Essa semana o “possante” Tiago Leifert, o rapaz bem nascido e que teve tudo na mão, fez um artigo no qual critica a mistura de política com esportes.

Por aí a gente nota o nível do jornalismo esportivo de hoje, em que um “decreto” é mais importante do que se aprofundar em sua própria história, pois poucos veículos foram tão importantes para a política do que o esporte.

Esporte sempre se misturou com política seja para o bem ou para o mal. Desde os tempos da Grécia antiga foi assim, passando por Hitler, que queria fazer uma Olimpíada para comprovar a supremacia branca e foi derrotado pelo negro imortal Jesse Owens, indo até os atletas negros americanos fazendo gesto dos panteras negras no pódio no México, o setembro negro em Munique e a luta contra as ditaduras e pela liberdade no futebol sul-americano nos anos 70 e 80.

Como eu disse, para o bem e sim para o mal, porque poucas coisas são mais midiáticas, atingem tantas pessoas ao mesmo tempo de forma tão rápida quanto os esportes. Isso está na história e não é um playboy branquinho que vai mudar.

A questão mais importante que as palavras desse rapaz é: a quem não interessa falar de política?

Seja você de direita ou de esquerda, caro leitor, lhe faço uma pergunta: está feliz com o mundo atual? Diminuindo o campo de pesquisa, está feliz com o Brasil atual?

Poucos estão felizes, sinceramente os únicos que podem estar felizes nesse mundo em que tudo se deteriora são aqueles que estão tirando proveito dessa situação. O sistema, o status quo, a forma que você preferir chamar.

Para quem faz parte do grupo dominante não interessa falar sobre política em lugar nenhum porque está bom do jeito que está e sabemos, por mais que muitas vezes a gente odeie o assunto, que só debatendo, discutindo, entendendo e reagindo à política que podemos mudar alguma coisa.

Porque política não são apenas deputados e senadores falando merda no congresso ou pedindo votos, não é apenas o Temer com sua cara de vampiro fazendo pronunciamentos, tudo é política. Se você é casado e quer ir a um bar com amigos terá que negociar com sua esposa, isso é política, se você é mulher e tem namorado terá que negociar com ele para ir a um show que ele não goste. Pais e filhos todos os dias negociam, o menino de quatro anos que vai ganhar um pirulito se finalmente aceitar tomar banho faz política.

Apenas através da política, da negociação, da luta é possível transformar uma casa, vilarejo ou sociedade. Conquistas de minorias só foram possíveis assim, transformações sociais só foram possíveis assim, ganhos no trabalho, de vida, de cunho social precisam de informações,debates e política.

Um povo alienado e apolítico interessa a quem manda. É o cabresto, a escravidão sem senzala, mas com favela com exército nas suas calçadas,é o playboy da zona Sul cheirando em boate e saindo dela para pegar um carro sem ser cadastrado e fotografado como um estudante de Ciep. A não politização faz uma sociedade dividida onde quem não tem culpa começa a se achar culpado de tanto que a informação lhe é negada .

Não falo de política partidária, todos tem o direito de ter a ideologia, o pensamento que quiser, mas tem que ter um mesmo um que eu considere imbecil. Brecht já dizia que o pior analfabeto é o analfabeto político e se você não gosta de falar de política pode ter certeza que será comandado por aqueles que gostam.

Tiago Leifert já está com a vida ganha, ele não precisa que exista um debate político, nós precisamos.

Porque eu não estou satisfeito com esse planeta, com essa sociedade, com esse sistema que nos sacaneia todos os dias e não conseguimos paz nem no carnaval onde escolas de forma hipócrita falam de luta, falta de respeito e depois armam mudanças de resultados.

O ficar de joelhos para o sistema, o aceitar que as coisas nunca vão mudar que fazem escolas como União da Ilha e São Clemente apoiarem o status quo mesmo sabendo que com isso serão vítimas futuras dele.

Tiago Leifert, pode ter certeza que entre você, Sócrates e Casagrande eu fico com os dois últimos. Pode levar o Neymar pai também porque o Casagrande pode ter usado muitas drogas muito na vida, mas quem cheira mal são vocês.

Eu quero debater política, eu não aceito as coisas como elas são.

Twitter – @aloisiovillar

Facebook – Aloisio Villar

[related_posts limit=”3″]