Hoje o colunista Rafael Rafic traz mais uma parcial da disputa de sambas da Portela para o carnaval 2014.
Disputa da Portela, Semana 5
Chegamos às últimas semanas para a definição do samba da Portela de 2014. Essa semana já tivemos a fase que chamo de “oitavas-de-final” e um aumento do número de passadas por samba. De quatro nas fases anteriores passou-se a seis: duas sem bateria e quatro com.
Pode parecer pouco, mas apenas isso já desmascara um samba que é só “de arranque” e cansa com o tempo de outro samba que pode sustentar a escola 82 minutos na avenida. Foi o primeiro teste de resistência aplicado aos concorrentes.
Mais uma vez a noite foi aberta com um bom grupo de pagode. Para o começo dos trabalhos do palco oficial, foram 3 passadas do Hino da Portela e sete do samba de 2013 para a apresentação do casal de mestre-sala e porta-bandeira. Após isso começamos as apresentações dos sambas concorrentes, que mais uma vez não tiveram uma noite inspirada.
A primeira parceria foi a de Gerson PM e Glorioso. Eles dispensaram Nino do Milênio de vez e contrataram Ciganerey em seu lugar. A diferença de qualidade é absurda e isso foi demonstrado nas duas boas passagens sem bateria que Ciganerey comandou. O problema é que o samba é cansativo demais. Se arrastou solenemente por quatro passadas intermináveis. Na minha opinião, este samba já deveria ter caído há três semanas atras.
Logo depois veio Davi Correa. Mais uma vez Davi trouxe torcida numerosa, mas pecou no mesmo ponto da semana passada: o refrão principal, muito bom, explodia e o refrão do meio ainda segurava, mas as duas estrofres entre eles tinham uma queda vertiginosa: ninguém cantava. Como ponto positivo, o samba passou com louvor no teste de resistência.
A terceira parceria foi a de Noca da Portela. Sem Gilsinho no palco, o samba, que já não empolgava, não causou nenhuma reação da quadra além da numerosa e muda torcida de sempre da parceria. Samba não aguentou as 6 passadas e cansou no final, especialmente a primeira estrofe.
O seguinte foi o da parceria de Celso Lopes. A torcida voltou ao seu tamanho normal, porém foi mais uma apresentação sem empolgação, apesar de Wander Pires. Se o samba já era chato em 4 passadas, em 6 passadas ficou insuportável.
Depois veio Waldir 59. Aqui tenho que reconhecer um erro de avaliação meu. Semana passada eu apontei que este samba vinha crescendo e poderia ser o terceiro finalista da disputa, mas devo admitir que ele ficou clamorosamente reprovado na audição de seis passadas. Depois da terceira passada o samba começou a cansar e eu agradeci muito quando terminou: o samba ficou insuportavelmente chato.
Então veio a parceria de Luis Carlos Máximo e Toninho Nascimento. Sem a presença dos Guerreiros da Águia, que segundo informações estavam na final do Império da Tijuca, a torcida foi bastante diminuta em relação às outras apresentações. A parceria também não pode contar com Tinga no palco, pelo mesmo motivo.
Não bastassem as condições acima, Rogerinho cometeu um equívoco a meu ver: deixou as duas passadas sem bateria quase em sua totalidade só no ‘gogó’ da torcida. Por mais que a torcida cantasse muito o samba (eu incluso nela), ela já vinha de 5 minutos de cantoria à capella (do samba inteiro, frise-se) quando o palco ainda passava o som e faltou densidade no canto.
Quando eu já começava a temer por um desastre, eis que o inesperado ocorreu. A bateria entrou endiabrada no samba, tocando forte, “caindo dentro” e com vários componentes cantando o samba a plenos pulmões. Resultado: a bateria trouxe de volta a apresentação aos eixos e a partir daí o samba veio numa crescente até o final, salvando ainda uma boa apresentação. Samba passou com louvores no teste de resistência e mostrou que aguentaria fácil mais muitas passadas.
Me deu a impressão que este é o samba que a maior parte da bateria escolheu como seu preferido.
A parceria seguinte, de Jorge do Batuke, fez uma apresentação feijão com arroz, dentro das limitações do samba, que mereceu chegar até aqui mas dava mostras de ter chegado no limite.
Para finalizar a noite, Fernando Bom Cabelo e Karlinhos Madureira também fizeram o de sempre. Muita torcida e pouco canto. O samba cansou um pouco no final, mas nada muito forte. Porém a receptividade da quadra também foi pequena.
Diferentemente das outras semanas, me absterei de apontar a melhor apresentação da noite porque desta vez não achei que nenhuma tenha se destacado a ponto de ser apontada claramente como a melhor; todas tiveram defeitos vistosos, umas por mais tempo outras por menos.
Ao fim, os cortes da noite foram as parcerias de Jorge do Batuke, Waldir 59 e Fernando Bom Cabelo/Karlinhos Madureira. Já estamos em um ponto que não dá mais para falar em cortes justos ou injustos (apenas Máximo e Davi estão acima disso), porém a única parceria que em minha opinião claramente não tem um samba para aguentar a atual fase da disputa é a parceria de Glorioso e esta não caiu.
Dos cinco sambas restantes, não consigo ver como, ao menos em qualidade de samba, as parcerias de Celso Lopes e Glorioso façam parte da final.
Assim, arrisco que a final será entre os sambas de Máximo, Davi e Noca. Ou seja, o atual tri-campeão da escola (tetra no total) enfrentaria os dois recordistas de vitórias na Portela, com sete sambas Davi Correa e seis Noca, em uma final de significado histórico gigantesco para a escola.
Finalizando, um fato inusitado. Após o anúncio dos classificados, como já é tradição, a torcida do samba de Glorioso contou o refrão de seu samba em comemoração. Porém, logo após cantar uma vez o samba, logo depois eles começaram a entoar o já famoso “Vou de mar a mar, mareia” do samba de Máximo e Toninho. Vai entender…
Fatos rápidos;
– Patricia Nery fez sua primeira visita à quadra após sua recondução ao posto de Rainha de Bateria e sambou a frente da bateria.
– A Portela recebeu também a visita do Rei Momo.
– Palco oficial completíssimo: Wantuir, Rogerinho, Rixxa, Cremilson e Klebinho;
– Playlist do encerramento com o palco oficial: E o Povo na Rua Cantando … É feito uma Reza um Ritual (Portela 2012), Tributo a Vaidade (Portela 91), Das Maravilhas do Mar, Fez-se o Esplendor de uma Noite (Portela 81), Gosto que me Enrosco (Portela 95), Ser de Luz (e mais uma vez a quadra deu uma pequena desanimada com essa música) e Portela na Avenida;
– Quartas-de-final confimada para a próxima 6ª feira, dia 4/10. Praticamente teremos uma emenda da eliminatória com a feijoada da familia portelense do dia seguinte.
– Serginho e Falcon mais uma vez presentes à quadra;
(Foto: Facebook Portela)
Não sei em que planeta você vive, mas de samba você não entende nada, rapaz. Claramente, a sua intenção é denegrir os sambas que concorrem com aquele que você e seu chefe torcem, mas isso não vai colocá-lo na final. Vocês são no mínimo antiéticos. A Portela deveria tomar providências contra esse absurdo.
Mariana,
É Interessante que você comente isso exatamente no 1o dia em que critico uma apresentação do samba do Máximo e do Toninho.
Seria muito cômodo para mim posar de “jornalista neutro” não indicar minha preferência e nas entrelinhas ficar enaltecendo o meu samba preferido (como alguns sites carnavalescos fazem, sempre para sambas de escritório, alias). Porém isso não seria justo, nem ético.
É mais honesto que eu expresse minha opinião e o leitor saiba que isso tudo vem escrito por uma ótica pessoal.
Porém tenho compromisso com a verdade e sempre relato ao leitor o que vi na quadra. Por uma feliz coincidência o que eu vejo na quadra é um domínio do samba do Máximo, seja na qualidade das apresentações, seja na preferencia da escola, como a muito não se via na Portela. Isso tenho que relatar, senão não faria sentido escrever essas trocentas linhas.
Assim como, caso eu perceba que outro samba passou bem, ou até melhor que o do Máximo, não hesitarei em reporta-lo aqui. Você não deve ter lido nenhuma das minhas colunas, mas, por exemplo, fiz questão de ressaltar a boa apresentação do samba de Glorioso na 1a semana apesar de odiar tal samba.
Também não me cansei de elogiar o samba do Davi aqui em diversas ocasiões, justamente o único samba que, em condições normais, ainda tem alguma chance de fazer frente ao Máximo.
E o que dizer da absurda eliminação de Espanhol na 3a semana? Se eu realmente quisesse denegri-lo por que eu soltaria cobras e lagartos em cima da comissão julgadora por te-lo eliminado? Afinal era um provável finalista e fortissimo concorrente ao samba que torço. Em tempo: o editor até suavizou meu texto na semana referida, o original era muito mais ácido.
Meu compromisso não é com samba x ou y, é com o que é melhor para a Portela. Esse ano, na minha opinião o melhor é o samba o Máximo, por isso minha torcida. Assim como se achasse que fosse outro, o defenderia da mesma forma, não importa meu grau de amizade com o compositor.
O Aloisio não me deixa mentir. Apesar de ser meu amigo, gostar do samba dele e ter o ajudado no que fosse possível nessa nova fase da carreira dele, fiz questão de dizer a ele que a sua 1a apresentação fora horrível (na verdade usei palavra bem pior, que não seria educado reproduzi-la).
Alias, por que você não faz um blog e escreve a sua coluna com as suas impressões? Seria mais legal e produtivo. Quem sabe até poderíamos ter discussões sadias.
Bela coluna Rafael. Você não é dono da verdade, ninguém é, tem sua opinião e dá sem ofender, não existe isenção maior que essa
abs
há duas sextas eu fui na quadra da Portela e constatei que é bem isso mesmo
Texto muito bem escrito , parabens
Você se supera a cada semana na sua própria ignorância musical. A final será entre Noca, Davi e Celso. O samba que você torce consegue a proeza de nem ter rima no refrão principal “VOU DE MAR A MAR, MAREIA,VOU DE MAR A MAR, MAREIA MAREOU
ILUMINAI O TAMBOR DO MEU TERREIRO
Ó SANTO PADROEIRO O AXÉ DA PORTELA CHEGOU. Cadê a rima? Se a Portela for para a avenida com esse samba, vai tirar nota zero. Sem falar que essa parceria só passou pra o lado da chapa Portela Verdade no último minuto, quando viu que o seu patrono Nilo perderia a eleição.
Prezada, tudo bem que queira fazer lobby para seu samba, mas replicar inverdades neste espaço não. A parceria citada foi apoiadora de primeira hora da hoje diretoria. Quanto às críticas à letra, sugiro que conheça um pouco mais a história do samba de enredo