Com razão, é verdade, a gritaria foi enorme depois que Felipe Massa confirmou de vez sua retirada da Fórmula 1. Não pelo Felipe, claro, mas pelo fato de o Brasil ficar sem representantes no grid pela primeira vez desde 1970, quando Emerson Fittipaldi chegou.

É evidente que isso é um reflexo de uma política de base inexistente e de uma CBA que nada fez nesses últimos anos todos. A nova gestão de Waldner Bernardo começa a dar alguns passos nesse sentido, com a provável criação da Fórmula 4 nas mesmas bases da europeia. A conferir.

Outro fator é que hoje as equipes de Fórmula 1 têm seus programas de desenvolvimento de pilotos e para que se chegue à categoria numa base sólida, é fundamental estar num desses programas – em tempo, anotem aí os nomes de Charles Leclerc, George Russell e Lando Norris, todos já calçados nessas academias.

Hoje temos um piloto, Gianluca Petecof, em negociações para entrar na academia da Ferrari. No último GP do Brasil, ele esteve em Interlagos e já vem sendo bem acompanhado por ninguém menos do que Sebastian Vettel, que em diversas oportunidades elogiou o brasileiro para quem quisesse ouvir.

Hoje quem está mais perto da F1 é Pietro Fittipaldi. Ele não é de nenhuma academia, mas conquistou o título da Fórmula V8, antiga World Series, e já tem graduação para obter a superlicença. Em Interlagos, Emerson visitou a Renault e esteve demoradamente com a cúpula da equipe. Bateu um papo até com Alain Prost. E ainda tem a possibilidade da Haas…

O outro brasileiro mais próximo é Sérgio Sette Câmara. Com o apoio do pai Sérgio, que, aliás, provavelmente será o novo presidente do Atlético-MG, o jovem mineiro foi da academia da Red Bull mas saiu. Em 2017, teve uma sólida segunda metade de temporada na F2, com vitória em Spa e segundo lugar em Monza, e uma ótima atuação no GP de Macau de F3 – ele só perdeu a vitória no fim porque bateu após seus pneus acabarem.

Pedro Piquet ainda tem o futuro indefinido. Não fez a temporada que se esperava na F3 europeia, mas teve boa participação em Macau – foi o sexto. Pode pintar na GP3 em 2018, mas ainda não assinou nada pro ano que vem.

Mas, fato é que hoje em dia o sonho da F1 é cada vez mais difícil e muitos pilotos de grande talento tiveram de partir para outros desafios internacionais. Seja por falta de grana, falta de oportunidade, foi necessária essa transição.

Matheus Leist por exemplo foi campeão inglês de Fórmula 3 mas partiu para os Estados Unidos, onde este ano venceu três corridas (inclusive Indianápolis) e terminou em quarto na Indy Lights. Vai correr pela Foyt na Indy em 2018, como companheiro de Tony Kanaan. Em resumo: é o futuro brasileiro na Indy.

Temos ainda o grande exemplo de Nelsinho Piquet, que já mostrou enorme versatilidade em diversas categorias, sempre com bons resultados, e foi o primeiro campeão mundial da Fórmula E. Este ano obteve ainda três pódios (quatro se não fosse uma polêmica desclassificação em Le Mans) no FIA WEC na classe LMP2.

Outro grande exemplo de que o automobilismo tem um enorme leque de possibilidades foi mostrado por Bruno Senna. Com a velocidade e conhecimento técnico adquiridos nesses anos, Bruno consolidou sua carreira nas corridas de GT e longa duração e se sagrou campeão mundial de endurance na classe LMP2. Extraordinário!

Então, amigos, não é só Fórmula 1.

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Fotos: FIA WEC, F2 e Indy Lights