É estranho o título da coluna?

Pode ser, mas vai chegar o dia em que um jogador fará um gol e vai pedir desculpas por isso.

Agora a questão é com o gol, mas já foi com o drible. Poucos driblam hoje em dia. Um dos motivos é a babaquice “arnaldoriberiana” que se propaga em dizer que o drible não serve para nada, outra é porque alguns veem o drible como humilhação, justo um gesto tão brasileiro e que consagrou craques como Mané Garrincha.

Agora o problema é com a comemoração do gol. Primeiro não deixam mais tirar a camisa, até certo ponto justo porque prejudica os patrocinadores do clube, agora é passível até de cartão amarelo se o juiz achar que teve provocação.

Vai chegar a hora em que o próprio gol vai render cartão amarelo, afinal, o gol é uma humilhação ao adversário, é a prova que sua defesa é vulnerável e seu time inferior ao outro. O jogador que fizer um gol tomará cartão automaticamente. Uma solução, talvez, seja comemorar como nos pontos do tênis, com uma cerradinha de braço e o público aplaudindo como em um jogo em Wimbledon.

Eu sou do tempo das provocações. Tempo em que Romário e Renato faziam gols e mandavam a torcida adversária calar a boca. Tempo em que Túlio dava nomes aos seus futuros gols. Cheguei a ver Paulo Nunes imitando a Tiazinha, Thiago Neves fazendo o créu pra torcida rubro-negra e não se viu uma discussão em campo, quanto mais pancadaria.

Agora Vinicius Jr faz um gol, faz para sua torcida o chororô e é enquadrado por jogadores dez, quinze anos mais velhos que ele, um menor de idade que é ameaçado até por ex-dirigente. Um simples gesto de choro que fez a final da taça Guanabara ser jogada fora do Rio.

E o pior, o que aconteceu no Ba-Vi. A comemoração passou do ponto? Pro mundo atual e seu mimimi, sim, porque como disse já vi comemorações bem piores que não deram em nada. Mas nada justifica o que aconteceu depois.

Não é o futebol que está chato, o mundo está chato. Cada vez mais avançamos em relação ao atraso.

Comemorar um gol virou risco de morte.

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