Eis que no último dia de Copa, nos últimos minutos de transmissão, temos o momento mais emocionante do torneio. A declaração emocionada de Casagrande dizendo que chegou sóbrio a Rússia e voltaria sóbrio de lá.

Não bebo, não fumo e nunca me droguei, mas vivo nesse mundo, então, mesmo não sentindo na pele o que é passar por isso, conheço pessoas próximas e queridas que vivem o drama do alcoolismo e do vício em drogas, então entendo perfeitamente o tamanho da vitória de Casagrande. Ele será para sempre um viciado em drogas, nunca mais poderá chegar perto de uma sob o risco de perder tudo o que conquistou. Para sempre um viciado, mas ele pode escolher como viver com isso.

Uma escolha que não é fácil onde o maior inimigo é você mesmo. Ninguém escolhe ser viciado em algo, ninguém escolhe a deterioração pública, se ocorre é porque é algo forte, um demônio que te mata por dentro e se você consegue enfrenta-lo é vitorioso. Uma guerra que necessita de vitórias diárias.

Um dia de cada vez. É isso que nos ensina o ex jogador diariamente em sua fragilidade e força. Fragilidade por ter um vício e esse vício ter imenso poder sobre ele. Força de não só enfrentar como tornar isso público sem medo da exposição.

Temos muito a aprender com Casagrande, mas em vez disso preferimos fazer chacota, debochar, inventar piadas como se fôssemos seres perfeitos sem nenhum tipo de defeito. O pior do ser humano é apontar o dedo para outro sabendo que o espelho conhece todos os seus medos, fracassos e fraquezas.

Ironizam, debocham, falam besteiras como de forma inacreditável o imbecil do Paulo Henrique Amorim escreveu em seu blog. Em meio a ataques a rede Globo perguntou a quem interessa o vício e a superação de Casagrande.

A mim interessa. Sempre me interessa a vitória do ser humano sobre seus demônios por empatia e por me servir como inspiração para enfrentar os meus. Devia servir também a Paulo Henrique Amorim que é um homem viciado. Viciado na amargura que sente da Rede Globo desde que foi demitido de lá. A amargura mata mais que cocaína, vicia mais que crack.

Casagrande não é um herói, não é invencível e isso faz da história muito melhor. É um ser humano como todos nós.

O craque da Copa.

Um craque na vida.

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