Em um bom primeiro dia de desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro, a Mangueira se credenciou à briga pelo título, enquanto o Paraíso do Tuiuti foi a mais agradável surpresa dos últimos anos na elite do carnaval carioca.

Vamos às análises dos desfiles de domingo:

IMPÉRIO SERRANO – A Verde e Branco da Serrinha fez uma apresentação de muita dignidade ao falar da China, mas infelizmente terá dificuldades de permanecer no Grupo Especial por não ter os mesmos recursos das demais agremiações. Aliás, não posso escrever o motivo por respeito à fonte, mas durante o desfile de sábado do Acesso apurei na Sapucaí que a verba da Uber de R$ 500 mil não pôde ser repassada à escola. Como sempre, os destaques foram a grande bateria e o chão.

SÃO CLEMENTE – Agradou o desenvolvimento do enredo por parte do carnavalesco Jorge Silveira, apesar de os tripés no fim terem destoado um pouco. Mas a divisão cromática merece elogios. O problema da escola da Zona Sul foi a frieza: infelizmente diversas alas não cantaram a contento. Como bem escreveu meu amigo Leonardo Bruno, foi um desfile mais “academicamente” do que “popular”. Deve ficar na parte de baixo da tabela, lamentavelmente.

VILA ISABEL – A proposta de Paulo Barros ficou clara desde o começo, com muita tecnologia, néon, high tech, etc. Estava de acordo com o enredo? Estava. Surpreendeu? Em termos. Vai ficar bem colocada? Possivelmente. Mas admito que não curto esse tipo de desfile, mas é algo estritamente pessoal. O samba-enredo não ajudou a Vila a desenvolver um desfile de mais empatia e acabou sendo uma apresentação um tanto arrastada. Mas pode voltar no sábado.

PARAÍSO DO TUIUTI – Incrível! Fantástico! Extraordinário! Parabéns ao carnavalesco Jack Vasconcelos por nos proporcionar esse grande momento. Uma crítica eloquente e muito bem fundamentada à escravidão, seja a que acometeu o Brasil no século XIX, seja a escravidão contemporânea. As alegorias e fantasias, como se esperava, foram supercriativas. O que dizer do vampiro com a faixa presidencial? E dos manifestantes fantoches? Isso sem falar do grande samba. Gostaria muito que os jurados tivessem coragem de levar a Tuiuti pelo menos até o sábado das campeãs, ou até a uma posição mais acima.

GRANDE RIO – Renato e Márcia Lage estrearam muito bem na Tricolor na homenagem a Chacrinha. As alegorias e fantasias foram muito bonitas e interessantes, e, apesar do samba ruim, vinha fazendo ótimo desfile, a ponto de se credenciar a brigar pelos primeiros lugares. Infelizmente a quebra do último carro comprometeu os quesitos Enredo, Alegorias e Adereços, Harmonia e Evolução, sem contar o estouro no tempo. Uma lástima! Um acidente que vai deixar a Grande Rio do meio para trás na tabela.

MANGUEIRA – A mais bonita apresentação de domingo. Em outro enredo de crítica contundente, no caso ao prefeito do Rio, a Verde e Rosa reviveu os antigos carnavais e bateu pesado no corte de subvenção às escolas de samba. Um conjunto alegórico impecável e fantasias que proporcionaram uma agradável divisão cromática. A Mangueira ainda apresentou bom desempenho nos quesitos de pista. Houve um andamento acelerado da bateria, que entretanto foi muito bem nas paradinhas e convenções. Não foi aqueeeeeeela explosão, mas a Manga deu o recado e está no páreo pelo título.

MOCIDADE – Um bom desfile de uma das campeãs de 2017, mas o ótimo samba-enredo não aconteceu como poderia. Houve quem criticasse o andamento muito “pra trás” da bateria, mas não acho que seja apenas isso. Eu sou defensor das baterias cadenciadas e por isso achei a crítica exagerada. Esteticamente eu esperava um pouco mais, mas de qualquer forma o enredo foi bem desenvolvido. Mas a Mocidade não teve grandes problemas e por isso deve ficar bem colocada.

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Fotos: G1