Em 1951 houve dois eventos de importância tremenda no Brasil – a volta de Getúlio Vargas à presidência e a construção da estrada de ferro que selou o progresso do município alagoano de Arapiraca e marcou o futebol mundial. O segundo ponto, é evidente, me interessa mais e é sobre ele que escreverei.
Os trabalhadores da estrada de ferro, sem ter muito o que inventar nos dias de folga do batente pesado, apelaram à empresa responsável pela obra para que se construísse nas imediações um campo de futebol. E assim foi.
O campo da estação virou atração na cidade e os trabalhadores fundaram o Ferroviário, potente esquadrão alvinegro que em pouquíssimo tempo de vida marcou época em Arapiraca e arredores.
Quando a ferrovia ficou pronta, em 1952, o time de futebol acabou. Para que? A população, já absolutamente viciada no bom e velho ludopédio do final das tardes de domingo, ameaçou transformar Arapiraca numa sucursal do inferno se um outro time não fosse criado.
Foi assim, atendendo a um clamor das massas arapiraquenses, que as autoridades locais e empresários com vergonha na cara resolveram criar a Associação Sportiva de Arapiraca, o ASA velho de guerra. De forma arrasadora, o novo clube conquistou em seu primeiro ano de vida o campeonato alagoano de 1953.
Nos anos sessenta, enquanto Fidel Castro aprontava em Cuba e o homem começava a ir ao espaço sideral com a mesma frequência com que eu vou a Paquetá, o ASA passou a ser mundialmente conhecido como o Fantasma das Alagoas. A alcunha se deve a uma série de excursões pelo Nordeste em que o esquadrão alagoano derrotou deus e o mundo, dando surras memoráveis e assombrando os grandes clubes da região. A passagem do ASA pelas cidades do sertão nordestino tem impacto só comparável aos feitos do bando de Lampião e as romarias do Padre Cícero por aquelas bandas.
Em 1977 , ano em que a Beija Flor conquistou o bicampeonato do carnaval carioca e uma vizinha da minha avó se matou em protesto contra a aprovação da Lei do Divórcio no Brasil, houve uma decisão histórica e democrática da maioria dos associados e torcedores do ASA que colaborou decisivamente para o início do processo de abertura política e desmonte do regime militar : O clube deixou de se chamar Associação Sportiva de Arapiraca e passou a ser a Agremiação Sportiva Arapiraquense. Um marco.
As glórias do ASA não pararam mais. Depois de impactante participação no campeonato brasileiro de 1979 [foi o quadragesimo colocado no certame que reuniu 94 clubes], e de eliminar o Palmeiras em pleno Parque Antártica na Copa do Brasil de 2002, o ASA é hoje o maior campeão alagoano do século XXI e acaba de ser vice campeão brasileiro da série C, conquistando o direito de disputar a segundona em 2010. Teremos, quem sabe, o clássico ASA X Fluminense no ano que vem.
Como não poderia deixar de ser, encerro essa louvação ao Fantasma das Alagoas com o hino do ASA. A letra e a melodia lembram, pela dramaticidade e tom guerreiro, a Marselhesa. Ouso dizer que é ainda mais impactante que o velho hino francês. A letra é a seguinte:
Na terra dos marechais, um clube esportivo se destaca.
Pelo valor de seus craques, o Asa de Arapiraca
O seu pendão alvi-negro, içai com garbo varonil,
Conquistando sempre vitórias,
Sob os céus deste Brasil.
Oh! craques da esportiva, o ASA gigante tornai.
Com bravura e galhardia, ide avante.
Lutai! Lutai!
Oh! ASA da minha terra, aos píncaros da glória voai,
E aos vossos admiradores, os loiros da vitória legai.
Orgulhoso e altaneiro, o ASA sempre de pé,
Ficará nas páginas da história,
Da terra de Manoel André.
Pelo valor de seus craques, o Asa de Arapiraca
O seu pendão alvi-negro, içai com garbo varonil,
Conquistando sempre vitórias,
Sob os céus deste Brasil.
Oh! craques da esportiva, o ASA gigante tornai.
Com bravura e galhardia, ide avante.
Lutai! Lutai!
Oh! ASA da minha terra, aos píncaros da glória voai,
E aos vossos admiradores, os loiros da vitória legai.
Orgulhoso e altaneiro, o ASA sempre de pé,
Ficará nas páginas da história,
Da terra de Manoel André.
[Para quem não sabe, Manoel André é o cabra que, em 1848, fundou o povoado que deu origem a cidade do ASA, nas proximidades de uma árvore frondosa de arapiraca – eis aí a razão do nome. Os marechais do início do hino são, é claro, os alagoanos Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.]
Escutem abaixo essa magnífica exortação ao Fantasma mais amado do mundo e fiquem com o meu abraço :
Ô, Simas… Faz isso, não… Contaí a história da vizinha da sua avó… Como assim se matou por causa da Lei do Divórcio? Moralista? Ou ia perder o marido? Tem certeza de que foi por isso mesmo?
Olá Simas! Vim me juntar à minha amiga Duda, para manifestar minha (e de toda a filial de Nit) revolta por não termos conseguido uma aulinha com você.
Estamos todos muito saudosos, e nos perguntamos como conseguiremos aprender esta matéria maravilhosa que é História sem nosso mais idolatrado professor.
Porém, tendo aula ou não, saiba que você é eterno para todos nós! Não te esqueceremos tão cedo.
Abraços,
Sara
Como Corinthiano tenho grande respeito pelo ASA.
Por fim, também fiquei curioso com essa história da muié que se matou.