… Votei no Aécio.
Essa é uma frase famosa de uma camisa que Ronaldo Fenômeno usou em uma das manifestações contra Dilma. Ronaldo se acha acima do bem e do mal porque jogou futebol e fez gols em Copas do Mundo; mas como pessoa física é um ser humano como outro qualquer e com situações no mínimo esquisitas em sua vida. Mas ele se achou no direito de julgar quem votou diferente dele. Ele e muitos se acharam nesse direito.
E agora veem o candidato em que votaram ruir.
Aécio ruiu e o jogo virou. Agora eleitores de outros candidatos, principalmente de Dilma, cobram os eleitores de Aécio fortemente e até lembram celebridades de fotos que tiraram com o candidato.
“A culpa não é minha, votei na Dilma”.
É isso mesmo? Agora vamos culpar uns aos outros cagando regras como se fôssemos isentos de erros? Perfeitos? Quem pensamos que somos? De princípio posso dizer que eleitor do PT e do Aécio não tem moral de apontar o dedo para ninguém, mas vou além, eleitor nenhum tem direito a apontar dedo, a acusar. Atire a primeira pedra quem nunca errou em um voto!!!
Eu votei no Garotinho e no Sergio Cabral, sendo neste duas vezes, tenho direito de culpar alguém? E acredite, o honesto de hoje muito bem pode ser o corrupto de amanhã; então nem o eleitor do PSOL, que a priori é o partido com menos escândalos, não pode dizer nada porque o PSOL de hoje é o PT dos anos 80 e vimos no que deu.
A culpa é do Ronaldo que votou no Aécio? Dos artistas todos que votavam no Lula? A culpa não é dos candidatos?
Mas isso de brigar com eleitor de outro candidato, essa intolerância com a opinião alheia, com o voto do outro, é apenas um dos pontos que mostra a intolerância e a cultura de ódio que se propaga no país e no mundo.
Para onde se olha é nítida a intolerância, a falta de delicadeza, seja com o voto alheio, com a torcida do time rival, qualquer que seja o gosto que não é o nosso. Ninguém consegue fazer um debate saudável entendendo que a pessoa pensar diferente de você não lhe faz mau caráter, apenas uma pessoa com pensar diferente.
Estamos debatendo pessoas, não ideias.
É o Danilo Gentili tendo ataque machista e colocando ordem judicial dentro da calça, é o João Doria obrigando as pessoas a se internarem e derrubando prédio com gente dentro, são pessoas de esquerda acusando de racismo quem se solidarizou com o irmão da Suzanne Richthofen dizendo que esses”não ligam para os negros da crackolândia”, é um tal de apontar dedo, senhores da razão.
Falta delicadeza, falta sensibilidade, parar de nos acharmos donos da verdade e do poder de acusação. Somos todos falhos, qualquer um de nós é passível de um erro, de ter uma pessoa querida votando em um candidato que não gostamos ou mesmo desviando de um bom caminho e parando na “crackolândia”.
Todo homofóbico pode ter um filho gay, um racista ter filha se apaixonando por um negro, um eleitor tendo seu candidato preso por corrupção, o que trata pessoas de idade como pesos mortos um dia irá envelhecer, o que tem horror a pobre pode perder tudo.
Não sou Gandhi, longe disso, não acho que discurso de paz resolva tudo, mas vamos maneirar um pouco, o mundo está indo para um caminho muito perigoso, a vida cada vez mais difícil e dessa forma chegará um momento que sim, todos teremos culpa.
Ficamos brigando uns contra os outros como marionetes enquanto aqueles que nos fazem brigar riem e fazem acordos para se safarem. É certo isso? Fica a dica.
A culpa, por enquanto, não é nossa.
Twitter – @aloisiovillar
Facebook – Aloisio Villar
[related_posts limit=”3″]