Ontem foi Dia das Crianças e, além das brincadeiras com as crianças com as quais convivemos, gasto de dinheiro com presentes, etc., essa data traz reflexão. Seja superficial com fotos de quando era criança em redes sociais, seja uma mais aprofundada ao olhar essas fotos.

Olhamos, nos lembramos, refletimos e perguntamos “Você traiu a criança que foi um dia?”.

Talvez a palavra “Traição” seja forte demais, mas muitas vezes ela reflete a verdade. Todos nós quando crianças temos nossos sonhos, respondemos quase que diariamente aquela pergunta chata e insistente de adultos “O que você quer ser quando crescer?”. Não temos a maturidade para ali responder “Quando eu crescer penso, me deixe aproveitar minha infância”, pelo contrário, pegamos aquela questão para nós e começamos a fazer projeções.

Acredite, dificilmente viramos aquilo que imaginávamos quando éramos pequenos.

E isso nem sempre é ruim. Quando somos crianças não temos noção de como é a vida adulta, como ela é difícil e como o destino muda nossas vidas a cada esquina. A maturidade aliada ao passar do tempo faz também que nossas cabeças mudem, e isso é natural, adultos muitas vezes vemos que aquilo que queríamos quando crianças tem nada a ver com o que queremos hoje.

O problema é quando existe a tal traição.

É quando você se torna um adulto frustrado, cheio de lamentações, reclamações, pensa no que fez de sua vida, as oportunidades que não soube aproveitar, olha a foto de criança e se lamenta perguntando aonde errou. Muitas vezes eu pensei que isso poderia ocorrer comigo, mas em algum momento da estrada, quando percebi que essa situação se aproximava eu consegui desviar e voltar para o caminho que queria quando pequeno. Posso não ser exatamente aquilo que projetei quando criança, mas a criança que ainda existe dentro de mim entende perfeitamente aquilo que mne tornei e aprova.

A questão maior é essa. Por mais que exista a desesperança e a frustração sempre há a chance de voltar ao caminho, até porque crescemos, envelhecemos, mas não morremos ainda. Se em algum momento não correspondemos a criança que um dia pensávamos ser podemos na velhice não ser aquilo que pensamos hoje que seremos e isso já é uma grande vantagem. O futuro começa a partir do momento que você toma as rédeas de seu presente.

E dessa forma, focando na velhice sem esquecer da infância a gente consegue não ter vergonha daquela foto de garoto nas redes sociais, apenas saudade.

E sentir saudades não é trair, é simplesmente estar vivo.

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