100 dias para a Rio 2016

Hoje, dia 27, estamos a 100 dias dos Jogos Olímpicos de 2016, realizados em nossa Cidade Maravilhosa.

Mas, curiosamente, não do início das competições: para tal, faltam 98 dias até Suécia e África do Sul pisarem no Engenhão abrindo as disputas do futebol feminino. Como sabemos, o futebol inicia as suas disputas antes da Cerimônia de Abertura.

Quando o Rio de Janeiro foi escolhido sede olímpica, em outubro de 2009, havia muitas dúvidas sobre a capacidade da cidade em realizar a termo as intervenções necessárias tanto na parte esportiva como em sua infraestrutura. Ainda mais pelo fato da cidade estar vindo de um longo hiato em termos de investimentos públicos, especialmente em sua malha viária. E nas instalações esportivas, a herança da Rio 2007 (competição bem organizada, diga-se) revelou-se em muitos aspectos inadequada para sede de uma edição dos Jogos Olímpicos.

Entretanto, a 100 dias dos Jogos, as obras de instalações ou estão prontas ou caminham em ritmo tranquilo. As grandes exceções são o Velódromo e, a grande preocupação, os edifícios para os tratadores e treinadores do hipismo em Deodoro.

Quanto às intervenções na malha viária e de estrutura, o grande drama é a Linha 4 do Metrô. Aí temos a primeira questão: tudo que dependeu do Governo Federal e do Municipal andou razoavelmente a contento, mas as responsabilidades sob tutela do Governo do Estado do Rio estiveram longe de serem executadas da forma adequada.

Mesmo se sabendo que a crise dos royalties impactou de forma dramática os cofres estaduais, ainda antes da queda do barril de petróleo dos 120 dólares para os atuais 40 as responsabilidades do Estado já não estavam sendo executadas a contento. Os grandes exemplos são a despoluição da Baía de Guanabara e a já citada Linha 4 do Metrô.

A oportunidade de sediar a competição também impulsionou mudanças como a reconstrução da Zona Portuária e de parte do Centro da Cidade. Bem como a reforma e ampliação do Sambódromo. O sistema de BRT, embora não seja o ideal, também permitiu a ampliação das opções de transporte disponíveis. O legado em termos de infraestrutura urbana certamente poderia ter sido maior, mas está longe de ser inexistente.

Os Eventos Teste estão se realizando da maneira esperada, ou seja: alguns problemas constatados, alguns ajustes a serem feitos, algumas mudanças a serem implementadas. Acho que a única questão preocupante é a ventilação do Centro Aquático Olímpico, porque embora seja “inverno” em agosto, o inverno carioca, veja bem…

Cheguei a falar em grupos de Whathsapp dos quais faço parte que aposto R$50 com quem quiser como teremos ao menos sete dias de competição com mais de 30 graus de temperatura diurna. E aí, com 15 mil pessoas dentro do Centro Aquático, poderá viver um drama o torcedor da natação e do polo aquático – como diria aquele narrador…

Também há dúvidas quanto ao acesso às Arenas, em especial do Parque Olímpico de Jacarepaguá, mas precisamos esperar a divulgação do Plano de Mobilidade Definitivo para termos a noção de como exatamente irá funcionar. As idas aos Eventos Teste certamente deram uma boa noção, mas eventuais ajustes quando da divulgação do PMD podem inviabilizar qualquer planejamento feito neste momento.

Tenho visto muitas preocupações quanto à segurança do evento. O esquema montado é o maior de todos os tempos a nível Brasil, com mais de 85 mil agentes de segurança – sendo 38 mil das Forças Armadas. Além disso, sabemos que há uma tradição no Rio de Janeiro de “sossego” em grandes eventos, e não acredito que desta vez será diferente. Sobre terrorismo, vale lembrar que a cidade não tem fronteiras terrestres, o que diminui a possibilidade de acesso por parte de elementos terroristas internacionais – o que não ocorre em qualquer capital europeia, por exemplo.

A venda de ingressos tende a se intensificar nestes 100 dias que restam, primeiro pela proximidade e segundo pela abertura de bilheterias físicas a partir do mês de junho. Vale lembrar que não há mais possibilidade desde a semana passada de receber via Sedex ingressos comprados via internet: agora somente trocando nas bilheterias.

O Comitê Rio 2016 tinha prometido para o final deste mês revelar o design das medalhas e dos ingressos olímpicos, mas até agora não houve anúncio oficial. A partir da semana que vem há a expectativa do início da entrega em domicílio dos bilhetes comprados anteriormente e selecionados para entrega via Sedex, embora isso possa ficar para junho segundo as últimas informações.

Com o início do revezamento da tocha olímpica, em 3 de maio, o interesse da população em geral pelo evento tende a aumentar. A cobertura da imprensa também irá se intensificar nestes 100 dias anteriores, até chegar àquela que será a maior cobertura de um evento em solo carioca – superior inclusive à Copa do Mundo.

Os canais brasileiros de televisão, especialmente os dedicados a esportes, prometem uma cobertura inédita: o SporTv terá 16 canais a cabo e mais 56 na internet com o objetivo de transmitir todas as horas de programação ao vivo. A Espn terá três canais (devendo se destacar especialmente nas transmissões do basquete e do rugby, onde tem expertise) e o Fox Sports dois. Além da BandSports e da Record News.

Na tv aberta a Globo deverá dedicar 10 horas diárias de sua programação para eventos ao vivo e a Record priorizará o “Time Brasil”. A Bandeirantes também tem os direitos das competições.

Algumas questões além do PMD e que afetam aos detentores de ingressos ainda precisam ser esclarecidas. Como se haverá gratuidade ou não nos transportes públicos aos detentores de ingressos (hoje a tendência é de que não haja), se haverá feriados municipais além dos já anunciados 5 e 18 de agosto, a setorização das arenas, os esquemas de acesso aos parques olímpicos e outras questões importantes.

Resumindo, nestes 100 dias que faltam há obras para terminar, ingressos para vender e entregar, Plano de Mobilidade para anunciar, tocha para percorrer o Brasil, televisão para se preparar e assistir… ufa! Mas acredito que o Rio de Janeiro irá oferecer ao mundo uma bela edição dos Jogos Olímpicos, não perfeita, mas bastante satisfatória.

E o Ouro de Tolo, que tem entradas para todos os dias de competição, irá continuar acompanhando os preparativos e as competições em si.

Imagens: Brasil2016.Gov (tocha) e Arquivo Ouro de Tolo

Atualização: após este post ter ido ao ar foi divulgado o Plano de Mobilidade. Ainda esta semana teremos um post destrinchando este.

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