à moda de Friedman, onde quem nasceu rico deve ficar mais rico e quem nasceu pobre deve morrer.

    E que fique claro que não estou fazendo comparações com Dilma Roussef.

    abs

  3. especie de bope do exército?
    tah de sacanagem neh rs
    o bope teve seu primeiro curso ministrado pelos forças especias do exército
    somos o pai deles rs

  4. Pedro Migão,
    aqui é um membro do DOPAZ. direto de port-au-prince.
    voce ta de parabens pela materia.
    e ao Antonio, que disse que somos pai do BOPE, tenha um pouco de humildade, se voce for um de nossos camaradas.
    vlw Brasil

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