O grande João Saldanha – que entendia pacas de futebol e carnaval – gostava de dizer, com um humor do cão, que os compositores das escolas de samba tiveram sorte com a construção da passarela de desfiles na Marquês de Sapucaí.
O argumento é simples: Fazer rima com Sapucaí é a coisa mais fácil do mundo. Basta escrever alguma coisa terminada em i , rimar com na Sapucaí e correr pra torcida. Saldanha completava o raciocínio com um desafio:
– Eu quero ver é se um dia os desfiles forem na Almirante Cochrane.
Pois bem, uma das escolas mais favorecidas com isso é a Paraíso do Tuiuti, a simpática agremiação de São Cristovão, nascida em 1954 a partir da fusão entre a Unidos do Tuiuti e a Paraíso das Baianas.
É raríssimo encontrar um samba da escola que não apresente uma solução do tipo Na Sapucaí / com a Tuiuti ; rima mais mole que pudim de minhoca.
Essa é uma das razões que me fazem gostar do samba da Tuiuti de 2001 – Um mouro no quilombo: Isto a história registra: O samba não rima Tuiuti com Sapucaí !
O enredo, baseado no livro “Capitão Mouro” de Georges Bourdoukan, conta a história de um certo Saifudin, muçulmano que, ao parar no Brasil depois de um naufrágio, teria construído as fortificações do Quilombo dos Palmares. Lembrei dele hoje quando um aluno me perguntou sobre muçulmanos no Brasil colonial.
O samba, de Eduardo Medrado e João Estevam, tem uma melodia arrojada pra diabo – cheia de detalhes que o cabra só percebe ouvindo com uma atenção da peste. O velho João Saldanha aplaudiria, tenho certeza.
Ouçam a Tuiuti sem a rima com Sapucaí – coisa mais difícil que achar cabelo em ovo – primeiro com a gravação de estúdio e, mais abaixo, com a entrada da escola na avenida [e, sou réu confesso, não consigo deixar de me emocionar com uma escola de samba entrando na pista; é a coisa mais comovente – impactante – do mundo ]
Saravá!
Oi, Simas!
Saldanha, patrono da minha turma de Jornalismo, saudosas figura, tem toda razão…Rimar com Sapucaí é mole.
Mas o Chico Buarque de Hollanda não conseguiu encaixar a palavra “paralelepípedo” num samba-enredo fictício? Aliás, um dos melhores sambas de enredo que já ouvi…
E almirante Cochrane, dá-se um jeito…Espicha-se a última sílaba e se faz do nome um oxítono…Cocranííí…
Claudio Renato: e o Aldir que fez rima pra quadrúpede????? Gênio! Abraço.
EDU e CLAUDIO, quadrúpede é foda.
Adoro esse samba, Simas. Esse – de 2001 – foi um carnaval inesquecível… Agora, me diz: quem era o puxador? (Parece o Wantuir, mas não é).
Saudações imperianas!
CA, o puxador é o Ciganerei.
Saudações imperianas!
Simas, no apoteose.com consta como autores:César Som Livre, Kleber Rodrigues, David Lima, Cláudio Martins
Me supreendi ao falar que o Samba é o Joao estevam… Naquela época eu nao era tao fanático por samba.
Grande Felipe, coisas do samba, meu velho.Esse é um exemplo famoso de samba não assinado.Acontece pacas.
Abração
A Vila com Kizomba, a festa da raça e a Tuiuti com o Capitão Mouro, inesquecíveis. Grande Bourdoukan!
E que obra-prima a música deste samba! “… o mais sublime dom de Alá”
Obrigada, estava atrás deste samba!