Quem leu o post que escrevi sobre rabada sabe que estava devendo um texto sobre outra iguaria da chamada “baixa gastronomia”, se bem que “baixa” é uma injustiça nestes casos: a dobradinha.
Tem muita gente que torce o nariz para a mesma sem saber o que está perdendo. A dobradinha, ou bucho, representando o estômago do boi, é utilizada em preparações saborosíssimas.
Normalmente é feita com feijão branco, acompanhando paio e lombo salgado, batatas e cenouras. Seu caldo, suculento, faz um casal absolutamente perfeito com arroz branco, bem soltinho e saboroso…
Há também o cassoulet, versão francesa da nossa dobradinha com feijão branco. 

Entretanto, o que pouca gente sabe é que a dobradinha, cortada em pedaços maiores, retangulares, fica incrivelmente irrestível abrilhantando a nossa boa e velha feijoada. Confere ao feijão um sabor especial.
Todo mundo a quem falo sobre isso olha com incredulidade, mas é a pura verdade. Uma vez minha sogra fez uma feijoada e colocou, por insistência minha, um pedaço da iguaria. Pois é, não sobrou nem um pedacinho para contar a história, eu mesmo quase fiquei na saudade…
A boa dobradinha não pode ser comprada se estiver escura, sinal de qualidade não muito boa. Quanto mais clara, melhor.Outro segredo é dar um banho de limão antes de temperar, bem como aferventá-la. Não fica resquício de mau cheiro, nem de gosto ruim. 
Conheço uma boa versão do prato no botequim que indiquei no post sobre a rabada, sempre – e apenas – as quintas feiras. Se bem que o bom, mesmo, é saboreá-la em casa, acompanhada daquela cerveja esperta. 
Se você tem preconceito contra a dobradinha, não sabe o que está perdendo. Experimente.

2 Replies to “Dobradinha, outra injustiçada”

  1. Fala Migão,

    se tem uma coisa que eu acho ruim pra dedéu é a tal da dobradinha … este dias voce falou em vaca atolada … putz isso sim é bom demais da conta … ainda mais acompanhado de uma cerveja bem gelada …

    Vovô xaruto

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