Nesta segunda-feira, a série Sambódromo em Trinta Atos, do jornalista esportivo Fred Sabino, se encerra com o desfile deste ano de 2014, que na verdade foi o 31º ato da passarela. Mais do que simplesmente relembrarmos um desfile que ainda está vivo na memória, o texto de hoje agradece aos leitores que acompanharam passo a passo os trinta atos iniciais.

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O trigésimo-primeiro ato de um templo

A fase pré-carnavalesca de 2014 foi marcada por mudanças políticas em três das mais tradicionais agremiações do Rio de Janeiro. A Portela, depois de um longo período presidida pelo contestado Nilo Figueiredo, teve a chapa de Sérgio Procópio sufragada. Já na Estação Primeira de Mangueira, Ivo Meirelles não disputou a reeleição e o novo presidente passou a ser o deputado Francisco de Carvalho, o Chiquinho da Mangueira. Já a Mocidade Independente de Padre Miguel, a 20 dias do carnaval, teve a destituição do presidente Paulo Vianna por supostas irregularidades em sua administração – assumiu o vice Wandyr Trindade, o Macumba, embora o comando na prática tenha ficado com o patrono Rogério de Andrade, filho de Castor.

Fato é que a crise política na Mocidade se refletiu no barracão: com o enredo “Pernambucópolis”, a escola prometia homenagear Fernando Pinto e o estado natal do falecido carnavalesco, mas o atraso na preparação e a falta de recursos eram evidentes e, após a mudança na diretoria, até integrantes da Portela foram ajudar, já que a confecção do enredo sobre o porto do Rio estava pronta com antecedência. Já a Verde e Rosa, que tinha como outra novidade a carnavalesca Rosa Magalhães, teria como enredo as festas brasileiras.

Outra escola que vivia uma grande crise política e financeira era a campeã Unidos de Vila Isabel. Houve um severo atraso na entrega de fantasias e confecção de alegorias e a finalização de alguns figurinos era uma incógnita a poucos dias do desfile. O carnavalesco Cid Carvalho chegou a deixar a escola no meio da preparação e foi substituído por uma comissão, mas voltou aos trabalhos pouco antes do Carnaval.

A vice-campeã Beija-Flor não vivia nenhuma crise, mas foi bastante criticada pela escolha do enredo, no caso uma homenagem ao ex-diretor de operações da TV Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, associada à história da comunicação. O samba-enredo também recebeu severas críticas e a escola, em um ato inédito na história do Carnaval, emitiu um comunicado de imprensa para explicar a letra.

Por outro lado, foram recebidas com muito entusiasmo as escolhas de enredo da Unidos da Tijuca e Imperatriz Leopoldinense. Afinal, ambas decidiram prestar homenagens a dois dos grandes ídolos do esporte brasileiro: Ayrton Senna, no vigésimo aniversário de seu falecimento, e Zico, que completaria 61 anos de idade justamente no dia em que a escola de Ramos entraria na avenida, 3 de março.

Já o Salgueiro teria um denso enredo sobre a criação do universo sob a ótica da lenda africana de Olorum.  A Acadêmicos do Grande Rio escolheu como tema a cidade fluminense de Maricá e faria uma lembrança da cantora Maysa, que escolheu o local como refúgio nos seus últimos anos de vida. Quem prometia um desfile leve, com a sua cara, era a União da Ilha, sobre os brinquedos e brincadeiras. Completavam o desfile a São Clemente, com um enredo sobre as favelas que acabou confeccionado pelo experiente carnavalesco Max Lopes, e o Império da Tijuca, que levaria para a avenida a história do batuque, desde os rituais africanos até os dias de hoje.

OS DESFILES

O Império da Tijuca abriu os desfiles com uma apresentação agradável com o enredo “Batuk”, do carnavalesco Júnior Pernambucano. O samba-enredo funcionou bem, principalmente no refrão principal. A bateria começou o desfile muito acelerada, mas aos poucos atingiu um andamento mais aceitável, principalmente pela ótima atuação do intérprete Pixulé.

Em alegorias, o Imperinho teve um bom conjunto, com destaque para o carro do folguedo do Maracatu. Já o carro “Batuque Místico”, que tinha uma enorme escultura de preto velho, sofreu para entrar na pista, mas conseguiram manobrar a alegoria a tempo antes que se criasse uma cratera depois da linha de início de desfile. Gostei da maioria das fantasias, mas do meio para o fim havia um excesso de peso. Na ala “Sacopé” houve problemas, pois havia atabaques como adereços e diversos componentes não os levaram, o que descaracterizou o conjunto. O carnavalesco utilizou diversos tripés e adereços de mão, o que rendeu bom efeito.

Gostei da divisão cromática que pendia para as cores da escola no começo e foi ficando com tons mais diferentes do meio para o fim, quando o desfile ficou menos místico e mais profano, como no colorido carro “Manguetown” (que representava a diversidade de batuques em Pernambuco) e na alegoria “Batucada Imperial”, que homenageava a escola com a coroa (toda em verde) e esculturas de formigas, lembrando o Morro da Formiga. No entanto, em determinados momentos houve falhas de acabamento.

Não foi uma apresentação tecnicamente perfeita em evolução e harmonia, já que o abre-alas demorou a sair da pista e isso gerou um descompasso. Além disso, se as primeiras alas cantaram o samba a plenos pulmões, houve uma irregularidade no canto nas últimas, sobretudo na ala “Dança do Fogo”, em que alguns integrantes passavam praticamente mudos pela pista, enquanto outros cantavam. Mas foi um bonito desfile, que deixou a impressão de que a escola ao menos se manteria na elite.

granderiodesfile2014Mesmo com um samba fraco, a Acadêmicos do Grande Rio agradou com o enredo “Verdes olhos de Maysa sobre o mar, no caminho: Maricá”. A comissão de frente era formada por um gigantesco elemento alegórico representando um navio com um canhão que disparava um homem bala fantasiado de pirata rumo a uma rede que amortecia sua queda – o homem-bala foi o chileno Chachi Valencia, que trabalha nos Estados Unidos e Europa e foi descoberto pela escola em um show em Las Vegas. Havia muito mais do que os 15 integrantes regulamentares, mas enquanto uns (piratas) ficavam escondidos, outros (caranguejos) faziam evoluções dentro do elemento. Mas, para o meu gosto, embora com bom efeito, o “tripé” foi um exagero, até porque parecia mais um carro alegórico.

O abre-alas era muito bonito, grande e em branco, mas com iluminação colorida e muitos teclados e pianos, representando a chegada de Maysa à cidade onde resolveu ficar – havia ainda trechos de músicas da cantora com a caligrafia dela. A alegoria jogava muita água para cima e isso acabou deixando a pista molhada e perigosa para quem vinha evoluindo atrás. Gostei muito da alegoria que mostrava os jesuítas catequizando os índios da região. O vazado carro da estufa de Darwin, com muito verde e pessoas fantasiadas de borboletas, e a alegoria com uma locomotiva que simbolizava o progresso de Maricá também causaram ótima impressão. Agradou também o conjunto de fantasias, que estava luxosíssimo e de excelente gosto, principalmente os figurinos das alas das baianas.
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O samba-enredo como se esperava não empolgou o público e a harmonia da escola esteve irregular, com algumas alas cantando mais e outras passando de forma mais fria. Já a bateria de Mestre Ciça voltou a ousar com diversas paradinhas, e teve uma atuação melhor em relação a 2013 – a rainha de bateria Christiane Torloni chegou em cima da hora à concentração, mas conseguiu desfilar desde o início e fez par de dança com Ciça em determinados momentos do desfile.

No entanto, apesar da ótima concepção do conjunto visual por parte do carnavalesco Fábio Ricardo, a Grande Rio teve problemas de evolução, já que o enorme elemento da comissão de frente teve dificuldades para sair da pista por ter sido retirado pelo lado errado. A escola chegou a parar por mais de cinco minutos e depois correu, deixando a avenida com 81 minutos. De qualquer forma, a Grande Rio fez no conjunto um desfile bem superior a 2013, sobretudo nos quesitos plásticos. Porém, a volta no sábado das campeãs se mostrava bem difícil.

saoclementeabrealasJá a São Clemente, apesar alguns bons momentos com o enredo “Favela”, teve uma apresentação irregular, sobretudo pela forma até tímida como muitas alas evoluíram e a falta de um samba mais contagiante. A comissão de frente foi interessante, com dois momentos distintos representando as transformações das favelas. Num deles, personagens antigos das comunidades, com roupas antigas maltrapilhas, e depois os personagens modernos como a periguete, o mototaxista e o grafiteiro, que pichava num pano amarelo a palavra favela. Como no caso da Grande Rio, houve um grande tripé, com paredes dos barracos que abriam e fechavam de acordo com os momentos da apresentação. Num deles, uma mulata sobre um queijo sambava à frente de um painel que simbolizava o M da Apoteose.

As primeiras alas simbolizavam a Guerra de Canudos, de onde saíram sertanejos que fundaram a primeira comunidade do Rio, o Morro da Providência. A alegoria que se seguia era grande, com ótima iluminação e quase todo em espuma, com uma escultura grande e bem realizada de Antônio Conselheiro e outras de cactos e sertanejos. A alegoria que representou o Morro da Providência e sua construção foi bem realizada. O outro destaque em alegorias foi o elemento “Universo da Miséria”, que representava as favelas da Índia, com uma grande escultura de Madre Teresa de Calcutá. Os demais elementos não causaram grande impacto e tiveram problemas de acabamento.

Gostei das alas que homenagearam escolas como Salgueiro e Mangueira e as fantasias no geral foram adequadas. Mas houve irregularidade em outros quesitos, principalmente em harmonia, com algumas alas sem ânimo, o que vai de encontro à tradição irreverente da escola. O samba não era mesmo dos melhores, o ótimo intérprete Igor Sorriso estava rouco e, para piorar, a evolução foi bastante lenta devido à dificuldade de manobras das alegorias. Pareceu ainda que houve uma certa indecisão para a entrada da bateria no recuo. O último carro passou muito rapidamente pela pista e a escola apressou o passo para cumprir sua apresentação abaixo dos 82 minutos regulamentares. Havia risco de rebaixamento, pois o Império da Tijuca foi superior.

mangueira2Quarta a entrar na pista, a Estação Primeira de Mangueira teve um desfile de altos e baixos. O enredo “A festança brasileira cai no samba da Mangueira” foi muito bem desenvolvido pela carnavalesca Rosa Magalhães, mas ainda assim houve problemas. A comissão de frente chamava-se “A Diversidade das Festas Brasileiras” era muito interessante, com a festa do encontro dos índios com os portugueses quando do descobrimento. Uma oca muito bem acabada se transformava em diversas saias e roupas para as mulheres (que trocavam de roupa na pista) e simbolizavam as transformações das festas brasileiras. Mais um grande trabalho do coreógrafo Carlinhos de Jesus na volta à escola que defendeu de 1998 a 2008.

De cara, deu para perceber o estilo de Rosa Magalhães na concepção de alegorias e fantasias. A ala de baianas esteve espetacular, com figurinos representando o mar com direito aos crustáceos. Outra ala extraordinária foi a que simbolizou as oferendas a Iemanjá e a própria ala destinada a ela. A alegoria de Iemanjá era brilhantemente concebida, com iluminação impecável e tinha a velha guarda, além de uma discreta Rosa Magalhães como destaque, vestida de mãe de santo. Outra ala muito bem vestida era sobre a quadrilha de São João, com bela coreografia. A esperada alegoria sobre a parada gay não teve concepção tão feliz e houve problemas de acabamento em outros elementos.

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A bateria de Mestre Ailton esteve em grande noite, com a firmeza característica e belas convenções, como por exemplo no momento em que o naipe de tamborins (que tinham uma iluminação em led verde e rosa) fez a marcação com os surdos um. Além disso, a rainha de bateria Evelyn era içada por uma grua e ficava acima dos componentes, num belo efeito. Não houve as exageradas paradonas de outros anos, o que ajudou a sustentar o ritmo e evitar problemas de harmonia.

No entanto, apesar da excelente atuação do cantor Luizito, o samba-enredo não rendeu o que esperava, com um canto muito tímido de diversas alas. O público também assistiu ao desfile com frieza, exceto nos setores pelos quais passava a extraordinária bateria. Houve ainda problemas sérios de evolução na parte final, já que o bonito carro com o pajé não passou pela torre por problemas na grua e teve a cabeça quebrada para vencer o obstáculo e deixar a pista. Algo absolutamente inadmissível depois dos problemas de 2013 com o carro da libélula. Com isso, os componentes apertaram muito o passo para passar abaixo dos 82 minutos e conseguiram. Um desfile desperdiçado por falhas bobas.

salgueirodesfile2014bO Salgueiro fez uma apresentação muito bonita mas irregular com o enredo “Gaia, a vida em nossas mãos”, que contou a relação do homem com a Terra e a história da criação do mundo por intermédio dos elementos terra, água, fogo e ar. Renato Lage e sua esposa Márcia mais uma vez brilharam na concepção da maioria de alegorias e fantasias, mas o desfile também foi problemático.

O bonito e extenso carro abre-alas (47 metros e acoplado) apresentou problemas na embreagem e, além de soltar muita fumaça, causou um buraco na evolução de cara. Além disso, a iluminação do lado esquerdo teve falhas, uma pena pela beleza do elemento, no qual componentes fizeram belas coreografias. Um deles era o grande Djalma Sabiá, único fundador da escola ainda vivo. O ótimo tripé da comissão de frente tinha um belo efeito com uma componente levitando.

As fantasias estavam impecáveis, com o uso de materiais diferenciados como palha, sobretudo nos primeiros quadros do enredo, e uma divisão cromática voltada para os tons de marrom. Depois, as cores penderam para o verde e amarelo da natureza, especialmente no extraordinário carro “Terra”. Em seguida, entrou em cena o elemento água, com um incrível carro com o dragão chinês com o poder de conter a fúria das águas, e uma lindíssima iluminação em azul a ponto de a pista ficar com luzes.

Depois houve mais problemas de iluminação no carro que simbolizava o elemento fogo. Depois de o carro percorrer boa parte da avenida apagado, as luzes só voltaram quando a alegoria passava pelo recuo da bateria. Mas logo em seguida, as luzes se apagaram novamente. No fim, numa alegoria que não me agradou e quebrou o conjunto, o Salgueiro falou sobre as formas alternativas de energia, como a solar e eólica. O desfecho deixou uma mensagem de preocupação com o futuro do planeta, com uma bela alegoria de uma enorme caveira sobre um globo.
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Além dos problemas com alegorias, o samba-enredo, apesar de bonito, arrastou-se do meio para o fim do desfile. Com isso, o Salgueiro foi outra escola a apresentar harmonia irregular. Para piorar, o abre-alas voltou a apresentar problemas perto da torre e a evolução foi lentíssima. Para se ter uma ideia, a bateria só chegou ao recuo com mais de uma hora de desfile. Por outro lado, os ritmistas de Mestre Marcão, que estavam vestidos representando o fogo, tiveram mais uma grande atuação, com bossas e paradinhas precisas.

Mas infelizmente os problemas já mencionados atrapalharam o desfile do Salgueiro e a escola teve de correr absurdamente para não estourar os 82 minutos regulamentares. Conseguiu a duras penas e a luta salgueirense foi aplaudida pelo público na Apoteose, que finalmente cantou o samba com os componentes puxando grito de “campeão”. Mas, se foi um desfile muito bonito, dos mais belos do ano, os problemas em evolução e harmonia poderiam atrapalhar a briga pelo título.

beijaflor1A Beija-Flor não ligou para as vaias vindas dos setores 2 e 3 após cantar o samba jingle de uma emissora de televisão em seu esquenta e, mesmo sem ter empolgado o público, fez uma apresentação correta na maioria dos quesitos com o enredo “O astro iluminado da comunicação brasileira”. A escola fez um passeio pela história da comunicação para culminar com a exaltação a Boni.

A comissão de frente foi bastante diferente do habitual e teve um tripé em forma de cenário com beija-flores simbolizando a comunicação, e um tabuleiro de xadrez cujas peças eram os componentes simbolizando o jogo de xadrez no planejamento para a comunicação. A novidade ficou por conta da apresentação de Selminha Sorriso e Claudinho dentro da comissão, cercada pelos integrantes. Não só foi uma surpresa, como ajudou na evolução da escola. Por outro lado, havia o risco de perda de pontos no quesito Mestre-Sala e Porta-Bandeira pela evolução em conjunto com a comissão. Na teoria era uma boa ideia e até elogiei no dia, mas era confuso mesmo e seria bastante punido pelo júri.

A escola começou a contar a saga da comunicação desde a Mesopotâmia, passando pela China, onde foi inventado o papel, e Grécia, onde a oratória se consolidou. Gostei da maioria das alegorias, em especial a da imprensa. O carro em homenagem a Boni não me agradou tanto em concepção e foi recheado de globais que pagaram tributo ao empresário. Interessantes também as imagens de Boni retratadas em telas de led, tudo funcionando impecavelmente.

Este desfilou fantasiado de Chaplin à frente da bateria, que tinha a mesma fantasia. Boni se arriscou ao tocar tamborim e foi cortejado pela exuberante rainha de bateria Raíssa. A bateria da Beija-Flor passou praticamente “reta”, sem muitas ousadias, mas teve a melhor cadência da noite sem sombra de dúvidas e foi de extrema firmeza.

Isso permitiu que o limitado samba fosse bem cantado pelos componentes, já que Neguinho conseguia pronunciar as palavras sem atropelamentos. Houve um pequeno descompasso de evolução na parte final do desfile, mas, com o dia amanhecendo, a Beija-Flor terminou seu desfile como a escola de domingo que teve menos problemas, mesmo sem empolgar. Foi um desfile para a escola até chegar ao sábado, mas sem a força que se espera dela para título.

mocidade2Depois da enorme crise na fase pré-carnavalesca, a Mocidade fez sua exibição com muita emoção e garra para defender o enredo “Pernambucópolis”. Mas logo que a escola se armou na concentração, algo chamou a atenção: os diretores de harmonia vestiam camisas do Sport com o número 87. O carnavalesco Paulo Menezes, vascaíno ao que consta, resolveu provocar o Flamengo pela polêmica do título brasileiro de 1987. Para dizer o mínimo, uma ideia desnecessária, que resvalou no recalque. Para piorar, houve princípio de confusão entre os diretores de harmonia e seguranças da Liesa.

A criativa comissão de frente tinha uma nave como elemento de apoio lembrando o desfile de 1985 Ziriguidum 2001 e como novidade espectadores das frisas eram convidados a interagir na pista, com autorização da Liesa segundo a escola. Infelizmente como se esperava, as dificuldades da preparação atrasada e inadequada resultaram num conjunto alegórico modesto. O abre-alas chamava-se “Vim das estrelas com meu zirigudidum”, relembrando o título de 1985, e tinha Monique Evans, rainha da bateria 29 anos antes, como destaque. O carro tinha vários balões simbolizando planetas mas claramente a concepção foi simples.

Mas, diante das circunstâncias adversas, o enredo foi desenvolvido com muita clareza pelo carnavalesco, principalmente nas fantasias, que tinham acabamento mais adequado mesmo sem luxo. Já as alegorias, apesar de serem de fácil leitura, eram mais pobres. Os adereços de mão e outros elementos estavam corretos, como na ala dos grandes bonecos de Olinda, com direito a um deles lembrando o antigo patrono Castor de Andrade.

Já a alegoria “Tem batucada no meu São João” misturava o típico forró pernambucano e uma boate, chamada “Carnaval Disco Club”. Uma das esculturas tinha um beijo gay e componentes fizeram um beijaço na pista. Já o carro “Pernambucópolis”, todo em verde, fazia uma associação com a Tupinicópolis idealizada por Fernando Pinto e uma possível Pernambuco dos sonhos se o carnavalesco estivesse vivo, com muitos prédios inclinados.

O feliz samba-enredo rendeu maravilhosamente, com os componentes cantando a plenos pulmões e o público esteve junto com a escola o tempo todo. Mas o destaque absoluto foi a extraordinária bateria de Mestre Odilon, que teve deliciosa cadência e fez belíssimas paradinhas, uma delas com batida de frevo, com direito a sanfona. Aliás, os ritmistas estavam com fantasias que lembravam os figurinos dos astronautas de 1985, em dourado.

A evolução teve problemas por volta dos 50 minutos de desfile nas proximidades do módulo 1, com um buraco de 50 metros formado. Por outro lado, a escola não precisou correr para passar abaixo dos 82 minutos regulamentares. Foi uma apresentação simpaticíssima, com uma comovente garra dos componentes – alguns chegaram chorando à Apoteose. Restava saber o quanto os jurados iriam “canetar” nos quesitos plásticos para ver se a Verde e Branco correria algum risco de rebaixamento. Pelos quesitos de pista, não.

uniaodailhadesfile2014A União da Ilha teve uma linda apresentação com o enredo “É brinquedo, é brincadeira – A Ilha vai levantar poeira”, que levou a mensagem de que os antigos brinquedos despertam vocações às crianças enquanto os modernos tornam os jovens muito introspectos. O carnavalesco Alex de Souza fez um trabalho impecável tanto em concepção como em acabamento de alegorias e fantasias. Mas houve problemas que comprometeram o conjunto.

A criativa comissão de frente tinha componentes mullheres fantasiadas de borboletas e homens como palhaços. Elas pulavam corda ou amarelinha, lembrando duas brincadeiras antigas. Logo depois havia dois velhinhos à frente de um grande baú da memória que se transformava num cenário azul escuro simbolizando o céu com estrelas e uma bailarina e um soldadinho de chumbo “voando” presos a uma haste. Simplesmente deslumbrante e arrebatador.

A seguir, uma linda ala representando um jogo de dominó e um belíssimo tripé representando um bebê engatinhando. Outra ala criativa tinha fantasias representando bonecos de vários países e todos usavam patins, o que deu um efeito extraordinário. Todas as demais alas também estavam supercriativas e extremamente bem fantasiadas, representando vários jogos, como quebra-cabeça (esta ala tinha uma espécie de mosaico formando o símbolo da escola), jogo de varetas e ludo. Uma ala chamada “Come-Come” representava o Packman.
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O primeiro carro alegórico, representando a fábrica da alegria, veio apenas depois, com diversos soldadinhos de chumbo, duendes e um belo globo iluminado em neon com a palavra Brincadeiras – além do nome da escola com a tipologia dos estúdios Disney. A iluminação em amarelo era maravilhosa, dando brilho ao elemento. A presença de antigos representantes da escola engrandeceu ainda mais o carro. Outra linda alegoria chamava-se “A Loja de Brinquedos” e tinha Letícia Spiller vestida como bailarina e dançando com elegância em cima de um queijo. Havia ainda várias portas, das quais saíam componentes simbolizando diferentes brinquedos. Grandes esculturas de bebês se movimentando deram ótimo efeito ao elemento.

Adorei o carro alegórico que tinha dezenas de cubos formando os tradicionais jogos com letras e quadrados. Paineis de led muito bem iluminados simbolizavam os movimentos desses jogos de cubos. Simplesmente maravilhoso. Em ano de Copa do Mundo, o totó não foi esquecido e foi representado por um carro alegórico. Precedendo esse elemento, a ala de baianas tinha a saia em formato e pintura de bola de futebol, o que rendia um efeito incrível quando as senhoras giravam.

uniaodailha2Mas infelizmente houve alguns sérios problemas. As alegorias demoraram a ser manobradas para entrarem na pista, o que causou problemas de evolução, apressada a partir dos 50 minutos. Além disso, um dos tripés passou apagado pela pista, e o sexto alegórico teve problemas de concepção e também passou com as luzes apagadas. Pena!

Mas o problema mais grave ocorreu no carro que mostrava a tecnologia nos brinquedos. Antes mesmo do segundo recuo da bateria, o telão de led ficou torto e um dos queijos pendeu para a frente, o que deixou o destaque tenso e implorando por ajuda. Por sorte, a alegoria resistiu até o fim da pista e o destaque foi retirado sem ferimentos na dispersão. Este problema, além da dificuldade para a retirada do carro do totó causaram mais problemas de evolução.

A bateria comandada pelo estreante Thiago Diogo esteve firme, com boas bossas e paradinhas. Já o carro de som, como sempre bem conduzido por Ito Melodia, tinha soldadinhos com liras dando um molho a mais ao samba, que, no entanto, não foi bem cantado por algumas alas. A escola encerrou seu desfile ainda com boas chances de voltar no sábado das campeãs, pois teve um conjunto visual e enredo excelentes. Restava ver o quão os problemas citados iriam influir na apuração.

vilaCampeã de 2013, a Vila Isabel defendeu o enredo “Retratos de um Brasil plural”, que tentou mostrar as diversidades do nosso país, baseado no trabalho de Chico Mendes e Câmara Cascudo. Infelizmente a Vila foi um desastre absoluto nos quesitos plásticos. O atraso no barracão causado por um patrocínio frustrado e brigas políticas internas resultou num conjunto alegórico com acabamento ainda pior do que o da Mocidade e inúmeras alas chegaram à Sapucaí com figurinos incompletos. Uma tristeza…

Para se ter uma ideia, a fantasia da rainha de bateria Sabrina Sato chegou à Sapucaí levada por um mototáxi a instantes do início do desfile. Outros figurinos chegaram quando os cronômetros marcavam quase meia hora. Houve tensão na concentração e revolta dos desfilantes – o intérprete Tinga, que havia deixado a escola rumo à Unidos da Tijuca, chorou na concentração ao ver o péssimo conjunto visual da Vila.

Diversas alas apareceram sem chapéus e no carro abre-alas, por exemplo, componentes tinham apenas a parte de cima da fantasia e desfilaram com cuecas ou shorts. Uma ala em azul tinha apenas um colant azul e nada mais. Sobre as alegorias, pouco a acrescentar, já que o acabamento lamentavelmente foi pobre e falho.

A comissão de frente até que foi criativa, retratando os costumes e cultura do povo do sertão nordestino por intermédio da xilogravura. Infelizmente já houve problemas de acabamento nos elementos que formavam a comissão, mas os componentes evoluíram bem e fizeram interessante coreografia. A harmonia da escola esteve irregular, com algumas alas, principalmente as primeiras, cantando o samba com força, e outras passando mudas.

O belo samba-enredo dizia o verso “Tem que respeitar” e por isso mesmo fecho os comentários elogiando o bom desempenho da bateria, que fez boas paradinhas e imprimiu andamento adequadíssimo. Mas, de forma triste, a Vila encerrou se desfile com risco sério de rebaixamento pelas gravíssimas falhas visuais.

imperatrizl2014Na homenagem a Zico, a Imperatriz Leopoldinense fez uma bela apresentação, embora com erros nos quesitos de pista. O carnavalesco Cahê Rodrigues foi feliz na apresentação do enredo e na confecção de fantasias e alegorias. A comissão de frente trazia o sonho dos meninos pelo futebol e era seguido pelo tripé “Bem-vindos ao mundo da bola” com o destaque fazendo embaixadas e chutando bolas para os setores de arquibancada. No total, a Imperatriz distribuiu 500 bolas ao público com autógrafos de Zico estilizados.

Gostei da ala com os escudos representando botões de vários clubes, mas havia vários times que Zico jamais enfrentou como Audax e São Caetano… O bonito primeiro carro era parecido com o da União da Ilha representando um jogo de totó cercado pelos deuses do futebol, com lindas estátuas douradas. Grandes craques como Roberto Rivellino e Paulo Cesar Caju desfilaram na alegoria. Mas este elemento era acoplado e causou problemas à evolução da escola.

A alegoria que mostrava o então menino dormindo sobre bolas de futebol e sonhando também era muito bonita e tinha os familiares do craque e vários galos. O carro “Tesouros do Rei” simbolizou os troféus conquistados por Zico e era extraordinário, todo em azul e dourado, além de ter como destaques jogadores do Flamengo campeão mundial de 1981. O carro “Templo sagrado” representava o Maracanã e os 333 gols do maior artilheiro do estádio. Havia referências a adversários como Botafogo, Vasco e Fluminense e os ex-jogadores Gonçalves, Roberto Dinamite e Arthurzinho. Na parte traseira da alegoria, havia componentes vestidos de gladiadores fazendo coreografias numa parede que retratava um campo de futebol.
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O carro “Deus do Sol Nascente”, sobre o Japão, foi um dos melhores do desfile, com diversos elementos do país como bonecos, leques e gueixas, além da reprodução da estátua de Zico no estádio do Kashima Antlers. A iluminação era excelente, em vermelho e azul, o que valorizou o elemento. O carro do Flamengo tinha uma foto de Dida, ídolo de infância do Galinho e um grande urubu – vários rubro-negros desfilaram neste carro, como o ex-jogador e técnico Jayme de Almeida. O grande homenageado desfilou no último carro, que tinha a coroa da Imperatriz oferecida a ele. Zico cantou o samba com alegria e reverenciou o público.

O samba-enredo, por sinal, rendeu mais na segunda metade do desfile, apesar de o cantor Wander Pires estar com dificuldades com a voz – aliás, Wander discutiu com o compositor do samba-enredo Elymar Santos na concentração e o teria tirado do carro de som. A bateria começou acelerada demais pro meu gosto, mas aos poucos encontrou o melhor ritmo e foi ousada nas paradinhas e convenções.

O único grande pecado da Imperatriz foi no quesito Evolução, já que houve dificuldades para as alegorias entrarem na avenida pela grandiosidade dos elementos. Houve vários buracos durante o desfile e no fim a escola teve de apertar o passo para não estourar os 82 minutos regulamentares. A Imperatriz saiu da avenida sob aplausos do público e também se colocou com força na briga pelo menos por uma vaga no Desfile das Campeãs.

porteladesfile2014Penúltima a entrar na avenida, a Portela fez uma apresentação absolutamente arrebatadora e brilhante com o enredo “Um Rio de Mar a Mar: do Valongo à Glória de São Sebastião”, que contou a história do centro do Rio. De volta à escola em que surgiu, o carnavalesco Alexandre Louzada fez um trabalho perfeito na concepção e acabamento das sete alegorias e dois tripés – seriam três, mas um deles, sobre a Rádio Nacional, teve dois pneus furados e a barra de direção quebrada, e a Harmonia da escola optou por não colocá-lo na avenida. De cara uma surpresa: uma águia controlada por controle remoto sobrevoou a avenida toda apresentando a escola.

A comissão de frente teve a lindíssima águia como elemento cenográfico. As asas vinham fechadas e se abriam mostrando o cenário do Rio de Janeiro visto do porto, com o Pão de Açúcar ao fundo, e casais saindo do elemento para interagir com outros componentes que tinham estandartes da coroa de Portugal. Todos estavam maravilhosamente vestidos. A seguir passaram a porta-bandeira Danielle Nascimento e o mestre-sala Diogo, também com figurinos brilhantes.

O abre alas se chamou “Um Mar de Portela” e representou as forças da natureza, no caso o mar e a Águia portelense. Águia não, águias, pois além da principal, que estava maravilhosa, havia mais 21 águias representando os títulos da escola. A iluminação estava extraordinária e o acabamento de cair o queixo. Os componentes da alegoria estavam maravilhosamente vestidos com capas representando asas de águias e os movimentos davam efeito como ondas do mar. Para mim, a melhor alegoria entre todos os desfiles de 2014.

Em seguida, uma maravilhosa ala coreografada simbolizando o jongo e o carro “O cais do Valongo”, também de grandiosa concepção. O navio foi maravilhosamente iluminado e tinha lindas esculturas de negras. Em seguida a essa alegoria, desfilou a grande madrinha da comunidade portelense Dodô e a velha guarda passou logo antes de mais uma deslumbrante alegoria, sobre o demolido teatro Monroe.
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Outra alegoria deslumbrante foi a que representou o Theatro Municipal do Rio, com esculturas maravilhosas, principalmente a de Carlos Gomes, e iluminação em rosa. O carro sobre o Carnaval de rua também agradou, com a retratação da antiga decoração de rua criada por Fernando Pamplona. A seguir, o carro “Cinelândia Dia e Noite” tinha uma sala de cinema com plateia coreografada vendo um telão. Aliás, as fantasias não ficaram devendo em nada em relação às alegorias e contaram o enredo com muita clareza, além de estarem criativas e muito bem acabadas.

Os anos de chumbo da ditadura foram bem retratados em alas como a das Diretas já e um tripé com um tanque de guerra. Por fim, um elemento alegórico representando “O despertar do gigante” simbolizou as manifestações de 2013. O elemento era altíssimo e, tal como os demais elementos, tinha impacto e era muito bem acabado, com as cores do Brasil – o pessoal de Parintins foi o responsável pelos movimentos do gigante, que foi rebaixado para passar pela torre de TV. Por fim, a alegoria “O Mar que traz a fé” mostrou uma imagem estilizada de São Sebastião (padroeiro do Rio), sincretizando com o orixá Oxossi e deixou uma mensagem otimista para o Rio, também com perfeita concepção e acabamento.

Nos quesitos de pista, a Portela também esteve perfeita, com harmonia e evolução impecáveis. A Tabajara do Samba imprimiu excelente cadência ao ótimo samba-enredo, que foi defendido com segurança pelo estreante Wantuir. Ao contrário das outras escolas, que erraram em algum momento, a Portela esteve impecável nos quesitos e deixou a avenida candidatíssima ao título.

utijuca2014

A Unidos da Tijuca encerrou o Carnaval de 2014 com uma apresentação irreverente e agradável na homenagem a Ayrton Senna tendo como pano de fundo a velocidade. Goste-se ou não da misturada que o carnavalesco Paulo Barros fez com personagens de desenhos animados e aspectos da velocidade, a escola passou muito bem o que se propôs a fazer, com alegorias e fantasias bem criativas, embora com pequenos problemas de acabamento em alguns elementos.

A comissão de frente tinha personagens como Dick Vigarista, Ligeirinho, Papa Léguas e até o velocista Usain Bolt disputando uma corrida com Ayrton Senna. Um enorme elemento alegórico em formato de boxes escondia um carro de corrida com a pintura da McLaren de Senna e este superava os adversários. Num belo efeito, o carro de Fórmula 1 puxava um pano branco de uma mesa sem que os troféus fossem derrubados.

A escola passeou por diversos itens ligados à velocidade na visão de Paulo Barros. Teve até floresta com os mais velozes animais silvestres. Gostei muito de uma ala simbolizando os remadores, com uma enorme lona azul simbolizando a água e um barco por cima, num belo efeito. Outro destaque foi a alegoria “Chegada”, que tinha uma pista oval e um kart de verdade, cercado por um painel de fotos de Senna e pessoas escondidas dando bandeiradas.

utijuca2014cAs alas referentes aos personagens de desenhos animados já citados renderam boa comunicação com o público. No fim do desfile, a ala das crianças representou o personagem Senninha e outra, o Instituto Ayrton Senna. A última alegoria representava o pódio e tinha uma grande coreografia dos componentes, que tinham macacões vermelhos. Havia dezenas de troféus dourados e o elemento soltava água simbolizando a chuva tão marcante nas vitórias do tricampeão.

Não gostei do samba, mas foi bem cantado pelos animados componentes. A bateria deixou o box (sem trocadilho…) com um extasiado Paulo Barros dançando à sua frente. Foi um belo e alegre desfile, apenas inferior no conjunto em relação à Portela, já que a evolução da Azul e Amarelo também foi coesa e sem sobressaltos. Gostei do arrastão da alegria que se formou atrás da escola.

REPERCUSSÃO E APURAÇÃO

Depois de um carnaval marcado pela irregularidade na maioria dos desfiles, a expectativa do público e da crítica foi a de que Portela, Tijuca e Salgueiro brigariam pelo campeonato décimo a décimo, embora na minha opinião o Salgueiro tenha tido problemas no quesito Evolução, o que pelo menos na teoria deveriam ter tirado a escola dessa disputa. Se eu tivesse opção de escolha, apontaria a Portela como campeã pela excelência em praticamente todos os quesitos.

Mas no fim das contas a apuração foi absolutamente complicada – escrevi aqui no Ouro de Tolo. Para começar, a Beija-Flor ter ficado na sétima colocação foi um exagero, já que, apesar de alguns problemas pontuais, foi correta em boa parte dos quesitos. A Tijuca, embora tenha feito um desfile muito bom, foi julgada com benevolência no quesito Alegorias e Adereços e, não fosse isso, poderia ter perdido o campeonato.

Já o Salgueiro, da mesma forma, foi menos despontuado do que deveria em Evolução, o que deu a ele e o vice, e a quarta colocada União da Ilha não foi julgada como deveria em Alegorias e Adereços devido aos problemas já citados, embora tenha sido prejudicada em Samba-Enredo. Mas a escola mais prejudicada foi sem dúvida o Império da Tijuca, que deveria ter permanecido no Grupo Especial, mas foi vergonhosamente rebaixado em último lugar.

Porém, entre tantas barbaridades na apuração, nada foi mais gritante do que o julgamento da Vila Isabel. Pasmem os senhores, a escola chegou a receber um 10 em Alegorias e Adereços e teve pontuação semelhante ou superior a Salgueiro, Mangueira e Beija-Flor. Em fantasias, a Vila perdeu apenas 0,5 em quatro jurados, mesmo com destaques vestidos de cuecas.

Enfim, um julgamento absolutamente lamentável, que colocou em xeque a credibilidade de alguns jurados, que acabaram defendidos pelo presidente da Liesa, Jorge Castanheira: “Acho que o processo de iluminação da avenida esse ano, que foi um projeto da Liga e que diminuiu um pouco a intensidade da luz, pode ter atrapalhado a visão de alas. Mas coisas desse tipo a gente tem de analisar e corrigir o que for necessário, para um futuro melhor no Carnaval 2015. O corpo de julgadores já vem há anos fazendo um grande trabalho.” 

RESULTADO FINAL

POS. ESCOLA PONTOS
Unidos da Tijuca 299,4
Acadêmicos do Salgueiro 299,3
Portela 299
União da Ilha do Governador 298,4
Imperatriz Leopoldinense 297,6
Acadêmicos do Grande Rio 297,2
Beija-Flor de Nilópolis 296,4
Estação Primeira de Mangueira 296,2
Mocidade Independente de Padre Miguel 296
10º Unidos de Vila Isabel 295,9
11º São Clemente 294,3
12º Império da Tijuca 291,6 (rebaixada)

viradouro1Em seu segundo ano sob nova organização em dois dias de desfiles, o Acesso A teve dois dias bastante desnivelados de desfile, com um sábado bastante superior à sexta-feira. Unidos do Viradouro, Estácio de Sá, Unidos de Padre Miguel (apesar de muito atrapalhada pela evolução lenta e posterior correria) e Acadêmicos do Cubango fizeram não somente os melhores desfiles de sábado como os melhores no geral, ocupando pela ordem quatro das cinco primeiras posições – com a Porto da Pedra, que desfilou na sexta feira, “intrusa” no quarto lugar.

O título ficou de forma justa com a Viradouro, apesar da torrente de notas 10 a nosso juízo exagerada. Foram rebaixadas a Rocinha, a Tradição (ambas com desfiles abaixo da crítica) e a União de Jacarepaguá, que teve problemas em seu desfile. Com isso, a Em Cima da Hora, que viera do Grupo B e que reeditou “Os Sertões”, manteve-se no grupo – apesar do péssimo julgamento do quesito samba enredo, alvo inclusive de post à época.

A preparação deste desfile foi muito prejudicada pelas condições precárias dos barracões de diversas escolas, afetados pelas obras de revitalização da área portuária do Rio de Janeiro. Há a promessa de uma “Cidade do Samba 2” para abrigar os barracões deste grupo, mas até agora não saiu do papel.

A se ressaltar também, infelizmente, a crise vivida pelo Império Serrano, que fez um desfile abaixo da crítica – a ponto de muitos analistas acharem o sexto lugar injusto – e que está imerso em grave briga política, com guerra de liminares e eleições suspensas pela Justiça.

A Unidos de Bangu venceu o Grupo B na Intendente Magalhães e reestreia na Sapucaí em 2015. A escola havia “enrolado a bandeira” e ressurgiu há dois anos graças ao trabalho de alguns abnegados como o Presidente Rafael Marçal e outros. Conseguiu dois acessos consecutivos nesta nova fase e subiu para a Série A em 2015.

CURIOSIDADES

– Fátima Bernardes voltou às transmissões dos desfiles do Grupo Especial pela TV Globo depois de duas décadas. E outro que se juntou a Luis Roberto na narração foi Tiago Leifert, que no começo estava mais contido, mas depois se soltou e começou a fazer piadas.

– Pouco antes do desfile da Beija-Flor, chegou à concentração a informação de que o patrono Aniz Abraão David, o Anísio, teria falecido. Mas, apesar de ele ter sofrido problemas de saúde recentes, era um boato.

– Aliás, a ausência da Beija-Flor do Desfile das Campeãs irritou Boni, que acusou os jurados de armarem contra a agremiação. O diretor de Carnaval Laíla também não conteve a revolta e colocou no ar a possibilidade de a escola não desfilar no Rio em 2015.

– Depois do Carnaval, o intérprete Wander Pires foi demitido pela Imperatriz Leopoldinense por ter se apresentado rouco e por ter brigado com Elymar Santos na concentração.

– A grande notícia que circulava antes do Carnaval era a da transferência de Paulo Barros para a Mocidade Independente de Padre Miguel. Apesar de o carnavalesco ter dito que ficaria na Unidos da Tijuca, semanas depois dos desfiles, ele de fato mudou de escola e a escola anunciou um enredo sobre o fim do mundo.

– Revoltado após a apuração, o presidente do Império da Tijuca, Antonio Carlos Teles, não poupou críticas aos jurados, principalmente os dos quesitos plásticos, e afirmou: “Vou fazer um enredo de cueca. Não precisa mais de fantasia”.

CANTINHO DO EDITOR – por Pedro Migão

Apesar de ter encontrado um quadro de “terra arrasada”, a nova diretoria da Portela conseguiu fazer um grande trabalho neste primeiro ano, levando a escola a, depois de muito tempo, fazer finalmente um desfile merecedor do campeonato. O título não veio por detalhes, mas o caminho é este.

Desfilei na Portela e na Renascer de Jacarepaguá, assistindo aos desfiles do Acesso no Setor 3 e o Especial no Setor 2, ambos em frisas. Pela primeira vez assisti ao Desfile das Campeãs, em uma frisa-camarote do Setor 7.

O Desfile das Campeãs, aliás, se iniciou com atraso de aproximadamente uma hora devido à forte chuva que caiu sobre o Rio de Janeiro na noite de sábado e que gerou muitos transtornos no trânsito da cidade. Grande Rio e Imperatriz desfilaram sob chuva, as demais não.

A Portela voltou a esquentar com “Foi Um Rio que Passou em Minha Vida” após 16 anos. O samba foi cantado por Monarco e Paulinho da Viola no desfile oficial e pelo Presidente Serginho Procópio e o puxador Wantuir no Desfile das Campeãs. A Imperatriz Leopoldinense esquentou com o hino do Flamengo no desfile oficial.

Vale ressaltar os esquentas também da Em Cima da Hora (com o samba sobre o trem de 1984), Rocinha (1992), Caprichosos de Pilares (1985) e Unidos de Padre Miguel, que esquentou com um samba de 1981 da extinta escola paulista Cabeções de Vila Prudente.

Sérgio Procópio, aliás, é o único presidente negro de uma escola de samba do Grupo Especial no momento em que escrevo.

O samba da Beija Flor foi bastante mexido após a disputa. Um refrão foi extirpado da letra e os versos anteriores viraram o refrão final. Pelas notas, os jurados não parecem ter gostado muito da obra.

Por outro lado, a dupla Luiz Carlos Máximo e Toninho Nascimento conseguiu um feito inédito neste formato de julgamento: três anos seguidos com apenas notas 10, mesmo considerando-se as descartadas por força do regulamento. Na apuração a Portela vinha em sexto até este quesito, quando voltou à disputa pelo título – até Comissão de Frente, penúltimo quesito.

Outra disputa considerada polêmica foi a do Império da Tijuca, na qual o considerado favorito samba da parceria do compositor Samir Trindade foi derrotado pela composição do diretor de carnaval da União da Ilha Márcio André.

Durante o desfile da Cubango, no refrão do meio (adaptado de um ponto de umbanda) praticamente toda a escola fazia movimentos de dança como as encontradas nos terreiros religiosos. Boa parte do público também – inclusive este escriba…

Uma das alas do Porto da Pedra trazia estandartes com fotos de mestre salas e porta bandeiras importantes na história do carnaval. Porém, curiosamente um dos estandartes trazia a estampa do cantor americano George Michael.

Como os próprios diretores da escola reconheceriam depois, se a Harmonia da Vila Isabel cumprisse seu papel de não deixar desfilar quem estivesse com a fantasia incompleta, metade dos componentes da escola não participaria do desfile.

Império Serrano e Império da Tijuca trouxeram “filhos” da famosa escultura do Preto Velho, que desfilou em 1992 no Salgueiro e depois teria uma longa carreira em outras agremiações.

O festival de música retratado no enredo da Grande Rio aconteceu na realidade em Saquarema, não Maricá.

Nésio Nascimento, presidente da Tradição, veio à frente da escola escondendo o braço em uma tentativa de imitar o seu pai, o histórico Natal da Portela. Cheguei a escrever em tempo real que, se fosse Natal, desceria do céu para dar uns cascudos no filho.

O destaque do abre alas da Viradouro fazia a saudação integralista na passagem do samba que dizia “Anauê”.

No “grito de guerra” da Vila Isabel o então presidente Wilsinho pediu que os jurados julgassem a escola não pelo que elas veriam, mas sim pela história da escola. Ao que parece, o pedido foi atendido…

Das frisas se notava visivelmente que a rainha de bateria da Grande Rio, Christiane Torloni, não estava exatamente sóbria…

Links

O desfile campeão da Unidos da Tijuca

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A bela apresentação do Salgueiro

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A grande exibição da Portela

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A União da Ilha na avenida em 2014

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A Em cima da Hora com a reedição de Os Sertões

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Fotos: O Globo, G1, O Dia e Estadão

Agradecimentos

Em outubro do ano passado, sugeri ao Migão que fizéssemos um passeio pela história do sambódromo, que completaria trinta anos em março. De cara, ele adorou a ideia e nosso objetivo era relembrar grandes momentos que vimos na avenida e nos fizeram gostar das escolas de samba do Rio. Seria um longo trabalho, mas entramos de cabeça nesse desafio. Eu, com os textos e o Migão, com o Cantinho do Editor acrescentando informações que fossem relevantes, especialmente de bastidores. Além disso o Migão me auxiliou ao escrever os artigos do ano 2000 para cá.

Para escrever os textos, recorri primeiramente, claro, à memória de quem acompanha os desfiles desde 1988, mas, para uma maior precisão, também consultei um acervo de jornais (“O Globo” e “JB”) que tenho desde o Carnaval de 1996, além dos acervos digitais de ambas as publicações. Evidentemente, utilizei como fonte ainda sites jornalísticos que pudessem acrescentar algo e, dentre estes veículos, cito os especializados Galeria do Samba, SRZD, Carnavalesco e Sambario. Este último, comandado pelo amigo Marco Maciel, que me proporcionou escrever alguns textos anos atrás.

Outra ferramenta importantíssima foi o Youtube, afinal, é claro que não dá para lembrar um a um os desfiles dessas três décadas. Então, antes de cada texto eu fiz questão de rever grande parte desses desfiles, alguns na íntegra. Com tudo isso, fomos à luta para escrever os trinta textos da série. Confesso que no começo era uma coisa meio desprentensiosa, mas a Trinta Atos tomou um vulto inesperado. E é claro que foi um grande sacrifício, pois temos nossas vidas atribuladas com trabalho e família. Mas fomos em frente.

Nosso objetivo sempre foi o de comentar os desfiles com olhar crítico e informativo, pois infelizmente ainda não temos um leque histórico de informações sobre o Carnaval do Rio. Infelizmente algumas pessoas não entenderam esse propósito e não satisfeitos em discordar, atacaram tanto a mim como o Migão nos comentários. Admito que nas últimas semanas enchi o saco mesmo, pois discordâncias fazem parte e são saudáveis, mas ironias e agressões desagradaram. Mas no fim das contas os objetivos tanto meu como do Migão foram alcançados.

Por isso mesmo, queria agradecer a quem acompanhou a série desde o começo e contribuiu com opiniões construtivas, muitas delas acrescentando ótimas informações que os autores esqueceram, já que é muito difícil lembrar tudo. Queria agradecer também ao Migão pela oportunidade de escrever essa série. Cito nos agradecimentos também o Rafael Rafic por observações muito pertinentes. Por fim, mando um muito obrigado ao já citado Marco Maciel e ao Marcelo Guireli, outra referência no que tange a história dos desfiles.

Bem, é isso, pessoal. Tomara que todos possam ainda acompanhar muitos carnavais e se deliciem com grandes desfiles. Como diria o saudoso João Saldanha, vida que segue… E no segundo semestre teremos uma série sobre o carnaval paulista, ano a ano, assinada pelo colunista Leonardo Dahi.

33 Replies to “Sambódromo em 30 Atos: “O trigésimo-primeiro ato de um templo””

  1. Fred, acompanhei cada um dos “Atos” e só queria deixar registrada minha gratidão pelo seu trabalho. Muito, muito, muito obrigado mesmo por compartilhar conosco tantas informações. (Se a ideia de um livro vingar, será sensacional).
    Abs.

  2. Só merece aplausos a coluna estou realmente feliz e triste,triste porque a coluna já fazia parte da minha rotina e agora acabou,e feliz por ver e acompanhar esse belíssimo trabalho do Fred e do Pedro,só tenho a agradecer pelos belíssimos textos,por tudo que envolveu essa coluna,a interação com todos que comentaram sempre sendo considerados importantes por quem assinava a coluna,sobre o desfile de 2014 acho a vitoria da Tijuca justa,achei uma apresentação bem agradável e de enredo de clara leitura,gostei muito da Portela merecia o vice,a Mangueira merecia uma colocação melhor,pra mim ficava em 3°,com o Salgueiro na sequencia,depois Ilha,Imperatriz e BF,não importaria a ordem,Grande Rio por mim ficava atrás da Mocidade,Império em 10°,SC em 11° e Vila em último. Após as leituras consegui ter uma panorama melhor sobre cada ano,e eu faço aqui uma lista de como seria as minhas campeãs em cada um dos 30 anos do sambódromo

    1984-Mangueira
    1985-Mocidade
    1986-Beija-Flor
    1987-Mocidade
    1988-Desculpa aí,Kizomba-Mangueira
    1989-Beija-Flor e Imperatriz
    1990-Mocidade
    1991-Mocidade
    1992-Mocidade
    1993-Salgueiro
    1994-Imperatriz
    1995-Portela
    1996-Mocidade
    1997-Mocidade
    1998-Mangueira
    1999-Mocidade
    2000-Imperatriz
    2001-Beija-Flor
    2002-Mangueira
    2003-Mangueira
    2004-Tijuca
    2005-Tijuca
    2006-Tijuca
    2007-Beija-Flor
    2008-Beija-Flor
    2009-Salgueiro
    2010-Tijuca
    2011-Mangueira
    2012-Vila Isabel
    2013-Vila Isabel
    2014-Tijuca

    Parabéns Fred,parabéns Pedro,muito obrigado pela série,que venha os 25 anos de Anhembi.

  3. É um carnaval de muita felicidade pois pude ver a volta da minha Viradouro ao lugar de onde nunca deveria saído. Titulo da Tijuca, justo ao meu ver. Portela, que desfile foi esse? maravilhoso! Beija-Flor não merecia ficar fora das campeãs, Mangueira também não podia ficar de fora (ao meu ver). Vila, sem comentários… Império da Tijuca, INJUSTIÇADA! Na Série B: Bangu, que volta por cima!

    Fred e Migão, parabéns por nos presentear com textos riquíssimos sobre os trinta anos da Sapucaí, acompanhei a série desde o ano 2000 e por causa dela fiquei fã do blog. Antes que esqueça, agradeço o espaço concedido para eu expressar as minhas opiniões sobre uma das minhas paixões que é o carnaval carioca. Se eu, com meus 17 anos de idade já entendia alguma coisa de carnaval, passei a entender e conhecer mais lendo texto por texto. Mais uma vez parabéns pelo excelente trabalho! Uma pena que acabou este vício do Trinta Atos…

    P.S. Migão, só pra você saber até hoje leio aqueles comentários da coluna de 2003… hehehe

    Fechando o comentário, uma frase do prório na coluna citada: “Em 2001, a Imperatriz seria tri cantando ‘atirei o pau no gato’ e desfilando nua com espanadores enfiados naquele lugar”

    E acabou… Valeu Fred! Valeu Migão!

  4. Desde já lisonjeado pelas citações, fico muito grato por ter colaborado de alguma forma com os Trinta Atos, ainda que indiretamente. Já sinto saudades da expectativa que sentia por cada anúncio de textos novos da série. Das descrições precisas do Fred e dos esclarecedores bastidores do Migão. Enfim, bem que os textos mereciam virar um livro.

    – A abertura da Portela foi uma das coisas mais lindas que já vi num desfile de Carnaval. Absurdamente arrebatador. Por mais que seja um crítico dos tripés nas comissões, aquela águia era estupenda. Sobre o abre-alas com as 21 águias, extraordinário é pouco pra adjetivar. Tabajara com uma cadência absurda do samba, que teve um rendimento em alto nível. O tripé do gigante também inesquecível. Enfim, terceiro lugar foi crime.

    – A reportagem do Fantástico sobre a disputa de samba da Portela a poucos meses do desfile foi marcante por ter revelado em rede nacional algo que, a princípio, só era sabido entre aqueles que acompanham com mais afinco as eliminatórias, como o esclarecimento sobre as firmas de compositores, com direito a “compositor” que admitiu na entrevista apenas ser mecenas, e os valores pra quem chega a final de uma disputa. E pareceu deixar a imagem de Celso Lopes como o mocinho e do Máximo como vilão. Foi meio forçado o Celso dizer que reformaria a casa se vencesse a final. Ele tem um poderio financeiro favorável ou o mecenas poderoso da parceria bancou os gastos integrais? Migão pode responder. Marcante também a inconformidade de David Corrêa após o corte na semifinal e a sinceridade do Noca: “se perder, a gente fica no prejuízo”, sempre com um sorriso no rosto.

    – Desfile tijucano foi previsível, pelo estilo do Paulo Barros, que “reciclou” alguns elementos de desfiles anteriores (alegorias de bolo e tal), além de encher a pista de Mutley, Dick Vigarista e outros da turma da Hanna-Barbera e blockbusters afins. Inclusive, a alegoria da Corrida Maluca era bem mal acabada. O carnavalesco abusou também dos gráficos. O samba tem todos aqueles problemas e foi justamente canetado. Mesmo assim, desconfiei que lutaria pelo título, conhecendo bem o estilo do júri da LIESA. Mas, para mim, só voltaria sábado e olhe lá. Ah, Tinga bicampeão do Carnaval.

    – Salgueiro na frente da Portela considerei um acinte. Na minha concepção, o conjunto caiu da metade pro fim do desfile, ao mesmo tempo em que o bom samba caiu de rendimento. A alegoria da Nissan foi no mínimo vergonhosa. No fim, a velha correria devido ao tradicional gigantismo da vermelho-e-branco. Exagerado o vice da Academia na minha opinião.

    – Desfile da Ilha foi encantador. Uma apresentação com a cara da escola, de leitura fácil, colorida e animada. A princípio, imaginei que apenas brigaria por uma vaga no sábado, sobretudo pelo problema com a alegoria do queijo inclinado, mas o quarto lugar que quebrou um jejum de 20 anos da escola sem desfilar nas Campeãs foi mais que justo.

    – Imperatriz deu azar pelo Alex de Souza também ter colocado na pista um pebolim gigante uma hora antes. O samba não rendeu muito, em virtude dos problemas com a voz do Wander Pires (o samba não combina com o estilo do intérprete). A vaga no sábado ficou de bom tamanho.

    – Sou um dos poucos que não acham o samba da Grande Rio tão pavoroso como relatam, até gosto. O desfile da escola foi bem superior ao de anos anteriores, mas a posição foi a mesma de três anos antes.

    – Eu vou discordar educadamente do meu amigo Fred quanto à Beija-Flor. Achei todo o desfile de mau gosto, com o enredo confuso toda a vida e uma miscelânea de assuntos que resultou numa mistureba sem sentido. Não foi só eu que perguntou qual a relação do tabuleiro de xadrez com comunicação. Até fiquei pasmo por não ver o Egito tão venerado pelo Laíla logo após a Mesopotâmia. Lembrando que o conteúdo do desfile foi sugerido pelo próprio Boni, que manifestou apenas ser o fio condutor, o que soou forçado pela história que este tem na TV e também na publicidade.

    – Aliás, como eu conheço a obra do Boni, senti falta de elementos publicitários no desfile, pela colaboração do homenageado para propagandas e jingles antológicos antes mesmo deste assumir a direção da Rede Globo. Sou um dos que julga que Boni poderia render um ótima enredo se ele deixasse de lado a história da comunicação, desde o papiro e tal como sugerido pelo próprio, para abordar mais seus feitos particulares. Quem for ler o Livro do Boni e a descrição de suas experiências profissionais vai perceber que o enredo foi desperdiçado. Aliás, na publicação, Boni puxa saco da LIESA, dedicando um capítulo à Liga. Ao contrário de hoje…

    – Em tempo, detestei a retirada do refrão principal do samba nilopolitano. Laíla é um homem de poucos erros no comando de Carnavais e este foi um deles.

    – Luizito enfim comandou o carro de som mangueirense após o desnecessário time de “tenores” do Ivo. No CD, o sucessor de Jamelão teve uma das maiores atuações em anos numa gravação. Ele fez o que pode com o bom samba, mas infelizmente a obra se arrastou. Sobre o índio escalpelado na torre da TV, déja vú do ano passado, nem falo nada.

    – Mocidade numa garra comovente, com o samba rendendo maravilhosamente (o samba que melhor passou no GE, ao lado do da Portela), me remeteu ao desfile de 2010, quando a verde-e-branco também abriu a noite de segunda e o “meu coração vai disparar” teve ótimo rendimento. Mas o samba de 2014 tem elementos mais emocionantes, como o resgate do lindo “Cartão de Identidade”, além das menções ao antológico “Tupinicópolis”. Deixando de lado um pouco a razão, cheguei a sonhar com a Mocidade no sábado.

    – Sobre a Vila Isabel, ficou clara a proteção da LIESA à escola. Dezenas de desfilantes de cuecas é inaceitável. Destaque para o samba, do qual também aprecio muito!

    – Já a São Clemente fez sua pior apresentação desde a volta para o GE em 2011. Morna e arrastada, o samba não rendeu. Pego um exemplo do samba da Lins Imperial para o Grupo B de 2011, cujo tema também era a favela. A obra é bem superior à clementiana.

    – Por fim, a caneta à Império da Tijuca foi criminosa. Era desfile para permanecer tranquilamente. Gostei do rendimento do samba. Mas se a escola optasse pela obra do Samir Trindade, seria o melhor samba do ano em todos os grupos. A parceria do Bola também tinha um samba extraordinário, mas que inexplicavelmente caiu na semifinal.

    – Por mais que as colocações do Grupo de Acesso tenham sido justas, nunca vou engolir a nota 9,6 do cidadão (elemento) Celso Chagas para o clássico “Os Sertões”.

    – O gesto de Leandro Santos ao convidar Dominguinhos do Estácio para auxiliá-lo no carro de som estaciano foi louvável, digno de uma devoção e respeito a um grande ícone da história do Carnaval Carioca.

    – Carlinhos de Jesus como porta-bandeira no desfile da Porto da Pedra foi o momento mais engraçado de anos na Marquês de Sapucaí, talvez só superado pela entrevista do rapaz da CNT com o travesti Wilson.

    – Achei injusta a colocação da Inocentes, para mim foi a melhor da pouca inspirada primeira noite. Porém, como a agremiação obteve umas colocações suspeitas nos tempos da LESGA. A Tuiuti veio com quase 200 bpm pra executar a reedição do “Kizomba”. Uma pena a Caprichosos ter modificado o bom refrão principal da obra original, deixando-o completamente genérico. Por fim, a Rocinha com fantasias de barracões de camping foi triste de ver.

    Enfim, obrigado mais uma vez Fred Sabino e Pedro Migão!

    1. Marco, o samba do Celso Lopes na verdade era um pombo. A vitória da composição do Máximo foi justíssima. Agora, esse samba da Lins que você cita é rum demais: só no refrão tem três vezes a palavra “favela”… risos

  5. Só posso parabenizar você e o Migão pela brilhante ideia e pela ainda mais brilhante realização da série que, como disse em coluna recente, é um dos melhores trabalhos jornalísticos sobre Carnaval de que tive notícia até hoje. Além de parabenizar, gostaria de agradecer não só pela citação no fim do texto, mas pelo trabalhoso processo de contar a quem tá começando agora a ver Carnaval como foram os desfiles. Simplesmente fantástico.

  6. Como leitor: encantado com a série.

    Como jornalista: que baita material de conhecimento.

    Pedro Migão e Fred Sabino, eu só tenho a agradecer demais e parabeniza-los pela iniciativa. Reitero o que eu escrevi na coluna de 2013: transformem em livro.

    Sobre 2014, bom… está aqui: http://www.blogdoroli.com.br/2014/03/quadriculada-na-apoteose.html

    Só digo uma coisa: se a Mocidade não caiu em 2009 nem em 2013, não cairia jamais este ano!!

    BF se lascou, a Vila merecia cair e a Portela trucidou na avenida!

  7. Hoje é a última coluna que deixei de ler a partir de 2008 por motivos diversos.

  8. Fred, daqui de SP este nobre sergipano fanático por esse mundo de escolas e comunidades do Rio lhe agradece pela quantidade de conhecimento absorvido com esta série. Fortaleceu ainda mais minha paixão por esse universo. Que vire livro.

    Grande abraço, Lucas Prata.

  9. Muito legal acompanhar a séria, Fred e Migão, li todas sempre com expetativa, parabéns.

    Ah, Odilon só desfilou em frente a bateria Mocidade, não era diretor.
    No mais concordo com quase tudo que foi escrito, menos sobre a interpretação do Luizito (de quem sou fã), tanto que determinado momento ele falou pro Ciganerey: – Vai que é tua neguinho.

    Estava pela primeira vez no setor 11, no quarto módulo e minha classificação seria:
    1. Portela 2. Ilha 3. Grande Rio 4. Tijuca 5. Imperatriz 6. Salgueiro 7. Mocidade 8. Beija-Flor 9. Império 10. Mangueira 11. Vila 12. São Clemente

  10. Vamos aos comentários: Portela devia ser campeã. Ponto. Tal como a Vila em 2012. Mas aparenta acontecer a mesma coisa que ocorreu com a Vila, ou seja, fazer dois desfiles campeões, para ganhar um.

    A despeito dos problemas gostei bastante de Imperatriz e Ilha, mais que do Salgueiro que teve percalços semelhantes. No meu gosto, brigariam com a Tijuca pelo vice.

    Além do canetado samba-enredo e das alegorias (que tiveram julgamento benevolente), o enredo deveria ser descontado. Aliás, atualmente enredo tem o mesmo julgamento inócuo que samba-enredo tinha até pouco tempo atrás.

    Beija-Flor, na minha opinião, brigaria pelo 6º lugar com a Grande Rio. Não acho o sétimo tão injusto assim. O problema foi em algumas notas. E o Impérinho não devia cair nunca no lugar da tragédia isabelense.

  11. Parabéns pela coluna que me fez viajar por meses me fazendo lembrar dos carnavais passados!
    Sobre o carnaval de 2014… sou salgueirense, a escola me emocionou bastante e o final foi maravilhoso com o público da Apoteose gritando “é campeã”… eu estava na frisa do setor 11. Mas, a meu ver, a campeã de 2014 deveria ser a Portela… que desfile lindo, um espetáculo!! A Ilha também fez um desfile lindo, poderia ter se apresentado a noite inteira! A Vila Isabel deu pena, eu ia desfilar mas minha fantasia não chegou e eu preferi ir assistir, por um lado foi bom porque pude assistir o desfile da Ilha.
    A Império da Tijuca fez a apresentação mais vibrante dos dois dias… o refrão “vai tremer” com a paradinha da bateria só com atabaques me arrepia só de lembrar… as arquibancadas dos setores 10,11, 12 e 13 vinham abaixo! Maravilhoso!!! Injusto rebaixamento, levando em consideração o monótono e fraco desfile da São Clemente e a própria Vila com os problemas citados.
    A Beija Flor foi vaiada demais no final do desfile, e os componentes forçavam a barra puxando o grito de campeã que não foi acompanhado pelo público. As alegorias estavam grandiosas como de praxe, creio que a escola tenha gasto muito mais que as outras nesse quesito (principalmente por ser a única a levar 8 alegorias).
    Gostei do desfile da Mocidade, a bateria foi um espetáculo. A Grande Rio passou tão fria, que teve gente dormindo nas frisas.
    No desfile do acesso, vivi a maior emoção da minha vida desfilando na diretoria da Tuiuti com aquele samba maravilhoso, que de fato estava acelerado… terminei o desfile como comecei: chorando. Uma repórter da Globo na concentração passou e me deu a mão, ela também estava emocionada… um carnaval inesquecível!

    1. Pessoalmente achei um crime o que a Tuiuti fez com “Kizomba”: pra quê acelerar daquele jeito o samba?

        1. Pessoalmente não curto reedições de sambas que não sejam da própria escola, mas este é outro debate

  12. Só agradecer por cada matéria que me fez re lembrar cada um desses desfiles que eu assisti desde tao longe a traves da tv.

    Acompanho os desfiles desde 1982 (serà por isso tanta paixao pelo Império Serrano) sem ter pisado a Sapucaí e sem sequer ser brasileiro, por isso agradeço “me contarem” esses desfiles desde dentro como fizeram Fred e Pedro.

    Muito obrigado, mas muito mesmo! Impresionante trabalho.

    Desde Montevideú, grande abraço deste gringo que vira mais um foliao em cada noite de carnaval.

  13. Nunca é demais elogiar esta saga jornalística mais que agradável de ser lida. Para quem gosta e acompanha o carnaval, é um refresco na memória, e, pelo menos para mim, um momento de reflexão sobre conceitos de avaliação que se modificaram com nosso amadurecimento pessoal e de espectador da festa.

    Em relação a este último ato, questiono a informação sobre o uso de Camisas do Sport Recife com o número 87 ser uma provocação aos Flamenguistas.
    Sinceramente parece mais conveniente pensar que Sport era o time do pernambucano Fernando Pinto, que morreu em 1987…
    Se o ponto de vista defendido na matéria tiver uma “prova” mais concreta quanto à sua finalidade, por favor, postar o link aqui!

    Sobre 2014:
    Há dois anos concentro-me apenas no quesito “Alegorias e Adereços”, e devo dizer que, se este fosse o único julgamento das escolas, e tivesse sido avaliado corretamente, a ordem das colocações teria sofrido uma grande mudança!
    Nem vou comentar o 10 para a Vila Isabel, dado pela aparentemente mais bem qualificada jurada do quesito. Confesso que depois desta “grata surpresa”, quase desisti de observar o quesito…

    Expectativas para 2015:
    Torço pela Imperatriz, mas estou com grandes expectativas pela Mocidade (Quero vê-la de volta ao sábado das campeãs!) e pela Portela.
    Recentemente sonhei que a Portela tinha sido a campeã indiscutível de 2015, com desfile arrebatador que fez a Avenida toda chorar. Vamos ver!

    Mais uma vez, parabéns pelo trabalho!
    Que venha mais um ato!

    1. Oi, Fellipe, tudo bom? Antes de tudo, obrigado pelos elogios à série. Sobre a informação da camisa do Sport, concordaria com o teu raciocínio se o Fernando Pinto não tivesse falecido antes de toda a polêmica sobre a Copa União, portanto ele nem viu o clube do coração “ser campeão brasileiro”. Como o carnavalesco da Mocidade em 2014 é torcedor do Vasco, chegamos à conclusão de que ele, ao mínimo, aproveitou a situação para dar uma cutucada no clube rival do que ele torce. Isso porque caso ele quisesse simplesmente homenagear o clube de Fernando Pinto, teria de mencionar a conquista da Copa do Brasil de 2008, que, entretanto, passou ao largo do desfile, enquanto foi feita questão do uso do número 87 às costas da camisa. Ademais, quem estava na concentração ouviu componentes da escola constrangidos por terem de usar a camisa do Sport, e dizendo que era também uma provocação ao Zico, que seria homenageado logo em seguida pela Imperatriz Leopoldinense. Mas, enfim, apenas o próprio carnavalesco poderia confirmar isso, mas não deu declarações à imprensa após o desfile, até por causa de todo o desgaste oriundo da fase pré-carnavalesca e, provavelmente, porque já estava de saída. É isso, Fellipe, um abraço e mais uma vez obrigado por escrever.

      1. Veja bem, não vejo em momento algum o 87 atrelado ao futebol (Apesar de estar estampado na blusa de um time de futebol…). 87 é o ano da morte de Fernando Pinto. Sport seria (Ou era mesmo…alguém saberia informar?) seu time de coração. Não penso na homenagem ao time que ele não viu ser campeão. Penso na homenagem ao seu time, que estampa o ano em que ele nos deixou (Algo como estampar a idade ou o número de gols marcados…) Uma fusão – síntese – de duas “causas”. Uma (Aliás, mais uma!) justa e criativa homenagem da diretoria da escola, melhor do que os tradicionais blusões de Diretor.

        De qualquer maneira, como já mencionado, só mesmo Paulo Menezes para esclarecer tudo.

          1. Reluto a acreditar por soar de muito mau gosto.
            De qualquer maneira, vou engolir esta por não duvidar de certos maus gostos carnavalescos. Pena…

            Algumas histórias do carnaval obviamente não são desconhecidas de vocês, e utilizo três delas (Duas, 1995 e 1996, não foram mencionadas em seus respectivos “atos”) para ilustrar o que seriam boas provocações:
            – Em 2013 a Portela fez o seu jogo de basquete de rua como placar marcando 21 para a Águia e 3 para o Pavão.
            – A Imperatriz provocara o Salgueiro em seu samba de 1995. Quando cantavam “Balançou! Não deu certo não, pois não passou de ilusão”, referenciando o refrão arrasa-quateirão da vermelho e branca no ano anterior, que não a levou ao Bi.
            – E a Portela provocou a Imperatriz em 1996 quando cantava em seu refrão “E o povo canta novamente ‘já ganhou'”, numa clara referência ao grande momento da águia em 1995, engolido (Entendam, este engolir é um lamento meu. Torço pela Imperatriz, mas 95 era azul e branco…) pela técnica gresilense.

          2. Bem lembrado, Fellipe. O 21 a 3 foi lembrado na área de comentários, se não me engano. Abraços

  14. O Rogério não é filho do Castor, e sim sobrinho…

    Parabéns pela excelente série! Vai rolar 2015???

  15. Bom, mais uma vez parabéns ao Fred Sabino e Pedro Migão e demais colaboradores da Série. Espero que façam o texto do carnaval 2015 também!

    Agora, sobre este último texto, infelizmente eu discordo de MUITA coisa que o autor descreveu… foi o ano que eu mais discordei, quase todas as escolas eu tenho discordâncias, aí fica até difícil elencar tudo, pois seria muita coisa.

    Mas apenas alguns pontos: achei a classificação da Beija-Flor justíssima… a comissão de frente era muito ruim e aquele tripé com o tabuleiro de xadrez sem sentido e utilidade era para quê??? O enredo estava bem desenvolvido enquanto passeava pela história da comunicação no mundo, mas depois se perdeu… o que eram as alas ‘vinho’ e ‘gastronomia’??? Os dois últimos carros eram bem abaixo dos demais e o abre-alas passou com a primeira parte toda apagada… o samba não era bom… enfim, desfile muito comprometido.

    A comissão de frente da Mocidade foi uma coisa horrorosa, me desculpe! A pior do ano!

    Não achei a Portela perfeita em praticamente todos os quesitos… e infelizmente, segundo as regras do manual da Liesa, o tripé quebrado prejudicou a escola. O tripé da CF e as fantasias eram lindas, mas a coreografia muito densa, difícil de compreender alguns momentos. Mas como nenhuma foi perfeita, também acho que a Portela foi a que menos errou e merecia o título.

    A Tijuca foi muito bem nos quesitos de pista, mas visualmente (principalmente alegorias) foi ruim… o samba era ruim, a CF era bem ‘meia-boca’…

    Sobre o Império da Tijuca… faltou capricho no visual… alguns carros eram feios… a CF teve problemas… acho que foi um desfile sofrível, tudo bem que outras foram igualmente sofríveis ou até piores, mas a escola que abre o Carnaval não pode cometer esses erros… achei o desfile de 2013 bem superior.

    As campeãs foram todas merecedoras de voltar no Sábado… só alteraria a classificação. A Grande Rio se desfilasse na segunda-feira seria top 3 fácil.

    1. Dizer que o samba da BF não era bom e que o da Tijuca era ruim me faz pensar em como eu não entendo de samba-enredo. Ou que gosto não se discute.

  16. UM ABSURDO O QUE FIZERAM COM O IMPÉRIO, UM SAMBA VALENTE QUE NEM ‘BATUK’ FORA A EMPOLGAÇÃO DOS COMPONENTES, ENQUANTO NEGO NA VILA DESFILANDO DE CUECA, QUEM NÃO FOR DA PANELA TA LASCADO, POR ISSO QUE O DESFILE DAS ESCOLAS VAI PERDENDO CREDIBILIDADE, PORQUE QUEM FAZ UM BOM TRABALHO NÃO É AGRACIADO E QUEM FAZ AS COISAS DE QUALQUER JEITO LEVA OS LOUROS, SOBRE O TÍTULO… BEM, A TIJUCA FOI CORRETA DENTRO DO QUE SE PROPÔS, SABENDO QUE PAULO BARROS GOSTA DE SAIR DO ÓBVIO, MAS, DENTRO DE MIM A VONTADE DE QUE O SALGUEIRO VENCESSE, PORQUE “GAIA” FOI A MELHOR COISA QUE O SALGUEIRO FEZ NOS ÚLTIMOS 10 ANOS SEM DÚVIDA

  17. 1990-Mocidade
    1991-Salgueiro
    1992-Mocidade
    1993-Salgueiro
    1994-Imperatriz
    1995-Portela
    1996-Mocidade
    1997-Mocidade
    1998-Mangueira
    1999-Mocidade
    2000-Imperatriz
    2001-Imperatriz…
    2002-Mangueira
    2003-Mangueira
    2004-Portela
    2005-Imperatriz
    2006-Vila Isabel
    2007-Mangueira
    2008-Beija-Flor
    2009-Salgueiro
    2010-Tijuca
    2011-Salgueiro (se não tivesse tidos os problemas que teve)
    2012-Vila Isabel
    2013-Vila Isabel
    2014-Salgueiro
    2015-Salgueiro

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