A imagem esportiva da semana que ficou foi o choro de Lionel Messi, o super astro do futebol atual, quando mais uma vez fracassou com a seleção argentina.

Sim, fracassou, essa é a palavra certa. Por mais que alguns tentem contemporizar, citar que são quatro finais e chegar à final já é muito, sabemos que as coisas não são assim. Messi é um jogador vitorioso, um dos mais vitoriosos da história do futebol.

São quatro Champions League, cinco Bolas de Ouro para aquele que alguns já dizem ser o maior da história. Ter isso tudo pelo Barcelona e ter “apenas” uma medalha de ouro olímpica é sim fracasso, ainda mais que a Argentina não vence nada no profissional desde 1993.

Ele é um fracassado por causa disso? Evidente que não. É como chamar o Mick Jagger de azarado.

Quem dera eu fosse fracassado como Messi e azarado como o Jagger, mas é sim um ponto destoante em seu currículo e que para mim é fundamental para não ser apontado o maior de todos. Apesar de ser o maior artilheiro da seleção argentina na história, seu futebol na seleção nunca lhe credenciou a ser maior da história. Se arrebentar em 2018 e for campeão podemos sim falar e discutir sobre, enquanto ele for para Argentina do mesmo nível que foi o Bebeto no Brasil, não.

messi2Mas como eu disse ele não é um fracassado e essa questão de fracassado e vitorioso na vida é muito relativa. Eu já escrevi aqui na coluna dominical uma coluna sobre sucesso e fracasso. Todos nós fracassamos. Quando acordamos de manhã e planejamos tudo o que queremos fazer naquele dia dificilmente sai tudo exatamente como gostaríamos. O que planejamos quando crianças ser quando crescer dificilmente ocorre.

Bill Gates teve seus fracassos, Stevie Jobs fracassou várias vezes na Apple e o Messi fracassa também. Messi erra jogadas, perde pênaltis decisivos, fraqueja e chora porque ele é humano e o ser humano nasceu para o fracasso.

Sim, todos nós nascemos para o fracasso e todos nós fracassamos diariamente. O que diferencia cada um de nós são as vitórias e como lidamos com elas. Messi deve ter um monte de problemas na vida, deve de vez em quando brigar com a mulher, ficar irritado porque algo no seu dia a dia não deu certo, deve não conseguir ensinar o cachorro a fazer xixi onde queria e tem problemas com impostos, mas o seu lado vitorioso é que sobressai. Isso faz a diferença: é a mentalidade, é aceitar que todos nós perdemos sempre, mas ter a serenidade que vamos voltar a vencer e venceremos em algum momento.

Ele de cabeça quente disse que não jogaria mais com a seleção, mas vai jogar sim, vai jogar e pode sim ser campeão como Romário que depois da Copa de 90 disse que não jogaria mais e foi campeão em 94. Ele vai voltar ao Barcelona, vai jogar “pra cacete” lá, fazer gols. Ganhar títulos e se lembrar que é um vitorioso.

Somos cruéis com o fracasso. Somos cruéis com nossos fracassos e o remoemos por mais tempo que saboreamos as vitórias. Somos cruéis com o fracasso alheio. Fomos com Zico, por exemplo, e sua geração que não ganhou títulos pela seleção, mas são lembrados e enaltecidos até hoje. Somos assim com o fracasso alheio, principalmente das pessoas mais famosas porque nos faz bem, nos lembra que não somos fracassados sozinhos e que os ricos e famosos também fracassam.

messiÉ natural do ser humano isso. Mas não devia.

Na hora que formos menos cruéis com o fracasso e valorizar nossos bons momentos e nossas vitórias talvez sejamos mais felizes. Talvez a gente não viva mais num ambiente de ódio, intolerância e inveja.

A inveja é uma merda. É pior que perder um pênalti.

Twitter – @aloisiovillar

Facebook – Aloisio Villar

[N.do.E. – o editor adjunto Fred Sabino também escreveu sobre Lionel Messi esta semana. PM]

[related_posts limit=”3″]