Por volta dos meus 15 anos, lembro de ter começado a sentir enjoos frequentes, dores nas pernas, urina escura, fraqueza, icterícia, refluxo e outros sintomas que foram confundidos por farmacêuticos com um uma virose comum. Há semanas eu não conseguia me alimentar direito, até que um dia minha mãe levou água para mim na cama e eu tive refluxo.
Foi a gota d’água para procurar um hospital. Na verdade, já deveria ter procurado antes, desde que os sintomas surgiram, mas achei se tratar de um problema no fígado mais simples, capaz de se resolver com os remédios sugeridos por farmacêuticos.
De fato, a hepatite A confere alguns sintomas que podem ser confundidos com de outras viroses; os sintomas que citei acima se desenvolvem quando a doença avança e foi o que houve comigo: deixei o problema se estender demais. Resultado: um dia internada, tomando três soros e quatro meses de tratamento severo. Como julho é o mês de combate às hepatites e de 25 a 31 deste mês temos a campanha ‘’Hepatite Zero’’, vamos dar atenção especial a essa doença.
As hepatites virais podem ser de 5 tipos: A, B, C, D e F. Vou me reter três primeiras, por serem mais comuns. Elas são causadas por vírus diferentes e possuem alguns sintomas peculiares.
A hepatite A é altamente contagiosa; pode ser causada pela ingestão de água ou alimentos infectados, portanto, pessoas em lugares com saneamento básico precário são mais suscetíveis a contrair a doença. A pessoa pode ter sido infectada e não apresentar nenhum sintoma, da mesma forma, pode transmitir o vírus. Ou pode apresentar os sintomas mais graves, como foi meu caso: náuseas, enjoo, pele amarelada, cansaço, dores musculares, falta de apetite, etc.
No meu caso também, houve preocupação da equipe médica de a doença ter prejudicado a função renal. Eu e qualquer paciente que teve/tem hepatite deve tomar alguns cuidados e tem algumas restrições, como não doar sangue, por exemplo. É recomendável que haja uma restrição alimentar, ao álcool e a esforços físicos bruscos. As pessoas que mantêm contato com o doente também devem tomar precauções, como lavar as louças, banheiro, com hipoclorito. O vírus pode permanecer semanas e a pessoa nem perceber, ou meses.
A hepatite B, por ser transmitida por contato sexual, é considerado uma DST. Além disso, pode ser transmitida por compartilhamento de seringas, leite materno, aparelhos de barbear, alicates e outros objetos pessoais que entrem em contato com o sangue. É possível prevenir essa doença evitando compartilhar esses objetos e usando preservativo. Ao contrário da Hepatite A, a B possuí vacina disponibilizada pelo SUS, com preferência a grupos de risco, como profissionais da saúde, do sexo, usuários de drogas, entre outros. Os sintomas e o tratamento são basicamente os mesmos da hepatite A.
A hepatite C não é considerada sexualmente transmissível, embora muito raramente ela possa ser transmitida através do ato sexual. Além dos sintomas característicos, ela pode evoluir para cirrose hepática e câncer de fígado; entretanto, isso é algo raro.
Por ser uma doença causada por múltiplos vírus, contato sexual e compartilhamento de objetos, é relativamente comum. Prevenir é fundamental, assim como não deixar para procurar ajuda médica apenas quando a doença complicar, como eu fiz. Como pode ser uma doença silenciosa, pode permanecer no corpo sem apresentar sintomas e, por isso, as consultas médicas regulares são importantes. Os exames para a detecção são simples, de sangue e fezes.
É possível contribuir com as campanhas do julho amarelo de modo fácil. A nossa saúde e bem-estar só têm a ganhar.
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