Depois de escrever em 2013/2014 a série “Trinta Atos” e de reeditá-la e atualizá-la no ano passado como “Histórias do Sambódromo”, é chegado o momento de uma nova série histórica sobre Carnaval no Ouro de Tolo: a “Primórdios do Sambódromo” é uma ideia que já vinha amadurecendo com o Migão e vai contar a partir desta quarta-feira como foram os desfiles do primeiro grupo entre 1978 e 1983, antes da construção do sambódromo.

Por que escolhemos o ano de 1978 para começar a série?

O motivo é bem simples: foi naquele ano que os desfiles passaram definitivamente para a Marquês de Sapucaí, no Centro da cidade, depois de anos perambulando por outras ruas daquela região da cidade.

Foram seis anos de desfiles na Sapucaí sem Sambódromo, com cinco escolas campeãs: Beija-Flor (1978, 1980 e 1983), Imperatriz Leopoldinense (1980 e 1981), Mocidade Independente de Padre Miguel (1979), Portela (1980) e Império Serrano (1982). Como todos sabemos, houve um tríplice empate em 1980.

Era um período em que o profissionalismo começava a ditar os rumos dos desfiles das escolas de samba do Rio, mas ainda havia uma dose de romantismo, como por exemplo nas maravilhosas decorações que adornavam a passarela e que lamentavelmente seriam abandonadas em 1984.

Em termos de samba-enredo foi um período fantástico, com obras inesquecíveis como “O Amanhã” (União da Ilha, 1982), “Criação do Mundo na Tradição Nagô” (Beija-Flor, 1978), “Incrível, Fantástico e Extraordinário” (Portela, 1979), “O Teu Cabelo Não Nega – Só dá Lalá” (Imperatriz, 1981), “É Hoje!” (União da Ilha, 1982) e “Bumbum Paticumbum Prugurundum” (Império Serrano, 1982), só para citar alguns.

E o que dizer das baterias? A cadência de samba era respeitada por praticamente todas as agremiações, cujas batidas características eram ouvidas, para não dizer apreciadas, pelo público tanto na Sapucaí como pela televisão.

Para conseguirmos concretizar essa série, recorremos à mesma linha de pesquisa da “Trinta Atos” e da “Histórias do Sambódromo”: consultamos os arquivos de jornais da época, principalmente de “O Globo” e “Jornal do Brasil”, assistimos a dezenas de desfiles da época – vale destacar o excepcional canal do Thiago Tapajós no Youtube, recorremos a diversos livros e a outros blogs.

O objetivo da série, claro, não é criar polêmica ou dar pancada em ninguém, mas dividir com vocês, leitores, um pouco da história do Carnaval que tanto amamos. Espero que gostem!

Imagens: O Globo

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2 Replies to “Série “Primórdios do Sambódromo” estreia nesta quinta-feira”

  1. Garantia de ótimas histórias. Grande época de desfiles sensacionais, invasões de pista, sambas maravilhosos, baterias cadenciadas e carnavais que a gente hoje, felizmente, lembra com o maior carinho.

    Bola dentro do Fred e do Migão. :)

    1. Invasões de pista talvez, na minha opinião, seja o de mais emblemático nessa década. Os outros fatores que mencionou Rodrigo, claro, são os principais. Mas me refiro a mais espontaneidade e menos regrado o desfile.

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