“O caso Ana Lídia refere-se ao assassinato de Ana Lídia Braga, um crime cometido no Brasil na década de 1970.

A família de Ana Lídia morava na SQN 405, Bloco O, da Asa Norte em Brasília. Tinha sete anos quando a sequestraram do Colégio Madre Carmen Sallés, onde foi deixada por um amigo dos pais às 13h30 de 11 de setembro de 1973. A menina foi torturada, morta por asfixia e estuprada, morte que, segundo os peritos que analisaram seu corpo, teria ocorrido na madrugada do dia seguinte. Seu corpo foi encontrado por policiais, num terreno da UnB, às 13h de 12 de setembro. Estava semienterrado numa vala, próxima à qual havia marcas de pneus de moto e duas camisinhas, indícios que com facilidade poderiam levar os investigadores aos culpados da atrocidade. A menina estava nua, com marcas de cigarro e com os cabelos mal cortados.

Os suspeitos do crime foram o próprio irmão, Álvaro Henrique Braga (que, junto à namorada, Gilma Varela de Albuquerque, teria vendido a menina a traficantes) e alguns filhos de políticos e importantes membros da sociedade brasiliense. Mas os culpados nunca foram apontados, e o caso Ana Lídia tornou-se mais um símbolo da impunidade durante a ditadura militar.

As investigações apontaram que Ana Lídia fora levada ao sítio do então Vice-Líder da Arena no Senado, Eurico Resende, em Sobradinho.”

“Durante a década de 1970, o Brasil viveu o chamado ‘milagre econômico’, com seu PIB crescendo anualmente em níveis que hoje são normalmente associados à China. Para manter o “milagre” andando, o novo presidente, Ernesto Geisel, decidiu gastar o que não tinha: a ideia era manter o crescimento acelerado com investimentos públicos, no que então foi conhecido como 2º Plano Nacional de Desenvolvimento, que incluiu iniciativas como a usina de Itaipu e o Programa Grande Carajás de exploração mineral.

No curto prazo, funcionou. No longo, foi um desastre: entre 1974 e 1979, a dívida externa do Brasil saltou de 27,8 bilhões para 61,8 bilhões, em valores atualizados, segundo dados do Banco Mundial. O preço do barril do petróleo continuou a subir e, conforme a crise se alastrava pela América Latina, o investimento estrangeiro desapareceu – a fonte secou para os programas megalomaníacos da ditadura e, a partir de 1980, o PIB passou a oscilar entre a queda e a estagnação. Mais do que isso: em tempos em que prevalecia o discurso de que era primeiro deixar o bolo crescer para depois reparti-lo, grande parte da população jamais recebeu sua fatia: no fim da década de 80, quase metade da população seguia recebendo menos que dois salários mínimos. “

“Empreiteiras como a Odebrecht e a Camargo Corrêa cresceram no período ditatorial. Com frequência, valiam-se de artimanhas em conluio com representantes do regime para vencer as licitações: no caso do metrô de São Paulo, por exemplo, a Camargo Corrêa levou a concorrência após indicar um valor inicial muito inferior ao custo final da obra, por ignorar deliberadamente aspectos técnicos sem os quais as escavações não poderiam continuar – numerosos aditivos garantiram o sucesso da empreitada e os lucros da companhia.

Projetos faraônicos que sugaram recursos públicos sem entregar o prometido, como a Transamazônica, também povoaram o período. Nos dias da repressão, a fiscalização do poder por parte da sociedade civil era inviabilizada com a imprensa cerceada. Com a imprensa sob censura e jornalistas sendo perseguidos, as denúncias não apareciam e tudo ocorria com uma aparência de normalidade e idoneidade.”

“Com uma taxa de homicídio intencional de 28,9 pessoas a cada 100 mil habitantes, o Brasil hoje aparece ranqueado como um dos quinze países mais violentos do mundo. A impressão de que havia mais segurança pública durante a ditadura é outra meia-verdade: se, em geral, os números costumavam ser menores do que hoje, não é verdade que o período militar tenha sido particularmente seguro na história brasileira. Pelo contrário: a criminalidade só subiu durante a ditadura, iniciando a tendência que continua até hoje.

A facilidade para obter armas de fogo, somado à introdução do tráfico e da guerra às drogas no Brasil, fez o índice de homicídios crescer rapidamente nas principais cidades do país – e o endurecimento do regime não surtiu qualquer efeito em termos de reduzir a violência. Pelo contrário: o incremento do aparato para combater a criminalidade urbana foi uma resposta ao aumento do crime, com o surgimento dos ‘esquadrões da morte’ na tentativa de responder aos pedidos da população por mais segurança, criando uma cultura de violência que permanece até hoje.

Um caso sintomático é o de São Paulo, maior cidade do Brasil. Segundo levantamento feito pelo jornal “O Estado de São Paulo” em 2012, até o início da década de 1960 o índice de homicídios na cidade raramente superava 5 a cada 100 mil habitantes. Em 1985, ao final da ditadura, esses números haviam subido para 36,9. “

Todos esses casos citados acima não são de agora, desses tempos difíceis em que vivemos e servem para mostrar um pouco como foi o regime militar brasileiro.

A pior coisa que pode ocorrer com a história é o distanciamento. Envelhecer ou morrer as pessoas que participaram dela porque como eu já disse aqui anteriormente a mesma passa a ser contada pela sociedade do momento e o sistema vigente. Quando eu era criança o nazismo era uma coisa abominável e a ditadura militar, ainda recente na mente de todos, execrável. Hoje já tem gente que apóia o nazismo e diz que não teve holocausto sem vergonha nenhuma e cada vez mais aparecem apoiadores do regime.

Teve repercussão, mas talvez não a que merecesse por tudo o que ocorria, o pronunciamento do general Villas Boas no Twitter dizendo da preocupação do exército com acontecimentos daquela semana e que os militares estavam atentos.

A revolta com o que ele disse foi grande, mas o apoio também. Geralmente quem “passa pano” para a ditadura e pede sua volta são pessoas mais velhas que não se envolveram com nada no período ou os jovens que não tem a mínima ideia do que é viver sob o autoritarismo. Essas pessoas pregam que o Brasil no período era um local em paz, sem violência, corrupção e que crescia

Os exemplos que dei acima mostram que essa tese é mentirosa. Tinha corrupção, mas a censura não permitia divulgação, tinha violência que dependendo de quem praticasse era acobertada, tinha crise econômica e inflação devido as obras faraônicas e o pior, você nem podia botar pato na Paulista ou bater panelas sob o risco de ser pendurado em um pau de arara, ter um rato enfiado na vagina ou simplesmente desaparecer.

Desaparecer, vários desapareceram e nunca foram encontrados. Várias famílias não puderam ao menos dar um enterro digno a quem amavam. Eram todos santos? Não. Existiam terroristas? Sim. Mas muitos não eram, apenas lutavam por um ideal, democracia, liberdade e pagaram com a vida ou tiveram danos pelo resto da mesma. Rubens Paiva, Herzog e Stuart Angel não eram terroristas, Geraldo Vandré era um artista e sofre até hoje as consequências de dizer o que pensava em forma musical, sem metralhadoras e apenas com sua arte.

Como eu disse aconteceram excessos de todos os lados, terrorismo, militares inocentes pagaram com a vida, mas não custa lembrar que nada ocorreria se vivêssemos em uma democracia e em respeito à memória dos inocentes mortos dos dois lados nem devíamos cogitar uma volta.

O Brasil era menos violento nos anos 70 como todo o mundo era, como ele era mais seguro nos democráticos anos 50 que nos 70, como era mais seguro no monarca século XIX que no republicano século XX. O mundo fica cada vez mais violento e inseguro não pelos sistemas vigentes, mas devido os seres humanos que vive neles.

O Brasil é um dos poucos países que não puniram os carrascos de seu próprio povo. Uma guerra, como os reaças dizem, em que um lado tinha todo o poder, aparelhamento e foi criado para proteger seus cidadãos. Acho que esse é nosso grande mal. Celebraram a volta do irmão do Henfil sem perceber que salvavam quem impôs sua retirada.

General volte para a caserna que seus homens têm coisas mais importantes para cuidarem como impedir que drogas e armas entrem no Brasil.

A pior democracia é melhor que a mais bem sucedida das ditaduras.

Afaste de mim esse novo cálice.

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