Escrevo essa coluna poucas horas depois do empate entre Flamengo x Internacional que levou o Rubro-Negro a uma semifinal de Copa Libertadores da América depois de trinta e cinco anos.

A torcida do Flamengo, com toda razão, está eufórica nesse momento. Boa parte não viu a Libertadores de 1984, a última em que chegou na semi, e sonha com o bicampeonato do torneio. Foi muito curiosa a “preparação” da torcida para esse jogo, a sua dupla personalidade indo da euforia à depressão.

A torcida é conhecida por isso, pela “Flamengada” e pelo “Deixou chegar fod…”, dois extremos que acabam se completando. A “Flamengada” é um termo mais atual, mas muito presente na vida rubro-negra, ela significa o momento em que tudo parece que dará certo para o Flamengo, tudo está ao seu favor, mas dá errado.

Nos anos 2000, a expressão e esse momento ficaram muito fortes e são representadas por quase todas as participações da equipe na Libertadores nesse período, mas tem como símbolos maiores a derrota para o Santo André na final da Copa do Brasil em 2004 e os 3 a 0 que levou do América do México quando podia perder por dois. Os dois casos no mesmo estádio, no Maracanã.

Mas ao contrário do que muitos pensam a “Flamengada” não é um fenômeno recente. Em 1968, o clube era virtual campeão da Taça Guanabara, deu até volta olímpica após uma partida, mas perdeu por 2 a 0 para o Bonsucesso forçando o Botafogo a voltar de uma excursão para retomar a competição e vencê-la. Em 1980, perdeu a chance do tetra carioca perdendo para o Serrano com gol do Anapolina. Dois anos depois, foi eliminado na semi da Libertadores em casa pelo Peñarol.

Em 1985, foi eliminado do Brasileiro pelo Brasil de Pelotas. Em 1997,  foi vice do Rio-SP e da Copa do Brasil perdendo as duas decisões no Maracanã quando bastava vencer.

Todos esses acontecimentos causaram trauma na torcida, trauma que surge a cada momento que o Flamengo decide.

Mas, assim como existe a “Flamengada”, existe o “Deixou chegar”. Esse momento ocorre quando a equipe embala de tal forma, é tomada por tal magia que mesmo quando não tem a melhor equipe vence. Em 1983, tinha a melhor equipe, mas estava em crise e até de treinador trocou no meio do Brasileiro, pegando embalo e vencendo. Em 1987, o Atlético era o grande time do campeonato, mas na reta final, o Flamengo de Zico, Renato e Bebeto pegou embalo para o título brasileiro.

Em 1992, os grandes times eram Botafogo e Vasco, mas o Flamengo de Júnior atropelou. Em 2009, estava no meio da tabela quando explodiu pro título com Pet e Adriano. Em 2013, com Elias e Brocador surpreendeu o Cruzeiro e partiu pra conquista do título da Copa do Brasil.

E assim é a vida do rubro negro, entre o medo e a euforia, entre o “Time sem vergonha” e o “Rumo a Tóquio”. O Flamengo vive um dos momentos mais importantes de sua história recente, tem reais condições de ganhar dois grandes títulos e botar esse elenco no mesmo panteão do time de 1981 assim como pode perder tudo e “ficar no cheirinho”. Esses últimos meses do ano prometem fortes emoções.

É um “Ai Jesus”!!

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