Hoje, 12 de dezembro de 2015, se completa o centenário de um dos maiores artistas do Século XX, inspirador de toda uma geração de artistas, fãs e admiradores: Francis Albert “Frank” Sinatra.

Nascido nas cercanias de New York, filho único. Três casamentos, três filhos, incontáveis amores – o maior deles a atriz Ava Gardner. Sujeito de caráter bastante questionável segundo alguns, com reiteradas acusações de envolvimento com a Máfia – de acordo com aquela que é considerada a melhor biografia do artista, no mínimo com relações bastante amigáveis.

Mas um gênio, com uma forma única de cantar, sem ter tido qualquer formação musical. O cantor que nas décadas de 30 e 40 reunia multidões de mocinhas úmidas para vê-lo cantar em casas de shows. O artista que se reinventou duas vezes na carreira, alcançando quando de sua morte em 1998 um patamar quase que de semideus.

Não somente cantor: Frank Sinatra também foi um ator de destaque, tendo recebido o Oscar de Melhor Ator coadjuvante por “A Um Passo da Eternidade” (1953). Papel que o cantor quase teve de implorar ao diretor, tendo em vista que estava em momento de baixa popularidade e nunca havia atuado em um papel desta monta. Sinatra também viveu um drama pessoal durante as filmagens, com o aborto provocado por sua então mulher Ava Gardner.

Dois anos depois, estrelaria “The Man With The Golden Arm”, vivendo o batrista e crupiê que se arruína no vício da heroína, alcançando indicação ao Oscar de melhor ator. Sua carreira cinematográfica duraria até 1990.

Na música, Frank Sinatra se tornou praticamente sinônimo dos “standards” musicais norte americanos, com uma coleção de clássicos que se tornaram eternos. Ainda que muitas vezes o leitor não ligue a canção ao leitor, com certeza mesmo aqueles que não gostam deste tipo de canção irão reconhecer como familiares melodias de canções imortalizadas por Sinatra.

Sua relação com o Brasil é maior do que as pessoas imaginam. Desde os Anos 60 ele estabeleceu uma profícua parceria musical com Tom Jobim, gravando álbuns em conjunto e composições do gênio brasileiro. Curiosamente, Jobim não participou do histórico show que Sinatra fez no estádio do Maracanã em 26 de janeiro de 1980 – para 175 mil pessoas – pois a organização queria que ele participasse sem cobrar cachê, segundo história contada por seu biógrafo Sérgio Cabral.

Show que, aliás, foi parar no Guiness Book como o de maior público na história à época. Curiosamente, nestes tempos em que tudo está na rede, existem apenas fragmentos deste show disponíveis no YouTube. O show também foi marcado pelos problemas que Sinatra teve com a imprensa brasileira, não querendo dar entrevistas.

Uma outra coisa é que os standards cantados por Sinatra especialmente na década de 40 parecem ter exercido influência inequívoca sobre o movimento da Bossa Nova brasileira. Basta ouvir “Os Anos Colúmbia”, disponível no Brasil em CD, para se perceber muitas semelhanças entre as canções e o que depois seria revolucionário aqui no Brasil ao final da década de 50.

Sinatra, aliás, gravou neste CD uma curiosa canção chamada “The Coffee Song”, tendo o Brasil e seu café como tema e uma letra no mínimo bastante curiosa. Em 1981 ele voltou ao Brasil para um show intimista e exclusivo no Hotel Maksoud Plaza.

Fui descobrir a obra de Sinatra há poucos anos. Eu, que sempre fui do samba e da MPB (com um pouco de rock), me arrependo de não ter ouvido sua obra antes. Tenho consciência de que não ouvi 30% do que ele cantou e gravou, mas sempre é tempo. “The Voice”, como era conhecido, é inesgotável. Um gênio.

Fica até difícil se apontar uma canção favorita, mas “Strangers in the Night”, que abre o post, ocupa um lugar especial dentro do meu coração. “Fly me To the Moon” também, esta que tem uma excelente gravação de Sinatra com Jobim – Pelé e Zico da música.

Sinatra faleceu em 14 de maio de 1998, aos 82 anos, de problemas cardíacos. Está enterrado na Los Angeles que aprendeu a amar durante sua vida, terra de Hollywood e de Las Vegas. E neste dia que se completa seu centenário, a homenagem desta revista eletrônica.

Sinatra vive em sua música, suas gravações, seus filmes, suas inscrições na “Calçada da Fama” hollywoodiana e na lembrança daqueles que admiravam sua obra. As controvérsias que envolvem sua biografia, e não são poucas, podem ficar para depois.

Viva Sinatra!

Abaixo, uma selete de grandes sucessos reunidos. Deleite-se, leitor.

https://www.youtube.com/watch?v=pehl9xG6Dyk

3 Replies to “Frank Sinatra, 100 Anos”

  1. Bela e merecida homenagem, Migão. E seu texto fez jus ao homenageado. Aproveito para lembrar algumas das minhas favoritas (além das citadas): I Get a Kick out off You, Theme from New York New York, Tha Lady is a Tramp, Night and Day, I’ve got you Under my Skin (uma música de Cole Porter em “homenagem à cocaína) e a gravação de For Once in My Life. Além do disco inteiro gravado ao lado do Jobim.

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