“A Bahia já foi homenageada por muitas escolas, mas Salvador é a primeira vez”

A série que entrevista os carnavalescos do Grupo Especial de São Paulo chega a uma das escolas mais tradicionais de nosso país. Dona de cinco títulos e de sambas enredo memoráveis, a Unidos do Peruche voltou a elite em 2016 e se manteve no grupo; agora a escola busca a consolidação entre as potências da festa paulistana.

Assim como em 2016 o carnavalesco é Murilo Lobo, que chamou muita atenção pela expressão facial das esculturas e alas com encenações teatrais. Murilo é arquiteto de formação e chegou ao carnaval no Rosas de Ouro. Ao lado de Jorge Freitas trabalhou em três desfiles; em 2015 chegou à Peruche e neste ano levará a avenida a cidade de Salvador como enredo.

Confira os detalhes do que veremos na segunda escola de sábado (25):

SG – Você tem uma bela história e experiência como arquiteto. Quanto que que essa formação te ajuda para desenvolver um carnaval?

Murilo – A arquitetura é também uma arte de criação. Criar, fundamentar e defender minhas propostas é algo muito similar na construção de um carnaval. A formação em arquitetura nos possibilita atuar nas mais diversas áreas das artes.

SG – A Peruche virá com um enredo CEP, mas Salvador me parece uma cidade com uma energia diferente; a impressão que passa é ela pode passar muitas vezes na avenida sem soar repetitivo. O que você pensa a respeito?

Murilo – Salvador é uma cidade maravilhosa, tão cheia de particularidades, de energia, é um território africano (assim como a Peruche) é a cidade primeira, primeira capital, uma terra de encantos e magia, que merece uma homenagem como esta que vamos fazer. Nunca foi uma ideia de enredo de captação; foi merecimento e uma paixão pessoal.

A Bahia já foi homenageada por muitas Escolas, mas a cidade de Salvador é a primeira vez. A escolha de Salvador foi uma paixão genuína, e após definir o tema, ao aprofundar minha pesquisa em campo, descobri que havia dado um tiro certeiro porque como você mesmo disse, é uma cidade que tem uma energia especial e com um povo maravilhoso.

O que vocês verão em nosso desfile soará novo, com uma abordagem e um visual diferente. Falo isso porque para todos aqueles para quem detalho nosso desfile, eu ouço este tipo de comentário, dizendo que nós conseguimos fugir do lugar comum, do óbvio.

SG – Vimos em 2016 algumas alas coreografadas com elementos cênicos. Será uma tendência neste ano e pode vir a se tornar sua identidade?

Murilo – Acredito que poder mostrar ou representar algo através da expressão teatral é um plus em um desfile de carnaval, porque através do teatro podemos levar uma ideia além do figurino apenas. Todas as vezes em que eu puder usar esta ferramenta, eu a usarei… Se isto vai se tornar minha identidade, só o tempo dirá… (risos)

SG – Você tem um estilo diferenciado. Ao invés das plumas nos costeiros prefere apostar nos tecidos das roupas e em elementos no costeiro que “explicam” a ala; além de apostar em esculturas estáticas, mas muito expressivas nas alegorias. Como você define seu jeito de fazer carnaval?

Murilo – A estamparia é uma ferramenta que eu adoro, porque ela enriquece e diferencia um carnaval. O uso ou não de plumas depende do enredo, do ano, das apostas do projeto. Este ano teremos muita estamparia, mas, diferentemente do ano anterior teremos mais penas e plumas, porque nossa intenção é também de mostrar um desfile mais pulsante.

Quanto ao movimento de esculturas, prefiro usar este artifício quando o movimento for extremamente necessário e natural. Caso contrário, aposto mais na qualidade e expressão da escultura somente.

SG – A Peruche entrou na avenida em 2016 como candidata ao rebaixamento por vir do acesso, mas fez um desfile muito bom. Em 2017 veremos a escola em um patamar ainda melhor?

Murilo – Para 2017, vocês podem esperar uma Peruche ainda melhor. Queremos alcançar um novo patamar de classificação e estamos trabalhando muito para conquistar este resultado. Nosso samba caiu na boca do povo e Salvador trouxe uma energia nova, trouxe o axé (que desejei quando criei o título do enredo).

Todos comentam isso…

Por fim, quero dizer que estou muito feliz também por ter ao meu lado o carnavalesco Sérgio Caputo Gall neste projeto tão especial.

Imagem: Assessoria

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