O Carnaval de São Paulo vive nos últimos anos uma bipolarização entre Mocidade Alegre e Vai-Vai. De 2007 para cá, a Morada do Samba faturou cinco títulos (2007, 2009, 2012, 2013 e 2014), enquanto a Escola do Povo venceu três vezes (2008, 2011 e 2015). A rivalidade entre as duas agremiações se acirrou, especialmente por conta dos anos de 2008, 2009 e 2015, quando ambas estiveram nas duas primeiras posições, e há uma grande expectativa por mais um embate entre as agremiações do Bairro do Limão e da Bela Vista. Outras escolas, no entanto, tentam acabar com o domínio de Mocidade e Vai-Vai, e usam o retrospecto recente dos últimos anos como cartão de visitas para levar a taça.

É o caso de duas das sete escolas que desfilam hoje no Sambódromo do Anhembi na abertura dos desfiles do Grupo Especial. Uma delas é a Rosas de Ouro, justamente a única a faturar um título no período de domínio da Morada e da Saracura. Foi em 2010, quando as adversárias ocuparam justamente a segunda e a terceira posições. Depois de um desfile pouco feliz em 2011, a Roseira emplacou três vice-campeonatos de 2012 a 2014 e ficou na terceira posição no último Carnaval. Depois de tanto ficar no “quase”, a escola da Freguesia do Ó é uma das mais aguardadas nesta primeira noite.

Já a Águia de Ouro, que jamais foi campeã do Grupo Especial, emergiu como uma grata surpresa na primeira metade da década de 2000, até ser surpreendida por um rebaixamento em 2008. De volta à elite em 2010, surpreendeu em 2013 quando ficou em terceiro lugar mesmo perdendo 1,1 ponto por estourar o tempo. O terceiro lugar foi repetido em 2014 e sucedido por um quarto lugar em 2015. Firmada entre as mais fortes da cidade, a agremiação da Pompeia também se destaca previamente antes do início dos desfiles. Antes dessas duas agremiações, desfilam Pérola Negra e Unidos de Vila Maria. Depois das apresentações de Águia de Ouro e Rosas de Ouro, passarão pela pista do Polo Cultural Grande Otelo a Nenê de Vila Matilde, a Gaviões da Fiel e a Acadêmicos do Tatuapé, que surpreendeu ao adotar como tema a Beija-Flor de Nilópolis, maior campeã da Marquês de Sapucaí.

A primeira noite de desfiles no Anhembi ainda se destaca pela diversidade dos temas trazidos pelas escolas de samba: o desfile começa com os ritmos e sons que fizeram a história da Vila Madalena, tradicional reduto boêmio da Cidade de São Paulo, passará pela cidade de Ilhabela, fará uma exaltação às mulheres a partir da Virgem Maria, contará a história da tatuagem, exaltará os 30 anos de carreira da atriz Cláudia Raia, mostrará na Avenida tudo o que ocorre de fantástico nas transformações da vida e da natureza e se encerrará enfim com a homenagem à Beija-Flor. Por conta do trânsito sempre intenso da Marginal Tietê, à beira do Sambódromo, na véspera do feriado, os desfiles começarão às 23h15 e devem se estender até o amanhecer. As escolas possuem de 55 a 65 minutos para realizar suas apresentações. Os desfiles serão transmitidos ao vivo pela TV Globo para todo o Brasil, menos para o Estado do Rio de Janeiro, que acompanha os desfiles da Série A. Os Estados que não estão no horário brasileiro de verão receberão as imagrns ao vivo do Anhembi uma hora após o início da transmissão nacional.

De volta ao Grupo Especial, Pérola Negra conta história de seu bairro através da dança

perolaOs desfiles do Grupo Especial de São Paulo serão abertos pela Pérola Negra. Vice-campeã do Grupo de Acesso em 2015, a escola da Vila Madalena tenta se firmar entre as grandes após ser rebaixada em suas duas últimas passagens pela primeira divisão, em 2012 e 2014. Para isso, a escola resgata as origens e as histórias de seu próprio bairro no enredo “Do Canindé ao samba no pé. A Vila Madalena nos passos do balé”. Após um período sabático de três anos, o Carnavalesco Fábio Borges conseguiu o acesso com a azul-e-vermelho no ano passado e pretende um desfile leve e colorido em sua volta ao desfile principal.

O desfile começará pela dança das águas e dos animais que viviam na região quando ela era só mais uma parte da Mata Atlântica que cobria quase todo o Estado. A chegada em massa dos estudantes universitários na Vila Madalena será apontada como o ponto de partida para a transformação do bairro em um reduto boêmio. Outros ritmos foram incorporados no gingado dos locais nos anos de chumbo da América Latina, que trouxeram muitos “Hermanos” exilados para a Vila. Hoje famosa mundialmente, especialmente após a Copa do Mundo de 2014, a Vila Madalena será, claro, lembrada pelo samba da Pérola Negra, que “sacode o esqueleto” dos “moradores” do cemitério situado bem ao lado da antiga quadra da escola.

Por falar em quadra, após anos com alguns problemas por realizar seus ensaios em uma área residencial, a escola chegou a se instalar em dois locais diferentes, mas imprevistos fizeram com que a Pérola Negra fizesse seus ensaios na rua. Outra novidade vem à frente da Bateria Ritmo Terror de Mestre Nê, que faz o seu primeiro desfile nessa função pelo Grupo Especial. A Bateria ainda terá uma Rainha angolana, Carmem Mouro, a primeira estrangeira a ocupar o cargo em um desfile de Grupo Especial. Já o samba-enredo, composto por Jairo Roizen, Celsinho Mody, Guga Mercadante, Nando do Cavaco, Marcelo Zola, Sidney Arruda, Filosofia Diley e Xandinho Nocera, pretende colocar o Anhembi para dançar com um refrão fácil e uma melodia contagiante. Juninho Branco, após mais de uma década na Leandro de Itaquera, sai pela primeira vez de seu bairro de origem para tentar se firmar como a nova voz da Pérola Negra. Após o fim da passagem marcante de Douglinhas Aguiar pela escola, em 2013, a Pérola ainda não manteve um mesmo intérprete principal por dois anos seguidos.

Previsão de entrada na Avenida: 23h15min

Com samba de Dudu Nobre e carnavalesco campeão de 2015, Vila Maria tenta voltar à briga pelo título

A Vila Maria foi uma das grandes surpresas da década de 2000. Depois de voltar à elite em 2002 após décadas longe do grupo principal, a escola logo apareceu como uma nova potência após brigar pelo título em 2005, 2006, 2007 e 2008. Após passar por altos e baixos nos anos seguintes, a escola foi surpreendida com um rebaixamento em 2013 e, no ano passado, apenas cumpriu a meta de se manter entre as grandes com um 10º lugar. Agora, a missão é voltar a se colocar como uma agremiação forte que amedronte às mais tradicionais como fazia há cerca de uma década.

Para isso, a escola buscou reforçar sua equipe com a chegada do Carnavalesco Alexandre Louzada. Cinco vezes campeão do Carnaval do Rio de Janeiro, Louzada venceu os desfiles de São Paulo duas vezes pela Vai-Vai, em 2011 e em 2015. Dividindo-se entre a escola do Jardim Japão e a Mocidade Independente de Padre Miguel no Rio de Janeiro, Alexandre desenvolve o enredo “A Vila famosa é mais bela, Ilhabela das maravilhas”. Para fugir do lugar-comum dos enredos sobre cidades do interior paulista, o Carnavalesco aposta nos encantos de um destinos mais procurados pelos paulistanos no litoral. As belezas naturais são destacadas em meio à presença indígena e sua relação com as matas e cascatas que até hoje são atrativos para os turistas.vila maria

Pontos frequentemente abordados em desfiles sobre outras cidades, como por exemplo a relação entre os nativos e os colonizadores, também serão abordados, mas a Vila Mais Famosa aposta mesmo é nas particularidades do município homenageado. Para isso, haverá um foco especial no imaginário dos navegadores que desafiaram as ondas, os encantos e os perigos de Ilhabela em busca de riquezas naturais e materiais e também no presente da cidade. Chamada de “capital da vela”, Ilhabela será apresentada como um destino turístico conhecido o suficiente para justificar o apelido de “ilha das maravilhas” apontado no desfile e destacado no samba.

O samba, aliás, é outro dos trunfos da Vila Mais Famosa para conseguir um bom resultado. Após duas tentativas fracassadas de emplacar um samba na Mocidade Alegre (em 2015 e neste ano), o sambista e compositor Dudu Nobre enfim consegue levar para o Anhembi um samba de sua autoria. Ao lado dos parceiros Rafa do Cavaco, Turko, Maradona, Paulinho Miranda, Diego Nicolau, Garoto Bom e Nenê da Vila, ele compôs a obra que será cantada na Avenida pelo experiente Clóvis Pê. Cria da Estação Primeira de Mangueira, ele cantou ao lado de Jamelão, teve uma passagem bem sucedida pela Mocidade Alegre de 2008 a 2012 e vai para o terceiro ano seguido como voz principal da Vila Maria, apoiado, entre outros, por Clayton Reis e Márcio Alexandre, que em 2015 foram as vozes principais de Tucuruvi e Vai-Vai, respectivamente, e também por Dom Júnior, filho de Dom Marcos, um dos intérpretes e compositores mais consagrados do Carnaval de São Paulo.

Previsão de entrada na Avenida: entre 00h10min e 00h20min

Águia de Ouro une religião e samba para exaltar as diversas faces de Maria

Quem acompanhou a polêmica envolvendo a Virgem Maria índia criada pela Águia de Ouro e não levada para a Avenida após proibição da Igreja Católica no Carnaval de 2000 mal poderia imaginar que, 16 anos depois, a escola da Pompéia apostaria justamente em um enredo sobre a Mãe de Jesus Cristo. A boa relação com a Igreja, no entanto, não é exatamente uma novidade. Desde 2005, com a presença do Bispo Dom Paulo Morelli no desfile, o sagrado e o profano se uniram de maneira mais harmoniosa na azul-e-branco, a ponto da escola deixar claro, desde a justificativa do enredo “Ave Maria cheia de faces”, que não tem apelo religioso algum em seu desfile.

aguia de ouroNa verdade, o enredo se desenvolve como um tratado sobre maternidade e feminidade a partir da relação entre a Virgem Maria e Jesus Cristo. A escola pretende emocionar o Anhembi ao exaltar as mulheres a partir da figura de Maria. É justamente a força feminina da Mãe de Jesus que inspirou o enredo a viajar pelos diversos momentos das mais diversas civilizações onde as mulheres usaram todas as suas faces para mudar a história. A analogia, no entanto, esbarra inevitavelmente em representações religiosas que estabelecem com mais clareza a comparação proposta por uma dupla de Carnavalescos que une juventude e experiência. Se Amarildo de Mello carrega uma bagagem de mais de uma década trabalhando em escolas tradicionais – inclusive a Portela, no Rio de Janeiro -, André Marins pela primeira vez ganha uma chance como Carnavalesco após faturar o título de 2015 na comissão de carnaval que auxiliou Alexandre Louzada na Vai-Vai.

Mais uma vez, a escola não realizou as tradicionais disputas de samba que ocorrem na grande maioria das agremiações e optou por encomendar o seu hino dentro da sua própria ala de compositores. Douglinhas, Ivanzinho, Mestre Juca, Douglas Germano e Pelézinho optaram por destacar o lado religioso do enredo e apostam em um refrão forte e emocionante para inflamar a escola e o público. É de Douglinhas, também, a voz que embalará o desfile. Após cantar na escola de 1991 a 2004, ele passou pela Pérola Negra e se aposentou após o desfile de 2013. Com a saída de Serginho do Porto da Águia semanas antes do desfile de 2015, ele aceitou puxar o samba no Anhembi e protelou sua aposentadoria, firmando-se novamente como intérprete principal da Águia de Ouro.

Previsão de entrada na Avenida: entre 01h05min e 01h25min

Com carnavalesco novo, Rosas de Ouro conta a história da tatuagem para sair do “quase”

O Carnaval de 2015 marcou o fim de um casamento de sucesso no Carnaval paulistano. Depois de um título, três vice-campeonatos e outras três participações no desfile das campeãs – ficando do fora do mesmo apenas uma vez – Jorge Freitas deixou a Rosas de Ouro. A bem sucedida união, marcada por desfiles luxuosos e de visual de altíssimo impacto chegou ao fim sem a taça que desde 2010 não passa pela escola da Freguesia do Ó. Um jejum que não chega a ser terrível, mas que traz o gosto amargo de três vice-campeonatos consecutivos de 2012 a 2014 e um terceiro lugar em 2015.rosas de ouro

Desde 2006 marcando presença no desfile das campeãs (com apenas uma exceção, em 2011), a Rosas de Ouro está tão acostumada a brigar pelo título quanto a ficar no “quase”. Em 2013, por exemplo, tinha uma vantagem confortável de meio ponto sobre a Mocidade Alegre a dois quesitos do fim, mas viu a Morada do Samba arrancar para o bicampeonato nos quesitos mestre-sala e porta-bandeira e enredo. Para conseguir enfim voltar a ser campeã, a Roseira mudou de carnavalesco e também de temática. A escola contratou André Cezari, membro da comissão de carnaval da Beija-Flor e que já assinou um desfile em São Paulo, na Dragões da Real, em 2013, conquistando o quarto lugar. Os “enredos-tema” de Jorge Freitas também foram trocados por um enredo de conteúdo histórico e que deve proporcionar também uma mudança no padrão estético da escola. “Arte à flor da pele. A minha história vai marcar você” vai contar no Anhembi a história da tatuagem.

O enredo resgata o surgimento da arte de gravar imagens no corpo como forma de exaltar os guerreiros que se sagravam vencedores em batalhas. Os preconceitos enfrentados pelos tatuados através dos tempos, especialmente na seara sempre espinhosa da religião, também serão abordados antes do desfile chegar ao Brasil. A partir daí, serão trazidos para o Anhembi todos os tipos de tatuados como roqueiros, motoqueiros, rebeldes ou ainda aquelas pessoas que fazem da tatuagem um modo de declarar o amor por uma outra pessoa, um time de futebol ou ainda uma escola de samba. Encerrando o desfile, a Rosas de Ouro promete “tatuar” a sua presença no coração e na lembrança dos que estiverem no Anhembi. Com um refrão poderoso e uma letra inspirada, o samba de Wellington da Padaria, Marcos Boldrini, Vaguinho, Fabiano Sorriso, Márcio André Filho, Rapha SP, Guiga Oliveira e Bolt Mascarenhas é um dos trunfos da escola para o desfile. Darlan Alves será pelo 11º ano seguido a voz oficial da escola e vive um dos grandes momentos de sua carreira.

Previsão de entrada na Avenida: entre 02h00min e 02h30min

Nenê cria musical na Avenida para homenagear os 30 anos de carreira de Cláudia Raia

Depois de fazer um desfile empolgante cantando Moçambique, país localizado no Continente Africano, a Nenê de Vila Matilde, sétima colocada no ano passado, surpreendeu a todos ao anunciar o enredo “Nenê apresenta seu musical: Rainha Raia nas Asas do Carnaval”, uma homenagem aos 30 anos de carreira de uma das mais conhecidas atrizes da TV e do teatro brasileiros, Cláudia Raia. Com sua volta à elite consolidada após três desfiles no Especial, a Águia da Zona Leste tenta agora iniciar uma caminhada que lhe faça encerrar um jejum de 15 anos sem soltar o grito de campeã. Para isso, a escola pretende primeiro estar entre as cinco primeiras colocadas, o que não acontece desde 2004.

nene de vila matildeA Nenê perdeu após o Carnaval o carnavalesco Pedro Alexandre, o Magoo, que foi para a Mancha Verde, e resolveu apostar em um nome de bastante experiência tanto no Anhembi quanto na Sapucaí: o polonês Roberto Szaniecki, que trabalhou em São Paulo pela última vez em 2012, na Império de Casa Verde, e que está afastado da Sapucaí desde 2013, quando trabalhou na Grande Rio. Campeão pela Gaviões da Fiel em 1999 e pela própria Império de Casa Verde em 2006, Szaniecki buscou numa das grandes paixões da homenageada a inspiração para o desenvolvimento do enredo: os musicais. A história de Cláudia Raia será contada na Avenida justamente como um dos glamorosos musicais de que ela participou ao longo dos últimos 30 anos.

O enredo terá início no encantamento da menina pelos palcos, pelo balé e pela dança. A transformação em estrela do teatro é o prelúdio de uma carreira de sucesso no cinema e na TV e é aí que a escola pretende conquistar o público ao trazer personagens que ainda estão vivas na memória das pessoas como o Tonhão de “TV Pirata”, a “Engraçadinha” da minissérie inspirada na obra de Nelson Rodrigues, a Tancinha da novela “Sassaricando” ou ainda a Donatela da novela “A Favorita”. O encerramento de desfile será justamente a consagração de Cláudia Raia no Anhembi, com toda a comunidade da Zona Leste cantando em sua homenagem. Por falar em cantar, o samba de Kaska, Silas Augusto, Zé Paulo Sierra, Vitão, Sandrinho, Juninho da Vila e Cláudio Matos une características da Nenê com uma construção musical mais melodiosa, que valoriza o lado mais musical do enredo e também faz uso de trabalhos conhecidos da atriz para cativar o público. Agnaldo Amaral também aposta em um estilo de canto mais descontraído para valorizar o samba.

Previsão de entrada na Avenida: entre 02h55min e 03h35min

Voltando a desfilar na sexta-feira, Gaviões tem floresta marrom e utopia na busca pela quinta vitória

Pela primeira vez desde 2008 os desfiles de sexta-feira contarão com a presença sempre marcante da mais apaixonada torcida do Carnaval de São Paulo. A Gaviões da Fiel, inicialmente escalada para novamente desfilar no sábado, aceitou uma troca com a Dragões da Real para voltar a se apresentar na sexta, colocando como condição que não fosse sorteada para ser a segunda escola a se apresentar na primeira noite. Dito e feito. Sorteada como segunda, passou para penúltima e tenta repetir o sucesso de 2002 e 2003, quando foi campeã desfilando na primeira noite.

Apesar da mudança de dia, a Gaviões da Fiel aposta mais uma vez em um enredo instigante e misterioso, prometendo também muito impacto visual para surpreender o público. O enredo “É Fantástico! Imagine, admire e sinta!”, do Carnavalesco Zilkson Reis, mostrará as transformações ocorridas na vida e na natureza. Uma tradição curiosa da torcida organizada que também tem samba no pé provocará uma abertura curiosa. A proibição do uso do verde do rival do Corinthians, o Palmeiras, em alegorias e fantasias, fará com que o abre-alas traga uma floresta toda em marrom. O carro mostrará as metamorfoses que deram origem à vida e promete alto impacto.gavioes da fiel

O desfile também mostrará as fantásticas criações do homem e seus impactos através do tempo, além de seres sobrenaturais e viagens fantásticas por personagens e histórias que atravessam gerações. O enredo ainda tem um viés utópico, mostrando em seu encerramento um mundo fantástico de paz e harmonia imaginado por Zilkson, que pelo terceiro ano seguido tenta colocar a Torcida Que Samba de volta ao desfile das campeãs, coisa que não acontece desde 2011, ano do fim da primeira passagem do artista de Parintins pela escola. Fantástico mesmo, no entanto, seria o quinto título do Grupo Especial para a escola que, desde 2012, ficou três vezes em nono lugar, uma delas no ano passado, e amargou uma décima posição em 2014. Ernesto Teixeira será pelo 32º ano seguido a voz oficial da Gaviões. Desde 1984, quando a escola ainda era um bloco de enredo, é dele a voz que embala a Fiel Torcida. Ernesto cantará na Avenida o samba de Luciano Costa, Alex, Bruno Mlk, Fadico, Francisco Ricardo, J Manfredini, Nascimento e Junior Fionda.

Previsão de entrada na Avenida: entre 03h50min e 04h40min

Tatuapé encerra primeira noite de desfiles cantando a história da Beija-Flor

CARNAVAL 2015O desfile é em São Paulo, mas a homenageada é do Rio de Janeiro. Mais precisamente, de Nilópolis, na Baixada Fluminense. Dezoito anos depois da Nenê de Vila Matilde homenagear a Estação Primeira de Mangueira no Anhembi, a coirmã da Zona Leste, Acadêmicos do Tatuapé, voltará a exaltar uma agremiação que fez história na Sapucaí no Carnaval de São Paulo. O enredo “É ela, a Deusa da Passarela – Olha a Beija-Flor aí, gente!” vai homenagear a maior campeã da Marquês de Sapucaí. Para fazer jus à homenagem, a Tatuapé pretende fazer um desfile à lá Beija-Flor: além de apresentar a força sempre habitual de sua comunidade, a azul-e-branco quer fazer um desfile grandioso e luxuoso no Anhembi.

Para isso, o projeto do Carnavalesco Mauro Xuxa é bastante ambicioso: todos os cinco carros alegóricos serão acoplados, totalizando portanto 10 alegorias. Além de exaltar as características marcantes da Deusa da Passarela, como o luxo e a força da comunidade, a Tatuapé vai relembrar desfiles históricos como “Sonhar com Rei dá Leão”, “A criação do mundo na tradição Nagô”, “O mundo é uma bola”, “Ratos e Urubus, larguem minha fantasia” e “A simplicidade de um Rei”. Isso sem falar, claro, em nomes que fizeram história como o Carnavalesco Joãosinho Trinta, o intérprete Neguinho da Beija-Flor e a passista Pinah, que encantou o Príncipe Charles.

Há a expectativa pela presença do casal de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho e Selminha Sorriso e da própria Pínah no Anhembi. Essas são algumas das armas da escola para tentar segurar o público, visto que as escolas que encerram o desfile têm, nos últimos anos, encontrado um Anhembi bastante vazio. Outro trunfo da escola é o samba cantado por Celsinho Mody. O cantor, que estreou como intérprete principal no Anhembi pelo Camisa Verde e Branco em 2005, tenta se firmar em uma agremiação após constantes mudanças de escola (passou pela própria Tatuapé em 2006, pela Mancha em 2007, pelo Camisa em 2008 e 2009, voltou para a Mancha em 2010, para o Camisa em 2011, cantou na Nenê em 2012 e 2013 e pela Pérola Negra em 2014 – em 2015 esteve apenas na Torcida Jovem no Grupo I da UESP). O cantor terá a missão de levar no gogó a obra de Samir Trindade, JR Beija-Flor, Marcelo Valência, Thiago Alves, Leandro Augusto, Wagner Rodrigues, Vaguinho, Raphael Neto, Chefia, Marcelo Alemão e Chico Sousa. O samba foi fruto de uma junção de duas das obras que participaram da disputa para a escolha do samba.

No ano passado, a Tatuapé quase foi rebaixada após perder 1,1 ponto por estourar o tempo de desfile. O 12º lugar não foi comemorado, mas o alívio pela manutenção no grupo foi inevitável. Para não repetir o problema, cuidado redobrado com a evolução, a ponto de um dos ensaios técnicos da escola ter sido realizado apenas com a primeira metade da escola, para que a entrada e saída do recuo da bateria pudesse ser treinada com o maior cuidado possível. Tudo para levar a Tatuapé pela primeira vez ao Top-5 do Grupo Especial no Sambódromo do Anhembi e, quem sabe, se “inspirar” também na vocação vitoriosa da homenageada no enredo.

Previsão de entrada na Avenida: entre 04h45min e 05h45min

One Reply to “Primeira noite de desfiles em São Paulo tem homenagem à Beija-Flor e desafio à hegemonia de Mocidade e Vai-Vai”

  1. Ótimo texto.

    Se fosse apostar em colocações do primeiro dia:

    1º Águia de Ouro
    2º Rosas de Ouro
    3º Gaviões da Fiel
    4º Vila Maria
    5º Acadêmicos do Tatuapé
    6º Nenê de Vila Matilde
    7º Pérola Negra

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