Sempre defendi que todos os clássicos do futebol carioca sejam realizados no Maracanã, com divisão de torcidas e renda meio a meio. Então, não é porque houve mais incidentes abomináveis no Vasco x Flamengo do último sábado que aponto isso.

Como escreveu brilhantemente o Luiz Antonio Simas, o Maracanã foi concebido de uma forma em que, apesar de separar os torcedores por classes sociais, havia a sensação de democracia e convívio social.

Lamentavelmente, o Maracanã nos foi tirado por um plano torpe de assalto aos cofres públicos engendrado por criminosos que, espero, apodreçam atrás das grades.

Sem o Maracanã, o carioca perde assim mais um de seus locais de convívio em sociedade. Não que o Maraca seja livre de confusões, sabemos que havia problemas, mas ainda assim existia mais segurança, fora a mística, e a paixão pelo estádio.

Nada contra São Januário, outro patrimônio histórico do Rio de Janeiro, ou contra o Luso-Brasileiro, ou o Nilton Santos, ou o Raulino de Oliveira. Mas são estádios de menor capacidade e com um entorno que dificulta o escoamento de torcedores. Isso já está provado.

Infelizmente, devido a todos os problemas que conhecemos, tudo o que for feito para garantir a segurança e evitar problemas, tem de ser feito. E, no Rio, só vejo o Maracanã como aceitável para receber jogos de grande porte, com rivalidade exacerbada.

No entanto, com o Maracanã – e os próprios clubes – nas mãos de quem só tem o lucro e/ou o poder como interesse, é praticamente impossível que se chegue a um consenso para que os clássicos sejam no lugar que devem ser, o Mário Filho.

Mas o mais lamentável de tudo isso é que a perda do Maracanã é apenas mais uma em meio a tantas perdas que o carioca vem sofrendo nas últimas décadas.

A praia ainda está lá, mas é difícil usufrui-la em segurança. O Maracanã está lá jogado às moscas pelos motivos que todo mundo já conhece. Isso sem falar no Carnaval, que vem sendo duramente sufocado por uma gestão que leva a cabo seu projeto ideológico e de poder.

Se não pudermos ir ao nosso estádio, à nossa praia, ao nosso bloco ou ao nosso sambódromo, que sentido tem este Rio de Janeiro?

[related_posts limit=”3″]