Parece simplório o título, mas ele é verdadeiro e expressa, ou melhor, desabafa um desejo de mudança sobre a maneira de explorar um produto hoje quase nulo aos olhos mais distantes, porém com um bom potencial inacreditavelmente ignorado.

Ao contrário do que sempre ocorreu e agora de maneira ainda melhor no Rio de Janeiro, em São Paulo o Grupo de Acesso é muito pouco visto. Não lota as arquibancadas do Anhembi e, o que é pior, vê sua safra de sambas ano após ano caírem no esquecimento.

Esses fatos a mim muito incomodam, pois não deveria ser assim. Tenho ciência que dentre os dois principais grupos entre os carnavais carioca e paulista, este é e sempre será o quarto em relação a investimento, qualidade, expectativa e participação popular. Contudo, o problema é o abismo que o separa dos demais e que basicamente o restringe a definir quem serão as escolas que sobem para a elite.

Para começar a descrever o tamanho deste desperdício basta perceber o quanto de tradição que temos entre estas agremiações.

Em 2017 a Camisa Verde e Branco, dona de nove conquistas do carnaval paulistano, irá reeditar o carnaval de 2003 sobre João Cândido e a Revolta da Chibata, escolhido pela comunidade que votou entre os principais sambas da história do Trevo da Barra Funda.

https://www.youtube.com/watch?v=7rCoacuCcgk

Em Itaquera o reencontro com o passado é ainda mais emblemático, pois a Leandro nos brindará novamente com o enredo “Babalotim – A história dos Afoxés”, com um samba simplesmente espetacular na época interpretado por Eliana de Lima, que para muitos é o melhor que já passou por este sambódromo.

As atrações não se remetem somente ao passado, afinal veremos o trabalho do carnavalesco Mauro Xuxa, atual vice campeão do Grupo Especial, responsável por elevar o patamar da Acadêmicos do Tatuapé e de maneira bem curiosa preferiu retornar ao acesso e recomeçar um novo projeto na Imperador do Ipiranga.

E o que falar da X9 Paulistana, considerada uma potência na década passada e que promete vir renovada após o trágico desfile de 2016; reforçada de Darlan Alves, um dos principais intérpretes da nossa festa.

Como podem perceber será um desfile agradável e com momentos importantes para o carnaval, mas que pouquíssimas pessoas irão de fato acompanhar no dia e ouvir os sambas no CD. Tudo por culpa de um simples e problemático motivo.

Sabemos que as escolas do Especial se apresentam na sexta e no sábado. Então, sobra o domingo para o Acesso, justo o sagrado domingo, dia da abertura do principal espetáculo do segmento carnaval. Assim o desfile inevitavelmente fica escondido, pois não há como competir com o desfile que, no mesmo horário, embeleza e atrai todos os olhares da folia para a Marquês de Sapucaí.

Pergunto então, porque não evitarmos essa concorrência invencível e mudar data do Grupo de Acesso? Imaginem comigo como seria se as mesmas escolas disputassem o título no final de semana anterior ao feriado, como por exemplo acontece em Vitória.

No último sábado pré-carnaval geralmente tem ensaio técnico, ou seja, o Anhembi já é utilizado normalmente. A diferença é que teríamos uma competição com bandeiras pesadas, isso teria efeito de remédio para os fãs ansiosos pelo início das disputas e que jamais deixariam de acompanhar o Especial do Rio na noite de domingo.

E o CD então? Tenho certeza absoluta que a medida que as pessoas comecem a acompanhar os desfiles se interessem pelos sambas, pois hoje em dia não como alguém querer aprender e curtir as obras de um campeonato que se quer será visto por ele.

Esta medida, agregada de um preço popular no ingresso, certamente lotaria as arquibancadas do Anhembi e fatalmente atrairia uma emissora a transmitir ao vivo (lembre-se que a segunda divisão de Vitória, na sexta antes do carnaval foi televisionada este ano). Com esse upgrade de visibilidade o evento seria atrativo para artistas, intérpretes, compositores e até celebridades, que hoje não enxergam a festa como uma oportunidade nem como entretenimento.

Hoje cair para o Acesso em São é desaparecer do mapa do carnaval, enquanto vemos no Rio uma Série A cada vez mais consolidada, consagrando sambas e revelando profissionais de todas as áreas para as grandes escolas.

Minha solução para a mudança começar é esta, esperam que nasçam mais ideias e, principalmente, que floresça aos interessados o mesmo desejo de mudança que um amante do carnaval como eu possuí.

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6 Replies to “Um grupo de difícil Acesso…”

  1. Brilhante ideia, Miguel!!

    E se por algum motivo não fosse possível, por que não fazer de segunda pra terça?? E a apuração na quarta-feira de manhã.

    Porquê disso? Muito provavelmente Santos também comece a fazer seus desfiles uma semana antes. E muita gente de SP está envolvida com as escolas daqui.

    Numa dessas, colocando o desfile do Acesso de segunda pra terça, não vai ter rivalidade nem “confronto” com ninguém, em cidade nenhuma (o Grupo B do Rio poderia ser esse confronto, mas, fora da Sapucaí, virou uma divisão apenas popular).

    Enfim, é uma ideia. O que não pode é deixar essas oito escolas ao relento!

  2. Adorei a sua proposta Miguel!Seria um aquecimento para o final de semana do grupo especial!Conversando com algumas pessoas nos ensaios técnicos elas dizem não ter condições financeiras de assistir aos desfiles do grupo especial, com os preços mais populares teriam condições e veriam um grande espetáculo!

  3. Eu acho que seria uma boa colocar os desfiles na terça, e também seria ótimo o aumento no número de escolas de 8 para 10 para melhorar ainda mais o Grupo de Acesso paulistano.

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