O nome “Libertadores da América” já lembra guerra, lembra Simon Bolívar e todos aqueles que lutaram por uma América Latina livre dos colonizadores. O jeito aguerrido veio para a competição e se tornou a grande marca de sua história. O tal “espírito de Libertadores”.

É diferente da Uefa Champions League. A UCL tem aquele padrão europeu, é organizada, tem os grandes craques do planeta e é uma competição que privilegia o talento. A Libertadores é diferente, não adianta igualar a UCL porque está em seu DNA, ainda mais agora que os grandes craques foram embora.

Os brasileiros desprezaram a Libertadores por um tempo e hoje têm verdadeira obsessão e acredito que seja praticamente pelo mesmo motivo. Desprezavam porque achavam uma competição selvagem na qual eram roubados e privilegiavam países com idioma espanhol. Hoje, além do fato de disputar título mundial (já existia a disputa quando desprezavam), querem ganhar pelos mesmos motivos. Acham que ganhando a Libertadores mostram o quanto são valentes, corajosos e grandes, já que conseguem vencer a difícil competição contra tudo e contra todos.

É famosa a cena de Hugo de León ensanguentado levantando a taça pelo Grêmio em 1983, Carpegiani botando Anselmo em campo em 1981 para dar um soco em Mario Soto e vingar o massacre que os jogadores do Cobreloa impuseram ao Flamengo. No segundo jogo daquela final um policial chileno chegou a apontar metralhadora a Júnior. Não raro também as vezes que times brasileiros conseguiam resultados positivos fora do Brasil e as partidas acabavam com pancadaria e os times correndo para o vestiário fugindo de pedras e garrafas.

Não teve pancadaria (ainda), mas o tal espírito já está presente. Esteve presente nas classificações de Botafogo e Atlético PR para a terceira fase jogando na casa do adversário. Não vi o jogo do CAP, mas por ter parado nos pênaltis imagino a dramaticidade que foi. Vi o do Botafogo e apesar do Colo-Colo não ter um bom time foi dramático. O Botafogo perdeu sua vantagem com apenas dois minutos de jogo, mas mostrou que é um time com alma, fibra. Aos poucos foi se acalmando, controlando o jogo e faltando dez minutos chegou ao resultado esperado.

Mas nada se compara a aventura passada pelo Atlético Tucumán da Argentina. Por problemas burocráticos a chegada do time ao Equador atrasou, atrasou demais e foi um desespero para chegar ao estádio e enfrentar o El Nacional. Contaram com o far play da equipe equatoriana e o ônibus da delegação parecendo sair de um dos filmes da franquia “Velozes e Furiosos” chegou ao estádio mais de uma hora depois do horário marcado para o início da partida.

Chegaram com apenas onze atletas disponíveis, chegaram sem uniformes tendo que usar uniforme da seleção sub 20 da Argentina. Tudo contra e o que acontece? Vencem por 1×0 em plena altitude e conseguem a classificação heroica.

Isso nunca aconteceria na UCL ou em qualquer torneio com o mínimo de nível, mas aconteceu na Libertadores. Um fato que por incrível que pareça mancha e exalta o torneio. Mostra fragilidade na organização, mostra o pior da CONMEBOL e mostra o espírito guerreiro de Bolívar e seus companheiros que citei acima.

A Libertadores nunca será a UCL, aceitem e para muitos é melhor que seja assim e querem saber?

A Libertadores é um barato.

Twitter – @aloisiovillar

Facebook – Aloisio Villar

One Reply to “O tal espírito de Libertadores”

Comments are closed.