Uma das semanas mais longas do Brasil chegou ao fim.

Começou domingo passado, com as maiores manifestações que esse país já viu. Mais de seis milhões de pessoas foram as ruas pedir o impeachment da  Presidente Dilma e o combate à corrupção.

De lá para cá tivemos o episódio da babá, Aécio vaiado, Lula Ministro, grampo telefônico, Lula deixando de ser Ministro, manifestações a favor do governo maiores que esperadas, OAB a favor do impeachment, Gilmar Mendes devolvendo o caso Lula para Moro, Lula fazendo discurso contundente, Flamengo perdendo pro Confiança… Ufa, acabou a semana.

Mas as coisas estão muito longe de se acalmarem.

Pelo contrário, a situação no Brasil piora a cada dia de forma irresponsável e de todos os lados. Lula é irresponsável falando em “incendiar o país” e insuflando a massa contra instituições e mídia. Dilma é irresponsável ao deixar de lado o fato de ser presidente (Foi um dia?) e cada vez mais ser política partidária. Moro é irresponsável ao politizar suas ações e a mídia em escolher claramente um lado, provocando ódio.

Ódio. Essa é a palavra da vez. Eu já tinha escrito colunas aqui falando do sentimento de ódio que se espalha pelo país e agora ele tomou conta de vez. O Brasil virou uma imensa comunidade carioca onde você pode apanhar ou até sofrer violência maior dependendo da cor que veste. É a briga Terceiro Comando x Comando Vermelho ganhando a nação.

Amigos desfizeram amizades, pessoas foram agredidas na rua. O caos está se instalando debaixo dos olhos de quem age como irresponsável e não vê que as consequências podem ser ainda piores. Não acho que vá chegar a uma guerra civil, mas não duvido que vá morrer gente.

manifestaçãoOs dois lados dizem “não vai ter golpe” e não percebem que o golpe já foi dado. Estamos vivendo a ditadura do pensamento.

Hoje temos que pensar um milhão de vezes antes de dar uma opinião, apenas opinião sobre qualquer coisa. O simples fato de em alguns assuntos discordar de uma maioria tomada pelo ódio faz com que atraia os maiores xingamentos e ofensas. Eu li e vi vários casos desses e mesmo buscando ser comedido e precavido por toda situação que ocorre já fui ofendido só porque disse que a Dilma devia renunciar já que não lhe deixam governar. [1]

Mas que democracia é essa que não sabe conviver com o diferente?  Que agride por cor de camisa ou não respeita a opinião contrária? A gente adora a democracia quando pensam igual a gente. Mas quando pensam contra é um coxinha de elite que quer escravizar babás ou petralha bandido que se vende por pão com mortadela. Será que é tão difícil pensar “O cara pensa diferente de mim, mas é gente boa”?

lei-da-mordacaJá vivemos uma ditadura. Já vivemos em um país que só podemos soltar a voz se for para concordar com a maioria.

Só que eu sou chato, eu não aceito isso. Muitos morreram para que eu tivesse voz, liberdade de expressão e nunca na minha vida irei abrir mão dela. Poucas coisas para mim tem tanta importância quanto meu direito de falar, questionar, reclamar, discordar e concordar ou pedir desculpas quando necessário. Não vou deixar nunca ninguém pensar por mim. Nunca ninguém falar por mim.

Mesmo que a gente viva em uma era vigiada. Em que tudo o que falamos em redes sociais podem provocar celeumas ou voltar contra nós. Seja defendendo uma posição ideológica ou mesmo uma piada.

Passei por duas situações assim . Da ditadura do pensamento. Da ditadura do politicamente correto.

Quando a Grande Rio anunciou a homenagem a Ivete Sangalo, brinquei no Facebook que a Nação Insulana homenagearia É o Tchan e fiz paródia em cima de versos do samba da Imperatriz em homenagem a Zezé di Camargo & Luciano.

Pois bem. Na festa da vitória da Nação vieram reclamar dizendo que uma das maiores apoiadoras da Nação é a irmã do mestre de bateria da Grande Rio Thiago Diogo (os dois são muito bacanas pro sinal) e isso poderia prejudicar a escola. Uma simples piada,uma brincadeira que junto com outras coisas me faz hoje repensar meu futuro na escola sendo que o mais importante nela eu já fiz: fundar, juntar um grupo bom na agremiação e tirar do grupo E.

A outra questão ocorreu no carnaval e se definiu semana passada..

Fiz a cobertura do carnaval para o SRZD e na terça de carnaval fui designado para acompanhar o grupo B. Tudo isso sem receber nada, como colaborador do site. Assisti a todo grupo B sem receber nada pra isso, com todo o atraso que teve nos desfiles e o calor insuportável que fazia na Intendente. Dei no fim o prêmio a uma escola e dois dias depois soube que uma segunda escola também tinha recebido prêmio no grupo, sendo que esse prêmio não foi dado por ninguém que havia acompanhado os desfiles.

Perguntei internamente o porquê do prêmio e ao menos o porquê de eu, que estava presente ao desfile do Grupo B, não ter sido avisado dele e sabido apenas por amigos. Fui solenemente ignorado. Sem citar nomes ou o site lamentei no twitter ter me sacrificado no desfile do B e um prêmio ser dado em gabinete. Por causa desse tweet fui suspenso.

Fiquei contrariado, mas aceitei. Com o tempo descobri que os meus blogs foram retirados do ar (fui a pessoa que mais escreveu pro site em 2015) e tudo o que tinha feito no site em um ano e dois meses retirado. Todo o trabalho feito nos ensaios técnicos (onde não faltei um) e voltando de madrugada para casa. Todo o trabalho dos dias de desfile. Tudo retirado sem me falarem como um pária, alguém com uma doença contagiosa.

Quarenta dias depois da suspensão e sem receber nenhuma satisfação da minha situação no site pedi desligamento. Tenho história no carnaval, história grande muito antes de entrar pro site. Não preciso disso.

Curioso porque no dia da festa do site, eu já suspenso por algo que escrevi em minha rede social sem citar o nome do mesmo, o competente e grande jornalista dono do SRZD, a quem mantenho admiração e respeito, disse que a Globo não mandava no carnaval e no país. Ele, que foi demitido da empresa e acha que foi injustiçado pela mesma, puniu um colaborador por um desabafo em rede social.

Soa incoerente, fazer com alguém o que fizeram com ele. A tal ditadura do pensamento que eu falei na coluna toda.

Mas a verdade é que quem pensa, quem consegue refletir “fora da caixinha” sempre sofre as consequências. Se eu tiver que vestir verde, amarelo ou vermelho eu vou, se tiver que criticar o Lula ou o Moro eu vou, se eu achar que todos ficaram loucos e estão agindo como babacas transformando o Brasil em um Fla x Flu que nem disputado mais no Rio é eu vou. Se eu achar que todos viraram marionetes de gente que está rindo disso tudo com o bolso cheio de dinheiro eu vou.

E sempre que eu achar que fui injustiçado irei soltar minha voz. Eu irei gritar. Porque se a Globo não é dona do carnaval e nem do país…

… Ninguém é dono da minha voz!!!

Twitter – @aloisiovillar

Facebook – Aloisio Villar

[N.do.E.: eu estou temporariamente afastado das redes sociais justamente devido a este desrespeito de opiniões. PM]

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