O Brasil vivia dias de esperança naquele começo de 1990. Depois da primeira eleição direta para presidente, vencida por Fernando Collor de Mello, o povo acreditava que a volta da democracia finalmente seria consolidada e os eternos problemas sócio-econômicos acabariam de uma vez por todas.

Mas, como sabemos, o governo Collor naufragou fragorosamente. Em março daquele ano, o famigerado confisco das poupanças, liderado pela ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello, arrasou com inúmeras famílias, e a inflação galopante só seria efetivamente contida com a chegada do Plano Real, anos mais tarde.

A preparação do Carnaval de 1990, como de costume naqueles anos, estava diretamente afetada pela inflação. Com isso, mais uma vez os carnavalescos teriam de usar a criatividade para levar enredos interessantes e plasticamente factíveis. Uma das novidades do ano era a denominação Grupo Especial para a elite do samba carioca.

Mas o que chamava a atenção era o novo critério de pesos para os quesitos na apuração. Para Conjunto e Mestre-Sala e Porta-bandeira, o total obtido por cada escola seria multiplicado por dois, enquanto nos demais quesitos a multiplicação seria por três – vamos ver mais tarde que isso foi estranhíssimo.

Depois da extraordinária disputa entre Imperatriz Leopoldinense e Beija-Flor em 1989, as duas escolas de novo pensaram em temáticas diametralmente opostas. A campeã optou pelo enredo “Terra Brasilis, o que se plantou deu”, sobre as riquezas do país, enquanto Joãozinho Trinta escolheu para a agremiação nilopolitana “Todo mundo nasceu nu”, sobre a evolução do homem, que, como o enredo dizia, nascia pelado, claro.

João 30, aliás, era a estrela da época entre os carnavalescos e, depois do grande impacto de “Ratos e Urubus, larguem a minha fantasia”, seria ele mesmo homenageado em enredo pela União da Ilha do Governador.

Já a Unidos de Vila Isabel, quarta colocada de 1989, apostava suas fichas num tema polêmico, e que cada vez ganhava mais destaque: a reforma agrária. Polêmica também prometia ser a apresentação da São Clemente, que criticaria abertamente os rumos do Carnaval profissionalizado já naqueles tempos.

Esperava-se também uma reação da Estação Primeira de Mangueira, depois do desastroso “Trinca de Reis”. Com um dos melhores sambas da safra e o enredo de temática barroca sobre Ouro Preto focado na figura de Sinhá Olímpia, a Verde e Rosa prometia uma exibição do nível das que havia tido em meados da década de 80.

neyvianna21Outra que procurava reagir era a Mocidade Independente de Padre Miguel, que contaria a sua própria história. Mas a escola estava novamente de luto: dois anos depois da perda de Fernando Pinto, a Verde e Branco sofreu com a partida do extraordinário intérprete Ney Vianna (foto), que sucumbiu a um infarto fulminante no dia 15 de outubro de 1989 na quadra da escola durante a final para escolha do samba. No fim, foi escolhida a excelente obra de Tôco, Tiãozinho e Jorginho Medeiros para o enredo “Vira, virou, a Mocidade chegou”.

Outras históricas campeãs do Carnaval carioca (Salgueiro, Portela e Império Serrano) depositavam suas esperanças em enredos ligados à história e aspectos brasileiros, enquanto a Caprichosos levaria para a avenida o que cercava as bocas, desde os gritos no futebol, ao ato de comer e às críticas aos políticos.

Desta vez, mais crítica do que a escola de Pilares seria a emergente Acadêmicos de Santa Cruz, que contaria a história do “Pasquim” sob um olhar contestador e irreverente como o enredo pedia – o intérprete seria Carlinhos de Pilares, ex-Caprichosos e Jacarezinho.

Completavam o novo Grupo Especial Unidos da Tijuca, Estácio de Sá, Unidos do Cabuçu e Lins Imperial, com o desfile, portanto, voltando a ter 16 escolas, depois do mastodôntico número de 18 agremiações do ano anterior.

OS DESFILES

O desfile de 1990 começou com a Unidos do Cabuçu, que questionava: “Será que votei certo para presidente?”. O enredo sobre os problemas vividos pelos brasileiros não rendeu o esperado e, apesar da garra dos componentes, de cara a escola se candidatava ao descenso.

Satírica, a Cabuçu utilizou vários bonecos e desfilantes representando Collor, e outros integrantes simbolizando os candidatos derrotados na eleição de 1989 com pernas femininas. Uma destaque bem gordinha, para ser benevolente, representava a inflação enorme que o Brasil vivia.

Aliás, houve um erro de cálculo na altura dessa alegoria, e os destaques tiveram de se abaixar para o carro passar pelo Viaduto São Sebastião, antes mesmo da entrada na passarela.

“Muita gente não conseguiu definir os propósitos da escola. Continuo achando que política e escola de samba nunca combinaram e não seria agora que iriam combinar”, protestou Bernardo Goldwasser no tradicional debate do Estandarte de Ouro, de “O Globo”.

Já a Santa Cruz entrou alegre na passarela, e o samba sobre o “Pasquim” funcionou bem na voz do saudoso Carlinhos de Pilares. Mas a apresentação acabou prejudicada por problemas em harmonia e evolução, além de uma briga entre Irani e Alex, mãe e filho que formavam o casal de porta-bandeira mestre-sala… Outra candidata ao rebaixamento surgia.

Destaque para a simpatia de Ziraldo e Jaguar, dois grandes nomes do Pasquim que desfilaram como destaques. O jornalista Sérgio Cabral também desfilou e. depois de sair da pista. desmaiou de cansaço, mas se recuperou.

Também esperava-se mais da Caprichosos de Pilares, que esquentou com o histórico “E por falar em Saudade”, de 1985, mas na prática não abocanhou o que esperava na passarela.

O samba acabou se arrastando apesar da condução de Aroldo Melodia, e a escola passou longe de repetir suas melhores apresentações. Na verdade, foi a pior exibição da escola desde que subiu à elite, em 1983.

O enredo sobre as bocas, que pretendia ser leve, acabou sendo uma salada. Para se ter uma ideia, a alegoria “Boca no forno” tinha um fogão do qual saíam comidas, travestis e caveiras. Na alegoria que retratava a boca do gol, havia uma rede cheia de bolas e frangos que passaram por um goleiro sambista.

A evolução também foi complicada, com dificuldades nas manobras dos carros, que imprensavam as alas. Além disso, a rainha de bateria Luma de Oliveira causou frisson e um buraco entre outras alas antes da Apoteose.

O Império Serrano foi a quarta escola a desfilar com um enredo sobre a busca do ouro no Brasil na época colonial. Nem a ótima atuação do cantor Tico do Gato e a bateria salvaram o samba, que não caiu no gosto popular.

Embora não tenha feito um desfile desastroso, a Verde e Branco também fez sua pior exibição em anos e estava fora da briga pelas primeiras colocações. Nos quesitos de pista, a grande falha ocorreu na entrada da bateria no box – um grande buraco se deu na evolução.

Nas alegorias, o carnavalesco Gil Ricon tentou mesclar elementos mais luxuosos com outros munidos de diversos efeitos especiais – aliás, os raios laser desviavam a atenção do público… Os imperianos mais tradicionalistas, claro, não aprovaram.

Falando em não gostar, certamente a diretoria não gostou nada nada do atraso do primeiro mestre-sala Maurício, que só chegou à Sapucaí quando o Império já se aproximava da dispersão. Definitivamente, um ano para os imperianos esquecerem.

Quinta escola a pisar na avenida, a Vila Isabel entrou impulsionada por um dos melhores sambas do ano e a sempre competente bateria. A briga pela reforma agrária foi transmitida com correção no enredo “Se essa terra… se essa terra fosse minha…”.

Mas a agremiação esbarrou em seu gigantismo e não conseguiu dar vazão aos componentes, o que renderia uma perda de dez pontos, cinco em cronometragem e cinco em dispersão – há, no entanto, quem garanta que quando a escola começou seu desfile os cronômetros da Sapucaí já marcavam dez minutos.

Até Martinho da Vila, que havia desfilado na cabeça da escola, teve de descer da alegoria, tirar a fantasia e ajudar na harmonia, porque a coisa não estava nada fácil…

Mas, inegavelmente, a Vila passou bonita, utilizando a mesma receita de Kizomba, com o uso de materiais simples mas com ótimo efeito. A divisão cromática também agradou. Pena que os problemas para manobrar os carros prejudicaram tanto.

Depois da Vila, e antes de a Beija-Flor adentrar a pista, uma tragédia abalou a Deusa da Passarela: quando a alegoria “Tradição” era manobrada na concentração, houve contato do elemento com fios de alta tensão, e a descarga elétrica matou o empurrador Fernando Flaviano Machado, de 26 anos, além de ferir outros dois colaboradores da escola de Nilópolis. Este carro e o elemento “Gigante Adormecido” acabaram fora do desfile devido aos danos pelo curto-circuito causado.

beijaflor1990Incidentes à parte, uma Beija-Flor diferente pisou na Sapucaí em 1990. Depois do antológico desfile do ano anterior, Joãosinho Trinta resolveu inovar novamente no enredo “Todo mundo nasceu nu”. A antes luxuosa e depois esfarrapada Beija-Flor deu lugar a uma escola tecnológica, cheia de efeitos especiais, que tiveram grande impacto.

O samba um tanto marcheado, mas sempre bem cantado por Neguinho, proporcionou um desfile quente sobre a evolução da civilização, claro, enveredando para o “pelado” título do enredo. Para o ator Jorge Lafond, o desfile foi menos quente, já que ele estava bem à vontade, para não dizer nu, em cima de uma alegoria apenas com uma pequena malha brilhante (e transparente) “cobrindo” a genitália…

A apresentação da escola também teve cunho político, com faixas em uma ala mostrando os seguintes dizeres: “Não roube. O Governo detesta concorrência”, “Mãe de garçom não é água benta”, “Palhaço, profissão brasileiro” e “Vem pra Bangu I você também”. Em quê isso estava inserido no enredo? Ninguém explicou direito…

Apesar da falta de clareza em momentos do enredo, a Beija-Flor fez o melhor desfile até aquele momento, com bom conjunto alegórico e de fantasias. Restava a expectativa por uma eventual punição à escola pelo caso Lafond, já que era o primeiro ano em que a “genitália desnuda” era proibida.

Quem também desfilou muito bem foi o Salgueiro, passeando pelos folguedos (festas populares) temáticos sobre as “aventuras” de Carlos Magno e seus cavaleiros (os chamados doze pares de França, retratados por Ariano Suassuna) pelo Brasil e as lutas contra o Ferrabrás de Alexandria.

O samba era correto e tinha como trecho mais conhecido o refrão principal “O Salgueiro é pra quem tem fé / No gingado da baiana, povão, vem, diz no pé!”, que fez sucesso com o público. A bateria de Mestre Louro esteve mais acelerada do que nos anos anteriores.

Mas é inegável que Rosa Magalhães, num prenúncio da temática que levaria anos mais tarde para a Imperatriz Leopoldinense, preparou um excelente conjunto alegórico, de figurinos e uma divisão cromática brilhante.

No geral, uma bonita apresentação, que deixaria a escola bem posicionada, até porque não houve falhas visíveis em quesitos como Evolução e Harmonia. Depois de um início de década de 80 complicado, o desfile de 1990 ratificava uma nova boa fase salgueirense, vinda desde o desfile de 1987.

portela90A Portela foi a escola que encerrou o desfile de domingo, já com o dia claro, ou nem tão claro assim, já que nuvens carregadas cercavam o Centro do Rio. O carnavalesco Silvio Cunha concebeu o belo enredo “É de ouro e prata esse chão”, sobre as manifestações populares brasileiras e o folclore nacional.

O samba dos compositores Sylvio Paulo, Juan Espanhol, Elmo Bombeiro e Cila da Portela (primeira mulher a vencer o concurso portelense) era muito agradável e foi bem cantado pelos componentes, sempre com a Tabajara do Samba em ótima forma.

Para mim, a águia portelense de 1990 (foto) foi uma das mais bonitas daqueles tempos. Além de enorme e arrojada, tinha um acabamento primoroso e realizava movimentos típicos de uma ave, como mexer a cabeça, abrir e fechar o bico e bater as asas.

Logo atrás veio a tradicional comissão de frente com nomes do calibre de Monarco, Wilson Moreira e o estreante Zeca Pagodinho. Mas houve o desfalque de Ary do Cavaco, cuja fantasia chegou incompleta à concentração – o histórico compositor, num gesto de grandeza, não desfilou para que a escola não perdesse pontos. A passagem dos ícones portelenses emocionou Paulinho da Viola, que comentava o desfile pela TV Globo.

Mas lamentavelmente um ótimo desfile acabou sendo desperdiçado por outro grave problema: a roupa da porta-bandeira Gisele teve sérios danos na sua armação, e ela não se exibiu nos últimos módulos de jurados, o que geraria uma grande perda de pontos, agravada pela questão dos pesos de notas já citados no começo do texto.

De volta à elite do Carnaval desde 1976, a Lins Imperial abriu o desfile de segunda-feira contando a história de Madame Satã, um personagem da boemia carioca que sonhava em ser vedete mas sofreu com a repressão da Polícia e se metia em confusões.

Mesmo com limitações claras de recursos, a escola de Lins de Vasconcelos até que fez um desfile bastante agradável, amparada por um bom samba-enredo puxado por Celino Dias.

A comissão de frente era composta por negros atléticos vestidos de malandros, mas com chapéus de plumas e corações, mostrando a dubiedade sexual do personagem do enredo.

Com alegorias simples, mas diretas e de leitura correta, a Verde e Rosa foi melhor do que as escolas que se apresentaram primeiro no domingo e a permanência no Grupo Especial era bem possível.

clementeA segunda a desfilar foi a São Clemente, que fez a melhor apresentação de sua história até aquele ano. “E o samba sambou”, dos carnavalescos Carlinhos Andrade e Roberto Costa, batia pesado em todas as transformações recentes do Carnaval.

A comissão de frente era espetacular, com mestres-salas representados por fantoches que eram manipulados pelos dirigentes (foto). Uma solução barata e brilhante dos carnavalescos.

O sambão de Chocolate, Helinho 107, Mais Velho e Nino era dos melhores do ano e tinha trechos brilhantes e contundentes como “Nosso povão ficou fora da jogada/Nem lugar na arquibancada/Ele tem mais pra ficar”, “O mestre-sala foi parar em outra escola/Carregado por cartolas/Do poder de quem dá mais” e “Mas o show tem que continuar/E muita gente ainda pode faturar/’Rambo-sitores’, mente artificial/Hoje o samba é dirigido com sabor comercial”. Precisa dizer mais? Pena que esse samba seja tão atual três décadas depois… Tão atual que foi reeditado pela escola em 2019.

Mesmo sem os recursos das poderosas agremiações concorrentes, a São Clemente fez uma apresentação marcante e saiu aclamada pelo público e crítica especializada. Nas alegorias e fantasias, a escola de Botafogo mostrou a veia crítica e irreverente, com um enredo que teve perfeita comunicação.

A Estação Primeira de Mangueira pisou com tudo na avenida com o enredo “E deu a louca no Barroco”, no qual a homenageada era Sinhá Olímpia, a louca “Cinderela” de Vila Rica, que, como dizia o samba, “conquistou corações”, “transformava toda mentira na mais fiel realidade”, jurava que “sofreu por amor e foi amada”.

Como revelou o jornalista Fábio Fabato numa coluna no site Galeria do Samba, o enredo teve origem com o falecido carnavalesco Fernando Pinto, e o amigo Ernesto Nascimento resolveu levá-lo para a Mangueira. A maltrapilha que caminhava pelas ruas de Vila Rica e contava suas histórias seria a tentativa da escola de escrever uma nova história vencedora.

A expectativa pelo desfile era tão grande que, logo no começo, Fernando Pamplona disse o seguinte na transmissão da Manchete: “Para vocês não me chamarem de pretensioso, vou ler para vocês um pequeno texto que já escrevi para o jornal ‘O Dia’ na quarta-feira. Na segunda parte do texto eu digo assim: durmo, acordo e retorno à cabine com uma grande expectativa: o desfile da Velha Manga. Mordida pela péssima colocação do ano que passou, pelo péssimo enredo e muito pior samba, ela, a Velha Manga, vem aí com um samba de verdade, com seu exclusivo espírito de gana e garra, sustentada por um samba de verdade, do jeito da casa, do feitio da casa, de gente da casa, no goto do maior cantor de samba do país, o também velho Jamelão. Se não explodir, eu tô falando isso antes, rasgo todas as minhas carteiras, principalmente ante à felicidade do seu poético samba-enredo.”

As expectativas se confirmaram e a Mangueira fez sua melhor apresentação em anos. A escola passeou pela Vila Rica do século XIX com bom conjunto alegórico e de figurinos, mesmo com o uso de materiais simples. O samba dos históricos compositores Jurandir, Alvinho e Hélio Turco rendeu de forma impressionante na avenida, e Jamelão, a despeito de ter passado mal na concentração, teve uma atuação digna de Jamelão.

mangueira90Mas, como em inúmeras outras ocasiões na sua história, a Mangueira tropeçou nos próprios erros e no gigantismo. A evolução, que já era lenta devido aos estimados 5 mil componentes, empacou de vez quando a enorme e linda alegoria sobre o barroco mineiro quebrou e causou um impressionante congestionamento de carros, algo jamais visto no sambódromo.

Com o cronômetro já se aproximando dos 90 minutos regulamentares, três alegorias ficaram praticamente emboladas (foto), causando uma bagunça generalizada na harmonia e na evolução, e obrigando os desfilantes a se espremerem para continuar progredindo na pista de forma desesperada e apressada.

Com Dona Zica chorando na dispersão, a Mangueira, de fato, completou seu desfile com atraso de quatro minutos, depois de empurrar na marra as alegorias após o boxe de bateria, e jogou no lixo as chances de título, a ponto de Fernando Pamplona soltar palavrões no ar de tão frustrado com a desgraça mangueirense. Pena, porque sem dúvida era a melhor apresentação de 1990 até então. Até então…

mocidade1990Isso porque a Mocidade Independente de Padre Miguel arrebatou a Sapucaí com uma exibição maravilhosa. O enredo “Vira virou, a Mocidade chegou” contava a história da própria agremiação, fundada em 1955, oriunda de um time de futebol – para quem não sabe, a famosa estrela-guia nasceu do Independente Futebol Clube.

Os carnavalescos Renato Lage e Lílian Rabello dividiram o enredo em quadros, década a década, e foram felicíssimos na concepção. O carro abre-alas era bastante high tech para a época (foto), com a estrela da Mocidade prateada cercada por néon e luzes verdes. Uma solução muito bacana usada foi a de apresentar os quadros com ampulhetas simbolizando a passagem do tempo, como aliás Renato Lage já havia feito no Império Serrano em 1983.

Ao longo do desfile, foram revisitados os carnavais mais marcantes da história da escola, como “Apoteose ao samba” (1958), “A Festa do Divino” (1974), O Mundo Fantástico do Uirapuru” (1975), “O Descobrimento do Brasil” (1979), “Como era verde o meu Xingu” (1983) e “Ziriguidum 2001” (1985).

Mas as maiores emoções ficaram para o fim, quando a escola homenageou alguns de seus nomes mais importantes: Mestre André, os carnavalescos Arlindo Rodrigues e Fernando Pinto (foto), e o intérprete Ney Vianna, os três últimos falecidos nos dois anos anteriores.

Morto meses antes do Carnaval, Ney foi lembrado numa carteira de identidade lembrando o samba “Cartão de Identidade” que ele sempre cantava “Mostrando a minha identidade/Eu posso provar a verdade a essa gente/Como sou da Mocidade Independente”. Durante o desfile, Paulinho da Viola não segurou a emoção ao lembrar do cantor, primeiro a interpretar um samba de sua autoria na simpática União de Jacarepaguá nos anos 60.

Com um samba de primeiríssima qualidade interpretado pelo antes compositor Paulinho Mocidade, que substituiu Ney Vianna dias antes da gravação do disco, o público vibrou com a evolução da escola, que sem sombra de dúvida fez o melhor desfile do ano, não só em emoção, como em todos os quesitos.

Para coroar a épica jornada independente, a bateria de Mestre Jorjão imprimiu um andamento impecável e honrou as tradições de Mestre André nas paradinhas. Parecendo antever a vitória, o patrono Castor de Andrade se ajoelhou na pista no fim da apresentação da Mocidade.

No entanto, problemas com a retirada de alegorias da Mocidade da dispersão poderiam render punições à escola na apuração.

imperatriz1990Em seguida, a campeã Imperatriz Leopoldinense também fez uma bela exibição ao exaltar as coisas boas que o Brasil tem. Visualmente, a escola esteve impecável e surpreendentemente multicolorida para seus padrões, mas de forma bem adequada ao enredo.

Chamava muito a atenção o abre-alas com bananas formando a tradicional coroa que simboliza a escola. Também agradaram uma alegoria enorme com três índios (cada um deles medindo onze metros) e outra com uma grande caravela portuguesa.

A escola, se não empolgou tanto como em 1989 apesar do bom samba e da excelente bateria, certamente estaria entre as primeiras colocadas, pela beleza e luxo de seus figurinos e alegorias, e pela correção com a qual o enredo foi apresentado: “Acho que já ganhamos. Somos bicampeões”, exagerou Max Lopes.

No entanto, a queda de algumas plumas da fantasia da extraordinária porta-bandeira Maria Helena bem em frente a um módulo de julgamento poderia fazer a escola perder pontos. Um diretor tentou consertar a fantasia mas desistiu porque Maria Helena teria de parar, e isso também fatalmente faria a Imperatriz ser punida – na apuração, apenas um jurado despontuaria a escola, mas a nota seria descartada.

Antepenúltima escola a desfilar, a Estácio de Sá contou a história de Langsdorff, um barão russo que vivia no Brasil e via alucinações nas nossas florestas. Plasticamente a escola passou muito bem, e o samba foi conduzido pelo estreante Rixxa, vencedor do Estandarte de Ouro de melhor puxador de 1989.

Num dia marcado por confusões nas evoluções, a Vermelho e Branco também se enrolou, e a bateria passou direto pelo boxe, mesmo com dois terços do componentes ainda por passar. Isso acabou causando problemas também no quesito Harmonia.

Apesar da inegável beleza de carros e fantasias, que aliás fugia ao vermelho e branco da escola em diversos momentos, o enredo não causou empatia.

Por outro lado, a Unidos da Tijuca fez um alegre desfile sobre a formação do povo português e suas heranças. Apesar de ter sido fruto de uma junção, o samba era dos melhores do ano, aliando boa melodia e letra coloquial sem ser pobre. O intérprete Nêgo, cada vez mais firmado como um dos melhores da nova geração, esteve muito bem.

Pena que a escola não teve mais recursos financeiros para investir nos quesitos plásticos – as fantasias, sobretudo, tiveram problemas e pedaços iam caindo na pista. Mas o enredo foi bem dividido pelos carnavalescos Luiz Fernando Reis e Flávio Tavares.

Chamou também a atenção a passagem das Paquitas pela pista de desfiles, o que arrancou aplausos de um público que não arredava o pé da Sapucaí – era assim naqueles tempos…

joao30A última escola a desfilar em 1990 foi a União da Ilha, homenageando Joãosinho Trinta. O samba de J.Brito, Bujão e Franco (que mais uma vez não assinou, mas estava entorpecido de emoção quando a Ilha entrou na avenida) era empolgante e contava bem o enredo. O intérprete Quinho outra vez divertiu o público com seus cacos, e a evolução da escola foi alegre e vibrante como de costume.

Sob o comando do carnavalesco Ney Ayan, a Tricolor insulana revisitou os principais enredos desenvolvidos pelo carnavalesco desde a época do Salgueiro, passando pela Beija-Flor, com o homenageado desfilando feliz da vida (foto) no carro que representava o Banquete dos Mendigos e lembrava o desfile de 1989 da escola de Nilópolis.

João, aliás, convocou o povo para o chamado arrastão da alegria, só que mais de cem policiais militares impediram a invasão de pista, mantendo as pessoas a uma distância razoável das últimas alas. Curiosamente, antes de subir na alegoria, o carnavalesco agiu como se estivesse na Beija-Flor e orientou as alas, além de reclamar com os que não tinham cuidado com a fantasia ou passavam sem empolgação.

O conjunto alegórico ficou devendo um pouco em relação aos de outras escolas, até porque as reproduções de elementos concebidos pelo próprio João não agradaram tanto. Mas a União da Ilha deu seu recado com competência e encerrou bem os desfiles.

Na saída, a Ilha teve dificuldades na dispersão por problemas na retirada dos carros da… Imperatriz! Quase três horas depois de o Gresil passar, as alegorias ainda não haviam sido removidas e a Tricolor sofreu… Mas a Ilha não seria punida na apuração, ao contrário da escola de Ramos.

REPERCUSSÃO E APURAÇÃO

Antes da apuração, que pela primeira vez seria realizada na Praça da Apoteose, todas as expectativas apontavam para o título da Mocidade, pois a escola fez não só uma apresentação arrebatadora, como outras agremiações pecaram em algum momento ou não foram tão inspiradas.

Mesmo tendo um desfile problemático, a Mangueira foi a grande vencedora do Estandarte de Ouro, com seis troféus (Escola, Samba-enredo, Bateria, Puxador, Ala de Baianas e Passista Masculino).

O que se viu na abertura dos envelopes foi um festival de punições e difícil entendimento por parte do público em relação aos pesos de cada quesito. Havia apenas trinta julgadores e a menor nota em cada quesito seria descartada. Para se ter uma ideia, Estácio de Sá e Unidos da Tijuca, que não estavam cotadas para os primeiros lugares, lideraram a apuração até perto do fim, antes de despencarem na tabela.

Dizia o regulamento que todas as escolas receberiam cinco pontos de bonificação em cronometragem e cinco em dispersão. Caprichosos, Portela, Mocidade e Imperatriz não levaram os cinco pontos em dispersão, enquanto a Mangueira, como se esperava, deixou de ganhar os cinco pontos em cronometragem, e a Vila Isabel, como já foi escrito, teve dez pontos sacados, cinco em dispersão e cinco em cronometragem.

A “genitália desnuda” não causou punições em 1990, embora, como já mencionado, Jorge Lafond tenha desfilado com os “países baixos” aparentes, já que sua “fantasia” era transparente. Curiosamente, uma alegoria da Santa Cruz passou com um Super-homem sentado num vaso sanitário e seus “dotes” à mostra até certo ponto do desfile, antes de ser coberto.

Não bastasse a perda de cinco pontos em dispersão, a Portela não foi perdoada devido ao problema da porta bandeira Gisele e levou no quesito uma nota 9, um 6 e um 5 (descartado).  Lamentavelmente a escola acabou num inédito décimo lugar.

A Mangueira, que despontava para brigar pelo título até quase o fim de seu desfile, perdeu não só os pontos de cronometragem, como foi canetada em Evolução e Alegorias e Adereços devido ao engarrafamento de carros. No fim, a Verde e Rosa amargou o oitavo lugar.

Já a Mocidade, mesmo perdendo pontos, conquistou o título com inteira justiça, até porque a Imperatriz também foi punida e acabou atrás de Beija-Flor e Salgueiro, que fizeram apresentações um pouco inferiores. A apuração teve ainda surpresas como a Estácio em quinto lugar e a São Clemente em sexto.

“Esse povo humilde de Padre Miguel e Vila Vintém desfilou com muita garra nessa Passarela. Aqui ela mostrou que merece nota 10. Pouco importa se o carro não pôde sair em tempo na dispersão. Seria uma injustiça não premiar essa escola com a nota 10!”, comemorou Castor de Andrade.

RESULTADO OFICIAL

POS. ESCOLA PONTOS
Mocidade Independente de Padre Miguel 565
Beija-Flor de Nilópolis 564
Acadêmicos do Salgueiro 564
Imperatriz Leopoldinense 562
Estácio de Sá 561
São Clemente 559
União da Ilha do Governador 551
Estação Primeira de Mangueira 550
Unidos da Tijuca 546
10º Portela 546
11º Império Serrano 540
12º Unidos de Vila Isabel 529
13º Caprichosos de Pilares 518
14º Lins Imperial 513
15º Acadêmicos de Santa Cruz 507 (rebaixada)
16º Unidos do Cabuçu 473 (rebaixada)

No rebatizado Grupo 1, as vitoriosas foram de escolas fora da capital: numa repetição das posições de 1989 no antigo Grupo 3, a campeã foi a Unidos do Viradouro (Niterói), e o vice ficou com a Acadêmicos do Grande Rio (Caxias), que no ano seguinte desfilariam pela primeira vez na elite.

Com o enredo “Só vale o que está escrito”, a Viradouro foi logo a segunda escola a desfilar e surpreendeu com alegorias grandiosas e fantasias irretocáveis. O tema desenvolvido por Max Lopes (que conciliou os trabalhos com a Imperatriz) e Mauro Quintaes contava a história do papel. Houve um susto com o escorregão da porta-bandeira Rosane em frente a um módulo de jurados , mas a escola ainda terminou com quatro pontos de vantagem sobre a vice (226 a 222).

Já a Grande Rio, que, segundo o que se ouvia nos bastidores, tinha a participação de Joãosinho Trinta no desenvolvimento do enredo “Por que sou carioca”, não deixou por menos e contou bem a história da Cidade Maravilhosa, também com alegorias de porte de Grupo Especial.

A Tradição, que caíra da elite depois do desfile de 1989, ficou apenas em quarto e teve a volta ao novo Grupo Especial adiada, mesmo fazendo ótimo desfile com o enredo “A coroação”, que passeou por manifestações como maracatu, congada, reisado, frevo, e lavagem do Bonfim. O terceiro lugar ficou com a Unidos da Ponte.

Foram rebaixadas Paraíso do Tuiuti e Independentes de Cordovil, enquanto subiram do Grupo B Leão de Nova Iguaçu e Império da Tijuca.

CURIOSIDADES

– A TV Manchete teve novidades na equipe de transmissão para 1990. O casal formado por Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, que deixara a Globo no fim do ano anterior, se incorporou ao time comandado por Paulo Stein, com o já consagrado time de comentaristas formado por Fernando Pamplona, Haroldo Costa, José Carlos Rêgo e Roberto Barreira.

– Quem passou a agregar, e muito, à transmissão da Manchete foi Mestre Marçal. Entusiasta das baterias com estilo tradicional, ele era um crítico mordaz em diversas ocasiões.

– Já a Globo apostou no carisma do apresentador Fernando Vannucci, que vivia o auge da popularidade como âncora do Globo Esporte. Naquela altura, Vannucci passou a adotar um tom mais coloquial e menos sóbrio nas transmissões. No entanto, mantendo um revezamento entre os narradores durante as apresentações, foi promovida a estreia de William Bonner conduzindo a segunda parte dos desfiles (no ano anterior, ele comandava as concentrações) e Cleber Machado com a narração na armação das escolas.

– Além da proibição da “genitália desnuda”, ficou definitivamente vetada a presença de homens nas alas das baianas. Ainda bem, convenhamos…

– Depois do mal-estar na concentração, Jamelão, aos 76 anos, anunciou que não desfilaria mais pela Mangueira depois de 1990. “Tô enjoado com isso tudo. Agora quem manda no Carnaval são os ricos e endinheirados. O cantador de escolas de samba não é premiado. É condenado. Cantar não quero mais mesmo. É meu último ano.” Mas, para o bem da Verde e Rosa e do Carnaval, o intérprete ainda cantaria até o desfile de 2006, quando problemas de saúde o afastaram definitivamente.

– Foi a última participação de Rico Medeiros como principal cantor do Salgueiro – em 1994 e 1995, o intérprete, que morreria em 2020, desfilaria pela Unidos do Viradouro.

– Depois da morte de Ney Vianna, a Mocidade prestou uma bela e justa homenagem ao cantor na gravação do samba-enredo no disco. Além do tradicional grito de guerra “Alô, meu povão de Padre Miguel! Vamos lá!”, os cacos de Ney foram recuperados de gravações de anos anteriores e inseridos no samba enquanto Paulinho Mocidade cantava.

CANTINHO DO EDITOR – por Pedro Migão

Foi meu primeiro ano na avenida, nas arquibancadas do antigo setor 4 – hoje, 10. Devo ao carnavalesco da Mangueira Ernesto do Nascimento o convite – estudava com o filho dele no Colégio Pedro II e seria meu amigo até infelizmente nos afastarmos por divergências políticas.

Aliás, sobre o enredo da Mangueira, até há pouco tempo a família do carnavalesco Ernesto do Nascimento contestava a versão apresentada de que o enredo seria de autoria de Fernando Pinto. Como os dois personagens não estão mais neste plano, vida que segue.

A Portela acabou em décimo lugar porque a roupa da porta bandeira Gisele se quebrou na avenida e ela não se apresentou nos dois últimos módulos, recebendo notas 6 e 5 respectivamente.

A apuração com o sistema de pesos foi tão confusa que a Mocidade iniciou punida com cinco pontos e ainda foi campeã. A Estácio de Sá liderava, com a São Clemente em segundo, até a abertura dos envelopes de Comissão de Frente e Mestre Sala e Porta Bandeira, os dois últimos.

A exibição da bateria da Mocidade foi a maior que vi em minha vida, antes e depois deste ano.

Reza a lenda que o patrono e então presidente da Unidos do Viradouro José Carlos Monassa (já falecido) ficou tão feliz com a ascensão da escola ao Grupo Especial que após o Carnaval enviou uma garrafa de scotch escocês legítimo para a casa de cada jurado… Embora o enredo fosse sobre o papel, as referências ao jogo do bicho no enredo e no samba são bastante perceptíveis.

Tentando dar uma cara “high tech” a seu desfile, o Império Serrano levou luzes de laser para projetar a partir da Apoteose. Só que atrapalhou a comissão de frente, pois batia nos olhos dos integrantes da Velha Guarda.

A Unidos da Ponte, terceira colocada no Acesso A, trouxe como enredo a “Robauto”, feira de produtos com diversas procedências no bairro de Acari, na cidade do Rio. No mínimo insólito – e um enredo impensável nos tempos politicamente corretos de hoje.

O Acesso C (ex-grupo 4) desfilou na Rio Branco no domingo de Carnaval, novamente tendo Acadêmicos da Rocinha (com Joãozinho Trinta de carnavalesco) e Unidos de Campinho como campeã e vice, tal como ocorrido no ano anterior no grupo imediatamente abaixo. A Difícil é o Nome, terceira colocada, homenageou o Flamengo, mas não pôde concorrer com o poder financeiro alternativo das duas campeãs.

O Grupo de Avaliação, que desfilou na avenida Intendente Magalhães sábado de carnaval, foi vencido pela Vizinha Faladeira, tendo a Unidos de Vila Kennedy como vice campeã.

Links

O desfile campeão da Mocidade Independente em 1990

Mais um vice-campeonato para a Beija-Flor

A surpreendente e histórica exibição da São Clemente

Fotos: O Globo e reproduções de internet

15 Replies to “1990: Com as bênçãos do divino, Mocidade chegou, virou o jogo, e todo o povo aplaudiu!”

  1. O sistema de pesos na apuração foi o mais confuso da história! Ainda bem que tal sistema não se repetiu.

    Aliás, esta apuração completa foi postada pelo Mestre Jorjão no YT (em seis partes)

    “Sou independente, sou raiz também/Sou Padre Miguel, sou Vila Vintém” que refrão do meio sensacional! sem mais!

    O samba a Santa Cruz só ficou famoso graças a regravação feita pelo saudoso Emílio Santiago.

    26 anos se passaram, e este samba da São Clemente (infelizmente) nunca deixou de ser atual…

    No Grupo A, o mundo do carnaval era apresentado a uma gigante chamada Unidos do Viradouro.

    Ainda neste grupo, o samba da Grande Rio foi a primeira gravação oficial de Wantuir, dividindo o microfone com Dominguinhos. Dominguinhos aliás, que devido ao acesso da escola teve que deixar a Imperatriz.

    1. Carlos Alberto,

      Perfeito na frase “…26 anos se passaram, e este samba da São Clemente (infelizmente) nunca deixou de ser atual…”. Sempre que ouço esse samba imagino as cenas e digo mais, em 2010 ela meio que “reeditou”:

      “Eu bem que te avisei
      Que o samba um dia ia sambar
      Genitália apareceu
      O rei momo emagreceu
      E a rainha paga pra reinar
      Evolução será que é isso?
      Carnavalesco a esmolar”

          1. Álias Migão mais um título de Grupo A que é contestado. Parece ser uma tônica ou sina dos anos 2000?

  2. Desfile da Mocidade digno de título (vejo nos vídeos da época). Para um torcedor da Estrela-Guia como eu, dá uma saudade dessa força.

    Lamentável o que ocorreu com a Beija-Flor no caso da fiação. E triste o belo carnaval da Mangueira acabar na quebra de uma alegoria.

    E essa Águia da Portela, linda!

  3. A São Clemente não poderia ter sido tão feliz e tão profética com seu carnaval. Infelizmente, a coisa só piora. Já falam na diminuição do tempo para 75 minutos e para seis carros alegóricos por escola. Não vai ser desfile. Vai ser Parada Militar. Uma merda. E tudo para atender a vontade suprema da Globo.

    Aliás, quem enfiou na cabeça do Boni que por ele ter sido enredo (aliás, uma merda de enredo) ele tem que dar pitaco sobre carnaval e jurado?

    1. Rodrigo,

      Boni é um caso a parte. O que mais lembro dele em desfile, é ele a frente das comissões de frente com a camisa da escola desfilante, tentando sem sucesso cantar o samba enredo. Fora os comentaristas da Globo rasgando elogios ao “chefe”…rsrsrs

      Sobre a diminuição dos desfiles, concordo que se for para o bem do Carnaval como produto, pode ser válido. Mas não dá para afirmar se daria certo na prática.

      Esse ponto alias, foi abordado tambem neste blog:

      http://www.pedromigao.com.br/ourodetolo/2016/01/responda-quem-puder/

      1. Eu acho válido. É o famoso “passo para trás para dar dois para frente”. O que não pode é as escolas se acomodarem nisso.

        Quando a situação melhorar, pode-se pensar de novo nos oito carros e 80 minutos.

        Mas ainda sonho com a volta de 14 escolas no Especial e a Terceirona na Sapucaí, na terça-feira.

  4. E começa o casamento entre Renato Lage e a Mocidade, que rendeu a escola três títulos e desfiles inesquecíveis, cujo fim é lamentado pelos independentes até hoje.
    Essa águia da Portela é mesmo impactante, acho que só perde para a de 95 e 2015 na era sambódromo.
    E a Mangueira, como de praxe, perde um título para ela mesma…
    Em relação a genitália desnuda, lembro de ter visto em algum jornal com histórias dos desfiles que a Beija-Flor não perdeu ponto porque Jorge Lafond estava com sua genitália pintada sob um manto transparente, e o regulamento só falava em genitália desnuda mesmo, e que, por isso, em 1991 ele passaria a proibir genitália desnuda, pintada ou decorada… Pelo menos acho que era isso…

    1. Luis Fernando,

      Totalmente correto sobre o “casamento” Mocidade e Renato Lage. Uma parceria que deu certo para ambos e para os independentes, como eu, muitas alegrias.

      Outros de incontestáveis talentos (ou não), não conseguiram manter ou trazer de volta a força da Estrela-Guia.

      Na minha humilde opinião, de ótimo mesmo só o Louzada. De bons o Spinoza, Paulo Menezes e o Cid Carvalho. Alex de Souza e o Quintaes foram regulares…e por favor não me lembrem o Cebola que choro (literal e metaforicamente falando…rsrsrs) e o “mago” Paulo Barrros que só repetiu seus trabalhos.

      Sorte ao Louzada e o Edson em 2016!!!

  5. Não tinha como não dar Mocidade. Só cheguei em casa e liguei a tv na hora em que se dava toda a confusão do desfile da Mangueira. É que esse ano saí na ala das crianças da São Clemente, escola do meu bairro (muito embora eu seja e sempre tenha sido imperiano). Foi uma apresentação soberba e, além da melhor classificação clementiana até hoje, ainda faturamos (nossa ala infantil, de mestre-salas e porta-bandeiras à moda antiga) o Estandarte de Ouro de melhor ala das crianças. Como curiosidade, lembro do Pamplona contando na transmissão da Manchete, durante o desfile do Império Serrano, que antes de cair de amores pelo Salgueiro ele tinha como escolas do coração o Império e, pouco depois, a Mocidade. Em função dos nomes, que considerava muito bonitos. Um Império que fica no alto de uma serra e uma mocidade com desejos libertários e independentes. Mais uma tacada de mestre do Mestre.

Comments are closed.