A grande celeuma da semana neste reinício das atividades ludopédicas nacionais foi a série de medidas “disciplinadoras” determinadas pela Secretaria de Esportes do estado do Rio de Janeiro.
Talvez a mais polêmica delas seja a proibição da venda de ingressos nas três horas anteriores ao jogo. Além disso, a proibição de bebidas alcoólicas também foi estendida neste horizonte de tempo – a até três horas depois – bem como a circulação de torcedores será restringida também neste intervalo.
Mais uma vez, a decisão inclui algumas premissas absurdas. A principal delas é que em todo jogo no estádio teremos a mesma demanda de um Flamengo e Grêmio ou uma final de Estadual. Normalmente, em jogos de pequeno apelo o torcedor sabe que pode chegar com uma menor antecedência porque não terá atropelos para comprar seu ingresso.
Outra premissa é de que todo torcedor é um baderneiro e marginal em potencial, então ele “precisa ser controlado”. Depois de um século torcendo de maneira alegre e saudável vem uma dúzia de elitistas metidos a burocratas determinando o que pode e o que não pode ser feito.
Após a primeira rodada, que em um raro bom senso o Flamengo reabriu as bilheterias 45 minutos antes da bola rolar – isso para um público de dezesseis mil pessoas – a Secretária de Esportes do estado, em uma manifestação típica de estado pré-menstrual resolveu endurecer a medida: agora ingressos para jogos no estádio só podem ser vendidos até 24 horas antes do início da partida.
Ou seja, se eu quiser assisitir a Flamengo e Americano, quarta feira que vem, terei de pegar meu carro um dia antes, ir ao estádio – onde parar é quase impossível, mesmo que por poucos minutos, senão o guincho da Prefeitura leva – adquirir os ingressos. Isto para um jogo que não dará mais que 25 mil pagantes. Surreal, para dizer o mínimo.
Nesta visão, é o demandante do produto futebol que deve se adaptar ao evento, e não ao contrário. Lembro que a venda de ingressos pela internet é incipiente, e cobra uma taxa extorsiva de “conveniência”.
Na prática os clubes, que nadam em recursos, irão perder dinheiro. Se eu resolver de última hora ir a um jogo que tenha uma demanda reduzida, ou fico no PPV (que anda uma lástima, mas isso é assunto para outro post) ou me arrisco na mão de cambista. Depois reclamam que os jogadores saem cedo para o exterior…
Sinceramente, é dificultar a vida do torcedor sem nenhum propósito. Concordo com a medida em jogos de grande apelo, mas estender até a Flamengo e São Longuinho do Oeste é apenas dificultar a vida do amante do futebol e fazer os clubes, literalmente, rasgarem dinheiro.
Some-se a isso a absurda proibição de venda de cerveja, agora ampliada – sobre a qual escrevi em outro post – e parece que a idéia é realmente fazer todos os jogos sem presença de público. É um anti-marketing total.
Povo atrapalha.