(por Cleber Caldas, Engenheiro Especialista em Telecomunicações, fanático por esportes e árbitro qualificado de saltos ornamentais)

Olá leitores do Ouro de Tolo!

Sou voluntário das Olimpíadas, trabalhando na Arena Carioca 1.

No domingo, dia 31, foi meu primeiro dia de escala. Fiquei no Parque Olímpico mais ou menos de 9h30 às 17h30 e vou contar um pouco da experiência lá!

IMG_20160731_085827893_HDRTodas as estimativas de tempo que darei aqui são levando em conta um caminhar em velocidade normal, sem um passo apressado e sem andar devagar demais; seja por apreciar a paisagem, levar um bom papo, desviar de muitas pessoas no caminho ou por outras dificuldades que alguém possa ter. Leve tudo isso em consideração, mais o tempo de fila para entrada no Parque, nas Arenas, na estação do BRT e no próprio BRT, que deverá ser consideravelmente grande durante os Jogos.

Como ainda não estava disponível a Linha 4 do metrô, peguei um ônibus até o Terminal Alvorada, e de lá um BRT até a estação Rio 2. Tudo relativamente fácil. Da estação Rio 2 até a entrada do Parque Olímpico são aproximadamente 15 minutos de caminhada, passando sobre a nova passarela.

IMG_20160731_091310747A entrada no Parque, até por não ter quase ninguém, foi bastante fácil, apenas apresentando a credencial a um guarda da Força Nacional. Logo à frente outros guardas da Força Nacional, mais os funcionários, procederam com revistas de segurança parecidas com as de aeroportos e outros eventos grandes. A mochila, nesse caso uma bem pequena dada aos voluntários, passa por um scanner e a pessoa por um detector de metais. Celulares, outros eletrônicos e por vezes até mesmo cintos devem ser passados pelo scanner.

Minha mochila disparou um aviso de segurança. Meu carregador de celular foi detectado dentro dela. Retirei, mostrei o que era e permitiram que eu seguisse sem nenhum problema. Havia também alimentos em pacotes lacrados dentro, mas na verdade nem houve a revista interna detalhada da mochila – o que não quer dizer que não vá acontecer a partir da semana que vem.

IMG_20160731_091937852_HDREntrando no parque fiquei livre para caminhar por quase todo lado na área comum. Apenas poucos espaços, como o Live Site, estavam de certa forma restritos por grades, pois havia ensaios de meninas ao estilo “cheerleaders” e outros acabamentos sendo feitos. Mesmo assim, não havia muito controle e dava para passar e visitar.

A primeira instalação que chama a atenção, à direita da entrada, é a quadra central do tênis, por seus tons amarelos e alaranjados, muito bonita. Ao lado, as quadras 1 e 2 me surpreenderam pelo espaço aparente destinado à torcida. Bastante grande. Todo o complexo do tênis é cercado por grades e haverá um novo checkpoint para entrar nele. Como não sou do tênis, não sei como funcionará lá dentro. Nas quadras 3 a 9 já havia treinos acontecendo.

IMG_20160731_092855054Logo em frente está o belo velódromo, e posteriormente se vê ao longe a HSBC Arena, agora denominada Arena Olímpica, que abrigará as ginásticas, e o Complexo Aquático Maria Lenk, as duas instalações remanescentes do Pan de 2007. Na piscina de aquecimento do Maria Lenk também havia treinamentos de nado sincronizado.

Continuando a caminhada pelo passeio público, enquanto à direita continua o complexo de tênis, à esquerda aparecem, depois do velódromo, as Arenas Cariocas 3, 2 e 1, nesta ordem.

IMG_20160731_092312910_HDRMas aí o que chama mais a atenção nem são os locais de competição; mas sim o coração do Parque, onde se localiza o estúdio da TV Globo/SporTV/Globoesporte.com. Tudo parece girar em torno do estúdio, de onde se veem quase todas as arenas. Só não devem ter uma visão tão boa da Arena Olímpica, do Maria Lenk, e das quadras menores do tênis e o Live Site.

Inúmeros outros canais de TV estão montando seus “glass studios” em construções como a feita na Praia de Copacabana, em pontos diferentes do Parque Olímpico e na cor verde, e não azul como na praia. Todos seguem um mesmo padrão; menos, é claro, o do grupo Globo, que realmente se destaca.

IMG_20160731_112347747Próximo ao estúdio da Globo e à entrada da Arena Carioca 1 estão os anéis olímpicos, um dos pontos mais frequentados e fotografados do Parque.

Também nas proximidades do Live Site está a praça de alimentação, com uma MegaStore dos Jogos, um stand gigantesco da Samsung, pontos de venda de alimentos e mesinhas com 4 lugares e um imenso guarda-sol para cada uma. Aliás, lugar para sentar fora da Praça, no parque em geral, há poucos. Apenas algumas muretas de concreto.

IMG_20160731_111137336_HDRMais difícil ainda, fora da praça, é encontrar sombra para se proteger do sol. Poucas árvores e áreas gramadas foram plantadas, e são recentes. Portanto, com muita sorte, estarão muito bonitas e provendo sombra durante o período dos Jogos de 2020 em Tóquio.

Sim, isso foi irônico.

IMG_20160731_092924247_HDRA parte do entorno do estúdio da Globo é por onde a maioria do público vai circular. Digo que é a área “para inglês ver”. Ali, tudo parece quase pronto e bem maquiado, mas por trás não é bem assim. Nas áreas de baixa ou nenhuma circulação do público parece ter muita coisa ainda em obras ou em finalização. Não há nenhuma árvore.

Ônibus circulam dentro do parque para servir a profissionais, voluntários e atletas que precisam se deslocar lá dentro. Porém para o pessoal de limpeza e também os de manutenção esse transporte não é liberado. Assim como o público, precisam ir andando.

IMG_20160731_111517487_HDRPara funcionários e voluntários que precisam acessar as partes mais escondidas das arenas, as distâncias são mais longas, mas para o público nem tanto quanto havia pensado. Do Maria Lenk até o Live Site, que talvez seja uma das maiores distâncias por atravessar todo o complexo, leva cerca de 20 minutos; mas a maioria, que está em torno do estúdio da Globo, é acessada rapidamente. Em passo normal, não muito mais do que 5 minutos entre os mais distantes. O IBC/MPC também fica mais retirado, mas é só de interesse da imprensa.

Ao lado do Maria Lenk haverá outro ponto de venda de comida, menor, já que está mais afastado. Se a praça principal estiver muito cheia, pode ser uma opção.

IMG_20160731_150009274Quando saí do Parque, vi que há um pequeno supermercado do outro lado da Avenida, que pode servir para quem vai passar muito tempo por lá e quer comprar alguma coisa. Um pouco mais para frente há também Banco do Brasil e Caixa Econômica, além de um pequeno restaurante junto ao supermercado.

Aproveitei para ver que do fim da plataforma da estação Centro Olímpico/Morro do Outeiro até a entrada do parque dá 5 minutos. Mais o tempo para atravessar a passarela, não deve passar de 10 ou 15 minutos no total.

IMG_20160731_115631124Na reentrada, estava com uma garrafa vazia de refrigerante de 600 ml, tampada, presa na parte externa da mochila. ela passou pelo scanner e ninguém falou nada. Deixei o carregador para fora desta vez, e mais uma vez a parte interna não foi revistada.

Quando cheguei de manhã para trabalhar, não havia muito o que fazer, então resolvi passear pelo parque, calcular as distâncias, tirar fotos e possivelmente ajudar de alguma forma a outros que precisassem de algum tipo de auxílio.

IMG_20160731_111759653_HDRE para minha surpresa havia muita gente perdida pelo Parque, sem saber onde estavam as instalações. Funcionários da Globo precisando montar câmera para cobrir outros ângulos, trabalhadores de outras empresas perambulando pelo Parque procurando onde era a Vila Olímpica, achando que era por ali e assim por diante. Vendo alguém uniformizado, vinham logo pedir ajuda.

Mais um grande problema, além da falta de informação, é a falta de pessoas que falam inglês para auxiliar os estrangeiros que vêm trabalhar. Dois deles circulavam em um carro da organização, com um motorista brasileiro que não conseguia se comunicar com eles. Procuravam um acesso ao IBC/MPC.

IMG_20160731_114446164_HDROutro francês estava na entrada do Parque querendo também chegar até a Vila Olímpica, mas ninguém da Força Nacional ou dos funcionários ali falava inglês. Inclusive comentavam que tinha que ter pelo menos alguém naquela posição que falasse inglês para esses casos. Eu não tinha como ficar ali, mas pelo menos fui útil em algumas situações.

Mais para o final da tarde uma equipe da NBC (TV americana) formada por 2 americanos e 2 brasileiros no apoio tentavam achar o acesso ao conglomerado técnico da Arena Carioca 1 para montarem equipamento. Os brasileiros falavam inglês, mas mesmo assim não conseguiam informação. Levei-os até um dos acessos, mas os guardas da força nacional, que também não entendiam inglês, tampouco tinham a informação necessária.

IMG_20160731_160639173Um deles chegou a se desculpar dizendo que por ser domingo não havia muita gente trabalhando que pudesse ajudar, ao que um membro da equipe replicou, dizendo que faltando 5 dias para a abertura das Olimpíadas não fazia diferença se era domingo ou segunda, que tinha que ter gente para informar, e de preferência que se comunicasse em inglês.

Depois de muito vai e vem, um funcionário apareceu com a informação da localização correta. Mas mesmo assim, para achar a posição certa onde deveriam montar os equipamentos, o americano, já bastante irritado, teve que fazê-lo por conta própria, baseado em sua experiência com esse tipo de evento. Ninguém sabia indicar.

IMG_20160731_144750851Percebe-se muito boa vontade de todos, mas muita falta de preparo e informação. De qualquer maneira, o clima está muito bacana, e para quem é fã de esportes, ou mesmo busca algum entretenimento diferente, vai se divertir muito.

Por fim, dá uma certa tristeza ver os resquícios do autódromo de Jacarepaguá, que viraram avenidas do Parque Olímpico, e lembrar que tivemos que destruir uma instalação esportiva para construir outra – sem o cumprimento da promessa da construção de outro autódromo antes da desativação do antigo.

Lembrem-se de levar proteção contra o sol e tenham disposição para caminhar! Divirtam-se e torçam muito!

Abraço!

Cleber Caldas

[N.do.E.: embora seja chamado de “Parque Olímpico da Barra”, na verdade ele fica em Jacarepaguá, mais precisamente em Curicica. PM]

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5 Replies to “Rio 2016 – Um Panorama do Parque Olímpico de Jacarepaguá”

  1. Muito legal o artigo. Pergunta, quantos restaurantes há na praça de alimentação? Petguntando pra saber como vai ficar a lotação.

    1. Parabéns pelo artigo.

      E complementando a pergunta acima: vão ter opções de refeições completas (como almoço/jantar) ou só lanches rápidos? Queria saber porque tem dias que começo no Parque Olímpico às 9:30 com o handebol e só saio depois da meia noite da natação. Ficar o dia inteiro só a base de lanches não será a melhor das opções.

  2. Além da grande praça, há pelo menos mais um menor ao lado do Maria Lenk e outro no live site. Sobre as opções, a organização promete cardápio variado, mas como esses pontos ainda não estão funcionando, não podemos afirmar.

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