“Puxa, Léo, dela eu esperava qualquer coisa, mas de você? A gente ia passar o Natal juntos.” Foi mais ou menos com essas palavras que o vídeo da saga de Fabíola se encaminha para o fim.

Se o leitor não estava procurando água em Marte por esses dias, certamente ouviu falar da história de Fabíola, que disse ao marido Cadu que iria fazer as unhas, mas na verdade foi ao motel acompanhada do amigo em comum Léo. Tudo se resumiria a mais um caso corriqueiro de traição não fosse a entrada em cena de um 4º amigo (dizem ser o irmão) que, solidário a Cadu, também resolveu ir ao Motel Millenium, em Contagem – região metropolitana de BH – só para filmar a bulha.

Nesses tempos de privacidade relativa, o caso viralizou em poucas horas e, mais do que isso, a vida dos três personagens do triângulo amoroso foi dissecada.

Com isso, outra sequência de vídeos, de uma relação sexual que dizem ser com Fabíola, também se espalhou. Nesse pornô doméstico, que vai desde as preliminares até a finalização, vê-se uma mulher em ótima forma física e apetite sexual voraz, transando com um homem que parece mais interessado em registrar o momento para as câmeras do que propriamente entregar-se por inteiro ao ato. Será Fabíola?

shopping-cheio-natalA público também vieram fotos de Fabíola grávida ao lado de Cadu e com todos confraternizando. Ao que parece, são todos casados e com filhos pequenos.

Por mais que dezenas de “memes” e piadas tenham sido feitas a respeito do capítulo final no corredor do motel, tenho a impressão de que a riqueza de detalhes revelados por aqueles instantes dramáticos ainda não foi de todo percebida.

Primeiro, o contraste entre Cadu e o amante, Léo. Enquanto o marido é um rapaz atlético e bem apessoado, o amante é um gordinho desajeitado. Os dois, curiosamente, têm o mesmo carro: uma Saveiro preta. O marido tenta impedir, com os pés descalços, que Léo desça do carro, já com os vidros estilhaçados, só admitindo fazê-lo depois que a polícia chegasse.

Mas para que polícia, caramba?

Enquanto Léo literalmente treme de medo, o videomaker repete perguntas irrespondíveis : “o que você veio fazer aqui, Fabíola? Parabéns “procês” dois, papelão, hein? Tem muito tempo que “ocê” tá “dano” pra ele, Fabíola?

Cadu destrói o carro, em parte com as mãos ensanguentadas, em parte com o auxílio de uma chave de rodas. Várias vezes se aproxima de Fabíola e fica a um passo de agredi-la, mas recua em cima da hora.

Quem são esses personagens, afinal?

O videomaker, um sádico! Ele não tem o menor pudor em vasculhar as entranhas de pessoas que lhe são tão próximas e expor todos à humilhação pública. Faz isso com requintes de cinismo, mal disfarçando a alegria de estar filmando tudo e vendo a destruição da reputação e do futuro dos que seriam seu irmão, sua cunhada, seu amigo.

O amante, um covarde! Tremendo nos primeiros momentos, não esboça qualquer reação quando Cadu destrói seu carro a marretadas ou quando fica a um passo de agredir Fabíola. A sensação que fica é que se Fabíola fosse espancada, Léo não moveria uma palha.

saveiro_uolO marido, um trouxa! Que tipo de sujeito resolve chamar a polícia em 2015 para “registrar a ocorrência” de sua mulher estar no motel com outro? Ou, ainda pior, pede para alguém filmar a cena para que não haja dúvidas de que quebrou tudo e para que o país inteiro fique sabendo de seu drama familiar?

A mulher, uma vítima! Nem o marido nem o videomaker parecem se dar conta de sua pública violação da Lei Maria da Penha, pois, afinal, é crime “expor a mulher a qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.” Ufa!

E como em qualquer dramalhão, a cena final é a melhor de todas. Fabíola se afasta caminhando sozinha, enquanto os homens se reúnem. Nenhum deles parecia realmente preocupado com ela. Os laços de amizade desfeitos, o carro destruído, as famílias afetadas, isso sim era o que contava. Fabíola já era.

É ou não uma bela fábula da alma humana? Meu sonho era que, daqui para frente, Fabíola encontrasse homens que a compreendessem melhor e a tratassem com o devido respeito. Mas talvez ocorra exatamente o contrário. Léo, Cadu e o cineasta amador talvez se reconciliem, ou, se não o fizerem, não devem encontrar tantas dificuldades para reconstruírem suas vidas. Fabíola, sim, deve carregar a cruz por muitos anos.

Que triste lição. É a vítima, afinal, que sai estigmatizada para sempre.

Imagens: Guia de Moteis e Uol

10 Replies to “Ela é boa de cuspir”

  1. Meus conceitos estão muito errados mesmo…A mulher ta dando pro melhor amigo do marido e sai de vítima da situação…fala sério né? E a ridicularização do marido?

  2. Boa, Walter.
    Só acrescento: notei um certo tom de ciúmes nas ações e palavras do videomaker. Resta saber de quem seriam estes ciúmes. De qual dos outros três personagens.

  3. Todos os dias homens traem mulheres. Essa semana uma mulher foi morta ao flagrar o marido no prostíbulo e exigir dele uma explicação. O cara achou por bem matar a esposa, porque era mais fácil do que explicar o porquê de traí-la. (http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/agricultor-mata-esposa-e-se-suicida-apos-briga-em-frente-a-casa-de-prostituicao/?cHash=bd2e69dea32593744070223224edfedd)
    No dia 14 ainda, uma jovem foi morta pelo ex-companheiro que não se conformava com o fim da relação. (http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/12/jovem-e-morta-por-ex-companheiro-caminho-do-trabalho-em-pelotas-rs.html)
    A todo momento, uma mulher é vítima de feminicídio, seja porque o homem a vê como objeto, como algo não humano, ou apenas como sua propriedade. Ninguém comenta, nenhuma indignação, nenhum protesto. Há quem reclame “os excessos” dos movimentos feministas em debater o caso, “tudo puta, mal amada, sapatão, peluda”, mas o fato é que, ao trair o homem se vê abraçado pelas justificativas sociais “foi procurar na rua o que não tinha em casa”, “homem é homem, a carne é fraca, sabe como é…” de forma que a responsabilidade pelo mau caratismo sempre recaia sobre a mulher, seja ela a esposa, ou a amante, afinal “quem essa destruidora de lares pensa que é?”.
    A mulher não pode trair. Mulher não tem desejo, mulher que se respeita…, mas o fato é que Fabíola traiu. Ela saiu da condição de inserida nas expectativas sociais, para tomar uma atitude tipicamente masculina. Seu nome foi parar nos jornais, suas fotos, seus perfis na rede e um suposto vídeo pornográfico. Houve várias tentativas de agressão, mas as pessoas estavam preocupadas em julgá-las como se um ato errado justificasse todo o contexto no qual a estavam inserindo. No final das contas, Cadu, Léo e o amigo/irmão covarde vão reconstruir suas vidas e de quem foi mesmo a ridicularização?

    1. Não entendi sua perspectiva.
      Você usou casos que parece “julgar semelhante” pra justificar o que a mulher fez com o marido, e ainda, com um amigo dos dois?
      Se houvesse respeito, amor e consideração ao próximo, os substantivos de gênero não precisariam ter sido massivamente usados no texto que ainda não entendi onde quer chegar.
      A mulher que foi morta pelo marido ao flagrar o mesmo no prostíbulo dá a Fabíola algum tipo de respaldo pra trair o marido? Ou a jovem que o doente do ex-companheiro matou deu esse respaldo? O que tem a ver uma coisa com a outra?
      Então, partindo dessa premissa, eu que trabalho e ralo pra ganhar meu dinheiro, poderia de uma hora pra outra decidir roubar outra pessoa, ou um banco, ou uma residência apenas pelo fato de outros os fazem?
      Tive a impressão de que na sua ótica, a Fabíola se torna uma heroína mal compreendida de todas a mulheres massacradas por essa realidade de um machismo fundamentalista.
      Certo e Errado não tem sexo. A Fabíola e o Léo erraram, e pronto, e Léa, existem mulheres vítimas no meio dessa situação: a esposa do Léo, as mães que viram seus filhos envolvidos no meio dessa falta de respeito um para com o outro, e talvez outras mais.
      Eu, sinceramente espero, que tudo se resolva e fique bem entre os casais, pois traição é um ato falho do ser humano, que pode em 100% das vezes ser evitado, mas acontece.

  4. “Fabíola, a vítima” Huahuahuhauhauhuahuahuahuahuahauuahuah respira, respira uhauhuahuahuahuahuhauhauhuahuaha

  5. pqp quanta hipocrisia!! A mulher traiu e foda se!! homem tbm trai e pra mim traição seja de quem for ta todo errado!! por isso não acredito no amor!! quanto mais conheço as pessoas mais gosto dos animais!! Agora me dizer q a mulher é vítima é muita sacanagem!!! ela é tão culpada pelos seus atos e deve assumir q errou!! agora q fez a merda ela não volta pro rabo!!!ta com rePUTAçao la em baixo!!!

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