Como o leitor deve ter percebido nos últimos posts semana passada estive em Natal, a capital do Rio Grande do Norte, a trabalho – para um encontro técnico de orçamento. Na última terça feira escrevi sobre a partida de futebol a que assisti na cidade, hoje o tema é a capital potiguar em si.
Quando se viaja a trabalho normalmente não se tem muito tempo durante o dia para conhecer os lugares, mas a princípio teria a tarde de domingo para tal: a malha aeroviária para Natal é restrita e tive de ir em um vôo domingo pela manhã, embora o evento somente começasse na segunda.
Contudo o vôo que deveria sair às nove da manhã do Rio atrasou mais de uma hora, sem qualquer explicação por parte da Infraero, o que acabou por minar os meus planos: cheguei ao hotel já quase por volta das duas, ainda para fazer check-in, almoçar e procurar um local para ver a despedida de Petkovic do Flamengo.
Limitei-me a uma caminhada pelo calçadão da praia de Ponta Negra, onde fiquei hospedado. Este bairro é um dos locais turísticos da cidade e algo logo me chamou a atenção: a quantidade de prostitutas na praia. A cidade tem fama de ser receptora de estrangeiros para fazer “turismo sexual” e, ao que parece, a oferta é clara e direcionada neste sentido.

O curioso é que na quarta feira, quando no final da tarde saí para dar uma outra volta no calçadão, não se via sinal nenhum de tais profissionais.

Acima pode se ver o “Morro do Careca”, local turístico de Ponta Negra, mas infelizmente interditado a visitação, segundo soube, por causa de sua utilização inadequada.
Como os leitores podem ver na foto acima da praia de Ponta Negra, não dei muita sorte: enfrentei chuva durante os quase cinco dias de minha estadia na cidade. Com hotéis, quiosques e restaurantes a praia em questão oferece opções de lazer e de alimentação bastante razoáveis.
Aliás, é algo a se destacar: o custo da alimentação é bem mais baixo que o de grandes centros. Come-se bem pagando-se bem menos. Nos dias de evento almoçamos em um restaurante típico perto do escritório da cia, o “Mangaí” (abaixo), com opções de comida nordestina de excelente qualidade. Fartei-me de pernil de bode, macaxeira, paçoca, carne de sol e outras iguarias típicas – bem como deliciosos sucos de frutas da terra como a graviola e a mangaba. Fico com fome somente de me lembrar.
Sobre a cidade, em si, fora de Ponta Negra vi apenas o percurso entre o hotel em Ponta Negra e o escritório, que não fica no Centro da Cidade.
Chamou-me a atenção especialmente a insatisfação com a prefeita da cidade, com várias pichações pedindo a saída dela, e a quantidade de prédios novos em construção. Segundo me foi dito por moradores da cidade, estes investimentos em sua maioria são de europeus envolvidos em atividades ilícitas e que escolheram a cidade – um dos pontos mais próximos da Europa aqui no Brasil, juntamente com João Pessoa – para “lavar” dinheiro neste tipo de investimento.
Comentava-se também que investimentos em hotéis também estariam neste rol. O que se sabe é que praticamente todos os hotéis do bairro turístico de Ponta Negra pertencem a estrangeiros. Não me recordo de ter visto nenhuma grande rede presente e os hotéis possuem alguns serviços gratuitos que são cobrados em praticamente todas as outras cidades do país.
Perto do escritório fica o “Machadão”, estádio principal da cidade e que será demolido junto com o ginásio anexo para a construção da “Arena das Dunas”, o estádio da cidade para a Copa de 2014.
Como os leitores podem ver pela foto – a única que ficou boa – nada foi feito, e a licitação para tal somente tinha sido concluída há duas semanas. Com todo o trâmite burocrático para aassinatura da papelada e a liberação dos recursos, sinceramente tenho muitas dúvidas se o estádio ficará pronto a tempo.
A cidade em si não é muito diferente de outras de seu tamanho, à exceção do trânsito que não fica nada a dever a cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo. Seu destaque e seus atrativos são especialmente as praias. O povo é muito atencioso e lhe trata bem, o que é bastante alvissareiro.

Duas boas pedidas são o mercado de artesanato em Ponta Negra, com produtos da terra a preços muito convidativos, e uma lojinha no pequeno shopping ao lado com várias camisas de times “alternativos” do Rio Grande do Norte, do Ceará e do Pará. Infelizmente eu uso GG e a única que me coube foi a do Potyguar de Currais Novos, cidade do interior potiguar, que trouxe para o Rio.

O mercado de artesanato é parada obrigatória, em especial para as leitoras. Toalhas de renda, de mesa, bolsas de croché, tudo a bons preços e elaboradas com capricho. O restaurante indicado é o “Camarões”, onde a sociedade local se reúne e onde estive em minha última noite na cidade.

Duas coisas que reparei e que são completamente diferentes de Salvador, Curitiba e Campinas, cidades onde estive recentemente: os táxis são mais baratos – embora com carros mais antigos – e não se vêem casais homossexuais nas ruas. O povo é um misto de descendentes de europeus e caboclos nordestinos, pelo que pude perceber. Obviamente que é uma visão incompleta, mas são minhas impressões.

Encerro falando do atual aeroporto da cidade. Ele fica em Parnamirim, município próximo e ao lado da base aérea da cidade – no pouso percebem-se Tucanos da FAB estacionados nos hangares. Ele é mínimo (como pode se ver pela foto acima, da sala de embarque), com poucos vôos disponíveis e sem muitas opções de conveniência: a livraria não tem jornais de fora do estado e não há lugar para uma refeição completa.

Para a Copa do Mundo, se a cidade for sede, irá se construir um novo aeroporto em São Gonçalo, outra cidade no entorno de Natal. É absolutamente imprescindível, porque o atual não tem a menor condição. Digo sem medo de errar que é o pior aeroporto onde estive na vida.

Apesar das (pequenas ressalvas) que faço, fiquei com uma boa impressão da cidade e pretendo retornar a ela de férias com a família. Obviamente em época do ano onde esteja sol, porque ninguém merece cinco dias de chuva seguidos.

 
É uma cidade em crescimento e que tem total condição de assumir a condição de ser um dos principais destinos turísticos brasileiros, em especial aproveitando-se de sua  proximidade da Europa e de seus preços convidativos. 
 
Um povo caloroso e hospitaleiro, boa comida, cerveja gelada, artesanato de boa qualidade a bons preços e praias belas e convidativas. 
 
Com um aeroporto estalando de novo – o primeiro sob construção e administração da iniciativa privada no Brasil – e com um poder público mais cioso das necessidades básicas do município Natal tem tudo para “deslanchar” e colher os frutos de todos estes predicados. 
 
Vale a visita.

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