Pobre país…

Pobre país que um dia pertenceu aos seus verdadeiros donos, os índios, e foi invadido pelos europeus. Em troca de miçangas, espelhos ,levaram todas as riquezas e tomaram conta dessa nova terra inventando um “descobrimento” que até hoje é ensinado nas escolas.

Pobre país no qual muito de sua história foi construída em acordos de gabinetes, beneficiando apenas alguns, que com o tempo se tornaram heróis. A América toda fala com orgulho de sua independência, sua luta, seus heróis, enquanto a nossa foi feita depois de uma caganeira de D.Pedro às margens do Ipiranga, feita pelo filho de quem nos fazia colônia. Nossa independência foi um grande acordo, o fim da escravidão foi um grande acordo comercial, tudo que se move no Brasil é feito por intermédio de interesses escusos, para manter um poder desde as capitanias hereditárias até os filhos e netos de caciques políticos que perpetuam os sobrenomes que compõem o sistema.

Pobre país que não sabe conviver com democracia. Poucos foram seus períodos democráticos, mas parece que o brasileiro não gosta muito disso porque sempre flerta com o perigo. A monarquia tomou um pé na bunda, mas o poder não foi pro povo, foi para um regime militar. Getúlio amarrou seu cavalo no Palácio e se perpetuou no poder. Fez coisas boas, mas também foi capaz de atrocidades como mandar Olga Benário para a morte. Voltou eleito pelo próprio povo e se matou… Os que lhe acusaram apoiaram golpe contra Jango e foram perseguidos depois. É, quem apoia golpe uma hora acaba se arrependendo, não é, PSDB? A história se repete como farsa.

O brasileiro não gosta do Brasil, está mais que provado isso. Ele acha que basta saber o hino e se vestir com as cores do país que é nacionalismo. Nacionalismo (palavra que assusta de tanto que já foi usada erradamente) é bem mais do que isso, é respeitar o país que vive, querer que se torne melhor não só para você, mas para seu semelhante. Um país para se orgulhar é um país que dá oportunidade para todos, um país justo, com educação, saúde, segurança, cultura, saneamento básico, básico… coisas básicas de toda nação decente.

Somos tudo, menos decentes.

Somos indecentes, masoquistas, um país com um dedo no mau caratismo, sim, mau caratismo porque somos uma nação forjada de falsos heróis e momentos de envergonhar. Envergonhar como esse onde o mundo mostra a bosta que estamos fazendo e não ligamos. Estão todos errados, menos a tia do zap que propaga fake news. Sinto vergonha do resto do mundo, vergonha por nossos antepassados que lutaram e morreram para que como os meninos de “The Wall” caminhássemos hipnotizados sendo gado indo para o abatedouro.

Por isso surpreende sempre que algo bom ocorre por aqui como a escolha de samba da Mangueira.

Confesso que já estava pronta em minha mente a coluna para a derrota do samba da parceria do Domênico. Já tinha título, seria “O Brasil não quer ouvir a Marias, Mahíns, Marielles e Malês”. Continuo não achando que queira ouvir, mas às vezes tem de ser forçado a ouvir algumas verdades.

O samba da Mangueira, com todas as verdades ditas em sua obra prima, põe o dedo na ferida, é uma flor nascendo no meio de uma terra devastada por um ataque nuclear, é a luz no fim do túnel.

Eu quero um país que não está nos livros de história, eu quero um país que não está no retrato, eu quero um país que não seja esse de hoje e o que propõe ao futuro. Eu quero um país doce e com esperança como na voz da Kaká Nascimento. É pedir demais? Sim, pro Brasil de hoje é sim.

Mas eu peço assim mesmo porque sou teimoso.

Na luta que a gente se encontra.

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