Chegamos praticamente ao meio do ano e são quase seis meses dos novos prefeitos. Dois chamam atenção em especial por suas atitudes e tamanho das cidades que governam. Rio e São Paulo.
Não sei exatamente qual é a aceitação de João Doria Jr. em São Paulo. Acredito que seja alta porque o estilo do prefeito é o preferido há décadas pelo eleitor paulistano, político elitizado do PSDB, mas dá para sentir que tudo que Doria faz é movido pelo marketing, de como ele pode atrair a mídia, seja de forma positiva ou mesmo negativa, mas tem que atrair mídia, fazer seu nome conhecido nacionalmente.
Porque está na cara que ele é candidato à presidência da República. Talvez seja a melhor opção do momento em um PSDB combalido por derrotas eleitorais e pela corrupção. Geraldo Alckmin seria a outra opção, mas sobre ele pairam escândalos como o da merenda.
Serra e Aécio são cartas foras do baralho, dizimados por acusações, então resta Doria, alguém que se elegeu dizendo não ser político e que a princípio sobre quem não paira nenhuma grande acusação. O problema é que é pouco conhecido fora de São Paulo e daí vêm suas ações.
Tenta associar seu nome a um anti-lulismo falando mal do ex-presidente sempre que possível, atitude de certo ponto inteligente porque o eleitor paulistano não gosta do petista. Com Doria, vieram duas atitudes populistas que, se fazem pessoas com maior poder de informação torcer o nariz, atrai aqueles que foram contaminados pelo sentimento de ódio e imediatismo que se alastra pelo Brasil.
Tirar o limite de velocidade da Marginal provocou aplausos do paulistano classe média e alta que tomava multas e, mesmo que essa retirada tenha aumentado o número de acidentes e mortes, isso não representou nada para esse paulistano.
A outra medida são as ações na crackolândia e internações compulsórias. Nenhum entendedor de leis ou médico aprova isso, mas a população aplaude porque acha que esse é um meio de se livrar de “lixos humanos” que só atrapalham e causam inseguranças em suas vidas.
É um pensamento rasteiro, e diria de certa forma idiota, como é o do ser humano de pensamento médio. Primeiro que fazem ações na crackolândia e algumas horas depois a mesma está de volta com todos os seus dependentes químicos mostrando que isso é enxugar gelo e segundo que já foi provado que internação compulsória não dá certo, não adianta.
Mas não importa para a população consequências e, sim, o ato. O prefeito sabe disso e abusa desse jeito espalhafatoso e midiático. Doria tenta ser um novo Collor com apoio da mesma mídia que elegeu o ex-presidente. A alternativa “não política” que mais faz política no Brasil.
O outro prefeito tem um estilo diferente. Pra dizer a verdade, nem sei se Crivella queria ser prefeito do Rio. A impressão é que mais uma vez ele se candidatou por candidatar e, para sua surpresa, acabou eleito. Não passa.a impressão de gostar de ser prefeito, não aparece, não bota a cara pra nada, vive viajando e a impressão é que o Rio está sem prefeito e governador.
Mas é só impressão porque, de jeito silencioso, Crivella vem agindo para dar vazão àquilo que foi eleito, impor uma agenda evangélica no Rio de Janeiro. Vários dos seus foram beneficiados com cargos e isenções, nunca a Igreja Evangélica teve tanto poder na cidade e as minorias se sentiram tão ameaçadas.
O movimento LGBT já sofre ameaças de restrições, as festas de rua sofrem perigo com novas medidas que lhes restringe e agora o alvo é o carnaval. O mesmo carnaval que lhe “abriu as pernas” e apoiou nas eleições e não teve um prefeito lhe entregando a chave oficial e agora corta subvenção pela metade.
Não serei incoerente. Em 2015 aqui e no programa de internet que eu fazia parte fui contra a dobra da subvenção então não poderia ser contra a redução que deixará a subvenção como era em 2015. Vejo a Liesa e as escolas como crianças mimadas que recebem mesadas e não se sustentam sem os pais, mas não posso concordar com a forma que é feito tudo isso.
Se Crivella tivesse dito que o corte era pela falta de dinheiro da prefeitura apenas eu entenderia, mas dizer que o dinheiro será investido em creche é populismo, covardia, é querer jogar a população contra o mundo do samba.
Mais que isso, se o corte viesse do Eduardo Paes entenderia mais, como vem do Crivella dá pra desconfiar e muito que isso é uma retaliação contra tudo que envolve o carnaval, por ser chamado de “festa pagã”, do corpo, da carne e principalmente, de religiões afro.
A Liesa buscou isso, buscou quando foi levada pelo canto da sereia, quando foi subserviente apenas porque o candidato sabia cantar” Festa para um Rei Negro” e a forma que ela e as escolas elitizaram a festa lhe deixa sem apoio popular. De sua forma Crivella faz o mesmo populismo de Dória, enxuga gelo e ganha aplausos da população.
São duas farsas, dois “prefakes” que a população que não compactua com populismo terão que aturar por quatro anos ou até de uma forma pior dependendo da ambição do paulistano. Pobres de nós que sabemos ver além da “ação espetaculosa”.
Os prefakes são uma ameaça real;
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