O jogador de futebol ama a noite..
Não adianta, isso é fato. Acho que quando surgiu o primeiro jogador de futebol da história também surgiu a primeira farra. Muitos podem ser os motivos. O fato dos jogadores serem jovens e jovem gostar de uma farra, a alta concentração e privação de coisas de garotos que os atletas passam que acabam em determinado momento “explodindo” ou as novidades que ser bem sucedido na profissão trazem. Geralmente um jogador desses vem de origem pobre, sem muitas condições e quando começa a ganhar fama e dinheiro um mundo novo se abre. É comum e até certo ponto compreensível o deslumbramento.
Ainda mais para quem vem de fora, de origem humilde, para jogar bola no Rio de Janeiro com todas suas belezas naturais e artificiais. Não deve ser fácil. O dinheiro cai na conta, a sua cara para na mídia e tudo muda. Fica até mais bonito. Nada como um bom dinheiro na conta, um carrão para dirigir e roupas de marca para fazer o moleque que nem a menina mais feia do colégio olhava ser cobiçado até por top model.
Tudo isso é maravilhoso. Farrear é ótimo. Esbanjar, ganhar e gastar dinheiro, namorar. Eu mesmo amo a noite. Mas tudo isso também costuma ser o cemitério dos jogadores.
Quantas e quantas vezes já nos perguntamos “Poxa, fulano jogava a beça e sumiu. Onde ele está?” Muitas vezes a resposta vem com espanto quando percebemos que o moleque promissor, que um dia chegou a jogar na Europa e na Seleção hoje está em um time da série C (e nem é o Fluminense). O que causa isso? Desaprendeu? Claro que não. Pode ter certeza que a noite tem a ver com isso.
Dá para dizer um monte de casos de jogadores promissores que se perderam. Lembro de cara de alguns de hoje como o Jobson. Tem o Maicon do Fluminense que está doido para ir pelo mesmo caminho. Uns anos atrás lembro bem de um Lenny que jogou no Fluminense e jogava muito: sumiu. O Vasco tinha o Valdiram que até música recebeu e se perdeu na noite. Muitos são os casos e por enquanto só falo dos menos conhecidos.
Adriano é um grande exemplo da falta de estrutura e perdição pela noite e farras. Um dia foi Imperador; hoje é um arremedo. Outro dia escrevi aqui o quanto Ronaldinho Gaúcho poderia ter sido maior se fosse um atleta de verdade. Edmundo é outro caso e vou ousar mais.
Romário e Renato são exemplos de caras que saíam, abusavam da noite, farras, chegavam em campo e decidiam. Sempre são citados quando um jogador atual apronta. Mas vou ousar dizer que eles mesmos se prejudicaram. Talvez não a seus clubes, já que foram vitoriosos neles. Mas em suas trajetórias.
Pela bola que o baixinho jogou disputar duas Copas e uma Olimpíadas foi muito pouco. Evidente que a vida desregrada e que em nada lembra a de atleta prejudicaram seu corpo e evitaram presenças como na Copa de 98. O baixinho se machucava demais porque não se cuidava. Seu gênio forte e as farras evitaram que jogasse as Olimpíadas de 96 e 2000 e a Copa do Mundo de 2002.
Renato foi um grande jogador, talvez mais farrista até que Romário. Mas perdeu a copa de 86 porque foi a uma farra com Leandro e chegou tarde. Uma pena para ele e para nós, já que estava em seu auge. Nunca se firmou na Europa e mal entrou em campo em 90. Muito pouco para a bola que jogava. Assim como citando novamente Edmundo, não dá pra aceitar que a trajetória do “animal” foi tão pequena na Europa e que ele deixou de jogar por lá por causa de carnaval.
O maior exemplo desses casos todos foi o triste fim de Mané Garrincha. Um dia a vida cobra todo o excesso.
Falo tudo isso porque cinco jogadores do Flamengo. Alan Patrick, Pará, Everton, Cirino e Paulinho foram pegos em farra e punidos. São profissionais que tiveram seus rendimentos abalados por causa da noite então acho justo que sejam punidos. Talvez o jeito “papai” de passar a mão na cabeça em tudo do futebol tenha contribuído para tantos fins tristes.
Ainda tá em tempo de esses jogadores aprenderem e não serem apenas mais alguns a servirem de exemplo.
Na vida há espaço para tudo. Trabalho e diversão.
E a noite pode esperar.
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Imagem: SporTv