Escrevo essa coluna na madrugada de quarta para quinta; então não sei os desdobramentos dos três clubes na semana até o sábado, data que essa coluna é publicada. Então só posso falar do que vi até esse momento.

E o que vi é que a coisa está feia para os clubes de três cores.

Os três principais tricolores do futebol brasileiro não começaram bem o ano. O Grêmio manteve quase o mesmo elenco que fez um bom e surpreendente campeonato brasileiro ano passado, ficando em terceiro e disputando até o fim o vice campeonato. Renovou com o treinador Roger, ganhando agora muito mais, manteve a base do elenco bem sucedido, mas a impressão, pelo menos nesse começo de ano, é que a carruagem pode ter virado abóbora.

https://www.youtube.com/watch?v=25GiUSCNtyE

É cedo para cravar alguma coisa, mas o ano não começou bem para o “imortal” que passa por uma secura de títulos no século e viu nos últimos dez anos seu arquirrival Internacional ganhar duas Libertadores e um Mundial. Escrevo após o time levar uma virada do modesto São Paulo no campeonato gaúcho por 3×2; o clube ocupa o quinto lugar no certame. Também não começou bem na LIbertadores. Iniciou com derrota.

Mesmo com todos esses problemas, parece dos tricolores famosos o que está em situação menos ruim. Os do “eixo” vivem situação de SOS.

O São Paulo venceu suas duas últimas partidas no Paulista, mas nada que pudesse aplacar sua já longeva crise. O tricolor paulista sempre foi conhecido por sua organização, profissionalismo e até uma certa arrogância vinda de um ar de “Sou o mais europeu dos brasileiros”, contrastando com seu rival Corinthians. Dessa forma liderou movimentos como o clube dos 13, ganhou seis brasileiros, três Libertadores, três mundiais, revelou talentos, ganhou dinheiro e construiu o maior estádio particular do país.

https://www.youtube.com/watch?v=DDyq5S08bb4

De uns seis, sete anos para cá a coisa parece que degringolou. Em meio a confusões políticas, brigas, renúncias, escândalos os títulos rarearam, estádio ficou decadente ao ponto de perder a abertura da Copa, foi ficando para trás e viu o seu rival se organizar e conquistar tudo o que era dele.

Do fim do ano passado para cá tomou de 6×1 dos reservas do Corinthians, perdeu presidente em meio a escândalo, trocou várias vezes de treinador, perdeu seu maior ídolo Rogério Ceni e outros jogadores de nível e começou muito mal o ano com o ápice na derrota para o limitadíssimo The Strongest da Bolívia em casa na estreia da Libertadores.

criseJogadores fazem greve de silêncio, salários atrasados, divisão no elenco em relação ao antigo ídolo recém chegado Diego Lugano, contratado mais pelo desespero que pela forma atual, nisso tudo um culpado eleito. Michel Bastos (acima). O homem que foi vaiado o tempo todo no último jogo, acusado de “paneleiro”.

Muitos problemas para o São Paulo resolver. Muitos problemas para o Fluminense resolver.

Não sei nem se nesse momento tem técnico ainda [1]. O Fluminense deve ser o clube que mais trocou técnicos nos últimos anos, mas bem ou mal até 2014 tinha o aparato financeiro da Unimed; então entre confusões em campo, extracampo, rebaixamentos, anulações de rebaixamentos vinham craques e títulos.

No começo do ano passado isso acabou, a Unimed foi embora. Para parte dos tricolores o clube deu uma resposta desde então mostrando que não precisava da patrocinadora, mas não foi bem assim. Fez um campeonato carioca ruim, a favor foi até a semifinal da Copa do Brasil, mas torneio mata mata não faz necessariamente do melhor vencedor. A seu favor fez um bom primeiro turno chegando a brigar por liderança no brasileiro, contra o péssimo segundo turno sendo o pior dos 20 times nessa fase e acabando na parte de baixo da tabela.

Não foi a maravilha que os tricolores pintam, mas se não foi a tragédia que alguns esperavam foi graças a talentos revelados como Gerson, Kennedy e Gustavo Scarpa. Problema que Kennedy já foi embora, Gerson foi, voltou e parece ter esquecido o futebol em algum lugar, um Scarpa só não faz verão.

crise2A “FredDependência” continua sendo que o jogador, com mais de trinta anos, mostra a cada ano que sua carreira está em leve declínio. O clube tenta dividir essa tarefa de comando e cometeu erros como as contratações de Walter e a péssima contratação de Ronaldinho Gaúcho. A tentativa da vez é Diego Souza, sendo que o clube já gastou um caminhão de dinheiro em Henrique, zagueiro que não atuava há quase um ano e vem falhando bisonhamente.

Eduardo Batista não acertou como treinador do clube, além do péssimo segundo turno comanda o clube nesse péssimo começo de ano onde o Fluminense passa a humilhação de não saber se vai se classificar entre os oito do carioca. A impressão é que ele tem muita culpa em tudo, mas não é o único culpado já que treinadores vieram, foram embora e nada muda.

E para agravar é ano político no Fluminense, ano de eleição e o cenário fica ainda mais delicado.

O ano só está começando e os três tricolores tem tempo de sobra para reagir. Mas a reação tem que começar agora. Antes que 2016 acabe antes mesmo de começar.

Vamos ver na próxima rodada.

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[N.do.E.: Eduardo Baptista foi demitido na última quinta feira. PM]

3 Replies to “A Crise em Três Cores”

  1. Não creio que campeonato estadual seja parâmetro para algo. Se o mesmo desempenho for verificado nas primeiras rodadas do Brasileiro, será a prova cabal de que tem coisa errada.

    No caso específico do Fluminense, o problema não é treinador.

  2. O São Paulo está caminhando para um rebaixamento. Me lembra o “trajeto” do Botafogo entre 1995 e 2002.

    Poucos lembram que, desde que Marcelo Portugal Gouveia se foi, o tricolor paulista só levou um título: a Sul-Americana de 2012. Só! Ah! E a culpa está muito longe de ser só dos jogadores, afinal, a diretoria banca as organizadas e estas não falam mal dos dirigentes.

    Uma Série B (ou duas, três…) fariam o clube se mexer de verdade!

    Do Fluminense, nem vou falar. Dá pena. E do Grêmio, pô, ainda tem gente que acha que perder NO MÉXICO contra o Tolima é fiasco!!!

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