Mais uma semana de mata-mata em Libertadores, mais uma semana em que torcida e analistas vaticinaram que todos os brasileiros passariam com facilidade, mais uma semana em que aconteceram decepções e dois dos mais importantes foram eliminados.

“Libertadores é jogo de macho”, “Libertadores separa os homens dos meninos”, “Libertadores tem que jogar com o coração na ponta da chuteira”, essas são as verdades que imprensa e torcida sempre passam. Para mim, é o principal motivo de, apesar de ganharmos de vez em quando e ainda termos três times, o desempenho brasileiro na história da competição é bem abaixo do que poderia.

Pelo abismo financeiro, de talentos e sua dimensão geográfica continental o Brasil tinha obrigação de ter muito mais títulos e desempenhos melhores, mas o fato é que a Libertadores existe desde 1960 e o brasileiro ainda não entendeu a competição.

Nos anos 60 e 70 davam pouca importância ao torneio enquanto uruguaios e argentinos davam o sangue por essa conquista. A partir dos anos 80, ganhou importância aqui e brasileiros começaram a achar que tinham que dar o sangue pela conquista e os estrangeiros continuaram ganhando com futebol e organização. É isso, o Brasil sempre está atrasado trinta anos em relação ao restante do continente.

Vamos pensar friamente. Competição por competição, o Brasileiro é muito mais difícil que a Libertadores. São trinta e oito rodadas com times fortes viajando pelo imenso país jogando quarta de domingo durante sete meses e uma arrecadação de premiação muito maior que a do torneio sul americano.

Mas os times brasileiros ainda não entenderam isso e dão uma dimensão, uma importância muito maior para a competição, o tal “Sonho da América”, o tal “Projeto Tóquio” sendo que o mundial nem em Tóquio mais é.

A importância dada hoje joga uma imensa pressão nos times brasileiros, passa uma impressão de que Libertadores só se ganha na raça, na porrada, deixando o sangue em campo como eu disse anteriormente e não é nada disso.

Para ganhar a Libertadores tem que fazer a mesma coisa que é necessário para ganhar todas as outras competições, tem que jogar bola.

Tem que jogar bola, ter talento, ter organização tática e vontade. Vontade sim como para fazer tudo na vida. Tem que correr, tem que entrar em dividida, ter disposição, nada de dar porrada, sangrar ou mostrar que é mais macho que os outros.

O Santos do Pelé jogava bola, o Flamengo de Zico também..O São Paulo de Telê, Vasco de Juninho, Santos de Neymar, Corinthians de Tite… Todos os times brasileiros, excetuando o Grêmio de 1995, ganharam jogando bola e com organização tática, Os três times brasileiros que ainda estão na Libertadores são talentosos e organizados.

Todas as vezes que o brasileiro entrou na guerra de nervos, se pilhou, entrou na onda do “jogo de macho”, perdeu. Perdeu porque não sabe fazer isso, não sabe jogar assim e quando entra nesse aspecto faz o jogo dos estrangeiros.

Na hora que entenderem que a Libertadores é uma competição de futebol, não a guerra de Cisplatina isso muda.

Não vão precisar dar porrada em uruguaio pra vencer.

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